A Primeira Vista Segunda Temporada escrita por Eveebaby


Capítulo 3
Mudanças - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Pessoal um capitulo fresquinho pra vocês. A novidade é que esse mês irei postar 2 capitulos. O proximo vai sair sabado provavelmente.
Evêe aqui ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/150485/chapter/3

Fiquei na minha cama, triste e logo minha mãe veio até meu quarto.

- Filha eu...

- Eu ouvi tudo mãe.

- Querida, você vai ter que ficar com seu pai, no Rio de Janeiro.

Nesse momento meu coração parou de bater. Eu iria me mudar e deixar tudo pra trás outra vez. Lágrimas brotaram nos meus olhos e eu as deixei cair.

-Filha, é apenas temporário. Você vai ficar com seu pai uns 6 meses, até a última audiência, ai você poderá decidir com quem vai ficar. – disse mamãe, tentando me acalmar.

- Ta mãe.

- Seu pai quer que você comece a fazer as malas, em uma semana vocês vão pro Rio de Janeiro.

Eu não conseguia nem falar, então apenas assenti e ela entendeu que eu precisava de um tempo sozinha.

Eu teria que tomar uma decisão, e eu já sabia o quanto ia sofrer com ela. Teria que terminar com o Cebola, e isso era pior que tudo. Eu tinha apenas uma semana pra despedidas, era melhor eu não adiar, assim, talvez, só talvez, ele não se magoasse tanto, e nem eu.

Enxuguei as lágrimas e tentei ser forte. Liguei pra ele e pedi que ele me encontrasse na lanchonete, o modo frio que ele falava me deixou um pouco assustada.

Quando cheguei, ele já estava lá, o rosto passivo, sem demonstrar muitas emoções, porém, ainda era lindo, e eu teria que me despedir.

Sentei-me à sua frente, minhas mão tremiam e eu sentia uma dor profunda do peito.

Dei o meu mais caloroso “oi”, mas soou estranho e irregular. Ele me respondeu com outro oi, de maneira ríspida e amarga.

- Cê, eu... Eu nem sei por onde começar... - E lá estavam elas, as lágrimas traiçoeira inundando meus olhos. – Eu não vou mais rodear. Meus pais estão se divorciando e meu pai vai pro Rio de Janeiro. Ele pediu minha guarda temporária ao juiz e ele deu. Em uma semana estarei indo embora pro Rio de Janeiro e...

- E você quer terminar comigo? – Ele me interrompeu.

- Eu acho que é o melhor pra nós dois Cê... Eu... Eu não posso deixar você preso a mim. Eu acho que nós dois devemos respeitar um ao outro e longe, eu sei que um de nós vai cometer um escorregão e magoar ainda mais o outro. – A despedida doía muito, eu não podia chorar, não agora. Em breve estaria no meu quarto e lá poderia chorar muito, mas aqui não.

- Se é o que você quer... Nunca achei mesmo que nós fossemos pra frente. Agora adeus Mônica, tenho alguns assuntos pra tratar. – Disse Cebola, levantando-se e saindo da lanchonete.

Fiquei sem fala novamente, me levantei e caminhei lentamente para minha casa, tentando, sem muito sucesso, não chorar. Cheguei e fui pro meu quarto, tranquei a porta e me atirei em minha cama. Agora as lágrimas fluíam constantemente pelo meu rosto, eu estava aos pedaços, me senti vazia por dentro. Ele mentiu pra mim o tempo todo, fui apenas um motivo de piada pra ele durante esses meses. Ele apenas me usou. Eu me sentia uma idiota... Com tanto amor que eu demonstrei por ele e agora... Ele simplesmente me disse adeus, como se eu não tivesse sido nada pra ele. Uma pequena, porém resistente voz sussurrou na minha cabeça “mas você nunca foi nada pra ele”.

Chorei por horas e acabei adormecendo. No outro dia me levantei e me arrumei pra ir a aula, nem ao menos tomei café da manhã, não tinha vontade nem de viver, o que dirá de comer.

Eu tinha medo de encarar aqueles olhos castanhos e frios novamente, porque sabia que não seria forte o bastante pra não chorar.

Só que ele não estava na escola, em lugar nenhum dela. Quando contei a Magali sobre tudo, a mudança, o divorcio e Cebola, ela me abraçou muito forte e começou a chorar.

- Eu não quero que você vá amiga, como vou ficar sem seus conselhos?

- Eu vou voltar em seis meses Magá, você e todos os outros vão sobreviver. – eu disse, sendo forte novamente.

Despedimos-nos. Eu sabia que a vida da Magá não estava tão melhor que a minha. Quim continuava sendo frio com ela, como se ela fosse uma coisinha insignificante, e ela ainda estava confusa em relação as Cascão. Cascão... Outra despedida difícil, dentro de todos meus amigos, ele era o melhor, eu sentiria muita falta dele também. E a semana passou de modo rápido, como um piscar de olhos, e todos os dias eu tinha que me despedir de alguém que amava. Magali, Cascão, DC, Marina, Franja, Titi, Aninha e até a Denise.

No sábado fui com meu pai para o aeroporto, e todos meus amigos estavam lá, pra me darem um último adeus. Era incrível como eu ainda tinha uma pequena esperança de que tudo o que tinha acontecido com o Cebola fosse um pesadelo, eu ainda esperava, procura por entre a multidão seu rosto, dizendo que sentia muito e se despedindo de mim.

É claro que minhas esperanças morreram quando passei pelo portão de embarque.

Foi uma viagem rápida, porém silenciosa. Vez ou outra papai me perguntava se eu estava bem ou se queria alguma coisa, e eu apenas balançava a cabeça, dizendo que não. Desembarcamos e pegamos um taxi. Rapidamente chegamos a nova casa. Tenho que admitir, era linda! Tinha vista pra praia, era toda pintada de amarelo vivo, com janelas marrons. Havia palmeiras em volta e uma grande piscina ao lado do jardim.

- Pronta pra nova vida filha?- perguntou meu pai, arrancando- me da minha analise silenciosa.

Eu sabia que não era culpa dele meu estado de espírito, ele me amava e apenas não queria ficar longe de mim. Então decidi que era melhor responder animadamente.

- Pronta! – Minha voz falhou e saiu o mais desanimada possível, eu me xinguei mentalmente por isso. Meu pai me conhecia suficientemente bem pra saber que eu não estava pronta, estava sofrendo e ele sabia o motivo.

- Mônica, aqui você conhecerá pessoas novas, garotos bons e inteligentes. O Cebola não merecia você e em breve ele se tornará apenas uma lembrança ruim.

- Eu sei pai, eu sei. – Estava mentindo pra mim mesma, isso nunca é um bom sinal. A verdade é que ele estaria presente em cada pensamento meu.

Papai me levou pra conhecer cada canto da casa, e me apresentou as nossas duas empregadas: Marta e Nice. Elas eram bem simpáticas. Por último, conheci o meu quarto.

Era incrível! Tinha uma cama de casal enorme, com lençóis rosa e colchas roxas. Tinha um mosqueteiro em volta da cama. O tecido parecia sido feito diretamente de uma nuvem.

O Chão era todo branco e decorado com grossos tapetes. Havia uma escrivaninha branca e delicada com uma luminária adornada de flores metálicas. Também tinha um mural de madeira pra eu colocar minhas fotos e criados mudos em volta da minha cama com abajures.

Também tinha uma sacada com vista pra praia, um closet e um banheiro com banheira de hidromassagem. Isso me deixaria muito feliz e animada, se não fossem as atuais circunstâncias. Eu mais me sentia prisioneira do que qualquer outra coisa. Papai agora me dera espaço e eu poderia me jogar na cama e chorar as magoas como sempre, mas precisava desfazer as malas. Trouxe comigo também, três coisas muito importantes: meu querido companheiro Sansão, meu lindo coelhinho de pelúcia azul que eu tanto amava, uma foto que tinha minha e do Cebola abraçados e o meu querido diário. Não estava com pique pra escrever nele, então guardei a foto entre as páginas da minha vida e guardei da minha escrivaninha. Depois que organizei tudo devidamente, fui ao banheiro pra tomar banho, mas não quis usar a banheira. Coloquei uma roupa fresca e confortável e quando pensei em deitar, papai me chamou para o jantar. Desci as escadas de má vontade, eu não sentia fome e nem vontade de comer, mas desde que eu soube que me mudaria, tenho me alimentado muito mal, então decidi que era melhor jantar. Muito quieta, eu me sentei e comecei o meu jantar silencioso, não estava muito feliz e nem com a mínima vontade de conversar, mas ao que parece, meu pai estava.

- Então querida, gostou da nova casa?

- Claro pai, é perfeita. – Eu disse falsamente, embora aquela casa tivesse tudo, ainda faltava alguém... Minha mãe, a falta que eu sentia dela até doía.

- Filha, amanhã terá um evento da minha empresa e temos que levar a família. Você estaria disponível? – perguntou ele sorrindo. Eu somente o encarei, surpresa.

- Será uma ótima oportunidade de fazer novos amigos filha. Eu te matriculei na escola dos filhos dos meus amigos e são ótimos jovens e estarão lá amanhã. A é será um evento formal.

- Pai, eu não tenho nada formal pra vestir. – eu disse, pois não queria ir à festa alguma.

- Não se preocupe querida, eu vou te dar dinheiro pra ir comprar um belo vestido e sapatos amanhã.

- Mas pai, eu não conheço nada Por aqui!

- Marta vai acompanhá-la, alias, ela será uma espécie de assistente, ela meio que organizou sua agenda da semana.

-Babá você quer dizer?

-Claro que não Mônica, uma ajudante, pra te ajudar.

-Ta bom pai, não quero discutir sobre isso.

-Ótimo, sairemos de casa amanhã as sete da noite e segunda feira você já tem aula.

-É mal posso esperar. – eu disse ironicamente.

-Mônica, estou pensando no seu bem, não seja difícil.

-O.K pai, desculpe... Terminei meu jantar, posso subir?

-Mas você nem comeu direito filha.

-Não estou com fome, só um pouco cansada, posso subir?

-Tudo bem Mônica, suba.

-Boa noite. – ele não me respondeu, imaginei que estivesse um pouco irritado.

Fui pro meu quarto, deitei e abracei o meu Sansão. Obviamente eu comecei a chorar. Eu estava chorando demais ultimamente. Meus olhos já estavam vermelhos e inchados, então, finalmente eu consegui dormir. Acordei no outro dia com Marta dentro do meu quarto abrindo as cortinas.

-Dá pra fechar a cortina, por favor? Quero dormir um pouco mais. – eu disse educadamente.

-Desculpe Mônica, mas precisamos ir comprar sua roupa pra festa de hoje a noite.

É claro. Tinha me esquecido dessa parte do martírio.

-É, eu... Eu tinha esquecido. – Me levantei e fui tomar um longo banho, me troquei e desci para o café da manhã. Como sempre, não consegui comer muita coisa, então subi e escovei meus dentes pra ir à busca do vestido de festa.

Não Havia percebido antes, Marta era uma mulher jovem e muito bonita. Tinha por volta dos 35 anos, mas aparentava ter 27. Tinha pele branca, e cabelos loiros longos.

Perguntei mentalmente a mim mesma se ela e o meu pai não estariam tendo um caso.

Expulsei rapidamente esse pensamento, me sentia enjoada só de pensar.

Finalmente encontramos o vestido perfeito. Era lindo e caiu perfeitamente bem em mim.

Era de alças finas, preto, com um leve decote. Era justo até a cintura e depois se abria em alguns babados, o comprimento era acima do joelho.

Eu adorei! Então decidimos levar. O sapato era lindo. Também era preto, com um salto bem alto e fino, com algumas fivelas. Era elegante e perfeito.

Quando cheguei em casa, Marta disse que iria me ajudar a me arrumar.

Ela pintou minhas unhas, me maquiou e fez uma coisa legal no meu cabelo.

A minha franja ficou pra frente e ela puxou metade do cabelo e prendeu em um arranjo com pedrinhas brilhantes. Tenho que admitir que ficou muito bom. Combinou perfeitamente com meu vestido.

Quando desci as escadas, papai me aplaudiu e elogiou.

-Você esta muito linda filha, muito mesmo.

-Obrigada pai.

Fomos para o carro e logo papai começou a falar dos filhos dos amigos dele. Fez milhares de elogios e disse que íamos nos dar muito bem.

Logo chegamos a festa, e eu vi surpresa, que era em uma casa. Não isso era menosprezar demais o local. Aquilo era uma mansão, daquelas que você só vê nos filmes.

- Uau.- eu disse, boquiaberta.

-Linda não é?

-Sim, muito linda. - Papai sorriu e me puxou pra dentro da casa, onde demos nossos nomes e logo já estávamos dentro do salão. Era um sonho, o chão era de mármore e as paredes alguns adornos dourados.  Tudo completamente organizado. Em um lado, eu via senhores e senhoras elegantes conversando com uma taça na mão.

Ao fundo do salão tinha um sofá branco e grande, onde um monte de adolescentes da minha idade estavam sentados conversando. Eu nem precisava conhecê-los para saber que eram patricinhas e mauricinhos.

Mas meu pai achou que eu devia conhecê-los.

-Vamos filha, vou te apresentar aos meus amigos.

-Claro. - eu disse.

O primeiro que eu conheci foi um senhor de uns 40 anos de aparência elegante e muito educado. E pouco a pouco eu estava sendo apresentada a todas as pessoas da festa.

Quando meu pai me apresentou ao seu amigo Carlos e à sua esposa Julia, ela me chamou pra conhecer sua filha e seu filho, no sofá onde estavam os adolescentes.

Admito que gostei dela, era uma senhora muito simpática e educada.

- Vai adorar conhecer Patricia e Érick querida, e eles vão adorar conhecê-la.

Tudo o que pude fazer foi sorrir. Logo chegamos lá e eu corei.

-Crianças, essa é Mônica, filha do Souza, tenho certeza que vocês vão se dar muito bem.

-Claro mãe, disse uma menina muito bonita, de cabelos castanhos e olhos verdes. Patricia, pensei eu.

-Ótimo. - então a senhora Julia se virou e voltou a roda de amigos que incluía meu pai.

-Senta aqui Mônica, vou te apresentar ao pessoal. – Me sentei, senti como se estivesse no primeiro dia de aula no Laranjeiras, quando tinha apenas 6 anos.

-Bom, eu sou Patricia, esse é meu irmão Érick. – Disse ela, se referindo a um menino muito parecido com ela, talvez fossem gêmeos, mas não comentei isso. Ele era igualmente bonito e simpático. – Estes são Luke, Bruno e Helena.

Luke era o mais bonito, sem dúvida alguma. Era loiro, olhos azuis claros, pele branca, bochecha rosada, dentes brancos e brilhantes e corpo atlético.

Ele abriu um lindo sorriso pra mim, e eu não pude deixar de sorrir de volta.

Bruno era alto, magro e de pele bronzeada. Seus cabelos eram cacheados e ele tinha um rosto travesso e brincalhão, assim como Cascão.

Helena tinha cabelos pretos como piche, olhos castanhos e era muito bonita também.

Todos pareciam bem simpáticos, acho que me enganei sobre eles.

-Oi. – eu disse timidamente.

Logo estávamos conversando mais à-vontade.

-Então Mônica, você veio da onde? – Perguntou- me Luke, ele parecia interessado.

-Eu vim de São Paulo, bairro do Limoeiro.

-Porque se mudou? – Perguntou Patricia.

-Eu morei 10 anos com meus tios e quando fiz 16, resolvi voltar a morar com meus pais. Meu pai estava em uma viagem de negócios e quando ele voltou, as coisas entre ele e minha mãe ficaram tensas. Logo anunciaram o divorcio e eu vim morar com meu pai.

-Nossa, deve ser difícil pra você, ter que abandonar sua mãe e amigos. – Disse Luke.

-Você não imagina o quanto. – Eu disse melancólica.

-Pare de tentar bancar o psicólogo Luke, a Mônica já esta ficando depressiva. – Disse Bruno, brincalhão, como imaginei.

Então mudamos de assunto e eu percebi que até gostava deles e eles eram bem legais. Ficou tarde e meu pai me chamou pra ir embora.

- E então filha, o que achou deles?

-São muito legais pai. – eu disse, calmamente.

-Vocês vão ser bons amigos filha. E amanhã Marta irá te acordar as seis da manhã, e vai te levar pro colégio de carro.

-Posso ativar um despertador e pegar um ônibus pai. – Eu disse um pouco irritada.

-Ir de ônibus? Pra esta escola?Perdeu o juízo Mônica? É uma escola particular onde só a elite estuda.

-Então não sei o que vou fazer lá. – Agora já estávamos em casa e eu estava no meu limite, sai e bati a porta do carro, e como uma adolescente estúpida e mimada, subi correndo pro meu quarto, com meu pai atrás de mim.

- Posso saber qual é o seu problema? – Perguntou meu pai, obviamente irritado.

- O meu problema pai? E o seu? Eu não quero uma babá, ou assistente, como você quiser chamar, pra me acordar e me levar pra escola, ou uma casa imensa com piscina, ou um banheiro que tenha banheira. Eu só quero uma vida normal, eu só quero meus amigos e quero parar de fingir que eu sou da elite. – Eu disse essa última parte imitando a voz dele.

- Sabe qual é o problema Mônica? Você não vê o bem que eu quero te fazer, você só pensa nos seus amigos e está tendo um comportamento ridículo. O que você acha que seus amigos fazem enquanto você está aqui se lamuriando? Eles estão se divertindo, saindo, rindo e você está aqui pensando neles e jogando suas oportunidades pela janela. – Gritou meu pai. Mas não foi isso que me magoou, não foi isso que trouxe de volta o meu pesadelo. O que apunhalou meu coração foi o que ele disse a seguir.

- E aquele pé rapado sem eira, nem beira do Cebola? Você acha que ele esta fazendo o que? Acha que ele está chorando de saudades? Resposta errada querida, ele nunca amou você, só se aproveitou e mentiu pra você. A essa altura do campeonato ela está por ai, com uma vadiazinha qualquer. – Aquilo me cortou ao meio, mas o ódio que eu senti foi maior, ódio por ouvir verdades nas palavras dele.

- Fora! Fora do meu quarto agora. – Eu gritei, loucamente e com toda minha força.

- Eu saio, mas isso não muda nada. – E dizendo isso ele virou as costas.

Eu ainda estava surtada.

- Eu odeio você, eu odeio esse lugar. – Gritei e bati a porta.

Fui até meu closet e me troquei. O rosto que eu vi no espelho era doentio. A maquiagem totalmente borrada por muitas lágrimas e uma expressão sem vida. Eu não podia acreditar que meu pai acabará de jogar sal na minha ferida mais profunda. Caminhei devagar até a minha escrivaninha e peguei meu diário. Eu não sabia se o que faria a seguir ia ajudar muito, mas era só o que eu queria. Peguei a foto do Cebola e passei horas olhando pra ela e chorando. Isso não podia ser amor, doía demais pra ser, era mais uma doença. Olhei no relógio e vi que eram três da manhã. Eu teria que ‘’acordar’’ em três horas e nem tinha dormido. Coloquei a foto em baixo do meu travesseiro e dormi.

Acordei com sol brilhando sobre minha pele. Marta, é claro, estava abrindo minhas cortinas novamente.

- Bom dia querida.

-Só se for pra você. – eu disse, e me arrependi logo em seguida. Ela não tinha culpa da droga de vida que eu estava levando. – Desculpe, é só... É só que... Bom, eu não estou no melhor dia da minha vida.

- Sei como é Mônica, não se preocupe com isso querida. Vou descer pra preparar o seu café e você se arrume bem rápido, sairemos em 40 minutos.

- Tudo bem. – Era quase impossível ficar irritada com a Marta. Ela era tão meiga e educada... O que me fez sentir mais culpada pelo meu comportamento com ela.

Tomei um banho bem quente, pra desfazer toda a tensão do meu corpo. Coloquei uma blusinha vermelha que tinha ganhado da minha mãe, uma calça jeans escura, e all-star. Passei uma leve maquiagem, peguei minha mochila e desci. Encontrei meu café pronto na mesa, mas não vi Marta. Quase não consegui comer, estava muito nervosa. Ao lado da caixa de leite tinha uma nota de 50 reais e um bilhete: Filha me desculpe por ontem, sei que te magoei. Eu te amo, assinado papai.

Ótimo, agora meu pai tentava se safar me dando dinheiro. Peguei a nota e guardei no fundo da bolsa, iria gastar se houvesse uma emergência. Subi e escovei meus dentes e quando desci novamente, Marta estava me esperando na porta.

-Vamos Mônica, vai se atrasar desse jeito.

- Desculpe.

Entrei no carro, coloquei meus fones de ouvido e fui pra escola. Quando entrei, a primeira pessoa conhecida que eu vi, foi Luke.

- Oi novata, tudo bem?

-Oi Luke, tudo sim e você?

-Estou bem. Precisa de ajuda pra achar sua sala na primeira aula?- disse ele, sorrindo.

-Por favor. - eu lhe disse, retribuindo o sorriso.

-Bom, vamos ver, qual é sua primeira aula?

-Física. – eu disse, desanimada, eu detestava física.

-Ótimo, vamos juntos então. É a minha primeira aula também.

-Obrigada. – eu disse sorrindo. Estava realmente agradecida. Fomos conversando o caminho todo, e eu descobri que gostava de conversar com Luke, aposto que seriamos amigos. Ele não era um playboy metido, era inteligente e humilde.

Ele se sentou ao meu lado na aula de física e fui obrigada a me apresentar pra sala de aula. Ele riu pela maneira que eu corei.

Logo me encontrei com os outros alunos que eu conhecera na noite passada. Patricia realmente era um amor de pessoa, muito simpática.

Na hora de ir embora, ela me convidou pra visitar a sua casa, mas eu educadamente me esquivei do convite e pedi pra deixar pra próxima. Fui pra fora e Marta já estava me esperando. Cheguei em casa, me troquei e peguei o telefone.

- Alô?

-Mamãe?

-Ah filha, como você está meu amor? Porque não ligou quando chegou?

-ai mãe, sinto tanta falta de você.

-Eu também anjinha. E como estão as coisas por ai?

-Bem, a casa é muito linda e o pessoal da escola é legal.- não queria que minha mãe soubesse da minha crise, isso a deixaria ainda mais preocupada.

- Que bom filha.

E assim conversamos um bom tempo, até que eu disse que ainda tinha que ligar pra Magali e desligamos. Respirei fundo. Queria tanto estar com minha mãe. Disquei o numero que eu já sabia de cor e liguei pra Magali. Foi tão bom ouvir a voz dela, saber das novidades. Quim já não estava tão frio com ela e Cascão não estava tão deprimido. Ao que parecia às coisas melhoram bastante desde que eu fui embora. Em três dias. Ela só não citou o Cebola, e eu também não. Tinha medo de que o que meu pai disse fosse verdade. Quando desligamos, eu fui tomar um banho e trocar de roupa pro jantar, onde eu teria que encarar meu pai. Tudo o que eu queria era escapulir, dizer que estava sem apetite, mas ele não cairia nessa, e provavelmente não pediria desculpas pela noite passada e eu tinha medo de surtar de novo. Seria um longo jantar. Ainda eram seis da tarde quando terminei meu banho e meu pai só chegava sete e meia. Peguei meus livros e fui estudar e fazer o dever de casa. Sem querer eu lembrava do Cebola, que sempre estava presente nos meus pensamentos. O que será que ele estaria fazendo agora? Peguei a foto dele embaixo do meu travesseiro e a coloquei junto ao meu coração. Eu ainda o amava, e talvez amasse sempre, mas isso significava que eu ia sofrer sempre. Ouvi Marta bater na porta e me chamar pro jantar. Nossa, eu estava realmente aluada em meus pensamentos que nem vi que a hora passou de maneira tão rápida. Desci, com medo e envergonhada de encarar meu pai. Ele só me deu um beijo no rosto e perguntou como foi meu dia. Eu não queria brigar de novo e não queria ter um mau comportamento novamente.

Tentei parecer animada e contei a ele sobre como estavam todos sendo atenciosos comigo, disse que gostei da nova escola e agradeci a ele pelo dinheiro. Ele apenas respondia com seus ‘’hum’’ e ‘’ah’’. Acho que eu realmente o magoei. Certo momento quando falei de Luke, seus olhos se iluminaram, mas logo voltou a ser monótono como antes. Terminamos o jantar, eu dei boa noite a ele e subi pro meu quarto. Escovei os dentes, coloquei o pijama. Peguei a foto do Cebola, guardei de volta no diário e o coloquei na gaveta da escrivaninha.

Peguei meu celular pra por ao meu lado e vi que tinha uma mensagem:

Boa noite Mônica, durma bem. Estou contando os minutos pra te ver amanhã.

Beijos, Luke”.

Eu não estava acreditando, que talvez Luke pudesse estar interessado em mim. Eu não era tão bonita e nem legal como ele. E meu coração estava fechado pra visitas também. Deitei na minha cama e dormi.

Nessa noite eu sonhei com o Cebola. Era mais uma mistura de lembranças boas e ruins que tivemos. Acordei com o sol nos meus olhos, é claro que já eram seis da manhã e Marta estava me acordando. Cebola... Será que um dia eu seria capaz de esquecê-lo?

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem desse capitulo, não se esqueçam de comentar gente. Beijoos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Primeira Vista Segunda Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.