A Ultima Profecia escrita por EmyBS


Capítulo 4
Um mundo de sentimentos




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Haviam se passado apenas seis meses desde que Luna havia tido o estranho ataque que resultara na profecia que se espalhava por todos os lugares. A entrada na base teve que ser fechada, pois uma romaria de pessoas começaram a chegar, apenas para conhecerem a Profetiza da Lua como ficou conhecida.

Harry achava irônica essa mudança no comportamento das pessoas que num momento chamavam a amiga de louca e agora praticamente adoravam a sua pessoa. Mais irônico ainda era o fato de Luna não se importar com nada daquilo mantendo sua mesma rotina de levar os gêmeos para o amplo salão e ficar na janela olhando o horizonte perdida em seus próprios pensamentos.

Somente Duda parecia um pouco contrariado com as pessoas e muitas vezes tinha levantado a voz quando alguém um pouco mais exaltado puxava sua esposa nos raros momentos em que andavam pelas ruas da base. Por esse motivo Harry e Ginny optaram pelo isolamento melhor do local.

Não era seguro para aquelas pessoas se amontoarem ali e isso também deixava a base mais vulnerável a ataques, mas parecia impossível conter a multidão que chegava dia após dia pedindo por um milagre.

- Como se uma profecia fosse mudar as coisas da noite para o dia. – Harry resmungou sentando na cama ao lado da esposa que escovava o longo cabelo cor de fogo.

- Você tem que entender que isso gerou esperança. – Ginny disse suave beijando a testa do esposo.

- Eu entendo Gy... – ele segurou o rosto da esposa – Eu juro que entendo, mas estamos ficando indefesos aqui.

Ginny baixou os olhos, pois concordava com o marido.

- Eu sei Harry, mas não temos como expulsa-los daqui.

Ginny se deitou na cama com os olhos castanhos fixos nele. Era tão linda, havia amadurecido tanto e mesmo assim sentia no fundo da alma que não a amava mais. Sabia dos comentários sobre o seu casamento ter esfriado e fingia não ouvir, mas sua consciência sussurrava que aquilo era verdade.

Ela era linda, mas ele não a amava. Pelo menos não da maneira como ela merecia. Não como já havia amado algum dia, mas gostava da presença dela, do calor do corpo junto ao seu, da textura da pele. Era incrível que mesmo em meio aquele caos a pele de Ginny continuasse macia como seda.

Deitou por cima dela exigindo um beijo, precisava sentir o interior dela, não importava que não houvesse amor, naqueles dias amor era um luxo e tudo o que queria era poder esquecer por alguns minutos de todo aquele inferno que os circulava.

Os olhos castanhos encontraram os verdes e ela circulou a cintura dele com as pernas para acomodá-lo melhor. Sabia que ele não a amava mais, mas se satisfazia em saber que ele também não se deitava com outras e sentia prazer com ela. Ele sabia que ela o amava não a magoaria por pouco.

**********

Mal tinham recolocado as roupas, um hábito adquirido no campo de batalha onde qualquer um poderia entrar ou até mesmo serem atacados a qualquer instante. Não havia possibilidades ou segundas chances para quem era pego desprevenido.

O alarme de ataque soou por toda a base apressando-os.

Harry correu porta a fora terminando de colocar o cinto e gritando ordens com a varinha em punho enquanto Ginny terminava de amarrar as botas com sua varinha também em punho. Já estavam acostumados a se separem no meio da batalha, aquele não era lugar para sentimentalismos e heroísmo de proteção.

**********

O mundo estava estranho, podia ouvir os sussurros dos soldados mais baixos, daqueles que não haviam sido agraciados com a honra de se tornarem um verdadeiro Comensal da Morte, sobre uma profecia.

Uma profecia que mudaria o mundo.

Odiava aquele sentimento de esperança que entrava no seu peito sem ser convidado e que sempre o fazia sofrer ainda mais, quando percebia que tudo não passava de uma amarga ilusão criada por seus olhos cegos. Mas o sentimento estava lá aflorando sem permissão como uma erva daninha em seu coração.

E arrancar aquela erva daninha fazia sua alma sangrar.

Ninguém sabia quem havia dito tal profecia, diziam apenas que era a Profetiza da Lua e que vivia na base principal da Resistência e por esse motivo a maioria evitava falar alto sobre a profecia, pois parecia algo que não iria beneficiar o lado das Trevas. 

Não tinha muita certeza do que fazia, mas quando escutou que haveria um ataque na base principal da Resistência, a mesma base onde se encontrava a tal Profetiza ele não teve duvidas de que iria junto com os demais.

A única vantagem de ser nomeado o Herdeiro, o novo Lorde das Trevas, era que nunca proibiam sua participação em nenhuma missão que desejasse ir. Era claro que se tentasse fugir seria severamente punido como gostavam de lembrá-lo quando comunicava sua participação, e ele sabia que a punição não seria nele e sim na sua já frágil mãe, acorrentada nas frias masmorras do castelo.

Draco não pretendia fugir, apenas estava curioso sobre a profecia e queria ter a chance de ouvir mais sobre ela naquele lugar e se desse muita sorte poderia encontrar a tão aclamada Profetiza da Lua e ter mais informação. Era muito bom em leitura de mente, talvez a profecia ficasse guardada em algum lugar, não importaria para os Comensais da Morte se a mulher não sobrevivesse.

Com esse objetivo em mente terminou de vestir sua capa negra e formou a máscara de Comensal da Morte, a mesma utilizada por seu pai, seguindo para o pátio interno indo se juntar aos demais combatentes naquela missão. No momento em que se posicionou junto aos outros ele era apenas mais um.

Aparataram junto ao lado oeste da cidade base, onde Draco sabia ser o local mais próximo do prédio principal. O local já estava tomado por combatentes, pois covarde como era, optou ir com um dos últimos grupos. Não estava em seus objetivos ter que enfrentar uma linha de frente.

Correu se escondendo nas sombras, a noite escura e sem lua ajudando a camuflar seus passos leves e o tempo que se esgueirava pelo castelo parcialmente abandonado de Hogwarts valendo de alguma coisa além de lhe fornecer informações privilegiadas. Não demorou a avistar seu objetivo. O prédio principal onde deveria se encontrar a Profetiza da Lua. Não sabia como iria encontrá-la, mas a sua prioridade no momento era entrar no prédio sem ser morto.

- Como eu gostaria de ter uma maldita capa de invisibilidade agora. – murmurou para si mesmo analisando o local.

Havia muitos soldados protegendo a base, sentiu seu sangue gelar ao reconhecer os cabelos negros e revoltos de Potter saindo do edifício. O medo de ser visto por aqueles olhos verdes desafiadores o fizeram se fundir nas sombras em que se encontrava. Soltou a respiração que nem tinha percebido que havia prendido ao ver o rapaz se dirigir para o centro da batalha. Sempre tão valente e grifinório o Santo Potter.

Mais uma olhada para o local lhe indicou uma abertura que não havia visto antes, no segundo andar uma janela parecia desprotegida. Talvez algum feitiço de proteção, mas ele suspeitava que não. Precisaria escalar para chegar lá, mas o lugar era escuro o suficiente para escondê-lo e seu corpo magro lhe dava a agilidade de um gato, escalar paredes de construções arruinadas era quase um passatempo para ele nesses anos solitários.

Deu mais uma olhada para os soldados na porta e correu o mais rápido e silencioso que pode para a parede iniciando a escalada no mesmo ritmo alucinado torcendo para que seus movimentos não fossem vistos a distancia. Quase agradeceu a Merlin quando seus pés tocaram o chão dentro do lugar sem receber nenhuma maldição. Arrumou a capa em seu corpo e olhou ao redor. Estava num amplo salão parcialmente destruído.

Sem perder tempo continuou percorrendo os corredores escuros, não havia mais planos mirabolantes agora, contava com a sorte de encontrar aquilo que tanto procurava naquele lugar que parecia deserto. Um barulho de passos chamou sua atenção e ele se dirigiu ao lugar. Apontando a varinha assim que virou o corredor.

Congelou com o que viu.

Na sua frente estava uma criança de pouco mais de dois anos, olhos azuis claros grandes, cabelos loiros cor de palha com pequenos cachos e o rosto redondo. Parecia um anjo em meio aquele caos. Os olhos do pequeno o olhavam com uma intensidade que pareciam ver além dele e isso o assustava, mantinha a varinha firme por puro instinto, até ouvir uma voz etérea chamar.

**********

Luna não podia acreditar no que estava acontecendo, a base sendo atacada como em seus maiores pesadelos e agora ela estava ali sozinha naquele prédio abandonado apenas com Hermione que não podia entrar em conflito devido a sua gravidez avançada e para piorar a situação um de seus filhos havia fugido pelo corredor.

Corria com um deles no colo procurando o outro junto com Hermione logo atrás dela, tinha um pressentimento estranho em seu intimo, mas não conseguia definir se era bom ou ruim, apenas estranho. Virou  o corredor e viu seu filho.

- Lorcan! – chamou com a garganta estrangulada pelo medo e parou.

Do outro lado do corredor estavam todos os seus medos personificados. Um Comensal da Morte tinha a varinha apontada para o seu filho. Seu coração gelou e apertou inconscientemente seu outro filho mais forte nos braços, sentiu os braços de Hermione a envolverem também.

O tempo pareceu passar em câmera lenta, uma forte explosão sacudiu o prédio desequilibrando-os, o teto começou a desabar bem em cima do seu filho, viu o clarão do feitiço lançado pelo Comensal da Morte e no segundo seguinte tinha seus dois filhos vivos nos braços correndo junto a Hermione para fora do prédio.

**********

A explosão alertou a Draco que os Comensais da Morte deveriam estar entrando no prédio e sem entender muito bem lançou aquele pequeno anjo para o colo da mãe que o fitava em desespero antes que os blocos de concreto esmagassem a pequena criança, não era um assassino e não começaria com um inocente. Mal executou o feitiço teve que se virar rápido para se defender de um ataque feito pela sua lateral.

Olhou sem acreditar para a mulher que o atacava, os cabelos vermelhos não deixavam dúvidas de quem era e a pericia no combate explicavam do motivo dela ser a segunda em comando, mas ele não entendia o que ela estaria fazendo ali, longe do marido.

Ginny atacava aquele Comensal da Morte que ela não sabia como havia entrado no prédio principal, tinha ficado para trás a fim de proteger Hermione, Luna e as crianças, porém não conseguia encontrá-las no complexo. O ódio tomou conta dos seus movimentos ao ver aquele ser nojento no lugar que tinha aprendido a considerar como sua casa.

Mais uma explosão abalou as estruturas do edifício deixando claro que o lugar não agüentaria muito tempo, os gritos começaram a ser ouvidos e deviam ser Comensais da Morte pela maneira que gritavam. Um calafrio percorreu a espinha de Draco e ele não pensou ao realizar os movimentos rápidos e precisos imobilizando a mulher a sua frente. Os braços finos seguros as suas costas com uma das mãos e a outra cobrindo sua boca para que ela não emitisse som.

Podia sentir o pânico no fundo dos olhos castanhos e o tom de desafio. Os sons pareciam a cada instante mais próximos e ele não tinha certeza se passariam despercebidos pelos outros. Sentia o coração dela tão acelerado como o seu pela adrenalina.

A garganta secou ao se dar conta que nunca mais estivera tão perto de uma mulher, desde o acontecido com Pansy havia ignorado todas as mulheres que se ofereciam para ele para que nenhuma pudesse ser usada contra ele da mesma maneira e agora tinha as curvas de Ginny Weasley junto ao seu corpo.

Merlin! Ele não poderia estar excitado com tão pouco.

O som de passos cada vez mais próximos o fez acordar de seus devaneios, percebeu que Ginny tinha parado de tentar se soltar e parecia atenta, ele sabia que se fossem pegos ali nada aconteceria com ele, mas ela. A mulher de cabelos flamejantes com certeza seria torturada, morta e mostrada para todos como um troféu de forma muito parecida como fizeram com Dafne, talvez bem pior.

Não pensou nos seus atos, mas torceu para que as defesas da base tivessem se anulado, instáveis ou que pelo menos tivesse autorização pela pessoa que tinha nos braços. Suspirou aliviado ao conseguir aparatar dali bem no instante em que os passos chegavam mais próximos de onde estavam escondidos.

Caiu na sua cama desconfortável por cima daquele corpo macio voltando a acender o fogo a muito adormecido do seu corpo, era como se há muito tempo o sangue não corresse pelas suas veias, ainda tinha os braços dela presos agora sobre a cabeça e a mão cobrindo a boca, mas isso não impediu que ele ouvisse o tom suave de sua voz e pior apenas o fez sentir a maciez daquela boca em contato com a palma da sua mão quando a máscara se desfez e os olhos se arregalaram em reconhecimento.

- Malfoy! 

Nota da Autora:

Nem com ameaça as pessoas comentam... Bem... Pelo menos uma pessoa continua comentando...

Beijinhos e até o próximo capítulo:

Um mundo despedaçado

- O que vai fazer comigo Malfoy? – a voz não lembrava em nada o tom irritante de quando ela era criança, era uma voz suave e estava levemente rouca o que fazia seu corpo estremecer.


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