Havia sol naquela manhã como se o tempo quisesse mostrar a eles que havia esperança. O calor aquecia o rosto magro e delicado da mulher de cabelos claros parada no vão da janela. Eles não sabiam, mas ela olhava todos os dias na direção onde ficava sua antiga casa.

Um sorriso doce que fazia até mesmos os escassos pássaros cantarem se abriu naquele rosto marcado de menina que teve que amadurecer antes do tempo. Atrás dela os gêmeos brincavam com carros de plástico trazidos pelo pai dos escombros de mais uma cidade após a última batalha travada.

Não havia mais vencedores ou perdedores, apenas sobreviventes e Luna ficava feliz por seu marido voltar para ela. Sofria a dor daquelas que tinham seus maridos arrancados tão cedo, viúvas que não deveriam nem ter idade para casar.

Sentiu braços fortes circularem sua cintura e uma cabeça de pequenos cachinhos cor de palha foi apoiada no seu ombro magro. Ela se sentia tão pequena junto a ele, seu corpo frágil parecia ainda mais delicado perto do corpanzil do marido.

Sorriu acariciando os pequenos cachos de anjos, que também haviam sido herdados pelos gêmeos assim como o rosto gorducho, imaginando como devia ser engraçada a visão deles assim, pois Duda tinha que se curvar todo para apoiar o rosto em seu ombro.

Pouco sabia sobre o passado do marido e o que sabia foi dito pela boca do próprio. Harry nunca falava do tempo anterior a Hogwarts ou dos verões que havia passado lá, mas Ginny havia lhe dito quando entraram em Hogwarts que os irmãos tinham resgatado o garoto da casa dos tios num carro voador.

Duda parecia envergonhado de contar e nunca falava sobre seus pais, mas Luna sabia que eles eram trouxas que abominavam magia. Devia ter sido difícil para aquele rapaz acompanhar as transformações que aconteceram. No fundo sentia pena e compaixão, o rapaz parecia tão indefeso apesar de toda aquela pose de guerreiro.

Ainda se lembrava da primeira vez que ele havia lhe beijado os lábios. Tão inseguro e delicado quase um sussurro do vento. E a primeira vez deles? Nada poderia descrever a felicidade que parecia explodir em seu peito que só perdia para o momento em que teve seus filhos nos braços.

Crianças de uma geração em que muitos morriam e poucos nasciam.

Sentiu uma tontura leve e saiu dos braços do seu amado cambaleando para o lado. Olhou para frente e não via mais o salão amplo e destruído, nem seu marido ou filhos. Tudo rodava a uma velocidade absurda como se tivesse sido jogada em uma lareira sem saber seu destino. Ouviu vagamente vozes chamando seu nome, mas não tinha certeza.

Harry entrou no salão atrás do primo para conversarem sobre um novo ponto onde Comensais da Morte haviam sido vistos e que deveria ser uma base menor deles, mas assim que chegou ao local viu Luna cambaleando para o lado os olhos vidrados no nada.

Gritou chamando a amiga assim como o primo ao seu lado e logo Ginny também estava junto a eles, mas se calaram quando uma voz sem emoção alguma e parecendo um grito estrangulado dos sereianos saiu da boca da mulher que parecia congelada no cambalear de cair no chão.

Os gêmeos choravam agarrados às pernas do pai enquanto a mãe dizia palavras que eles não conseguiam compreender muito bem, mas pareciam falar de esperança, morte e o início de um novo tempo.

- Sem o amor dos pais, pelo sacrifício da mãe, uma criança para mudar o mundo...

A única frase entendida por todos naquela voz estranha, de ruído muito desagradável, pois era repetida sem parar como um mantra ou na opinião de Harry muito pior, pois aquilo parecia uma profecia, uma ultima profecia.

E então a voz parou e Luna caiu desacordada no chão frio do local para desespero deles.

Como de costume, Luna não se lembrava de nada apenas de sentir tudo rodar como um grande redemoinho, de ouvir as vozes deles ao fundo e nada mais. Felizmente ela não havia se machucado na queda, mas para aflição de Duda e Ginny havia demorado dois dias para acordar.

Harry estava quase mandando chamar Neville que havia se tornado o melhor medi bruxo que ainda podiam confiar se não fosse o único, e que estava numa base do outro lado do país cuidando de alguns feridos por conta de um combate mais pesado na região.

Não se sabia como, mas a história da profecia feita por Luna se espalhou pela base com uma velocidade inacreditável. Ninguém tinha certeza do que dizia, mas sabiam que falava de uma criança que mudaria o mundo e isso bastava para o povo cansado daquela guerra.

O fato de Luna já ser conhecida por sua excentricidade e desligamento do mundo presente apenas fizeram que a profecia se tornasse ainda mais real aos olhos deles, pois era de conhecimento geral que as grandes profetizas eram pessoas estranhas aos olhos normais.

Em poucos meses até mesmo os Comensais da Morte pareciam sussurrar a possível existência da criança, mas foi convencionado na mente de todos que a criança ainda não havia nascido, pois havia o sacrifício da mãe. Mesmo que nenhum dos presentes no momento se lembrasse de alguma coisa relacionada a esse fato.

Harry não sabia se ficava feliz com o novo animo que era visivelmente sentido em todos os habitantes da base e até mesmo nos campos de batalha ou se sentia sufocado por mais uma vez uma profecia rondar a sua vida como um mau agouro.

Ele andava pensativo não apenas com o novo rumo que começava a tomar a guerra, mas também com a sua descoberta do nome do Herdeiro. Não havia contado para ninguém mais além de Ginny, nem mesmo Ron e Hermione, talvez por que eles estivessem num casulo de felicidade tão intenso devido à proximidade com o nascimento da pequena Rose.

Ron dizia ter certeza que seria uma menina esperta como a mãe e cabelos ruivos como os seus e Harry acabava sempre sorrindo com o olhar sonhador do melhor amigo, por esse motivo não tinha coragem de levar seus temores e desesperos para eles.

Sua esposa era a única que o via como um livro aberto e o ouvia todas as noites em que passavam juntos. Ginny nunca tinha dito nada a respeito de sua descoberta sobre Malfoy ser o novo Lorde das Trevas, tão pouco havia comentado com qualquer outra pessoa o assunto como se aquilo fosse um segredo dos dois, mas o motivo de guardarem esse segredo apenas para eles era um mistério que não conseguia compreender.

Nota da Autora:

Eu tive comentários... Bem... Mas eu tenho que comentar que essa história não é slash... Então não teremos homens se pegando aqui... Sorry...

Ainda não escrevi a parte que falta... Tô achando que vai ser na pressão do fim...

Continuo pedindo por comentários... Eu queria tanto saber o que vcs acham dessa fic... Acho que vou fazer draminha e dizer que só posto o próximo capítulo quando tiver uns cinco comentários... rsrsrs... Pedi pouco até...

Beijinhos e até o próximo capítulo:

Um mundo de sentimentos

Podia sentir o pânico no fundo dos olhos castanhos e o tom de desafio. Os sons pareciam a cada instante mais próximos e ele não tinha certeza se passariam despercebidos pelos outros. Sentia o coração dela tão acelerado como o seu pela adrenalina.