A Ultima Profecia escrita por EmyBS


Capítulo 2
O mundo que o escolheu


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Mais um capítulo... Beijinhos...



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O entardecer pintava o céu nos tons amarelo e vermelho ao horizonte.

Ele gostava de subir na mais alta torre daquele castelo e ver o entardecer além dos escombros e da desmatação. Imaginar que poucos anos atrás milhares de alunos andavam por aqueles corredores destruídos e que a floresta a sua frente realmente existia não aqueles poucos pedaços de árvores num mundo de terra vermelha e folhas secas.

O mundo o arrancou de sua aristocracia e pedestal de maneira brutal e pensar que ele havia achado que chegara ao fundo do poço naquele fatídico ano em que fora incumbido por Voldemort a matar o diretor de Hogwarts, Dumbledore.

Algumas vezes chegava a sentir saudade daquele tempo.

Draco chegou a sentir uma centelha de esperança quando presenciou a morte daquele-que-não-era-nomeado. Não que torcesse por isso ou fosse se tornar amiguinho do Santo Potter e seus seguidores, mas por um breve segundo foi tomado pela esperança de que o mundo voltaria ao seu antigo curso.

Amargo engano.

Na manhã seguinte foi arrancado daqueles escombros pelos seguidores ensandecidos e ainda vivos do antigo Lorde das Trevas. Sua família havia falhado, envergonhado e deveria ser punida.

Foi com puro horror que viu seu pai ser assassinado na sua frente, com sua mãe caindo em pedaços ao seu lado e foi com ainda mais horror que se viu proclamado o novo Lorde das Trevas.

O Herdeiro, seu castigo.

Tentou escapar, mas era covarde. Viu sua mãe ser levada, os olhos implorando por uma salvação, se recusasse a mãe sofreria. Teria que ser forte, frio e calculista por ela, mas temeu e na sua covardia tentou fugir mais uma vez.

Não foi sua mãe que foi torturada daquela vez.

Pansy Parkinson sempre fora sua válvula de escape, aquela que estava sempre ali para ele e não era diferente naquele mundo insano onde ele era rei sem governar. Ele tentou fugir daquela loucura, mas não conseguiu dar mais de dois passos fora daquele lugar, foi arrastado de volta e obrigado a ver o que não queria.

Eles amarraram as mãos de Pansy até sangrar, ele não contou quantos abusaram dela naquela noite, mas foi obrigado a presenciar e ouvir cada grito, tapa, choro desesperado até que ela não emitia mais nenhum som e os olhos negros fixos nos dele tão cheios de dor que era muito pior que os gritos.

Quando a manhã surgiu foram deixados sozinhos naquele quarto, o próprio quarto dele, o lugar onde ainda vivia para não se esquecer daquela lição.

A menina que o amava incondicionalmente não existia mais. Ela se levantou com as pernas bambas e sujas de sangue da cama e andou até Draco os olhos vermelhos e o rosto inchado. O rapaz a sua frente jogado na cadeira simples não parecia muito melhor que ela e os olhos mostravam o desespero que sentia.

Um tapa.

Não um tapa idiota e fraco como o daquela sangue ruim amiga do Potter no terceiro ano, mas um tapa firme e forte o suficiente para marcar a alma. Aquela havia sido a ultima vez que ela estivera em seu quarto. Eles nunca mais haviam se falado, principalmente porque meses depois Pansy morreu na linha de frente de uma das batalhas.

E Draco Malfoy nunca mais foi o mesmo, se fechou naquele castelo que agora era o quartel general dos Comensais da Morte. Passou a ser temido sem nunca ter matado ninguém, não precisava disso, não era um assassino.

O menino deu lugar ao rapaz de porte mediano, corpo magro, pele translúcida, olhos azuis cinzentos opacos e fundos, cabelos platinados como o primeiro raio de sol da manhã de inverno cortados com feitiços mal feitos pelo próprio dono caindo irregulares no rosto apenas para que ele não visse a imagem do pai morto refletida em si mesmo, os lábios secos e pálidos sem o característico sorriso de canto tão marcante em sua infância e adolescência e as mãos de dedos longos lembravam as mãos dos dementadores se vistas no escuro.

Se achavam que ele estava acabado no seu sexto ano, talvez nem o reconhecessem agora.

Nas sombras do seu império descobriu quem realmente mandava em seu lugar. Uma mulher tão louca quanto sua tia Belatrix havia sido um dia, talvez muito pior. Não fazia idéia de onde aquele ser havia surgido não se lembrava dela nas reuniões de Comensais da Morte que aconteciam na sua casa.

Provavelmente uma louca que nunca sequer tivesse conhecido Lord Voldemort.

Não importava, ele continuava preso naquele pedestal em que não era nem reconhecido. Um Lorde que ninguém tinha conhecimento, pois na verdade nunca havia existido de fato e ele não podia ver sua mãe.

Quase quatro anos sem ver os olhos cinzentos ou sentir o calor da sua pele. Tudo o que sabia era que estava viva nas masmorras. Uma sonserina presa em sua própria casa. E ele odiava ao se dar conta que estava ali na torre dos grifinórios.

Uma maldita ironia do destino.

Queria ter alguém para conversar, mas não havia ninguém, todos os seus conhecidos já haviam perecido naquela guerra ou tinham se aliado a Resistência. Muito poucos fizeram essa escolha, pois sabiam que não eram bem vistos por serem da casa das cobras. Draco tinha apenas o conhecimento de dois.

Seu antigo colega de quarto Blaise Zabini, que havia fugido de lá pouco antes da morte de Pansy e a família Greengrass, porém Dafne tinha caído há uns dois anos atrás pelas mãos dos Comensais da Morte. Ele sabia, porque haviam levado o corpo da sua antiga colega para o castelo como um troféu contra os traidores.

Draco nunca chorou, via e ouvia tudo como numa redoma de vidro. Distante de todos, até mesmo a guerra e as batalhas travadas pareciam lendas num livro, pois apesar do cenário de destruição em que vivia nada acontecia ao seu redor.

Nada até aquele dia em que decidirá enfrentar o destino que o haviam obrigado a seguir e acompanhou os soldados na batalha. Não era um idiota que não sabia se defender e tinha uma boa lista de feitiços de seu conhecimento para usar no campo de batalha. Na sua loucura de isolamento precisava sentir a guerra para saber que ainda estava vivo.

Descobriu que ainda era um covarde que tinha a mão tremula como no dia em que ousou imaginar que poderia matar um bruxo como Dumbledore. Fugiu como um cão acuado, não sobreviveria àquilo e o coração martelava contra o peito, era covarde até mesmo para encontrar o fim na morte.

Mas o principal acontecimento foi ver-se cara a cara com Potter.

Os olhos verdes o olharam com tanta dor, amargura e raiva. Draco não esperava que Potter tivesse compaixão por ele, mas também não esperava sair vivo daquele encontro, principalmente quando foi reconhecido como o Herdeiro.

Viu Potter segurar firme a varinha e chegou a sentir o feitiço vindo contra seu peito, mas foi arrancado daquela batalha e trazido de volta para a sua cela, seu quarto, seu castelo e sua prisão. Felizmente não recebeu castigo pelo seu péssimo desempenho, mas ele imaginava que no fundo sempre soubessem que ele era um covarde.

Talvez por isso ele tivesse sido escolhido como o novo Lorde das Trevas.


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