All My Love escrita por marcelawhat


Capítulo 6
Somethin' Else




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Um ano depois daquele fatídico dia em que Lori foi embora, tudo continuava normal e em perfeita paz. Nosso contrato havia acabado e o álbum estava levando seus toques finais. E um nome.

-- Que nome? – perguntei para todos na sala: John, Bonzo, Robert e Peter.

-- Hm... The Swan Song album. – disse John Paul Jones. – Que idiota…

Ele e todos nós rimos. Eu sentia falta daqueles momentos de descontração que tínhamos. Depois do lançamento do álbum Presence, eu notava que, ironicamente, havia cada vez mais a ausência de uma amizade que tínhamos desde 1969.

-- Que tal colocar Led Zeppelin VII? Quer dizer, é o nosso sétimo álbum. – Disse Bonzo.

-- Faz sentido. – Robert concordou.

-- Eu acho que devíamos colocar alguma coisa que tivesse um sentido e...

-- Jimmy, nada de magia negra.

-- Quem falou de magia negra? – Bonzo deu risada. Ele me perseguia por causa das minhas crenças. Ora, cada um tem direito de acreditar no que quiser.

Enquanto ainda discutíamos sobre o nome do álbum e Peter tomava notas, uma mulher desconhecida entrou pela saída de emergência do estúdio. Ela tinha cabelos ondulados e curtos, era baixa e tinha um corpo não tão generoso, que me parecia familiar. Ela levantou a cabeça e eu pude reconhecer os olhos e a feição de Lori.

-- Ah, mas que... – disse Robert, apoiando sua cabeça nas mãos, negando que ela estivesse ali. Eu me levantei e me aproximei dela.

-- Lori? Você cortou seu cabelo?

-- É. No dia que eu fui embora da sua casa.

-- Ah. Ficou ótimo. – ela sorriu. Pode até ser que eu estava bem sem ela, estava em paz com Robert, mas eu sentia falta daquele sorriso.

-- Você também está diferente. Emagreceu...

-- É, foram uns problemas com drogas que eu tive, você deve ter ficado sabendo.

-- É, eu soube.

Um momento de silêncio.

-- Rob... Ela foi embora quando que eu nem ouvi? – perguntei.

-- Logo depois que ele disse “Ah, mas que...”.

-- Ah, mas que merda! – fiquei um minuto em silêncio, parado no meio do local. Não, não aguentaria mais brigas com Robert, nunca mais. Eu estava bem sem ela, ficaria bem sem ela, com toda certeza.

-- Lori... – eu segurei sua mão – Eu não quero você aqui mais, ok? Eu estou muito, muito bem sem você.

-- Você está com alguém, não é? Você deve estar com a Bebe, ou com a Pamela des Barres, ou...

-- Lori, eu estou com o Robert. – eu ouvi um copo cair e teclas do piano serem pressionadas com força. É lógico que foi um choque para todos ali. Como alguém poderia imaginar isso?

-- Como está com o Robert? Você deve estar brincando.

-- Não, não estou. Eu o amo desde o dia que o conheci e estamos juntos desde então. Eu não queria que ninguém soubesse disso, nunca. Mas você me deixou escolha? Não! Eu tive que falar. Eu estou completa e plenamente apaixonado por ele. E eu não ligo mais de dizer isso em voz alta para meus amigos e para você, tá? Agora, eu tenho que ir, porque ele deve estar muito bravo comigo...

Saí do estúdio deixando 4 pessoas pasmas para trás. Mas eu tinha que resgatar Robert.

-- Cara, tudo isso é verdade? – disse Bonzo, que vinha logo atrás de mim.

-- É, é sim.

-- Nossa, minhas suspeitas eram verdadeiras. – eu parei, encarando-o, enquanto ele entrou no carro.

-- Por que você tá indo tão de repente?

-- Na hora que a Lori chegou, eu já estava de saída. Aliás, ela tá dando um ataque lá dentro.

-- Bom... Agora, o problema é dela. Ah, e você pode me dar uma carona até a casa do Robert? Vai chover já, já.

-- Claro, entra aí.

Fomos conversando até lá, Bonzo parecia muito intrigado com esse meu caso com Robert. Achei até engraçado, pois ele parecia o mais indiferente.

Chegando até a casa, já estava anoitecendo e a chuva estava forte.

-- Bonzo, obrigada. A gente se fala depois.

-- Ok, boa sorte aí.

Eu sorri e saí do carro. Normalmente, eu me preocuparia demais com meu cabelo, mas nas atuais circunstâncias, só me importava com Robert. Bati na porta umas boas 10 vezes. Ninguém atendia.

-- Robert, eu falei pra ela sobre tudo. Sobre nós dois.

A luz da sala se acendeu, porém a porta não se abriu. Ele estava ali, me escutando, porém não ousava abrir a porta.

Eu batia incansavelmente na porta da casa dele. A chuva havia aumentado mais, meus pés começavam a se cansar de tanto ficar em pé ali.

-- Robert... Por favor, porque você não abre e nós conversamos?

Só se ouvia o vento e as gotas batendo em minhas costas e no chão. Eu sabia que ele estava em casa. Chutei e soquei a porta com toda a minha força, fazendo com que ele viesse, mesmo que fosse para me fazer parar. Nada ainda.

Comecei a chorar e me sentei no chão, não me importando com chuva, vento ou nada, sabia que nem devia ter dado “Oi” para Lori. De repente, uma luz trêmula cortou o chão e uma voz suave e angelical, um pouco abatida, disse calmamente.

-- Jimmy, por favor, vá embora. Você vai acabar quebrando a minha casa e ficando doente.

Levantei-me com um salto e me virei, sorrindo, para Robert.

-- ROBERT! Eu sabia que você abriria a porta... Por favor, me deixe entrar.

-- Jimmy, não, por favor. Eu me cansei, tá? Não quero mais isso.

-- Isso... Isso o que? – o meu sorriso se foi tão rapidamente quanto veio.

-- Isso tudo. Você nunca vai se decidir, né? Entre mim e ela. Nunca.

-- Robert... – mais lágrimas. – Você sabe que eu te amo mais. Sempre.

-- Não sei se acredito nisso mais, me desculpe. – ele me fitou com os olhos emoldurados pelos cabelos cor de mel. Passei minhas mãos leve e lentamente pelo seu rosto, enquanto segurava sua mão. Podia sentir cada centímetro do seu corpo se arrepiando.

Passei minhas mãos pelo pescoço dele e o puxei para um beijo. Ele colocou a mão por dentro da minha blusa entreaberta, sentindo o suor de um show recém-terminado. Beijamos-nos, enquanto entrávamos para dentro da casa de Robert. Deitei-o devagar no sofá, enquanto arfávamos pro falta de ar.

-- Não! Não, Jimmy, por favor, saia! – ele me empurrou e se levantou, me olhando com raiva nos olhos. Eu suspirei e, vendo que não havia maneira de convencê-lo, fui até a porta.

-- Então, abra a porta pra mim.

-- Você sabe abri-la sozinha, não quero mais ficar tão próximo de você.

Suspirei novamente e saí, sem me despedir direito. Fechei a porta delicadamente e fui andando, com o vento batendo contra meu rosto e fazendo minhas lágrimas se dispersarem. Acho que nada, mas nada mesmo, que eu fizesse faria Robert voltar para mim.

Quando estava quase saindo da propriedade, ouvi a porta abrir e passos virem correndo atrás de mim. Virei-me e vi Robert quase me alcançando. Corri em direção a ele, e nós nos abraçamos em baixo de toda aquela chuva.

-- Me... Me desculpe. Eu perdi a razão, exagerei sobre isso. Ela só foi lá te ver, certo? – apesar da chuva, eu pude reparar que ele chorava muito.

-- Claro que sim, Robert. Eu te amo tanto, tanto... Nunca mais duvide disso.

Continuamos abraçados, como se a chuva não nos incomodasse. Ele pegou a minha mão e me levou para dentro da casa.

-- Nossa, nós estamos molhando a casa inteira.

Ele olhou para mim com um sorriso. Entendi bem o que ele queria. Nós nos despimos e fomos para o quarto. Nossos corpos, antes gelados, se juntaram em uma tentativa de nos esquentar. Em poucos minutos, depois de alguns gritos e gemidos pela parte de Robert, nós estávamos tão quentes que quase não precisávamos de um cobertor.

-- Jim, você disse que contou pra ela sobre nós dois... Mas e o John e o Bonzo...

-- É, eles ficaram sabendo. Mas não se preocupe. Ninguém saiu correndo nem ficou me olhando estranho. Aliás, Bonzo pareceu bem interessado. -- Nós demos risada e nos abraçamos fortemente. – E olha... Eu quero que fique claro que eu te amo mais do que a Lori, Bebe, Pamela, qualquer uma. E nunca, nunca mesmo, duvide disso.

Ele sorriu e me beijou. Colocando sua cabeça no meu peito, ele suspirou e fechou os olhos. Nunca mais eu quero ver Lori ou qualquer outra. Só Robert podia me fazer feliz quando eu estava triste. Em todos esses anos, eu só conseguia dar risada com ele e com meus amigos. Robert tinha todo o amor que eu precisava. Ele tinha tudo e algo a mais.


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