Cavaleiros do Caos.

   Caminhavam já a algum tempo por aquela enorme floresta, Amy parecia bastante deprimida e não era de se surpreender. Maria ainda não tinha aparecido e temia que algo de muito ruim tivesse acontecido com ela, afinal para ela os tornar invisível no meio de um bar completamente lotado onde ninguém reconhecia ninguém tinha que ter um motivo bem lógico. Os três haviam continuado a caminhada, mas agora não tinham uma magia para lhes proteger, tudo o que podiam contar era com a experiência que haviam adquirido com essa aventura que parecia não ter fim.

 Depois de um tempo Sonic reconhecera a floresta que estavam andando, coisa que na outra noite não pode já que estava muito escuro para enxergar se quer um palmo a frente do nariz. A floresta era densa e pouca luz do sol entrava pelas copas das enormes arvores. Eles andavam em silencio, Amy de cabeça baixa perto de Sonic que mirava para frente vendo o caminho que seguiam, mas ao mesmo tempo olhava de canto para a garota que andava a seu lado. Silver estava um pouco atrás também bastante calado, provavelmente se culpando pelo o que tinha acontecido.

 - Vamos Amy, tenho certeza que ela deve estar bem. – disse o garoto tentando animar um pouco a situação, mas tudo o que conseguiu foi que a garota abaixasse ainda mais a cabeça, fazendo a franja de seu cabelo tampar seus olhos não permitindo ver a expressão que tinha no rosto. – Por favor, Amy. Não gosto de ver você assim.

 - Se alguma coisa acontecer a ela a culpa vai ser minha. – falou ainda desanimada. Em sua mente só se passavam cenas de sua amiga sendo maltratada por aqueles que os perseguiam isso se aquele mago maluco não tivesse drenado a energia dela. – Se não fosse por esse maldito poder que tenho ela nunca teria se metido nessa confusão.

 O garoto ia dizer mais alguma coisa, chegara a abrir a boca para começar quando de repente uma flecha fincou no chão a escassos centímetros de seu pé o fazendo se sobressaltar um pouco. Mais flechas vieram em sua direção, só que, graças a Silver, elas pararam no ar e caíram no chão inofensivas. Sonic no mesmo instante colocou Amy para trás de si e tirou sua espada da bainha esperando mais um ataque.

 Em poucos instantes vieram mais e mais fechas só que essas estavam em chamas e vinham de todos os lados obrigando a Silver a concentrar mais de seu poder para que assim pudesse pegar a todas as flechas, e aquelas que passavam Sonic as interceptava com sua espada. Amy queria ajudar, mas se não tivesse um alvo certo não poderia usar seu arco e flecha para atingi-los, tudo o que podia fazer agora era ficar atrás de Sonic e torcer para que os dois ficassem bem. Mas as flechas pareciam vir cada vez mais rápido e ficava cada vez mais difícil de defender.

 - Não podemos ficar nisso por muito tempo! – exclamou Sonic enquanto Silver recuava alguns passos e parava do seu lado, também tentando proteger a Amy com todas as forças que ainda lhe restavam.

 - Eu sei. Se pelo menos Maria estivesse aqui... – comentou o garoto um pouco cansado sentindo que não poderia manter esse ritmo com seus poderes por muito tempo. O fim estaria próximo, as flechas eram muitas e pareciam nunca cessar e agora eram arremessados pequenas adagas que eram ainda mais perigosas pela velocidade que vinham. Se não fizessem algo rápido as coisas terminariam ali.

 - Blaze espera!! – gritou uma voz feminina vinda da floresta. No mesmo instante a chuva de armas parou e uma garota de cabelos castanhos um pouco ondulados e curtos, os olhos azuis reluzindo de alegria, o corpo bem formado parecendo o de uma garota de mais ou menos vinte anos, ela usava uma calça de moletom negra, com botas de couro da mesma cor, uma blusa azul jeans sem mangas e que se abotoava na frente e luvas negras. Os olhos de Sonic se arregalaram ao ver a garota para logo depois um sorriso aparecer em seu rosto e foi na direção da garota que corria até o encontro dele.

 - Sally! – exclamou feliz abraçando a garota a erguendo um pouco no ar enquanto a mesma passava os braços por seu pescoço e retribuía o abraço com a mesma animação. Amy, ao ver a cena sentiu uma forte pontada no peito como se tivesse fincado uma faca no mesmo. Aquela cena, de tanto carinho e afeto a incomodava, sentindo a duvida em seu cérebro se aquela garota era especial para Sonic, não de uma maneira como amigos, mas sim mais. Quando a garota foi deixada no chão e se separou do cavaleiro de cabelos azuis ela lhe deu um forte murro no braço fazendo ele recuar um pouco. – Ai! Por que fez isso?

 - Por não mandar nenhuma noticia sua depois de tanto tempo de viagem. – disse ela furiosa, mas logo um grande sorriso apareceu em seu rosto voltando a abraçar o garoto que tinha a sua frente. – Fico tão feliz que esteja de volta. Aposto que todos vão ficar surpresos quando te verem. Ah! Quase me esqueci. Blaze! Pode sair, eles não são os escravos do cavaleiro negro!

 De repente, no mesmo instante que Sally terminara de falar, uma garota soltou de um galho de uma árvore próxima e caiu harmoniosamente em pé a poucos metros de distancia de onde o grupo se encontrava. Ela era uma garota meio que... Digamos... Misteriosa. Seus olhos dourados pareciam reluzir na penumbra da floresta, seus cabelos lilases eram incrivelmente belos e reluzentes, parecendo ter um tratamento de deuses de tanto que brilhava, mas estava preso em um rabo de cavalo alto o que não permitia que vissem toda a beleza que ele tinha, seu corpo tinha curvas discretas, quase imperceptíveis, mas ainda sim tornavam a garota bela e bem atraente, sua pele era meio pálida, na verdade era um meio a meio entre pálido e moreno, não dava para se dizer exatamente de que cor era. Ela usava um bermudão de malha que chegava até um pouco abaixo de seu joelhos, uma bota negra que tampava o resto das pernas que sobravam, uma blusa justa lilás com mangas bem curtas e luvas que mal chegavam ao pulso e que deixavam um pedaço das costas das mãos destampadas. Peso na cintura da garota e em algumas partes da perna estavam sintas e mais sintas onde se podia colocar as armas que foram lançadas antes, e pelo o que perceberam ainda tinham muitas adagas no estoque da garota. Nas costas da mesma tinha um arco junto com um balsa cheia de flechas preparadas para ser lançadas.

 - Essa é Blaze, chegou na vila a pouco tempo e contou a situação que estava o reino por isso se ofereceu para ajudar. – explicou Amy enquanto a garota fazia uma pequena reverencia ainda mantendo os olhos cravados nos recém chegados, principalmente em Silver que retribuía o olhar talvez com ainda mais seriedade. O silencio que se formou só foi quebrado quando Sally voltou a falar. – Vem! Tenho que mostrar essa surpresa aos outros.

 Sally pegou a mão de Sonic e o puxou para dentro da floresta indo pelo o caminho que eles iam antes. Amy, ainda com aquelas pontadas incomodando seu peito, se segurou no braço de Silver e caminhou com ele logo atrás de Sonic e Sally que conversavam sem parar, fazendo a pequena princesa se sentir ainda mais triste, segurando para as lagrimas não escorrerem por seu rosto. Mais atrás estava a garota de cabelos lilases que ficou para pegar suas armas e logo depois voltara a seguir os garotos, caminhando lentamente e silenciosamente.

 Em alguns momentos Silver dava uma ligeira olhada para trás, só para confirmar se a garota estava em uma distancia segura deles. Voltou a olhar para Amy, que tinha a cabeça baixa e segurando bem forte seu braço. Com delicadeza,retirou seu braço e o passou pelo ombro da garota a apertando cuidadosamente contra seu corpo. Supunha que ela ainda estava se culpando pelo o que havia acontecido com Maria, as duas eram como irmãs, tanto que se consideravam gêmeas e ele também as considerava como suas pequenas irmãzinhas, se alguma coisa acontecesse com uma delas iria acabar com aquele que as tinha machucado, não importava como.

 - Não se preocupe. – sussurrou no ouvido da princesa de uma maneira que só ela poderia ouvir. A mesma não levantou a cabeça nem deixou seu estado depressivo de lado, e isso incomodou a Silver. – Maria é forte, tenho certeza que logo ela vai aparecer. E vai estar com o mesmo mal humor de quando se encontra com aquele mercenário.

 Amy nada disse, apenas continuou do mesmo jeito depressivo andando pelo caminho que os dois a frente indicavam. A única que sabia o que poderia estar passando agora era Maria, mas ela não estava ali para lhe consolar e isso era apenas mais um peso em seu peito. Odiava sua vida! Se pudesse, se pelo menos querer fosse poder, queria ser uma camponesa normal, sem responsabilidades extremas como governar um reino ou carregar esse maldito poder dentro de seu corpo. Se morresse seria o melhor para todos.

 Com a idéia olhou ligeiramente para as flechas que tinha na bolsa presa em sua cintura, tampadas ligeiramente pela capa que usava. As idéias relampejaram por sua mente, se acabasse consigo mesma o poder desapareceria, iria voltar para os deuses e mais ninguém sofreria, mais ninguém teria que passar por todo aquele terror, sem falar também que estaria livre! Finalmente sem mais responsabilidades, sem mais pressões, sem mais sofrimento! Tinha coisa melhor a pedir?   

 Esperou um momento, voltando a olhar para frente onde uma luz começava a aumentar indicando a saída daquela floresta. Logo que passou por ela teve que fechar os olhos para que os mesmos não fossem muito agredidos pela forte luz, quando os voltou a abrir se encontrou com uma bela aldeia, de campos verdes claros que passava por debaixo de todas as pequenas casas de madeira que ficavam um pouco separadas uma das outras. Eram casas simples, mas que pareciam estar completamente deserta já que via as janelas completamente fechadas e ninguém andando pelas passagens de grama que tinha nelas. Sem entender Amy mirou tudo a sua volta procurando algum sinal de vida.

- Podem sair!! Não tem perigo algum e aposto que não vão acreditar em quem esta aqui!! – gritou Sally fazendo com que sua voz ecoasse por todo o lugar. Pouco a pouco pessoas iam saindo das casas lentamente observando a sua volta para ver se tinha alguma perigo. Em poucos instantes os olhos delas reluziam e sorrisos extensos apareciam em seus rostos para logo depois saírem correndo na direção que estavam, enquanto Sonic sorria meio envergonhando e animado ao mesmo tempo.

 Em poucos instantes o guerreiro de cabelos azuis era rodeado de pessoas que o abraçavam, dava apertos de mão, davam tapinhas em suas costas, bagunçavam seus cabelos... Silver e Amy se entreolharam percebendo que o garoto era muito popular nesse lugar. Era incrível, todos da aldeia pareciam conhecer o garoto a séculos e fazer a mesma faixa de tempo que não o viam. O guerreiro apenas sorria e ria junto com eles respondendo perguntas e fazendo algumas brincadeiras. Era uma cena um tanto familiar.

 - E quem são esses que vieram com você Sonic? – perguntou um garoto que devia ter seus dezesseis anos. Ele tinha os cabelos loiros acastanhados, era bem menor que Sonic, devia bater em sue peito, os olhos azuis reluzentes e espertos miravam os visitantes com curiosidade, a pele pálida reluzia com o doce sol da manhã que ainda pairava no céu dando cara de ser umas nove da manhã ainda. Ele usava um bermudão marrom um pouco gasto, uma blusa amarela, luvas de couro marrons sujas de vários tipos de coisas, seja poeira ou óleo e sapatos de couro negros. Sonic se virou na mesma direção que o garoto e sorriu ao ver Silver e Amy.

 - Eles são Silver, um cavaleiro do castelo e Amy, a princesa do reino. Estou ajudando eles a chegar em um forte que tem para o sul. – disse com um pequeno sorriso, todos ali soltaram uma enorme exclamação quando ele falou de Amy. A mesma desviou o olhar, constrangida, odiava quando as pessoas lhe miravam dessa maneira impressionada como se fosse algum tipo de aberração. Por que tinha que nascer uma princesa?

 - Não sabia que você era um dos cavaleiros do caos Sonic. – comentou Sally se aproximando e mirando o garoto de cabelos azuis de maneira confundida. Ele fez o mesmo sem entender o que ela tinha falado e ao perceber isso ela decidiu explicar. – Dizem que dois cavaleiros protegem a princesa contra os seres das trevas. Os chama de Cavaleiros do Caos porque causam uma devastação no inimigo, mas nunca imaginei que você fosse um deles.

 - Que ótimo, temos até nome agora. – comentou Silver saindo um pouco de perto de Amy, o que deu a chance perfeita para a garota fazer o que queria. Aproveitou que todos estavam distraídos e deslizou rapidamente a mão na direção das flechas que tinha em sua bolsa, pegando uma e a segurando com um pouco de força. Estava prestes a fincá-la em sue corpo, até mesmo fechara os olhos e respirara fundo se preparando para a dor quando de repente uma voz lhe chamou a atenção.

 - Nem ouse em fazer uma coisa dessas. – rapidamente se virou para trás deixando a flecha cair no chão, seus olhos se encheram de lagrimas ao ver exatamente quem estava ali perto da floresta se apoiando em uma arvore com um olhar de reprovação. A respiração dela estava agitada, parecia ter corrido até lá, os cabelos loiros estavam um pouco bagunçados e grudados no rosto por causa do suor e a roupa quase toda suja, principalmente as palmas das mãos e os joelhos indicando que tinha caído algumas vezes. Mas nem se importou com isso, o importante é que estava bem. – Se pensar em fazer isso de novo eu juro que te jogo uma praga para que veja como são as coisas do outro lado e nunca mais deseje isso.

 - Maria!! – exclamou correndo até a garota e a abraçando com força enquanto deixava as lagrimas escorrerem por seus olhos. Amy era um pouco maior que Maria, por isso ao abraçá-la a mesma quase não pode colocar a cabeça acima do ombro da garota de cabelos rosas. Com cuidado, a garota loira passou os braços pelo corpo da princesa retribuindo o abraço.

 - Da próxima vez, fique parada em apenas um lugar para eu poder te achar com apenas um tele-transporte ok? – comentou a maga sorrindo levemente enquanto a garota que a abraçava apenas assentia algumas vezes. Depois que tinha escapado e usado seus poderes, acabara parando em uma parte da floresta onde Amy tinha passado, mas ela não estava lá. Foi obrigada então a caminhar pela floresta seguindo a energia da garota, mas parecia que nunca a encontraria e que ela tinha caminhado sem nenhum descanso. Quando ouvira os pensamentos de Amy relacionados ao que ela planejava fazer consigo mesma passou a correr pela floresta tentando encontrara, o que causara as quedas que estavam presentes em seus joelhos e mãos, mas sempre tinha a esperança de encontrá-la e impedi-la de fazer essa bobagem. Por sorte conseguira.

Já era o inicio da tarde mais ou menos e todos já se encontravam acomodados em uma hospedaria, parecia até mesmo que uma festa estava acontecendo nela, todos se reuniram no bar que tinha na parte de baixo e rodearam o garoto de cabelos azuis perguntando sobre suas viagens e aventuras. Maria havia tomado um bom banho, colocando a roupa que eles tinham lhe dado. Não passava de uma saia negra de algodão que chegava até metade de suas cochas, uma blusa azul marinho sem mangas também de algodão, botas de couro que chegavam até seu joelho e finalmente luvas negras que iam até seu cotovelo. Seus cabelos loiros tinham sido presos em um rabo de cavalo deixando apenas sua franja para fora, contornando seu rosto perfeitamente. Amy também tomara um banho, e para passar despercebida colocara uma roupa normal de camponesa. Usava uma calça de couro que chegava até seu tornozelo e era bem justa em suas pernas, a bota também de couro e negra tampava a calça até metade da canela e uma blusa justa de algodão também negra. Silver colocara a mesma roupa, depois de pedir a Maria que a limpasse com seus poderes. Não gostava de ficar no troca-troca de roupas.

 Amy se sentia um pouco incomoda estando ali no momento, não sabia se era pelos olhares de surpresa que viam para sua pessoa ou se era porque Sonic e aquela garota de cabelos castanhos estavam muito próximos. Vê-lo sorrir daquela maneira com ela, vê-lo ser tão intimo com ela, vê-lo ser tão feliz do lado dela fazia seu coração se apertar como nunca. Ciúmes, essa era a palavra certa para o que sentia e não gostava disso, odiava esse sentimento, mas não podia evitá-lo. Olhou para seu corpo quase intocado, vendo o liquido quente do café que pedira quase frio.

 - E como se meteu nisso tudo? – ouviu aquela garota perguntar minutos depois. Não virara o rosto. Eles estavam a apenas alguns bancos de onde estava sentada e mesmo com toda aquela conversa que rolava no lugar, conseguia ouvi-los perfeitamente e isso lhe incomodava. Queria ignorá-los, fingir que não se importava com o que estava acontecendo, mas não conseguia. – Você sempre falava que não queria se meter em nada com relação a família real, e agora esta ai protegendo a princesa junto com esses outros dois. Por que?

 - Foi por acaso. Acabei entrando na confusão sem querer. – ouviu ele dizer e isso fez seu coração se partir. Sem querer? Sem querer?! Como ele podia dizer uma coisa dessas?! Se ele não queria, pois que não tivesse entrado! A opção era dele, e foi exatamente ele que disse que queria ajudar! Furiosa e magoada, se levantou de seu assento e saiu do local, coisa que ninguém, além de Maria, percebeu. Caminhou rapidamente pela vila passando de casa em casa procurando um lugar para ficar.

 O sol que tinha sobre sua cabeça era escaldante, principalmente estando com uma roupa preta que absorvia bem mais calor. Mas não se importava, não se importava com o calor, não se importava com suas roupas, não se importava com mais nada, tudo o que queria era encontrar um lugar isolado para ficar e nunca mais sair de lá até ter se acalmado completamente. Quando deu a volta por uma casa se deparou com um belo campo de flores. Era simplesmente incrível, ele ocupava uma enorme área atrás da casa se estendo com varias flores até perto da floresta que tinha mais a frente, a metros de distancia. Tinha flores de todos os tipos de cores e pareciam tão bem cuidadas que reluziam com a luz do sol.

 Com um sorriso se aproximou, tomando cuidado para não machucar nenhuma flor e se sentou em um espaço aberto que tinha no meio do jardim, se permitindo relaxar um pouco com a leve brisa que soprava no local. Sua mente vagava em outros assuntos para que assim o acontecimento agora a pouco fosse esquecido, mas seu coração ainda teimava em latejar de dor por causa daquilo. Se amaldiçoou por ser tão burra, ele tinha falado que não se importava com a família real, isso já mostrara que ele não ligava para ela, que ele não se importava. Então, por que ele os ajudava? Talvez para ter mais aventuras.

 - Amy. – olhou para o lado se encontrando com Maria que a mirava de uma maneira tristonha. Sabia que ela tinha conhecimento sobre seus sentimentos pelo garoto, sabia que ela esta ali para lhe ajudar e por esse exato motivo não pode evitar se levantar e abraçar sua “irmã” com força deixando que chorasse alto enquanto sentia ela dando pequenos tapinhas em suas costas.

 - Por que, Maria? Por que tinha que ser por ele? Por que por ele? – perguntou com desespero abraçando ainda mais a garota loira e deixando as lágrimas rolarem livremente por seu rosto, descarregando todo o sofrimento que sentia em seu coração. De todos para se apaixonar, por que tinha que escolher um que não se importava com ela? Um que nem ao menos fazia o que fazia para lhe ajudar.

 - Porque não escolhemos por quem nos apaixonamos. – disse a garota com um olhar distraído enquanto tentava acalmar sua amiga que continuava com seu choro incessante. – Porque essa é uma das coisas que não podemos controlar.

 Caminhava sem um destino certo pela área da vila, talvez procurando um lugar para treinar e assim melhorar suas habilidades para da próxima vez que o inimigo aparecesse não fosse um estorvo para seus parceiros. Até agora não tinha feito nada, então se pudesse melhorar a ajudar um pouco talvez as coisas melhorassem.

 Em um certo momento, quando deu a voltou em uma casa se deparou com algo que se podia dizer impressionante. Aquela garota de cabelos lilases treinava no que parecia ser uma área de treino feita a mão. As árvores que rodeavam o local eram os alvos e ao mesmo tempo os esconderijos, tinha uma mesa perto da parte de trás da casa onde tinha vários tipos de armas, algumas nem mesmo conhecia. O chão não tinha a mesma grama que passava pelo resto da vila, era terra pura o que tornava mais difícil o treino já que poderia escorregar a qualquer minuto.

 E no centro do circulo de areia que formava o chão estava aquela garota, mas poucos instantes ela não estava mais lá e uma adaga atingira no mesmo instante que ela desaparecia um dos troncos das arvores que ali rodeavam. Depois viu apenas um vulto e mais uma adaga acertara um tronco de arvore, mais uma vez e a mesma coisa acontecera. Era incrível, ela parecia estar em vários lugares ao mesmo tempo e tacava as armas com tanta velocidade que parecia que uma chuva mortal estava caindo naquele local. Ela não tinha a mesma agilidade que Sonic e aquele mercenário, mas chegava bem perto. Seus movimentos eram rítmicos e precisos, perigosos e mortais. Simplesmente incríveis. Cada momento ficava mais encantado e impressionado e quando a garota finalmente parou em pé no mesmo lugar que tinha começado viu a oportunidade de se aproximar.

 - Você realmente tem um ótimo treinamento. – falou fazendo a garota saltar por causa da surpresa e se virar rapidamente. Percebeu como ela só não mandara a adaga que tinha na mão porque a mesma travara antes que aquele objeto de metal escorregasse da mesma. O corpo dela estava tenso e podia ver como os olhos dela estavam analisando cada passo que dava, vendo se tinha motivos para temer. – Não se preocupe. Não vou fazer nada, prometo.

 A garota voltou para uma posição normal, mas se notava que não tinha relaxado. Silver caminhou lentamente até ela e voltou a olhar a sua volta, vendo cada adaga que tinha atingido uma arvore. Ela não errara nenhum e acertara sempre no centro do tronco, uma adaga a milímetros de distancia da outra. Tinha que admitir que a garota tinha talento, e não era dos poucos não.

 - Por acaso você já treinou com alguém especialista? Porque os movimentos que você fazia não eram nada simples. – comentou sem mirar a garota. A mesma duvidou um pouco, recuando alguns passos e mirando outro lado. Não gostava de falar sobre sua pessoa, não se sentia cômoda dando essa informação, mas um dia ia ter que contar isso não?

 - Meu pai me ensinou. Ele era chefe dos guardas secretos do castelo e queria que eu tivesse a mesma habilidade. – comentou mirando distraidamente a adaga que tinha em sua mão. Pela primeira vez Silver pode ouvir a voz da garota e agora percebera que era uma voz meio profunda e delicada ao mesmo tempo, nem fina nem grossa. – Quando o castelo foi invadido ele teve que ir lá lutar, enquanto isso eu e minha mãe ficamos em casa. O castelo foi dominado e aquelas coisas vieram nos atacar, minha mãe me obrigou a fugir enquanto ela ficava para trás. Jurei a mim mesma que não deixaria a mesma coisa acontecer de novo.

 - Por isso protege essa vila? – perguntou Silver e a garota assentiu levemente abaixando levemente a cabeça e se dirigindo a mesa que tinha perto da casa que escondia todo aquele campo de treinamento. Ela afastou as armas que tinham no local e se sentou enquanto o guerreiro apenas observava. Ele lentamente foi até lá e se sentou do lado dela, mirando a floresta a sua frente distraidamente igual ela fazia. – Quantos anos têm?

 - Dezoito. – respondeu ela, fazendo o garoto ficar pensativo. Não era muito velha, Amy e Maria só eram dois anos mais nova que ela e ele era dois mais velho. Mas mesmo assim não pode evitar pensar que as habilidades que ela tinha eram bem elevadas para alguém da idade dela.

 - E você? Como se meteu nisso tudo? – perguntou ela quebrando o silencio que tinha se formado no lugar. Silver deu de ombros, era sua vez de contar sua historia.

 - Sou órfão, cresci e vivi no castelo. Com dez conheci Amy e Maria ao mesmo tempo que começava meu treinamento de cavaleiro. As duas se tornaram como irmãs para mim e eu o prodígio do lugar. Quando o castelo foi atacado eu fiquei encarregado de levar as duas para longe então entrei nessa confusão por gosto. – falou distraidamente e logo depois fez todas as adagas que tinha se prendido nas arvores se soltarem e irem na direção de onde estavam, se reunindo e ficando encima da mesa muito bem acomodadas.

 - Como consegue fazer isso? – perguntou a garota um pouco impressionada. Vira ele fazendo a mesma coisa com as flechas e adagas que lançara só não sabia como ele podia fazer uma coisa desse tipo.

 - Nasci com essa capacidade e foi um dos motivos pelos quais me tornei um prodígio lá. – falou ele calmamente e sem dar quase nenhuma importância para o que estava acontecendo. Aquilo era normal para ele, fizera isso desde que tinha memória e nunca vira problema algum, apesar de algumas pessoas o olharem de maneira estranha.

 De repente as mãos da garota começaram a brilhar, parecendo serem rodeadas por chamas bem leves. Ela juntou as mãos e delas apareceram uma pequena chama que flutuava alguns centímetros acima. O cavaleiro de cabelos prateados mirou aquilo impressionado, vendo como a chama trepidava levemente na mão da garota que mirava aquilo sem ver muita importância no fato, na verdade parecia ter até tristeza em seus olhos.

 - Entendo. E bem. – disse ela levemente enquanto a chama desaparecia de suas mãos como se nunca tivesse existido. Com cuidado o garoto levou uma mão até a dela e a segurou com cuidado. Sabia o que a dificuldade que era aceitar ter algo de especial e o dela devia ser ainda mais difícil controlar, principalmente sendo algo tão destrutivo como o fogo. Ela o mirou sem entender e ele sorriu.

 - Não nos apresentamos formalmente. – falou divertido apertando levemente a mão dela. – Meu nome é Silver, cavaleiro pessoal da princesa Amy.

 - Meu nome é Blaze. – respondeu a garota com um sorriso no rosto entrando na brincadeira. – Filha do chefe dos guardas secretos do castelo e atual guardiã dessa vila.

 - É um prazer te conhecer Blaze. Tenho certeza que nos daremos bem. – Silver sorriu para a garota e no mesmo instante uma chama com um contorno esverdeado apareceu encima da mão dos dois fazendo com que rissem levemente.

 O meio da tarde chegara e todos já se preparavam para entrar em suas casas e ficarem seguros. Souberam que as trevas atavam de noite e era arriscado sair nesse tipo de horário. Mas talvez fossem obrigados a isso. Os quatro já estavam dentro da hospedaria, Amy deitada em sua cama pensando no nada, olhando para o teto enquanto Maria se encontrava na cama a seu lado deitada de lado parecendo estar dormida, mas na verdade mirava a parede que estava bem a sua frente com as memórias perdidas em uma confusão, em um redemoinho de sentimentos e duvidas. De repente as duas ouviram um leve murmuro pelo ar, um que era bastante conhecido.

 Amy se levantou em um salto enquanto Maria permanecera paralisada na posição que se encontrava. Novamente o sussurro foi ouvido só que dessa vez mais alto. Silver apareceu rapidamente no quarto, abrindo a porta com velocidade e mirando as garotas com preocupação.

 - Olhem pela janela. – disse rapidamente. Maria não queria levantar, ficara deitada na mesma posição segurando com força os cobertores debaixo de si. Sua garganta tinha um nó e podia ouvir como Amy se mexia na cama para ver o que estava acontecendo do lado de fora. – Ele esta esperando e pegou uma das pessoas daqui da vila. Quer lutar com um dos Cavaleiros do Caos.

 Maria respirou fundo fechando os olhos com força torcendo para que não fosse quem pensava que fosse. Amy olhava pela janela surpresa, do lado de fora tinha aquela neblina negra passando por todo o chão enquanto aquelas criaturas negras estranhas caminhavam de um lado para o outro perto da floresta, rodeando um enorme guerreiro de armadura negra que sorria maliciosamente para a vila. Nas mãos dele estava aquela garota de cabelos castanhos que conversava animadamente com Sonic. Se não recordava mal o nome dela era Sally.

 - E o que faremos? – perguntou para Silver que tinha um olhar preocupado e já se prepara para sair do quarto.

 - Sonic quer lutar contra ele, mas ainda estamos decidindo. – falou mirando o corrimão que tinha a poucos metros da porta e que dava vista direta para o lado de baixo. – Vamos descer, chame Maria e nos encontre lá em baixo.

 Maria levantou ligeiramente a mão mostrando que estava acordada e disse para Amy que poderia ir que ela logo a seguiria. Quando ouviu os passos de Amy saindo do quarto se sentou na cama e abraçou as próprias pernas. Sabia que ele provavelmente estaria lá fora apenas esperando, escondido em algum lugar e não o queria ver. Estava confusa e talvez se olhasse para ele mais uma vez descobrisse que o que tentava evitar havia acontecido. Se ficara preocupada com Amy com relação isso agora estava quase no desespero em sua situação.

 Com as pernas bambas se levantou, calçou suas botas e desceu as escadas se esgueirando para longe da confusão que acontecia no momento e mirando o lado de fora por uma janela que tinha no salão. Podia ouvir muito bem a discussão que tinha um pouco mais a dentro e sabia também que isso não terminaria tão cedo.

 - Já disse que eu tenho que ir! – gritou Sonic desconcertado, ele parecia bastante irritado e preocupado o que fazia o coração da pequena que estava ali ouvindo tudo se apertar. Ele parecia mais preocupado do que quando estava em perigo, ele realmente gostava daquela garota. – Não podemos deixá-la com eles! Se ele quer lutar com um Cavaleiro do Caos eu vou!!

 - Você é mais importante para a equipe. Deixa que eu vou. – rebateu Silver. Sonic era o único que conseguia proteger as garotas daquele mercenário maluco e dos demônios que eram cridos pelas trevas, se ele morresse elas estariam indefesas. Por isso se ofereceu, assim não faria a menor diferença se morresse ou não. Amy chegou a abrir a boca para fazer um comentário quando Maria a interrompeu chamando a atenção de todos.

 - Não vamos te entregar em troca dela Amy, pode ficar quietinha ai. – falou sem se virar para vê-la e Amy fechou a boca no mesmo instante. Maldita ligação que tinham uma com a outra. O cavaleiro de cabelos azuis a voltou a ver, pela primeira vez desde que tinham chegado, e não era um olhar muito bom. Era um cheio de desconcerto e repreensão.

 - Não acredito que você ia sugerir isso! – exclamou enquanto a garota apenas dava de ombros e mirava a parede a sua frente sem muita importância. Abriu a boca para falar mais alguma coisa quando uma voz estrondosa do lado de fora chamou a atenção de todos.

 - Vamos cavaleiro azul! Saia antes que sua amiguinha aqui tenha um destino não muito amigável! – logo que ele terminou de falar um grito de Sally foi ouvido fazendo todos no local ficarem tensos de preocupação. – Pensei que fosse mais corajoso!

 - Ele quer a mim. –sussurrou Sonic com mirada seria e já levando uma mão até o cabo de sua espada, se preparando para ir até o encontro daquele brutamontes que tinha do lado de fora. – Se é isso que ele quer é isso que ele terá.

 Caminhou lentamente até onde a porta da hospedaria estava, passando letamente na frente de Amy que se debatia em falar alguma coisa e ficar quieta no lugar onde estava. Sabia que ele poderia morrer a qualquer instante naquela luta e por mais que não quisesse isso sabia que podia acontecer. Era falar ou sofrer pelo resto de sua vida por ter deixado o momento passar. Respirou fundo e correu atrás do garoto que estava prestes a abrir a porta para sair.

 - Sonic espera!! – gritou fazendo o garoto se virar e no mesmo instante roubou um beijo dele, passando rapidamente os braços pelo pescoço dele e juntando os lábios de ambos com paixão. Podia ser seu primeiro beijo, mas se deixava guiar pelo instinto e mesmo ele não correspondendo continuou até sentir a necessidade de ar. – S-sei que talvez não sinta o mesmo, mas não queria que você fosse sem saber...

 Antes que ela pudesse continuar ele a puxou para mais um beijo, levando uma mão até o rosto da garota perto dos cabelos rosas curtos enquanto a outra ia para a cintura dela, entrelaçando na mesma e a puxando para mais perto. Um pouco atordoada Amy retribuiu o beijo, fechando com força os olhos e deixando algumas lágrimas de felicidade escaparem enquanto sentia o leve contato com os lábios do garoto. Não era um beijo muito profundo, era um doce que transmitia tudo o que sentiam um pelo o outro.

 Aquela fruta tão proibida, aquele ser que estava tão distante agora se encontrava em seus braços sem mais nenhuma distancia os separando, sem mais abismos impossíveis de ser ultrapassados. Não sabia descrever o que sentia agora, não sabia dizer nem mesmo para si mesmo o que era estar ali naquele momento beijando a garota mais bela que já tinha conhecido, só sabia que aproveitava tudo aquilo como nunca aproveitara alguma coisa antes. Ainda não podia acreditar no que estava acontecendo.

 Se separaram panas pela necessidade de ar. Miraram um ao outro enquanto as respirações agitadas se chocavam uma com a outra e os corpos permaneciam colados um no outro. Ele levou a outra mão até o rosto da garota e o acariciou com delicadeza, como se ela não passasse de uma boneca delicada que podia se desmontar com o simples toque.

 - Eu vou voltar. Prometo. – disse ela sabendo, vendo nos olhos dela o temor que sentia com relação ao que estava acontecendo. Com lentidão se separou dela e foi até a porta, a abrindo e saindo na direção do cavaleiro negro que sorria divertido. Amy levou as duas mãos ao peito vendo o garoto se afastar lentamente, podia sentir seu coração batendo a mil por hora enquanto um sorriso aparecia em seu rosto.

 - Ele é bem determinado. – disse uma voz feminina chamando a atenção de Amy que virou o rosto para o lado se encontrando com a garota loira que mirava pela janela despreocupadamente. O rosto da princesa corou com força e a mesma começou a gaguejar algumas vezes tentando dizer alguma coisa. – Não se preocupe Amy, estamos no mesmo barco, só que acho que o meu é um pouco mais complicado que o seu. E com um destino um pouco diferente...

 Já fazia algum tempo que estava ali observando e para falar a verdade não se incomodava em fazer apenas aquilo. Sentado em uma das arvores na floresta, bem escondido dos olhares de qualquer um, observando o campo de batalha onde o cavaleiro negro estava posicionado e o cavaleiro azul, como passara a ser conhecido, aparecera e caminhava na direção do exercito rival com um pequeno sorriso bobo no rosto. Negou levemente com a cabeça, esse garoto não sabia que ter sempre um sorriso na cara não ajudaria em nada?

 Mas isso não lhe importava nem um pouco, seus olhos deslizavam de um lado para o outro, parecendo procurar alguma coisa até que finalmente encontraram. Escorada no marco da janela da hospedaria que antes o cavaleiro azul tinha saído estava aquela maga, aquela maga tão peculiar que antes odiava, mas agora não mais sabia o que era para si. O sol que se punha lentamente e que fora meio tampado pelas nuvens pelo mago das trevas para que aquelas criaturinhas não fossem feridas agora parecia iluminar apenas a garota. Ela estava tão diferente com os cabelos presos, parecia até mais encantadora...

 Balançou fortemente a cabeça tentando espantar esse pensamento. Não podia pensar nisso, não podia imaginar isso, não podia sentir nada por ela, mas... O que aquela garota tinha feito? Levou uma mão ao peito abaixando levemente a cabeça para mirar aquela área. Pensara que não tinha nada ali, que não passava de um lugar oco que nunca teria algo para ocupar, mas agora... Agora nem sabia mais o que tinha ali.

 Voltou a olhar para aquela garota e vira como os olhos azuis dela analisava o inimigo, como sempre faziam, mas havia algo diferente neles. Pareciam ansiosos, pareciam confusos e duvidosos, pareciam os seus agora. Procurando, apenas procurando alguma coisa que não sabia o que era. Balançou novamente a cabeça e se concentrou no que acontecia no campo de batalha. Assim poderia ver mais sobre a técnica do garoto de cabelos azuis e assim derrotá-lo da próxima vez.

Observou aquele enorme cavaleiro e apenas esperou que ele fizesse o primeiro movimento. Não demorou muito para acontecer, ele logo veio com a espada erguida em sua direção. Com agilidade conseguiu desviar e acertou com força o cabo de sua espada no pescoço do homem, mas ele nem pareceu cambalear. Como uma rocha ele se levantou e apenas passou a mão no pescoço fazendo ele estralar e se virou para o garoto que se encontrava impressionado se afastando do homem.  

 Com um rápido movimento de braço ele fez com que a espada cortasse o ar na direção de Sonic que tudo o que pode fazer foi inclinar o corpo para trás fazendo a espada passar por cima de seu corpo. Logo depois desviou outro ataque já vinha em sua direção o obrigando a deslizar o corpo para o lado fazendo a espada cortar o ar bem a seu lado. Logo depois o outro o que o obrigou a deslizar para outro lado e esquivar do golpe.

 Tinha que arrumar uma maneira de derrubar aquele brutamontes antes que ele o derrubasse. Rapidamente se afastou daquele homem e rodou a espada na mão se preparando para atacar. Usaria sua velocidade contra ele, um homem daquele tamanho não podia ser tão rápido. Correu entorno do homem fazendo com que desaparecesse em uma faixa circular azul. Cada vez que o homem tentava atingi-lo, já não estava mais naquele local e logo depois passava mais umas cinco vezes por ele.  

 Com rápidos movimentos passava por dentro do circulo que fazia algumas vezes fazendo cortes pela armadura do cavaleiro, chegando até mesmo a atingir a pele do mesmo algumas vezes. Ao parecer Maria tinha feito um bom trabalho enfeitiçando sua espada, ela parecia poder perfurar qualquer coisa. Pena que pela distração aquele robusto homem conseguiu atingir um de seus braços em seu rosto o lançando para trás com força. Saiu arrastando pelo chão até parar perto da hospedaria. Se levantou lentamente limpando o sangue que escorria pelo canto de seus lábios por causa do forte choque de seu rosto com o braço daquele homem. Tinha que tomar cuidado, essa luta não seria fácil.

 Enquanto isso Maria fechava os olhos se concentrando no feitiço. Logo seu corpo ficou invisível e ela já não estava mais na janela da hospedaria e sim perto das linhas inimigas, a poucos passos onde Sally estava sendo segurada. Com um estalar de dedos fez as criaturas que seguravam a garota e logo depois se ajoelhou perto colocando a mão na boca dela para que não falasse nada.

 - Vou te tirar daqui. – sussurrou para logo depois fazer a garota também ficar invisível e tele-transportar a ambas para dentro da hospedaria. Voltou a deixar as duas visíveis e a entrou para seus amigos que tinham lá para logo se virar para Amy que mirava a luta preocupada. Se aproximou dela e ficou do seu lado perto da porta. – Agora só resta ele...

 Amy assentiu levemente e voltou a mirar a luta com atenção, vendo como o garoto de cabelos azuis desviava de mais ataques daquele brutamontes. Ele já parecia estar se cansando e talvez não agüentasse esse ritmo por muito mais tempo. Só esperava que ficasse bem...

As coisas estavam ficando complicadas. Se fosse acertado por um dos golpes teria um belo estrago em seu corpo, por isso era melhor se manter distante. Respirou fundo tentando recuperar o fôlego e voltou a correr envolta daquele homem acertando-o algumas vezes e ele já estava perdendo a paciência com isso. Com um leve movimento de braço fez com que duas das criaturas negras deslizassem pelo chão e segurassem os pés do garoto no mesmo momento que ele encostou no chão.

 Incapacitado de andar ele era um alvo fácil por isso tratou de aproveitar a oportunidade e cortar a cabeça daquele garoto. Mas por sorte ele inclinou o corpo para trás fazendo a espada passar por seu peito, causando um ferimento grave, mas não capaz me matá-lo no mesmo instante. Caido no chão Sonic sentiu a forte dor do ferimento que passava perto de seu quadril do lado esquerdo e ia até seu ombro do lado direito. Sua respiração ficou agitada ao sentir aquele liquido quente escorrer por seu corpo, molhando e manchando sua roupa e acabando com suas forças.

 Abriu uma brecha do olho que tinha fechado e olhou para o homem que o estava atacando. Foi obrigado a rolar para o lado uma vez para desviar da espada dele novamente, mesmo com seus ferimentos. Logo teve que fazer a mesma coisa para o outro lado e depois abrir as pernas e afastar seu corpo para trás. Isso estava mal. Tinha que terminar com isso logo. Rapidamente apoiou suas mãos no chão e impulsionou seu corpo para trás caindo meio em pé no chão, mas logo colocando o joelho no mesmo para ter apoio. Levou uma mão ao peito e logo a tirou e viu como ela estava completamente manchada de sangue. Tinha que arrumar um plano, e rápido.

 Viu algumas aberturas no escudo daquele homem, uma abertura suficientemente grande para passar sua espada e podia usar isso a seu favor. Correu até ele, com sua velocidade diminuída por causa de seu ferimento, desviou de um dos golpes daquele brutamontes. Com suas ultimas forças, saltou na direção dele, fincando sua espada no buraco que tinha no escudo, sentindo como a lamina penetrava rapidamente a carne gordurosa e corpulenta daquele ser. Enquanto ouvira o grito de dor dele retirou sua espada e si deixou cair de joelhos no chão, faz sua espada cortar o ar na direção das pernas gordas e enormes daquele homem, fazendo um profundo corte nas mesmas que o derrubou no chão e o deixou incapacitado de continuar lutando.

Satisfeito com sua vitoria, Sonic se afastou lentamente e se deixou cair sentado no chão alguns metros na frente da hospedaria. Seu ferimento doía muito e ainda não sabia como tinha conseguido derrotar aquele brutamontes com ele. Amy rapidamente saiu da hospedaria e foi em sua direção ajoelhando do seu lado e levando as mãos a seu rosto, e tudo o que pode fazer ao ver o rosto preocupado dela foi sorrir e logo depois se deixar cair inconsciente nos braços dela.

 Maria também saiu da hospedaria se posicionando na frente dos dois e estalando os dedos fazendo com que uma parede invisível se colocasse na frente deles e interceptasse uma bola de fogo carregada de energia que ia na direção dos dois.

 - Você é um trapaceiro Valiant. – desse em voz alta enquanto seu rosto se mantinha sério. Na frente de todo o exercito daquelas criaturas negras apareceu um ser encapuzado, mas pelas suas mãos podia se ver que era um ser velho, beirando a morte. Deu para ouvir a risada profunda que ele emanou no ar, com a voz fraca e velha.

 - Me pergunto minha doce Maria, como você conseguiu usar seus poderes comigo aqui. – falou o mago das trevas com ironia, mas que não pareceu atingir a garota que permanecia com seu rosto sério e imparcial. – Devo estar realmente fraco, para até mesmo você conseguir me superar.

 - Ai que você se engana Valiant. – disse Maria enquanto seus olhos começavam a brilhar de uma maneira incrível e seus cabelos a esvoaçarem para todos os lados, apesar de não ter nenhum vento no local. Envolta dela apareceu uma ligeira faixa de energia azul fazendo o mago erguer uma sobrancelha, confuso. – Não foi você que ficou mais fraco, seus poderes continuam iguais. Fui eu que mudei. – uma forte ventania começou, fazendo mago levar sua mão para frente do rosto para assim poder mirar com segurança a garota que só aumentava seus poderes. – Você não esta mais me controlando. Meus poderes obedecem a mim agora, apenas a mim.

 Ela ergueu uma mão e estalou os dedos fazendo com que uma forte onda de energia fosse liberada preenchendo toda a aldeia e sendo vista até mesmo por pessoas que estavam a quilômetros de distancia do local.