Cavaleiros do Caos

Aproximou-se com cuidado da garota, olhando em volta para ver se não tinha mais ninguém no lugar. Tinha que admitir que a menina era bonita, com a pele pálida e delicada reluzindo com a pouca luz que tinha no local, os longos cabelos loiros escorrendo por suas costas indo até o inicio do quadril, o corpo pequeno, mas pelo o que via com curvas bem pronunciadas apesar de serem um pouco infantis de certo ângulo e o rosto de feições delicadas e belas parecendo um pequeno anjo. Não dava mais de dezesseis anos para a garota de tão infantil que era seu rosto, mas o que uma garota como aquela, vestida daquela maneira, fazia desmaiada no meio da floresta? E segundo, como ela simplesmente aparecera do nada em uma luz forte como a que quase o havia segado?

 Porque assim foi. Apenas passava pela floresta como um viajante comum quando uma forte luz quase o segou e logo depois, onde antes não tinha nada, apareceu aquela garota totalmente inconsciente. E o que faria? Claro que adorava ajudar os outros e sabia que aquela garota não seria a exceção, mas mesmo assim não deixava de pensar o que teria acontecido.

 Ficou a poucos metros da garota se agachando para ver se tinha algum machucado. Não viu nada, ela estava em ótimas condições, mas ainda assim estava preocupado que algo pudesse ter acontecido com ela. Com cuidado, a carregou em seus braços ajeitando o pequeno corpo da garota para que ficasse confortável. Em sua opinião ela mais parecia uma boneca de porcelana, era pequena como uma e parecia ser tão delicada que o simples contato já a desmontaria.

 Com esse pensamento acabou tomando mais cuidado ao andar do que pretendia, segurando com delicadeza a garota que continuava adormecida. Estava tão concentrado em olhar por onde pisava para não deixar a garota desconfortável que nem percebeu que ela despertava lentamente, abrindo os olhos com um pouco de preguiça e mirando a sua volta confusa. Olhou para o garoto que a carregava, ele tinha os cabelos azuis um pouco arrepiados, os olhos verdes como esmeraldas ou até mesmo mais escuros, a pele um pouco morena, o corpo, pelo o que sentia, era bem exercitado com músculos por toda sua extensão, e seu rosto com feições um tanto infantis que pareciam mais de um pequeno garoto brincalhão. Voltou a fechar os olhos, era apenas mais um garoto.

 Quando a mensagem se passou umas cinco vezes por seu cérebro é que pode lembrar o que estava acontecendo a amedrontando e fazendo abrir os olhos rapidamente, a despertando por completa. Deu um salto dos braços do garoto fazendo ele se assustar e deixar com que caísse no chão sentada. Rapidamente se levantou e se afastou do garoto erguendo a mão em sua direção e o mirando de maneira ameaçadora.

 - Quem é você e o que pretendia fazer comigo? – perguntou alterada com o coração ainda a mil e a respiração agitada. O garoto a mirou direto nos olhos, vendo aquele mar azul que reluziam com perigo. Eles pareciam também ter outro brilho, um ainda mais perigoso, um que representava algo a mais que apenas ameaça, um que dava a impressão de poder. – Responda a minha pergunta!

 - Meu nome é Sonic, sou apenas um viajante e te encontrei caída no chão do bosque. Tudo o que eu queria era te ajudar. – falou rapidamente tentando acalmar os nervos da garota, o que parecia ter dado certo já que ela parecia ter ficado mais relaxada, abaixando um pouco a mão e deixando de ficar em uma posição tão defensiva. – Não quero te machucar nem nada disso, mas estou curioso para saber como chegou aqui e porque está tão nervosa.

 - Não é da sua conta. – falou em um tom arrogante tentando dar um passo para frente, mas acabou pisando na borda no enorme vestido e tropeçando ligeiramente, quase caindo no chão. – Que droga, como Amy consegui andar com isso? É tão... – antes que pudesse continuar a oração alguma coisa pareceu estalar em seu cérebro, fazendo com que ficasse completamente eufórica. – A minha nossa! Amy! Tenho que encontrá-la antes que aquelas coisas a encontre primeiro, só espero que Silver esteja cuidado bem dela se não eu mesmo lanço uma praga naquele garoto.

 Logo depois de resmungar mais algumas coisas que o garoto de cabelos azuis não pode entender ela estalou os dedos e fez a roupa que usava mudar drasticamente. Agora ela usava uma gloriosa capa azul marinho que abotoava em seu tronco e se dividia ao meio perto do quadril, escorrendo como uma ponta para o lado direito e outra para o lado esquerdo, uma saia também azul marinho que chegava bem perto de seus joelhos, mas ficava alguns centímetros acima e uma bota negra que também chegava perto de seus joelhos, ficando alguns centímetros abaixo. Por cima de tudo tinha outra capa, só que essa negra, sem mangas e com um capuz que tampava toda sua roupa de baixo e a tornava mais discreta.

 - Bem melhor. – falou ela enquanto o garoto ainda tinha o queixo caído. Engoliu em seco, tinha se metido com uma bruxa isso não podia ser nada bom. Quando a garota voltou a olhar para ele, ele já não estava mais no lugar de antes, mas sim em um galho de uma grande arvore a vários metros de distancia dela. – O que esta fazendo ai em cima?

 - Longe de mim bruxa! – exclamou ele fazendo a garota soltar um grunhido irritado. Uma coisa que todos os magos odiavam eram ser confundidos com bruxos, era como se jogassem fora todos seus anos de lealdade e proteção ao povo para serem rebaixados a simples e miseráveis criaturas que vagabundeavam pelo mundo sem propósito e infernizando a vida dos outros. Desperdiçando seus talentos.

 - Olha como fala garoto. Sou uma maga do reino, criada e ensinada pelos mais respeitados e renomados magos do castelo real. – falou ela em sua defesa franzindo o cenho e movendo levemente a mão, fazendo o garoto flutuar para fora da arvore e ficar frente a frente com ela, com os pés ainda sem tocar o solo. – Agora fique bem quietinho que eu tenho um trabalho a fazer.

 Ela então moveu os dedos como se estivesse fechando a boca do garoto com um zíper e logo em seguida o mesmo já não conseguia mover os lábios, como se estivessem grudados. A garota respirou fundo e fechou os olhos se concentrando em seus poderes. Logo sua mente pareceu caminhar de lugar e sua marca na testa reluziu, dando até para um humano normal ver. Quando voltou a abrir os olhos eles estavam verdes, como se fosse de outra pessoa.

Caminhava lentamente pelo o que parecia ser um vilarejo. Podia ver as casas de madeira simples se estendendo por sua frente e a cada lado que estava. Os caminhos pelo qual andava eram de pura terra e ao parecer seus supostos pés estavam doloridos pelas botas que usava, trocar de roupa não tinha sido uma grande idéia, mas salvara sua vida então não tinha o que reclamar, só estava muito preocupada.

 - Já estamos chegando Silver? – perguntou para o cavaleiro que andava a sua frente, segurando delicadamente sua mão com força e a puxando pelas ruas o mais rápido possível parecendo procurara alguma coisa. – Já estou ficando cansada.

 - Não se preocupe, só precisamos encontrar uma hospedaria e ficar por lá até Maria aparecer. – disse o cavaleiro sem se virar para encará-la. Ao longe começou a aparecer uma grande construção de madeira, de ao parecer três andares cheios de janelas espalhadas por suas paredes externas. O cavaleiro apressou o paço indo na direção daquela enorme construção com ansiedade. – Pronto. Já chegamos princesa.

 Seus olhos voltaram a cor azul que tinham antes. Ela olhou para o pedaço de céu que se podia ver entre as copas das arvores, já estava anoitecendo e seria ruim andar de noite com aquelas criaturas atrás de si. Suspirou fechando os olhos levemente, tinha que ser ágil, seu treinamento foi para proteger a princesa e agora mais que nunca precisava colocar esse treinamento em pratica. Começamos agora então.

 - Onde fica a aldeia mais próxima? – perguntou se virando para o garoto que ainda se encontrava flutuando. Fez o mesmo movimento com a mão de estar abrindo um zíper e a boca do garoto finalmente pode se abrir. Sabia que não tinha parado muito longe do castelo já que sua energia não foi tão grande para parar em um lugar distante. Silver e Amy também não deviam estar longe já que era muito pouco tempo para andar.

 - Fica a uns cinco quilômetros daqui, não é muito longe. – falou ele passando a mão pela boca sentindo a mesma incomoda por ficar tanto tempo tentando abri-la. Com certeza não seria algo muito sensato provocar aquela garota, bruxa ou não ela era bem perigosa. Ela então estalou os dedos e ele caiu no chão pesadamente sujando sua blusa negra, a única que tinha podia-se dizer. Não que fosse pobre, o dinheiro que ganhava nos torneios lhe sustentava bem, mas preferia gastá-los com comida enquanto caminhava de aldeia em aldeia procurando torneios para participar.  – Podia tomar mais cuidado com isso, não quero ter que comprar outra roupa.

 A garota levantou uma mão pedindo silencio, seus olhos passavam por todas as partes da floresta parecendo procurar alguma coisa que ele não conseguia perceber. De repente a garota soltou uma maldição para o ar e foi até o garoto o puxando para perto de uma arvore, mas antes que ele pudesse perguntar alguma coisa ela pós a mão em sua boca impedindo que falasse.

 - Invisibilia. – sussurrou ela para logo depois ver como seu corpo ficava transparente e desaparecia. Arregalou os olhos pela surpresa, mas não teve tempo nem de soltar um gemido pela mão da garota já que no mesmo instante algumas pequenas criaturas negras apareceram, sua forma era indefinida, mas seus olhos eram vermelhos brilhantes e se mirasse diretamente neles você veria apenas sangue, caos, tristeza, todas as coisas ruins desse mundo. Cada vez que andava espalhavam uma fumaça negra densa que parecia ser emanado por eles, seus corpos eram magros, os dedos pontiagudos parecendo ser garras e andavam sempre encurvados, em bandos, causando algumas confusões de vez em quando. Não tinham mais de oitenta centímetros, mas mesmo assim representavam um grande risco.

 Prendeu a respiração temendo não chamar a atenção daquelas terríveis criaturas que passavam velozmente a sua frente. Sua mão deslizou para o cabo de sua espada, que sempre levava embainhada, presa em seu cinto no canto direito de seu quadril. Era a espada que antes seu pai tinha usado, ele fora um cavaleiro honrado e lhe deu antes de morrer, podia estar um pouco enferrujada e sega, mas ainda era seu maior tesouro e bem útil. A garota a seu lado também não parecia estar em melhores estados, estava tensa e parecia bastante preocupada.

 Quando todas as criaturas passaram, ela relaxou um pouco e desfez o feitiço tirando a mão de sua boca e se afastava um pouco. A floresta parecia ter ficado mais sombria, com uma nevoa densa branca lambendo suas canelas impedindo que vissem qualquer caminho que pudesse ter por aquele lugar, o vento que passava era frio e ao passar pelas arvores pareciam murmurar como almas penas, passando calafrios pelo corpo dos dois. A noite pareceu chegar mais rápido do que antes devia ser e tudo pareceu cair nas trevas. Agora sabiam por que a floresta se chamava Floresta Sussurrante.

 - O que eram aquelas coisas? – perguntou para a garota que murmurava algumas palavras que não podia entender e de suas mãos apareceu uma esfera azul que iluminou um pouco a sua volta, mas as coisas não deixavam de ser menos assustadoras. Ela levantou o olhar e o mirou, indecisa se falava a verdade ou se deixava o garoto com sua duvida.

 - Criaturas das trevas, invocadas por um homem corrompido pelo poder do mal. – falou, mas nem ela mesma tinha certeza do que acontecia. Só estava falando o que vira quando ainda estava no castelo, na verdade mal vira alguma coisa, já que no mesmo instante que foi colocada na frente daquele homem de armadura negra usou um feitiço para sair de lá. – Será melhor não nos encontrarmos com elas de novo, se não as coisas ficaram piores do que já estão.

 - Tem como piorar? – perguntou ele mirando a sua volta, ouvindo barulhos estranhos ecoarem por todas as regiões, fazendo seu sangue gelar. E pensar que tudo o que queria era ajudar aquela estranha garota, agora estava no meio de uma confusão que poderia lhe custar a vida. Tinha que se lembrar de não voltar a ajudar a qualquer um que encontrasse.

 De repente a neblina a seus pés pareceu se mover rapidamente, a garota se afastou um pouco assustada, mirando tudo a seus pés, sem ter êxito em ver alguma coisa. O garoto retirou sua espada da bainha e se preparou para o que quer que acontecesse. Tudo ficou silencioso, indicando que algo muito ruim iria acontecer, os dois encostaram suas costas no tronco de uma arvore mirando tudo a sua volta, esperando o que quer que fosse sair da neblina densa.  A respiração acelerada dos dois era a única coisa que se mostrava viva naquele lugar, saindo de suas bocas em uma fumaça branca visível.

 Minutos se passaram e nada parecia acontecer até que uma daquelas criaturas saltou da nevoa na direção dos dois, sorte que o garoto foi rápido o bastante para colocar sua espada na frente da garota em um corte lateral e empurrar a criatura para trás. Pouco tempo depois mais criaturas apareciam, atacando sem parar, tentando acertar seus afiados dentes negros na pele dos dois. Sonic era rápido, muito rápido, as criaturas não conseguiam chegar perto da maga em nenhum momento e muito menos acertar o garoto que tinha uma habilidade impressionante com a espada.

 - Se puder nos tirar daqui eu agradeceria. – disse ele olhando ligeiramente para trás enquanto empurrava uma das criaturas e se defendia de outra. A garota respirou fundo e se concentrou. Pensou em sua “irmã” e em como queria estar com ela naquele momento. De repente a esfera que carregava desapareceu  e suas mãos reluziam em um brilho azul esverdeado que acompanhava todos seus movimentos com fiapos de luz que ficavam visíveis por um tempo e logo desapareciam.

- Leva manus tempore et spatio, ubi lux! – disse a garota para logo depois uma forte luz os envolverem e os fazerem desaparecer daquele lugar deixando as criaturas que ali estavam desorientas trombando uma nas outras e causando uma briga entre elas. Mas logo uma sombra passou perto dali fazendo as criaturas sombrias se encolherem e voltarem a correr pela floresta, voltando a sua busca.

 Caíram em um piso de madeira forte e bem polido dentro de um quarto pequeno com apenas duas camas bem simples, uma janela que dava vista para praticamente toda a pequena aldeia que estavam, uma porta que devia levar a um banheiro e um armário de madeira simples que devia caber apenas umas poucas roupas. Sentado em uma das camas estava um cavaleiro de armadura prateada, seu capacete estava sobre a cama deixando a mostra seu rosto de pele pálida, feições delicadas e belas, os olhos dourados reluzentes e os cabelos brancos arrepiados. Sua expressão era confusa enquanto a da garota a seu lado era de completo espanto. Ela tinha a pele rosada, o corpo cheio de curvas bem delineadas, os olhos verdes claros, os cabelos rosas um pouco curtos e lisos e o rosto de feições delicadas e belas, parecia ser tão delicada.

 Sonic arregalou os olhos ao ver aquela bela garota. Ela era... Como dizer? Não tinha palavras para descrever aquela beleza que possuía. Os olhos cheios de inocência e carinho eram hipnotizante, o corpo, cheio de curvas bem marcadas pelo vestido negro que usava, era simplesmente tentador para qualquer homem, mesmo ele sendo o mais cavaleiro possível, a pele parecia ser tão macia quanto qualquer outro tecido que pudesse imaginar, a boca, fina e delicada, devia ter um sabor divino que ele queria experimentar, os cabelos lisos caindo sobre os ombros eram brilhantes, parecendo ser bem hidratados e macios. Parecia uma rosa, delicada e doce como uma. Não, estava mais para um anjo. Isso! Um belo e tentador anjo que caíra do céu só para fazê-lo desejar algo que não podia ter. Ou havia morrido sem perceber e agora estava no céu.

 Seus olhos se cruzaram enquanto ele se levantava e não pode evitar se perder naquela imensidão esverdeada. Um ligeiro rubor tomou conta do rosto dela a tornando ainda mais encantadora do que antes já parecia. Ela era uma deusa, não tinha outra explicação, tão bela, tão encantadora... Tão inalcançável.

 - Princesa! – exclamou aquela garota loira correndo até a linda garota de cabelos rosas a abraçando com força enquanto a mesma retribuía. Seu mundo desabou, ela realmente era inalcançável. Uma princesa, é, com certeza combinava com ela e nunca teria chance de diminuir a distancia que os separavam. Tudo o que tinha que fazer era esquecer esse encanto que o havia domado quando a viu... – Ainda bem que você esta bem. Pensei que ia ter que jogar uma praga no Silver!

 - Ei! – gritou o cavaleiro um pouco insultado pelo comentário que a garota tinha feito, mesmo sabendo que aquilo tinha sido apenas uma brincadeira. A princesa riu divertida fazendo Sonic ficar ainda mais encantado. Era a risada mais harmoniosa que já tinha ouvido em toda sua vida, era delicada, baixa, musical... Era perfeita! Só não se derretia ali no momento porque tinha outras pessoas no lugar.

 - Eu estou bem Maria, mas quem é ele? – perguntou a princesa olhando novamente para o garoto de cabelos azuis que ficou um pouco nervoso. Minha nossa, tinha que acabar com esses sentimentos antes que acabasse se arrependendo por ter se deixado levar por uma coisa impossível de acontecer.

 - Apenas um garoto que encontrei na Floresta Sussurrante. – falou a maga sem dar muita importância para o assunto.

- O garoto aqui tem nome! – falou ele fazendo a princesa rir levemente, o que o fez sorrir, orgulhoso de se mesmo por ter sido quem provocara aquelas doces risadas. Se aproximou e fez uma pequena reverencia na frente da princesa que corou levemente. – Meu nome é Sonic Celeritate sua alteza. E é uma honra conhecê-la.

 Segurou levemente a mão da pequena e deu um ligeiro beijo na mesma, fazendo ela corar ainda mais. Na visão da princesa ele era um verdadeiro cavaleiro, apesar de ter uma aparência mais humilde do que os que via em seu castelo, sem falar de ser mais bonito. Aqueles olhos verdes esmeralda escuros eram simplesmente encantadores, sem falar que ele parecia ser forte. Por que seu coração estava acelerado? Seria esse o sentimento de estar apaixonada que lia nos livros? Ah! Minha nossa, será que finalmente tinha encontrado o cavaleiro dono de seu coração?

 - Meu nome é Amy Rose, cavaleiro, e agradeço por ter ajudado minha gêmea a chegar até aqui. – disse ela educadamente sorrindo levemente para ele. Pela primeira vez Sonic se sentiu feliz por ser confundido com um cavaleiro, sorriu abertamente e mirou diretamente naqueles olhos verdes reluzentes. Essa não, estava se deixando levar, estava caindo na ilusão e na tentação e mal a havia conhecido! Estava perdido!

 - Bom... – falou Maria chamando a atenção dos dois que estavam perdidos nos olhos um do outro. Ambos a miraram curiosos e a mesma sorriu. – Se quer mesmo nos acompanhar vai ter que mudar a roupa como todos nós.

 - Vai mesmo nos ajudar? – perguntou a garota de cabelos rosas completamente animada o mirando com aqueles olhos cheios de animação que o garoto não pode evitar falar sem pensar.

 - Mas é claro! Não posso deixar uma doce princesa em perigo. – falou sorrindo levemente, mas em pensamentos se repreendia sem parar. Não era seu plano entrar naquela enorme confusão, mas quando a ouviu falar com tanta empolgação não pode evitar falar um sim direto. Agora estava realmente perdidos.

 - Primeiro você Silver. – disse a garota indo até o cavaleiro que não queria de jeito nenhum tirar sua armadura. Aquilo era seu orgulho, custara a chegar onde estava para poder usar aquilo e não permitiria que tirassem a mostra de seu esforço. Depois de muita discussão ele finalmente cedeu e a maga mudou seu traje para uma coisa mais simples, uma camisa branca de algodão, um calça negra, botas negras de couro e uma camisa de um metal leve de mangas cumpridas que serviria para protegê-lo levemente caso houvesse algum confronto.

 Logo depois foi Sonic que cedeu sem muitas reclamações. Ele ficou com uma blusa azul escura, uma calça negra, botas de couro também negras e a mesma capa de ferro que Silver estava usando. A espada de seu pai também mudou, seu cabo ficou dourado parecendo ser de ouro puro, a lamina ficou afiada e reluzente parecendo se nova em folha. Logo depois foi a vez de Amy, que ficou com um longo vestido azul rodado na saia e com detalhes brancos e uma tiara azul que segurava levemente seus cabelos. Para Sonic aquilo foi o fim, ela estava simplesmente encantadora, mais bela que aquilo era impossível.

 - Agora vamos sair daqui. – falou a maga prestes a usar o feitiço de tele-transporte, mas nada aconteceu. Ela mirou suas mãos sem entender e logo olhou para o cavaleiro e a princesa. – Meus poderes. Não estão funcionando.

 - Isso só quer dizer que tem outro feiticeiro mais poderoso por perto. – falou Silver alerta. Sonic foi até a janela e discretamente olhou pelas grossas cortinas que tampavam a visão. Aquilo não parecia nada bom.

 - Se eu fosse vocês vinha ver isso. – falou serio ainda olhando pela cortina. Todos se aproximaram e viram como as ruas da vila eram completamente domadas por uma neblina branca e densa enquanto aquelas criaturas caminhavam rapidamente por elas atacando todos os que permaneciam na rua, os tacando no chão e os devorando, arrancando enormes pedaços de carne enquanto as pessoas soltavam agonizantes gritos. A princesa rapidamente tampou os olhos sem agüentar mais ver aquelas cenas horríveis.

 Passando sem a menor preocupação pelas criaturas estava um homem alto, usando uma enorme capa negra de capuz que no momento estava baixo, deixando ver seu rosto de vinte e poucos anos bonito e jovial, os olhos de um preto azulado incrível e os cabelos castanhos bagunçados o tornavam ainda mais belo. Suas feições eram malévolas apesar de tudo, com um sorriso sinistro no rosto, se dirigindo para a hospedaria que se encontravam.

 - Não acredito. Aquele é Valiant! – exclamou Maria sem poder acreditar no que seus olhos lhe mostravam. – Ele era um ex mago do reino até ser banido por usar magia negra e logo desapareceu. Mas na época ele já tinha seus sessenta anos, como pode estar tão novo?

 - Isso não importa agora. – falou Silver vendo como aquele malévolo mago se aproximavam de onde estavam. – Se não arrumarmos uma maneira de escapar ele vai nos encontrar e estaremos perdidos.

- Mas ele tirou meus poderes, não tem como sair daqui sem sermos vistos! – rebateu Maria o mirando atentamente e completamente preocupada.

 - Eu sei como sair. – disse Sonic, ele se afastara tão rápido que nenhum dos que estavam ali percebeu. Ele estava no banheiro empurrando uma das tabuas da parede fazendo uma passagem secreta se abrir revelando algumas escadas que levavam para o subterrâneo. – Já estive aqui e fiquei sabendo dessas passagem secretas. Foram feitas para contrabandear bebidas na época que era ilegal beber. Depois que o Sétimo rei permitiu o uso elas foram esquecidas, mas ao parecer levam para túneis subterrâneos que passam por toda a cidade.

 - Bem conveniente. – falou Silver fuzilando o garoto com a mira e logo entrando no túnel desaparecendo na escuridão do mesmo. Logo depois foi Maria que não podia fornecer luz ainda, mas quando chegou a vez da princesa ela hesitou.

 - Algum problema Amy? – perguntou fazendo a garota se surpreender ao ouvir ele usar seu nome. Normalmente as pessoas levavam tempo para chamá-la daquela maneira, mesmo com ela pedindo varias e varias vezes. Mirou o garoto e viu como estava preocupado, o que a fez se sentir feliz. – Não gosta do escuro? – perguntou o garoto mais uma vez fazendo a garota assentir levemente um pouco constrangida. – Não se preocupe, estarei do seu lado e não deixarei que nada te passe.

 Ela lhe sorriu e segurou a mão que ele lhe oferecera, para logo depois adentrarem na escuridão do túnel que se fechou atrás deles logo em seguida.