A Loucura do Amor escrita por BiasC


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Boa Leitura.



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                                                                POV Chris Rodriguez

–Eu preciso de um tempo pra pensar, Clarisse. Depois nós conversamos, ok?

Eu sai antes que ela pudesse responder qualquer coisa. Eu não queria alongar aquela discussão, sabia que só serviria para nos machucar mais ainda. Eu não iria mudar de opinião, por mais que doesse em mim fazer isso com ela, eu precisava de um tempo. Precisava pensar.

Andei por um tempo sem prestar atenção no caminho que estava fazendo, até que me vi perto do rio. Me sentei perto da margem, não havia ninguém ali, então eu não seria incomodado.

Era uma sensação estranha estar ali, não imaginava que voltaria a ver aquele lugar e mesmo assim, ali estava eu. Graças a ela. Eu sabia que talvez tivesse sido um tanto exagerado chegar a esse ponto, mas eu não conseguia aceitar o fato de que ela sabia quem era meu pai e não tinha me contado. Ela sabia o que tudo aquilo significava pra mim, sabia as besteiras que eu tinha feito por causa daquilo e ainda assim, não me disse nada.

Ainda que eu estivesse chateado, uma parte de mim dizia que eu não devia fazer o que estava fazendo. Que eu devia procurá-la, conversar com ela e arrumar logo toda essa confusão. Bem, talvez eu devesse. Mas naquele momento, eu não conseguiria. Por mais que quisesse me levantar e correr até Clarisse, tomá-la nos braços e nunca mais soltá-la, eu não conseguiria. Não conseguiria encará-la, falar com ela, ou sequer ver ela. Era doloroso demais. Não, naquele momento, era mais fácil apenas fugir.

Eu precisava me distrair, antes que acabasse de fato saindo correndo atrás de Clarisse. Me levantei e segui até a área dos chalés. Encarei o chalé 11. Suas paredes descascando, a aparência gasta, o caduceu em cima da porta, tudo ali parecia estranhamente familiar. De todo o acampamento, aquele era o lugar que mais me trazia lembranças. Sempre havia nutrido certa raiva daquele chalé, sempre o vi como o símbolo do descaso do meu pai em relação a mim. Afinal, estar no chalé de Hermes é simplesmente não ter casa, é como viver de favor na casa de outra pessoa.  E todo esse tempo, eu estava em casa. Dei uma risadinha irônica com o pensamento. A situação, de certo ponto, chegava a ser engraçada. É, de certo ponto.

Entrei no chalé. Não havia mudado muita coisa. Beliches bagunçados, sacos de dormir no chão... Bem, uma zona. Me perguntei onde eu iria dormir.

-A sua cama é essa aqui.

Deu um salto ao ouvir a voz. Travis e Connor Stoll me encaravam seriamente. Hum, Travis e Connor sérios? Mau sinal.

-Não vi vocês ai. -Disse desconfortável. Sempre havia me dado bem com os dois, mas vê-los como irmãos... Era outra história.

-Percebemos.

-Achei que todas as camas estavam ocupadas.

Ter uma cama livre era realmente uma surpresa, mal havia espaço para todos, como era possível ter uma cama livre? Também não fazia muito sentido, já que praticamente todo o chão estava coberto por sacos de dormir.

-Na verdade não. É que os filhos de Hermes têm um privilegio, por conta de ser o nosso chalé. Sempre temos camas. Na verdade, foi um pedido de nosso pai para Quíron. Ele não queria seus filhos dormindo no chão dentro do seu próprio chalé.

-Ah, entendi. –Engraçado, eu sempre dormi no chão, pensei irônico. –Acho que seria uma boa ideia ele se preocupar em reclamar os próprios filhos, pra ter quem dormir nas camas, né?

A segunda parte não passou de um sussurro amargurado, mas foi o suficiente pra eles ouvirem. Eles se encaram com expressões preocupadas e se viraram pra mim.

-Olha Chris, a gente imagina que deve estar sendo difícil pra você e tudo mais, e não vamos nem perder o nosso tempo tentando defender o nosso pai. Sabemos que ele errou feio. Só não vai fazer nenhuma besteira de novo, tá?

Olhei pra eles. Era engraçado vê-los tão sérios. Em geral eles eram as pessoas mais brincalhonas do acampamento, mas nesse momento seus rostos só refletiam tristeza e preocupação. Pensei no quanto deve ser difícil pra eles saber que o próprio irmão está armando uma guerra contra os deuses. Supus que eles quisessem garantir que eu, agora que estava de volta, nunca mais seguisse os passos de Luke.

-Não vou. Pode deixar.

-Ótimo. Bom, nós estamos indo treinar. Bem vindo de volta, maninho.

Eu sorri com a despedida, enquanto eles saíam do chalé, fazendo piadas com quem vissem pela frente.  Andei em direção a cama que agora seria minha, e estava pronto pra me jogar nela e não levantar tão cedo, quando uma batida na porta fez com que eu tirasse essa ideia na mente.

                Andei até a porta e a abri, do outro lado estava uma menina de cabelos castanhos bem escuros e olhos verdes, com uma expressão que passava superioridade.

                -Hum, oi... –Acho que não foi a coisa mais simpática do mundo, mas a menina não pareceu se incomodar.

                -Olá. Posso entrar? –Disse ela sorrindo.

                -Claro.

                Eu dei um passo pro lado, dando espaço pra ela entrar no chalé.  Eu fechei a porta e me virei pra ela que me encarava, ainda sorrindo. Olhei pra ela, pensando que o clima ficara subitamente mais tenso. Eu nunca a tinha visto e não tinha menor ideia do que ela podia estar querendo comigo, então só me restava esperar que ela dissesse algo.

                -Eu sou Sarah, filha de Deméter. Eu vim te avisar que Quíron disse que quer vê-lo, assim que possível.

                -Ah, obrigada. Eu... já vou lá falar com ele.

                Eu estava me encaminhando a porta quando senti uma mão me segurando pelo braço, suas unhas me arranhando levemente.

                -Ei. Espera. Pra que a pressa? Ele disse que não precisava ser imediatamente.

                Ela se aproximou enquanto falava, até que estava com o corpo praticamente colado ao meu. Tentei me afastar da menina, mas já estava com as costas pressionadas na parede, de forma que não tinha mais pra onde ir. Ela continuava a se aproximar, juntamos nossos rostos. Eu a empurrei um pouco, já havia entendido o que ela queria e não ia acontecer.

                -Eu acho que é melhor você ir embora. –Disse firmemente.

                -Mas por quê? Eu acabei de chegar- Sussurrou ela de maneira provocante.

                -Olha, eu tenho namorada, ok? Não estou interessado. –Percebi que ser educado não iria adiantar com aquela menina.

                -Você não está falando daquela insuportável da filha de Ares, né? –Senti o sangue ferver e tive que me segurar pra não expulsar a garota naquela hora. –Você merece algo melhor, Chris.

                Não tive tempo suficiente nem pra rebater, pois no segundo seguinte ela deu um passo em minha direção e, rapidamente colou nossos lábios.

                Foi tudo muito rápido. No momento em que ela me beijou, a porta se abriu e a ultima pessoa que eu queria que visse tudo aquilo estava ali. Clarisse me encarava chocada, os olhos ficando marejados e a boca se abrindo de espanto. Eu empurrei Sarah, separando ela de mim e voltei a olhar a porta, mas era tarde. Clarisse tinha ido embora.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi só pra mostrar o ponto de vista do Chris do capítulo anterior, então não aconteceu muita coisa, mas eu prometo que o próximo vai ser mais emocionante. =)