Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 12
12-Aroma familiar.


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me o atraso. Muito trabalho na escola, semana de provas.
Boa leitura!



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Vencido pelo cansaço, Hayato deixou-se sentar no chão. A mente estava cheia de perguntas trazidas pela chegada do trio na aldeia. A mãe estava agindo de maneira estranha desde então, andava apressada mordendo, vez ou outra, os lábios com a ponta dos dentes, coisa que só fazia quando estava preocupada com alguma coisa. Ele se deixou ficar na sala com o resto do pessoal. A cabana era a maior de todas na vila e contava com dois cômodos extras para acomodar as várias visitas do final de semana. Viu a mãe ajeitar Kouga em um quarto e Miroku carregar o estranho para outro. Podia ser coisa da sua imaginação, algo que imaginou ao olhar de esguelha para a dupla, mas podia jurar que vira o tio trocar algumas idéias iradas com o homem. Do resto, o povo também ficou branco feito vela de sétimo dia, olhavam nervosos, tratavam-no como se tivesse cinco anos de idade, como à um moleque que ainda mija nas calças, sempre com palavras tranquilizadoras que saiam de bocas visivelmente nervosas. Sango quase o convenceu a ajudar no polimento do osso voador, convite que ele recusou. Tentava entender o porque de tanta agitação por causa de um sujeito. Ele não era burro, na verdade, era esperto e observador demais para a sua pouca idade, sabia que estavam tentando desviar a sua atenção de algo, ludibriá-lo. Jamais se deixaria ser feito de tolo, isso não. Já tinha vestido aquela fantasia por tempo demais, sabia reconhecer quando queriam metê-la nela de novo. Jamais permitiria. Eles falavam, ele não dava ouvidos. Em meio aos seus devaneios pegou uma frase no ar dita por Rin.

_Não se preocupe, Hayato, Kouga vai ficar bem. É um Yokai forte.

_Eu não estou preocupado com ele. – disse ríspido cansado daquele teatro. – Sei que é forte, não se deixaria morrer ou invalidar por tão pouco.

_Que tal passear um pouco então?!- Sango perguntou se levantando e entregando a muleta à ele.- Está uma ótima noite e...

_Não.

Ela estranhou a resposta áspera incomum ao garoto, mas não se deu por vencida.

_Ora, vamos, Porque não?!A noite está fresca, seria bom...

_Eu já disse que não!-disse mais enfático.- Porque não param com isso?

_Isso o que, Hayato? – perguntou tentando disfarçar o nervosismo.

_Isso que estão fazendo!Porque não param de me tratar assim?!

_Assim como?Eu não estou conseguindo entender. Apenas te convidei para passear um pouco.- Sango disse nervosa. O coração batia acelerado e sabia que ele podia sentir isso.

_Eu não sou idiota, tia Sango. Sei que está nervosa desde que aquele estranho chegou, todos vocês estão. Eu posso sentir isso, o cheiro de vocês mudou, não me subestimem.

Elas se olharam. Trocavam olhares nervosos pedindo ajuda silenciosamente. Todas amavam o garoto, sua docilidade, sabiam que era afável e agradável como Kagome, tinham-o visto crescer. Era um amigo. Mas temiam o lado Yokai que herdou do pai. Respeitavam sua força latente e temiam o acesso de fúria que pudesse ter ao reencontrar InuYasha. Tinham ouvido diretamente dos lábios de Kagome as várias crises de fúria que ele tinha, quando mais jovem, quando alguém citava o nome do pai, coisas que aconteceram há muito tempo, mas que não deixavam de assustar pelas vivacidade das cenas contadas pela sacerdotisa, que relatou que em uma das vezes ele conseguiu deixar a sua própria bicicleta em pedaços apenas com as mãos nuas, arrancando pedaços do metal enquanto sangrava e gritava palavras desconexas e furiosas.

Pela primeira vez Sango via Hayato perder para a raiva animal que dormia em seu interior. Jamais tinha-o visto tão descontrolado, e olha que o conhecia desde bebê, na verdade, tinha ajudado-o a nascer. Ele sempre foi um menino dócil, mas agora estava conseguindo impor medo com um simples olhar. Nunca temeu Yokais, era caçadora, mas de alguma maneira, Hayato estava plantando essa semente nela. Imaginava que não poderia ficar pior quando ele fez a pergunta que derrubou por terra a sua confiança.

_Quem diabos é esse sujeito, afinal?Porque ficaram nervosas ao vê-lo? O que ele tem de tão especial para causar isso em vocês?
_Ele é....- engasgou sem ter certeza do que responder.

_Vamos, diga!


_Eu...Vamos ver...- as palavras fugiam como a coragem. Se bem que coragem era a última coisa que se passava em seu coração no momento.

_Se não me disser agora, eu vou entrar naquele quarto.

_Você não pode, Hayato.

_Veremos se não posso quando aquela porta estiver no chão.

Miroku saiu do quarto e tentou amenizar a contenda. A raiva era tamanha que Hayato não tinha percebido que a mãe entrara no quarto a poucos minutos.

_Anda, me diga!- pediu mais uma vez. – Se não vai me dizer eu...

_Calma lá, filhote de Inu, porque você não vai a lugar nenhum. – uma voz soou forte na sala.

Kouga saiu do quarto desenrolando as faixas do corpo já curado. Hayato fitou o Yokai por alguns segundos, seus olhos dourados estavam furiosos.

_Então me diga você quem é aquele cara, senão...

_Opa, opa!É melhor recolher as garras, filhote, está apontando-as para as pessoas erradas. Se olhar com atenção para os lados, vai perceber que está em desvantagem por dois motivos. O primeiro é que, só nessa sala, você tem um Yokai adulto com séculos de experiência, duas sacerdotisas, uma caçadora de Yokais e um monge, que estariam prontos para arrancar o seu couro se quisessem, e em segundo, além de ser um hanyou, não passa de um moleque, não duraria um minuto contra toda essa gente, para ser franco nem eu duraria.

Hayato permaneceu rosnando em direção á Kouga, as palavras dele tinham ferido seu orgulho que agora, parecia mai importante que sua própria vida. O sangue que pulsava louco em suas veias gritava isso e por alguma razão, ele estava gostando da sensação animal que a raiva provocava.

_Eu nã sou idiota Kouga, sei que estão escondendo algo de mim, e quero saber!

_Mais baixo, moleque. E feche essa boca; mostrar as presas para outro Yokai é um convite claro a briga. Não vou repetir.

_Então porque não vem?

Kouga olhou para o lado e suspirou buscando paciência.

_Por acaso está com medo de mim?!

Os expectadores da conversa olharam-se ainda mais atônitos temendo uma investida de Kouga, porém, se impressionaram ao ver o Yokai rir.

_Do que está rindo, por acaso tenho cara de idiota?- Hayato estava cada vez mais nervoso.

_Não, mas está se comportando como um. Eu não quero lutar com você, Hayato, entenda isso de uma vez por todas. Não adianta me perturbar, nem ameaçar ou gritar, você não vai conseguir um duelo comigo nem em um milhão de anos.

Se possível, o hanyou fechou ainda mais o rosto de ódio. Aquele lobo estava debochando dele, talvez não o achasse um oponente a altura.

­_Por acaso não estou a altura de lutar com você, é isso? Por isso não luta comigo?

_Não.-respondeu simplesmente se paroximando.

_Então por que é?Porque sou criança?

_Também não.

Kouga parou próximo ao garoto fitando os olhos raivosos dele. Sabia que tinha ferido seu orgulho porque conseguia ver as lágrimas infantis ofendidas se formando.

_O que é então?

Kouga abraçou-o.

_Porque eu jamais machucaria você. É muito importante para mim, como um filho. Não se lembra o que você mesmo disse antes de chegarmos, que eu nunca teria coragem de machucar você?Pois bem, acertou. Nunca encostaria um dedo em você, Hayato, prefiro ser rasgado em dois a fazer isso, assim como não aceito vê-lo se entregando a esses sentimentos baixos. Não quero que se torne um monstro violento que ameaça as pessoas que te amam, você não foi feito para isso, não serve para esse papel.

Hayato sentiu a raiva esvair com as palavras dele. O abraço dele o reconfortou, devolveu-lhe a sanidade. O que estava fazendo afinal?Sentiu-se mais calmo e envergonhando. Tinha sido grosso com os amigos, ameçado-os. Deixou as lágrimas correrem livres.

_Ouça, Hayato. Não torne a mostrar as garras para os seus amigos, eles não merecem. Use a sua força para para protegê-los, não para ameaçá-los.

_Eu não queria fazer isso, Kouga. Não sei o que deu em mim, fiquei louco por que não me contaram quem é aquele estranho.

_Eu sei, foi o seu sangue Yokai que o deixou daquele jeito. Você tem que aprender a lutar contra isso, Hayato, não pode se entregar tão facilmente. Se não te contaram não foi por mal, entenda isso. São seus amigos, tudo o que querem é a sua felicidade.

Hayato se desculpou com os outros e sentou do lado de fora da casa acompanhado por Kouga que se sentou ao lado. Ficaram alguns minutos em silêncio antes do garoto o quebrar.

_Quem é aquele cara, Kouga?

_Você não sabe mesmo?Não se lembra?

_ O cheiro dele não me é estranho.

_Quando a sua mão acabar de cuidar dele poderá perguntar. Por enquanto segure a curiosidade.

_Você o conhece?

_De longas datas. – fez uma careta de desagrado. – Digamos que nós não curtimos muito a cara um do outro.

_Porque não me conta você quem ele é?!

_Porque esse privilégio não é meu, e sim da sua mãe. Ela quem vai decidir o que fazer com esse assunto.

Ficaram em silêncio novamente. Sanosuke saiu da casa trocando as perninhas ao encontro dos dois. Kouga pegou o filhote que riu mostrando as duas presas de cima cercadas por quatro dentes ao ser levantada pelo pai, e o colocou no colo de Hayato.

_Existem coisas mais importantes para se preocupar do que a aparição de um desconhecido, não acha?!- o lobo perguntou sorrindo.

_Tem razão. – ele respondeu sorrindo também. Abraçou o irmão que ria com o contato e deu-lhe um beijinho fraternal no rosto que arrancou sorrisos do pequeno.

Kouga sorriu ao ver a cena. Era assim que gostava de ver Hayato, com um sorriso no rosto.

*-*-*-*-*

Ainda incerta se era a melhor idéia, Kagome abriu a porta do quarto. O coração estava assustado com a possibilidades nefastas que aquele encontro prometia. Surpreendeu-se ao constatar que o filho não estava na sala.

_Onde está o Hayato, Sango-chan?

_Lá fora com o Kouga, Kagome.

_Com o Kouga, porque?O que aconteceu?

_Nem te conto. Foi um auê só. Ele ficou nervoso porque queria saber a identidade do “nosso amigo”.

_Não me diga que contaram, por Kami!. – perguntou preocupada com a possibilidade.

_Não se preocupe, não falamos nada. Ele ficou nervoso, chegou a ameaçar entrar no quarto a força, mas Kouga o impediu.

_Que bom, pensei que tinha fugido.

_Acha mesmo que nós deixaríamos?Kagome, nunca!

_Eu sei, Sango. O caso é que, ultimamente, o Hayato, ele anda muito estranho. Não sei se posso confiar na cabeça desse menino. De qualquer maneira, acho melhor eu ir conversar com ele.

A exterminadora deixou o olhar vagar para InuYasha. Tinha-o reencontrado mais vezes do que gostaria desde aquele dia no poço come-ossos. Era uma glória Shippou estar a serviço de Kaede em um vilarejo distante cinquenta quilômetros, senão o assunto seria ainda mais complicado.

_Você, por acaso, não está pensando em falar com ele, não é, InuYasha?Seria muita loucura.

O Hanyou não respondeu. Achou que isso não seria necessário, afinal, não tinha que dar explicações sobre seus atos para ninguém.

Saíram da casa. Do lado de fora encontraram Hayato conversando com Kouga enquanto brincavam, vez ou outra, com um bebê que estava no colo do menino. O trio ria encantado com a conversa e prestaram atenção nos dois novos visitantes apenas quando eles entraram em seu campo de visão.

_Mãe. – ele disse ao vê-la. Agiu como se tivesse sido pêgo no flagra. Na verdade era mais ou menos assim que se sentia depois da contenda que criara no interior da casa.

_Kouga, preciso conversar com o Hayato a sós. Você se importaria?!- pediu educada.

_Consegue prometer para mim que ele não vai sair chateado?!- ele retrucou valente.

_Infelizmente, não.

O Yokai lobo pareceu indeciso. Hayato viu o momento em que ele fitou um olhar bastante irritado para o homem desconhecido sem conseguir entender os motivos. Lembrava-se apenas de nunca tê-lo visto daquela maneira antes.

_Pode ir, Kouga. Eu vou ficar bem.

_Tem certeza, Hayato?

_Sim. Se eu precisar de você dou um grito, prometo.

O Yokai pareceu indeciso por alguns segundos, mas acabou cedendo. Hayato passou o bebê para o colo dele e InuYasha o reconheceu da noite em que revisitara a casa de Kagome. Assustou-se ao reparar o quão parecido ele era com o maldito lobo fedorento, e quase caiu para trás quando sentiu a mente ser consumida pela certeza de que ele não queria acreditar. Kagome tivera um filho com Kouga?Mas, que diabos!Nunca em sua vida imaginaria algo assim. Lembrou-se do cheiro de lobo que sentira no dia vindo do berço. Não queria acreditar nessa verdade, precisava perguntar a Kagome depois de conversar com Hayato.

_Vou estar por perto, não exite em me chamar, Hayato, Kagome. – disse antes de desaparecer dentro da casa com o bebê nos braços.

Kagome se aproximou sem saber por onde começar. Imaginou tantas vezes esse reencontro que agora sentia as palavras travando em sua garganta, impossibilitadas de sair. Como explicar a Hayato?

InuYasha se adiantou. Cruzou o espaço que o mantinha mais longe do menino com duas passadas generosas. Também estava incerto assim como Kagome, mas não compartilhava do seu medo. Em algum lugar do seu coração ainda conservava a esperança de que Hayato pudesse ser compreensivo com ele. Ajoelhou-se na frente do filho ficando da mesma altura. Ele estava tão diferente, tão rapaz. Como queria ter acompanhado o crescimento dele, como queria ter estado com ele todos aqueles anos. Aquela separação não tinha sido justa com ele.

_Como você está grande, Hayato. – disse visivelmente emocionado passando a mão no rosto dele. – A última vez que te vi ainda era tão pequeno que eu podia trazê-lo em um braço só. Olha como está agora, um rapaz!

Ele ficou quieto. Aquele homem não lhe era estranho, isso não, só não conseguia se lembrar dele. Olhou para a mãe. Ela estava quieta, quase paralisada. Não movia um músculo sequer como se temesse quebrar as regras do universo com isso.

_Não faz idéia de quanta saudades senti de vocês, de como fiquei quando voltei para casa e não os encontrei a minha espera. Você corria e segurava as minhas pernas quando eu chegava, Kami!Como eu ficava feliz quando você fazia isso.

_Me desculpe, mas eu não me lembro de você. – disse meio desconfortável em ter um homem desconhecido segurando a sua mão e falando com tanto carinho.

_Eu entendo, você era muito pequeno para lembrar.

_Quem é você?- perguntou mais uma vez começando a se irritar de verdade.

_Um idiota que fez uma escolha muito errada na vida, mas que quer consertar as coisas.

_Consertar o que?Cara, realmente não faço idéia do que está falando. Quem diabos é você?

_Eu sou o seu pai, Hayato.



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Notas finais do capítulo

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