Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 11
11–Noite sem estrelas.


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Depois de cuidar dos poucos ferimentos que Kouga ainda tinha, Kagome voltou a atenção para o ex que tanto detestava (amava). Ele estava sentado no chão quando ela entrou.

_Acho melhor tratarmos esses ferimentos logo, antes que infeccionem.

InuYasha permaneceu calado com as mãos cruzadas sobre o peito. Tinha o olhar vago e pensativo, mas não deixou de acompanhar os passos de Kagome que agora, colocava a cesta de ervas no chão, ajoelhando-se ao lado dele.

Ambos ficaram em silêncio. O contato com a pele dela, em anos de separação criou arrepios e um sentimento de nostalgia no hanyou. Ele olhava tristemente para as pequenas mãos hábeis dela que seguravam os preparados de ervas e aplicavam gentilmente por toda a extensão do ferimento. Mesmo agindo com cuidado, InuYasha sentiu falta do amor preocupado que ela exibia antes de tudo desmoronar. Cuidar dos ferimentos dele sempre foi uma maneira de aproximar os dois quando brigavam, mas agora era diferente. Não havia nenhum resquício de amor nos olhos compenetrados de Kagome.

_O Hayato. começou incerto tentando quebrar o gelo. está bem grande. Deve estar com quase dez anos se não me engano.

_Completou no mês passado. disse enrolando uma bandagem.

InuYasha sentia-se perdido, sem assunto. Queria manter uma conversa decente com Kagome, mas isso parecia estar sendo uma tarefa impossível.

_Que bom. Não lembra em quase nada o garotinho de antes.

Ela fitou o olhar dele com um sério.

_Está mais diferente do que você pode imaginar, InuYasha.

_Eu vi. Parece estar mais reservado, com um olhar sério.

_O que esperava?!Ele esta crescendo. Eu não vejo certas mudanças com bons olhos, mas fazer o quê?

­Ficaram em silêncio mais alguns segundos antes do hanyou voltar a falar com a voz baixa e triste.

_Ele sequer lembra de mim.

_Fato. Ele era muito bebê quando você optou pela Kikyou, tinha apenas dois anos. Mas posso garantir que ele não vai se esquecer fácil da sua mancada. É um garoto muito orgulhoso.

_Você contou a ele?Sobre...

_Claro, sempre digo a verdade ao meu filho, por pior que ela seja.

_Droga. praguejou pela primeira vez. Porque disse á ele?

_Queria que eu fizesse o quê, InuYasha?Que dissesse que eu estava indo embora por capricho? Que o separei do pai dele por egoísmo meu?

_Não, mas também não precisava contar toda a verdade.

_E porque não?Me dê apenas um bom motivo para eu não ter contado.

_É vergonhoso.

_Mais para mim que para você, garanto, afinal a traída fui eu. Agora, porque eu deveria ter vergonha de contar algo que você não teve vergonha de fazer?

_E qual foi a reação dele?

_No começo não aceitou muito bem, ele idolatrava você. Com o tempo foi se acostumando.

_Ele deve estar com uma péssima impressão de mim. Acho melhor conversar com ele, sei lá, tentar explicar o que aconteceu.

_Se eu fosse você não faria isso. Além do mais, não há nada o que explicar, você cansou da gente e foi embora, simples assim.

Ele teve a impressão de ver o olhar dela se distanciar mais com essa afirmação.

­_Não foi por isso, Kagome. Eu não me cansei de vocês.

_Mesmo? E o que mais poderia ter sido?!- fitou-lhe seriamente deixando de lado o trabalho de enfaixar os machucados do braço esquerdo dele.- Você estava cansado da sua vidinha normal, queria aventura, romance, sei lá o que mais, por isso foi embora .

_Eu estava confuso, Kagome, perdido, não sabia o que esperar da vida. O meu coração estava dividido.

_Você sempre foi assim, InuYasha. Sempre incerto sobre a sua vida, sobre quem deveria amar. Esse foi o motivo de eu ter tomado aquela decisão. Não sabia mais como conviver nesse triângulo amoroso incerto e infelizmente você escolheu a Kikyou. Eu não reclamei quando isso aconteceu, nem fiquei para ouvir suas explicações. Cumpri minha palavra.

_Se eu soubesse que você iria embora levando o Hayato, juro que teria sido diferente.

_Diferente como?Você continuaria vivendo comigo de manhã e se divertindo com ela a noite às escondidas?

_Não! Eu teria ecolhido vocês dois. A minha esposa e o meu filho. Vocês sempre foram as coisas mais importantes da minha vida!

_Se éramos tão importantes porque nos trocou?Porque preferiu a Kikyou?

_Eu te disse, estava confuso, não sabia o que fazer.

_Esse é o seu problema, InuYasha. Sempre confuso, um sujeito que não sabe a qual cabeça obedecer. Eu cansei de ser trocada, não podia continuar aceitando que o meu marido se encontrasse com outra na minha cara, por isso pedi que escolhesse você o fez da pior maneira.

_Eu sei que fui um idiota, Kagome. Sei que te magoei, que fui um lixo, mas agora eu tenho certeza de que o que eu sentia pela Kikyou era apenas uma paixão passageira. Eu não a amo. Viver com ela tem sido uma prisão.

_Foi por isso que veio atrás de mim?

_Sim. Eu fui até o poço come-ossos e senti o seu cheiro. Refiz seu caminho e acabei aqui. Queria conversar com você, mas aí o Kouga apareceu e, sabe, nós nunca nos cheiramos e acabamos brigando, foi aí que você nos encontrou. Eu não sabia que você estava voltando para a Era Feudal, quando descobri, Kagome, você não sabe como eu fiquei feliz. InuYasha segurou uma das mãos dela com carinho. -Todos esses anos esperado uma oportunidade para me redimir das minhas ações erradas, para reencontrar vocês e dizer o quanto os amo, e esse dia chegou mesmo contra todas as expectativas. Kagome o viu, pela primeira vez desde que o conhecera, com os olhos cheios de lágrimas. Olhou para a mão dele enlaçando a sua com carinho. Como queria que ele tivesse sido assim durante o pouco tempo que passaram casados, seria a mulher mais feliz do mundo se ouvisse essa declaração naquele tempo. Hoje, porém, o que se passava em seu coração era um misto de piedade com amor fraternal. Se havia algo do amor de antes escondido em seu coração, estava muito bem escondido.

_Me deixe corrigir o meu erro, Kagome. Me dê uma segunda chance para tentar fazer direito dessa vez.

Kagome sentiu o coração bater por aquele pedido sôfrego e esperançoso. Os olhos dourados que tanto amara um dia, deixavam as lágrimas escorrerem pesadas. Não podia ficar impassível com aquela demonstração de afeto tão rara a ele. Permitiu-se aproximar mais e levou a mão ao rosto dele carinhosamente, esfregando as costas da mão com suavidade. Ele fechou os olhos por dez segundos aproveitando a sensação há muito esquecida. Há oito anos atrás, Kagome fazia isso todas as noites, mas só agora ele descobria o prazer daquele toque e lhe dava o valor devido. Ela sempre fora muito carinhosa, ele quem não sabia reconhecer os pequenos detalhes.

_Eu levei tantos anos para aceitar a sua decisão, que quando dei por mim, o Hayato já estava completando nove anos. Um dia simplesmente me dei conta de que tudo tinha ficado no passado. Me levantei e segui em frente. Você deveria fazer o mesmo.

_Por favor, Kagome, me dê uma segunda chance. pediu com a voz carregada.

_Sinto muito, InuYasha. O que havia entre nós já não existe mais. Por isso fui capaz de abrir o poço, mesmo sabendo que, mais cedo ou mais tarde, ia acabar reencontrando você. Temos que aceitar o nosso destino.

_Eu mudei, Kagome. Se você pedir posso mudar ainda mais, só não me deixe assim.

_Não se trata mais de mudar ou não algo, InuYasha, e sim de tentar reavivar uma chama que já se extinguiu.

_Eu não acredito que você tenha deixado de me amar. Nós éramos apaixonados, loucos um pelo outro.

_Esse é o problema da paixão, por ser luxuriosa ela tende a acabar um dia, não é como o amor verdadeiro que perdura, sobrevive e aumenta com o tempo.

_Mas nós nos amamos!Isso não acaba.

_Não, nós éramos apaixonados. Quando a nossa relação começou a esfriar eu tentei desesperadamente não deixar o meu amor morrer. Lutava para que isso não acontecesse enquanto você se perdia nos braços da Kikyou. Cheguei a pensar que você era o apixonado e eu a amante, mas o tempo e a distância se encarregaram de mostrar para mim que não era isso. No fim, eu também não passava de uma apaixonada.

_Mesmo assim, Kagome, podemos tentar novamente. Eu acredito que se tentarmos podemos voltar aquela época.

_O passado não volta, InuYasha, aceite isso!Não há mais nada entre nós dois.

_E se eu tentar te reconquistar? Posso fazer você se apaixonar por mim de novo.

Kagome suspirou, queria terminar logo com aquela conversa.

_Eu não sou mais uma adolescente. Não acredito mais em príncipes encantados e finais felizes. Sou adulta e mãe, e tudo o que quero é cuidar dos meus filhos e vê-los crescer felizes e saudáveis, e, infelizmente, você, InuYasha, mesmo sendo o pai de Hayato não vai fazer bem á ele.

_Filhos?Como assim filhos?Você se casou de novo?

_Não, um segundo casamento não dá para mim. Já tive o suficiente do primeiro para uma vida inteira, obrigada.

_Então esse outro filho, ele não tem pai?

_Que pergunta é essa?Ele não só tem, como conhece e o vê todo final de semana. É um pai muito presente. Mas isso não importa agora, não tenho que fazer uma ficha sobre a minha vida. Você queria conversar e nós conversamos, queria perguntar e teve a sua resposta. Creio que agora não há mais nada a falar.

_Aposto que é o tal do Houjo. Aquele cara sempre foi um folgado, deve ter aproveitado a chance para investir.

_Você não vai acreditar quando descobrir. deu uma risadinha de canto de boca.- Pronto, acabei. Acho melhor você ir agora.

_Não sem conversar com o Hayato antes. ele disse sério.

_Não acredito que essa vá ser uma boa idéia. Hayato já não é mais uma criança, anda teimoso, arredio, ultimamente está se irritando com qualquer coisa.

_Eu vou, Kagome, não tente me impedir. Hayato é meu filho e eu tenho direito de conversar com ele.

Kagome fechou a expressão do rosto. O que aquele cara estava dizendo era demais para ela.

_InuYasha, não tente tornar as coisas mais difíceis. Sei que tem o direito de conversar com ele e confesso que, se eu pensasse da mesma maneira que há oito anos atrás, você não chegaria perto dele um centímetro que fosse. Não que eu adore essa idéia hoje em dia, o fato é que já sou adulta e aprendi a passar por cima de certas coisas, mas...o Hayato, ele ainda não está pronto emocionalmente para reencontrar você, algo assim pode ser prejudicial à ele. Talvez em uma próxima vez.

_Não, Kagome, eu não vou esperar mais, já me bastam os oito anos em que ficamos separados, desde que você selou o poço.

_Ei!Eu não selei o poço a toa não, meu amigo. Fiz para preservar a minha sanidade mental que estava indo pelo ralo, para preservar o meu filho de sofrer o mesmo que eu. Não pode julgar.

_Eu entendo que magoei você, Kagome, mas fechar o poço? Me afastar do Hayato, minha cria, por ciúmes!Foi um pouco demais, não acha?!

Kagome levantou-se irada fazendo a cesta com ervas rolar derramando seu conteúdo pela sala.

_Ciúmes?Como pode ser tão...tão...- Apertava a mão rente ao corpo tentando se controlar. Agora eu virei a vilã da história?Quer saber de uma coisa, InuYasha, suma da minha frente. Suma agora!Por que existe apenas um único culpado pelo fim do nosso casamento, e ele é você. Fechou os olhos apontando a saída. Agora saía daqui antes que eu perca o controle.

O hanyou também se levantou. Os olhos negros de sua forma humana fitaram os castanhos de Kagome intensamente. Ele se sentia irado, inconformado com tudo, com o rumo que sua vida tomou, com a estupidez que o fizera brigar com Kagome. Ela o olhava de maneira tão nervosa, tão séria que algo em seu peito explodiu, uma sensação gostosa, recordação do tempo em que se conheceram. A adrenalina da briga, os olhares de raiva trocados; Podia jurar que, mesmo sem os seus instintos Yokais, podia sentir o cheiro convidativo do suor que seus poros dilatados pelo calor do momento exalavam. Era uma vaga lembrança, mas vívida como o ar que ele respirava apressado junto à ela. Quase riu do momento, mas menteve-se firme. Se o fizesse, ela ia tomar a sua atitude como uma afronta, um desrespeito, e isso era tudo o que não precisava naquele minuto crucial.

Kagome viu o Hanyou desanuviar o rosto achando a atitude dele atípica e muito suspeita. Desde que o conhecia, o maldito nunca dera o braço a torcer uma só vez. Era orgulhoso demais para aceitar o fato de perder uma simples discussão que fosse.

_Eu vou ver o Hayato, Kagome. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde, querendo você ou não. É o meu direito como pai e ninguém pode me roubar isso, nem mesmo você.

A sacerdotisa fechou os olhos, clamando por paciência. Por um segundo tinha esquecido o quão teimoso era aquele homem.

_É seu dever também, como pai, zelar pelo bem estar dele, e reencontrá-lo agora não vai fazer bem à ele. Não posso permitir que faça isso.

InuYasha deu um passo em direção a porta. Antes que pudesse dar o segundo sentiu o braço ser enlaçado pela mão dela. O toque macio causou arrepios em seu corpo.

_Não vá, por favor, ele não está preparado, sei disso. Vai se irritar e Kami permita que não faça nenhuma loucura. Ele não anda bem na escola, fica nervoso com qualquer coisa...eu temo que ele perca a cabeça...eu...

_Calma, nós só vamos conversar.

_É justamente disse que tenho medo.

_Kagome, Hayato é um Hanyou, vai ter que aprender a lidar com essas coisas, aprender a ser forte.

Ela exitou por alguns segundos olhando para o chão sem largar o braço dele.

_Ele não é mais uma criança de colo, tem que aprender a sobreviver. Prometo que não vou forçá-lo a nada.

Incerta, ela deixou o aperto diminuir até largar o braço dele por completo. Em parte o Hanyou tinha razão, se era para ser que fosse logo. Respirou longamente. Se algo desse errado ao menos contava com Kouga para ajudar a segurá-lo.



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Notas finais do capítulo

Reviews?Vamos lá gente, eu devo merecer ao menos unzinho de cada leitor, afinal dá trabalho escrever um capítulo inteiro e revisar antes de postar.