Justin Bieber levantou o rosto e seus olhos cor de mel que brilhavam com um toque de raiva se encontraram com os meus. Ambos estávamos com o olhar fixo no olho do outro... Ele podia ver minha alma...

Claro, qualquer um podia ver minha alma através dos meus olhos, já que por eles eu transparecia raiva. Tudo bem, derramei champanhe na roupa dele, mas não era motivo para ele me fuzilar com os olhos, era? Não gostei de como ele reagiu, não gostei de como ele ficou com raiva, enfim, eu não gostei daquele garoto mimado. Mas, aquilo era negócio e negócios são negócios, por isso, resolvi deixar passar e prossegui com o plano:      

- Mil perdões, me desculpe mesmo, eu atropecei e acabei derramando champanhe em você. Quer ajuda com a roupa?

- Ajuda? Se eu passar qualquer coisa aqui só vai parecer mais molhado... O bom é que champanhe não mancha, porém essa roupa foi bastante cara para vir uma mulher e derrubar champanhe nela. – Disse ele com um sorriso sarcástico.

Engraçadinho, realmente não gostei daquilo. Ok, a roupa podia ser cara, eu derramei champanhe nela, mas jogar piadinhas não melhorava a situação. Ora bolas, ele tinha dinheiro para comprar umas cinqüenta iguaiszinhas aquela.

- Uma bela mulher.

Já era demais, ele merecia ouvir algo, porém quando eu abri a boca pra falar, ele me interrompeu:

- Espero que não se chateie comigo pelo sarcasmo, não tenho tanto controle quanto a isso, Sra. Mars.

- Não me chateei. – Ele havia me reconhecido, então.

- Mas quanto ao elogio, não fui sarcástico, Derick Mars tem sorte por ser casado com uma mulher como a Sra. – Era verdade, Bieber era bastante sedutor, um sedutor mirim.

- Senhora? Me sinto tão velha sendo chamada assim, me chame de você, ou Kate. Claro, se eu puder chamá-lo apenas de você ou apenas de Justin...

- Claro, Kate. – O garoto deu um sorriso de canto, que, apesar de eu não ter ido muito com a cara dele, bom, eu admito que o sorriso dele é muito bonito.

- Mas você quer ajuda sim ou não afinal?

- Bom, alguma coisa tenho que passar nessa roupa senão vou ficar cheirando a álcool. Mas não se preocupe, vou até o banheiro, você não precisa me acompanhar. Até logo.

Aquele idiota simplesmente me deu as costas e andou em direção ao banheiro. Fiquei como uma boba parada no meio da passagem das pessoas com cara de nada enquanto Justin nem sequer me deu bola.

Para ver foto, acesse: http://images2.fanpop.com/image/photos/10900000/laishaphotoshoot_033-jpg-alona-tal-10966317-653-480.jpg

Voltei ao meu lugar ao lado do meu marido e contei o ocorrido a ele:

- E então?

- E então?! E então?! Aquele pirralho mimado e feioso, quer dizer, feioso nem tanto, mas pirralho, ele teve a coragem de demonstrar raiva por mim quando derramei champanhe nele, ele teve a coragem de ser sarcástico e pior ainda, teve a coragem de me deixar plantada como uma idiota no meio de todo mundo enquanto ele andava me dando as costas em direção ao banheiro!

- Uau! Mas você conseguiu o contrato então, ham? - Disse Derick me jogando uma piscadela com um copo de chop na mão.                 Para ver foto,acesse: http://4.bp.blogspot.com/_tIdjgyIRNuM/TJPolF-KDgI/AAAAAAAAAP8/25TQ5hvlTSw/s1600/Dean-dean-winchester-11345544-600-338.jpg

- Quê?! Claro que não, Derick! Você bebeu ou o quê? Nem consegui falar com ele direito, o pentelho me deu praticamente um fora!

- Ah, Kate! Caramba, e agora? É a nossa única chance de falar “casualmente” com ele! Cadê sua tacada de mestre, hein?

- Vai brigar comigo agora, é? Olha, quer saber? Você vai lá tentar algo com ele porque eu cansei! Eu quero mais que ele vá pro raio que o parta!

Saí pisando forte e andei em direção à piscina, sentei em uma das cadeiras que havia lá e tentei me acalmar aos poucos, quando vi passar um garçom com caipirinhas, talvez aquilo me acalmasse. Seria a primeira vez que eu beberia aquilo, então, resolvi não parecer inocente demais e virei o copo de uma vez. Não deu certo, aquilo era tão forte que não consegui engolir, então fui até o banheiro e cuspi na pia a bebida. Ao sair do banheiro, olhei sem querer para o chão à frente do banheiro masculino, e notei que havia um celular lá. Me aproximei, e peguei o celular moderno, resolvi mexer um pouco nele e descobri de quem era: Justin Bieber era o dono dele.

- Que sorte, eu disse que eu daria uma tacada de mestre...

Andei pelo o clube inteiro à procura do dono do celular, mas não o encontrei. Fui até Robert e perguntei se ele sabia onde Justin estava, mas recebi como resposta que o garoto havia ido embora.

Droga! E agora? Será que ele preocuparia em ter o celular de volta? Será que ele ligaria para localizá-lo? Resolvi falar com Derick e perguntei se podíamos ir embora. Ele concordou e disse que não pegaria mal, então nos retiramos e fomos para casa:

- De quem é esse celular, Kate?

- Achei no chão na porta do banheiro... Adivinha de quem é?

- Do Justin Bieber.

- Como você sabe?

- Porque acabei de mexer nele e descobri.

- Estou apreensiva. Será que ele vai se preocupar em tê-lo de volta?

- Tomara, porque é nossa chance...   

Derick foi interrompido. O celular tocou:

- Tá tocando.

- Me dá aqui... Alô?

- Oi, é estranho, mas meu nome é Justin Bieber e perdi meu celular...

- Quem não conhece você? Olá novamente Justin, encontrei seu celular na porta do banheiro masculino. Lembra da minha voz? Sou eu, Kate Mars.

- Que sorte que quem encontrou meu celular foi você, Kate. Não reconheci de primeira, mas à medida que você começou a falar lembrei imediatamente da sua voz. Quem esqueceria de uma voz tão doce e bela quanto a sua?

- Que gentil de sua parte.

- Gentileza a sua de guardar meu celular. Mas, como posso tê-lo de volta?

- Posso entregá-lo...

- Não, eu perdi o celular, eu tenho que buscá-lo e não você que achou, me entregar.

- Podemos nos encontrar no shopping The Grove, amanhã. Umas 16 horas, que tal?

- Perfeito, nos encontramos lá. Na praça de alimentação, certo?

- Certo, espero por você. Até amanhã.

- Até, Kate.

Desligamos e eu e Derick fomos dormir. Acordamos cedo, e após o café da manhã, resolvi passar na casa de tia Louis para que ela não reclamasse que nunca vou lá, ao voltar para casa, encontrei Derick falando ao telefone no escritório, mexendo em alguns papéis... Fiquei na porta, o observando e quando ele desligou o telefone, olhou para mim e pediu que eu sentasse na cadeira em frente de sua mesa:

- Kate, quero falar com você.

- Pode falar.

- Certa vez comentei com você que queria que se tornasse a vice-presidente da DM, e falei que demitiria o atual, mas não o fiz porque você pediu, mas agora, ele mesmo pediu demissão porque vai morar no Japão com o pai que está à beira da morte. Sendo assim, estou sem vice-presidente e queria muito que você me ajudasse. Kate, preciso que você assuma o cargo de vice-presidente imediatamente, ainda essa semana.

- Não sei...

- Kate, você pôs um monte de impedimentos para assumir esse cargo. Primeiro, porque se eu demitisse o senhor Jun seria errado, segundo, porque se eu colocasse a empresa em seu nome eu estaria entregando meu patrimônio nas mãos de alguém que não é da família. Continuo pensando diferente de você quanto a isso, mas não vem ao caso, já esqueci essa idéia. Mas e quanto à vice-presidência? Você é muito mais familiar do que o senhor Jun para mim, além do mais, ele pediu demissão. Kate, estou pedindo, assuma a vice-presidência.

- Mas Derick, e se eu não der conta?

- Eu dei conta, você também vai dar conta. O que eu fiz em toda a minha vida além de estudar? Eu me formei e fui obrigado a aprender a comandar um império, você é formada, vai aprender rápido o trabalho e vai realizá-lo com maestria.

- Não sei, ainda acho que não estou pronta...

- Você vai me deixar na mão, então?

Me calei e pensei. Era um ótimo cargo, desse modo eu me sentiria mais útil, mais independente... Mas mesmo assim... Porém, viria em boa hora. Se eu conversasse com Derick sobre um emprego para Mathew na empresa, ele com certeza negaria. Mas, se eu pedisse isso a ele e ele negasse, mas em contrapartida eu o chantageasse, dizendo que só se ele contratasse Mathew eu seria a vice-presidente, e ao contrário, eu não assumiria o cargo, quem sabe Derick não concordasse com a idéia de Mathew trabalhar na DM.

- Eu aceito, mas com uma condição.

- Qual?

- Você vai ter que contratar o Mathew como contador da DM.

- Nunca!

- Porque não? Que eu saiba o contador aqui da sede pediu demissão, e há um tempão que você está fazendo o trabalho de contador e presidente da empresa. Fica pesado pra você.

- Mas não preciso do Mathew pra nada na empresa. Contrato qualquer outra pessoa, menos ele.

- Por quê? Ele é formado em contabilidade e sabe trabalhar com isso, tem experiência.

- Ele tem experiência em dar em cima de você, isso sim! Quem pediu isso foi ele, né?

- Claro que não, eu ofereci o cargo.

- Como é que você oferece algo que nem é seu?

- Agora não é meu? Há uns dias atrás você queria pôr a empresa em meu nome, praticamente queria me dar ela de presente e agora não é meu? Você está se contradizendo, Sr. Mars!

- Kate, você não percebe que se ele trabalhar lá ele só vai dar em cima de você?

- Eu sei me defender!

- Você quer se defender mesmo? Está a ponto de recusar o seu cargo só pra empregar aquele idiota, o que me leva a pensar que você está afim dele!

- É demais, agora você passou dos limites! Primeiro, esfrega na minha cara que nada do que você tem é meu, segundo, insinua que sou infiel... Derick, se eu fosse infiel ou gostasse do Mathew eu já teria ficado com ele desde o colégio!

- Com aquele espinhento?

- Que fosse! Percebi que ele é melhor pessoa que você, além do mais, no dia da festa do seu irmão, quando eu saí com ele, na porta da casa dele, ele tentou me beijar, mas eu não quis! Não quis porque sou fiel a você, porque te amo! Tudo bem, talvez ame a pessoa errada mesmo, talvez nosso casamento seja um erro, mas amo você e nunca te trairia! Mas se você não acredita, se acha que por um charmizinho do Mathew eu me derreto toda, tudo bem... Eu quero o divórcio!

- Divórcio? Você só pode estar de brincadeira!

- Não estou brincando, estou falando sério! Estou cansada, cansada de tudo! Seu ciúme e implicância com Mathew estão passando dos limites, principalmente porque não é só com ele, é com qualquer homem com quem eu me relacionar, menos seu irmão, afinal, você nem tem como falar dele, não é? Você me sufoca, me sufoca com o excesso de ciúme, com essas bobagens de querer provar seu amor me dando presentes caros como a sua própria empresa, a empresa de sua família! A verdade é que você não sabe amar, você acha que sabe, mas precisa aprender muito sobre isso. Seus pais podem ter te dado tudo, te ensinado várias coisas que meus pais ou minha tia nunca poderiam ter me dado, mas uma coisa eles me ensinaram que você jamais aprendeu com seus pais, a amar. O que você sente por mim não é amor.

- É o que, então?

- Obsessão, e eu não vou continuar causando essa doença em você. Adeus, Derick. Nosso casamento acabou.

- Kate!

Saí correndo da sala, Derick estava atrás de mim. As lágrimas não se continham em meus olhos, eu queria chorar e definitivamente não tinha controle sobre aquilo. Derick conseguiu me alcançar, me parou, pediu para que eu não o deixasse:

- Kate, por favor...

- Afinal você sabe pedir... Não, Derick. Acabou e se você correr atrás de mim agora só vai manchar a sua imagem de bom empresário. Me deixa ir ou eu faço um escândalo.

- Você tá nervosa, depois conversamos.

Derick me soltou e eu prossegui. Andei sem rumo pela calçada da grande mansão. Tudo o que eu queria naquele momento era estar em casa, na minha cama e poder chorar sozinha. Mais um sonho quebrado, já que nem casa eu tinha. Na verdade, todos os meus sonhos haviam sido quebrados. Meu sonho de estudar para conseguir ser alguém importante na vida havia sido quebrado quando conheci Derick, pois ele me fez desistir do meu sonho para sonhar um novo sonho, o de ser feliz com ele sem me importar com mais nada, novamente, tive meu sonho quebrado quando ele mostrou que era imperfeito e muito ciumento, me fazendo voltar à realidade e perceber que sonhos são feitos de vidro, podem ser quebrados com facilidade e meu príncipe é um sapo. Agora eu me sentia um nada. De mulher que se achava independente a garotinha assustada, sem sonhos e sem príncipe.

Em meio às lágrimas e aos soluços, uma voz conhecida chamou meu nome:

- Kate!

Reconheci a voz. Era de Mathew. Tratei de enxugar minhas lágrimas e desfazer a cara de choro, respondi ao chamado e olhei para ele. Foi aí que percebi que eu estava na rua, cercada por várias pessoas, pessoas essas que conheciam Derick Mars e sua esposa, e que ainda não sabiam da separação do casal.

- Estava chorando, Kate?

- Eu? Não! De onde tirou isso?

- Seu rosto está vermelho e um pouco inchado. O que aconteceu?

- Que moto é essa? – Desconversei.

- Minha moto, acabei de comprar. Nada muito caro, é semi-nova. Foi o que deu pra comprar com minhas economias. Mas afinal, o que você tem?

- Aconteceu um problema... Mathew, tem como você me levar daqui?

- Daqui pra onde?

- Pra qualquer lugar, é que se as pessoas me verem nesse estado podem ir pra mídia e causar problemas pro Derick.

- Claro, sobe aí.

Subi na moto e coloquei o capacete assim como Mathew. Segurei firme na cintura do meu amigo de tantos anos e ele deu a partida.

- Pra onde quer ir, Kate?

- Pra qualquer lugar.

- Pode ser minha casa? É que é mais perto daqui e como você não especificou nada...

- Claro.

Realmente era mais perto e logo chegamos a casa dele. Mathew guardou a moto e abriu a porta. Entramos e ele me convidou para sentar:

- Obrigada.

- Não há de quê, mas você não quer água, ou sei lá, qualquer coisa assim?

- Não, tá tudo bem, Mathew.

- Então me conta o que aconteceu. – Disse Mathew sentando-se na mesa do centro. – Gosto muito de você, Kate. Não quero te ver triste. – Concluiu ele.

- Mathew, eu e o Derick... Nós nos separamos.

- Por quê?

- Eu toquei no assunto de você assumir um cargo na empresa e ele teve mais um ataque de ciúmes. Foi grosseiro, e falou coisas horríveis. Jogou na minha cara que nada que era dele era meu, e insinuou que eu era infiel e que eu gostava de você.

- Quem me dera se você gostasse de mim.

- Mathew, de que iria adiantar? Você mesmo disse que me esqueceu.

- Eu não queria admitir porque você é casada, e eu já perdi o jogo mesmo. Mas a verdade é que eu nunca esqueci você.

- Mathew, não quero falar disso agora. É um dos piores momentos da minha vida e eu simplesmente não tenho cabeça pra pensar nisso.

- Eu entendo, desculpa.

- Tudo bem, mas... É que eu não tenho casa, se eu for pra casa da tia Louis ele vai me procurar lá, então, será que posso ficar aqui? Digo, aqui na sua casa por um tempo?

- Claro, seria um prazer! – Mathew abriu um sorriso.

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Passei o resto da manhã em casa com Mathew. Assistimos a alguns filmes, comemos pipoca, ele até conseguia arrancar risos meus, como sempre, ele era muito engraçado. Por volta de quatro e meia da tarde, algo vibrou em meu bolso:

- Meu Deus! Me esqueci do celular dele!

- Celular de quem?

- Do Justin Bieber.

- Nani??

- Ah, você não entenderia, Mathew! Vou atender... Alô?

- Kate? Você não vai vir?

- É que eu tive uns problemas e acabei perdendo a hora... Você pode me esperar só um pouquinho? Estou chegando aí em dez minutinhos!

- Claro, vou esperar sim, afinal é meu celular... Além de atrapalhada, atrasada. Estou esperando, Kate.

- Certo.

Desliguei. Aquele garoto era realmente insuportável:

- INTRAGÁVEL! GAROTO IDIOTA!

- Eu?

- Não, Mathew... O Justin.

- Como é que você conheceu ele?

- Longa história, pode me levar até o shopping The Grove em 10 minutos?

- Sério? Meio difícil já que...

- Obrigada.

Puxei-o pelo o braço e fomos de moto até o shopping. Demorou mais de dez minutos já que apesar de Mathew ter corrido bastante era impossível chegar nesse curto prazo de tempo.

Entrei e procurei pelo mimadinho, o achei e sentei à mesa com ele. Mathew ficou me esperando já que eu disse que não demoraria:

- Puxa, pensei que não viria mais. Estou esperando há um tempão.

- Desculpa, é que me atrasei. Já disse, tive problemas. – O que eu estava fazendo ali? Nem tinha mais porque tentar um contrato com ele... Ou tinha? Não custava nada ajudar Derick, já que apesar de eu não estar mais com ele, era questão de honra e orgulho fazer com que aquele pirralho assinasse um contrato com a DM.

- Entendo, você é atrapalhada mesmo. – Disse ele, rindo.

Ah quer saber? Pra merda ele e o contrato! O Derick já tinha me machucado mesmo, então ele que desse conta do contrato e do pirralho! Eu soltaria tudo o que eu queria dizer pra aquele moleque e seria agora:

- Tá aqui o celular! Sabe o que você faz com ele? Engole, porque eu não tô mais te engolindo! Você tá engasgado na minha garganta, não consigo nem respirar! Desde que eu te conheci você fala abobrinha e me irrita! Como eu imaginava, você é mimado e chato! Eu tinha planos pra você, mas agora já não importa... Espero nunca mais te ver, foi um desprazer conhecê-lo! Com licença.

Nem ouvi o que ele tinha pra falar, saí de lá o mais rápido possível e voltei para a casa com Mathew.

- Credo, Kate! Porque falou assim com ele?

- Ele é um chato, espero nunca mais vê-lo. – Falei enquanto colocava meu celular sobre a mesinha de centro.

- Acho que não... Esse celular não é o dele? Cadê o seu?

Olhei para o celular e percebi que em vez de entregar o celular dele, entreguei o meu.

- Ah não! Troquei os celulares!

- É, parece que vai ter que reencontrá-lo sim...

- Droga...

Pensei melhor e esfriei a cabeça. O dia havia sido péssimo e eu estava cansada. Decidi resolver a história do celular no dia seguinte.

Nessa noite eu queria relaxar, só isso. Assisti TV com Mathew por um tempo, até que adormeci com a cabeça encostada no ombro dele. Depois de um tempo, senti que braços fortes haviam me abraçado, e senti também o toque macio de lábios carnudos em minha bochecha. Abri os olhos vagarosamente e ajeitei melhor o corpo. Eu não deveria tê-lo feito, pois acabei ficando com o rosto muito próximo do rosto de Mathew... Eu deveria ter me afastado, mas como? Ele havia me abraçado e nossos rostos estavam tão pertos um do outro... Mathew aproximou ainda mais, fazendo os lábios dele encostarem de leve nos meus. Eu poderia ter me afastado, poderia sim ter interrompido o beijo, mas era tarde demais, os lábios dele eram convidativos, e eu estava tão machucada que talvez nem tivesse mais controle sobre meu corpo.

Perdi o controle, pois já era de Mathew. Enrolei os dois braços no pescoço dele, e aprofundei o beijo. Ele, em contrapartida, se ajeitou no sofá e sentou-se de frente pra mim, me pondo sentada em seu colo e enrolando minhas pernas em sua cintura.

Por um enquanto, me senti mal. Estava me sentindo exatamente como Derick havia insinuado. Infiel. Afinal, ele tinha razão... Mathew dava em cima de mim, mas eu não me defendia, naquele momento eu estava quase transando com ele. Não que Mathew fosse uma pessoa má, ele só era um pouco descontrolado.

 De uma coisa eu sabia ao certo, eu amava Derick e só a ele. Mas assim como Mathew, eu não tinha muito controle. Eu estava com meu coração dilacerado pelo o que Derick me fez, e ver Mathew daquele jeito... Tão lindo, tão entregue... Era demais para qualquer mulher ferida, por isso, eu não estava resistindo. Além do mais, eu nem estava mais com Derick. Havia me separado dele, claro, muito recente, mas já não estava mais com ele e nem pretendia voltar. E mais uma coisa, quem sabe ele era a pessoa errada? Eu sonhei com um cara, mas ele é outro. Já Mathew, ele é exatamente como sonhei e já havia provado mais de uma vez isso, além de que gostava de mim... Eu não estava sendo infiel, nem estava traindo meus sentimentos. Eu podia não amar Mathew, mas podia tentar gostar dele algum dia. Porém, eu iria passar aquela noite com ele, não por outra coisa, e sim, por carência e despeito, já que o homem que eu amava, não me amava, e sim tinha obsessão por mim.

Esqueci os pensamentos e me concentrei nas ações. Levantei-me do sofá ainda beijando Mathew. Andamos abraçados pela casa até chegar ao quarto, onde nem nos demos o trabalho de fechar a porta. Nos concentramos em tirar nossa roupa, sendo que apenas Mathew ainda estava de calça. Me deitei com pressa na cama, sendo seguida por ele que deitou-se por cima de mim. Voltamos a nos beijar, mas tínhamos tanta necessidade daquilo que nem conseguíamos beijar direito. As mãos de Mathew nem tinham rumo no meu corpo nu, mas ele resolveu arriscar e pousar uma das mãos em meu seio esquerdo e dar um leve aperto, o que me fez soltar um gemido.

Puxei a fivela do cinto dele, fazendo-o entender que eu queria que ele o abrisse. Logo nós nos livramos de qualquer peça de roupa que pudesse evitar o contato entre nossas intimidades. Mathew estava excitado assim como eu. Seu membro estava duro e me fazia ficar ainda mais molhada, creio que ele percebeu isso.

Mathew abriu um pouco minhas pernas e se encaixou nelas. Devagar escorregou até minha intimidade, me penetrando. O contato me fez arrepios, e não pude conter um gritinho baixo.

Ele começou as movimentações, e me abraçou forte. Enrolei meus braços no pescoço dele também, mas eu não conseguia apertá-lo como ele estava fazendo em mim. Desviei meu rosto do dele e pousei meu queixo em seu ombro direito. Fechei os olhos e em minha cabeça vinham lembranças de momentos como aquele que passei com Derick. É claro que eu estava sentindo prazer com Mathew, ele era muito bom de cama, era experiente, mas nada comparado a Derick. Ele me dava muito mais prazer, talvez porque eu o amasse muito, ou talvez fosse porque aquilo de certa forma era novo pra mim, afinal, o único homem com quem tive relações sexuais fora Derick até agora... Derick... Em minha mente só havia esse nome, em minha mente só havia esse rosto, e em meu coração só tinha espaço pra ele.

Senti um líquido quente encostar perto de minha intimidade. Havia sido Mathew. Ele até tentou gozar longe, mas acho que não deu tempo. Quanto a mim, bem que eu gostaria de ter gozado assim como ele, mas não pude, não consegui. Senti prazer, mas não tive orgasmo... Para quê tentei? Eu não o amava e isso nunca aconteceria. Na minha vida e no meu coração só haviam espaço para um amor: Derick, mas ele havia quebrado os meus sonhos... “

Lisy se decepcionou com a mãe. Sua avó havia dito que ela apenas tinha tido dois homens em toda a sua vida: seu pai e Derick. Então porque o atual marido de Hilary, Mathew, havia ficado com sua mãe? Era incompreensível...

Imagine só a reação de seu pai ao ler aquelas coisas? Já não bastava ler dela com Derick agora também com Mathew? Lisy não conseguia conter sua decepção, e muito menos os ciúmes de sua mãe com outro que não seja seu pai.