O Diário de Kate escrita por Yass Chan


Capítulo 23
Capítulo 20 A Casa Da Ilusão


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora, mas tô em preparação pra vestibular então tá complicado... Sem mais delongas, o último capítulo. Agora é só esperar pelos epílogos ok? Desculpa mesmo :[



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- Sério? Então amanhã mesmo acertaremos tudo, Kate! Você será a nova dona da DM World!

Outro alvoroço na mídia. O fato de agora eu ser a possuidora das ações totais da DM World, me tornando dona desta, havia feito um estardalhaço no mundo dos negócios e nas capas de jornais.

Dei entrevistas, tive muitas coletivas de imprensa, pousei para fotos em revistas de negócios, até recebi convites para pousar para revistas masculinas, mas recusei.

Comecei a desempenhar meu trabalho como presidente da DM. No meu antigo trabalho, indiquei alguém competente para ocupar meu lugar e tudo ia muito bem para mim. Derick, antes de partir, entregara em minhas mãos a mansão dos Mars. Lá era minha moradia agora.

Para dar um ar mais maduro, pintei meus cabelos e o loiro natural sumira. Meus cabelos agora eram castanho claro.

Constantemente me comunicava com Derick e ele sempre me dizia como estava feliz, pintando quadros, fazendo exposições de seu trabalho e sem lugar para morar. Sim, ele viajava tanto que não tinha lugar fixo. Hoje em um hotel, amanhã em outro.

Soube pela boca dos outros que Justin havia recebido alta uma semana após eu ter me divorciado de Derick. Eu nunca mais o havia visto, nem havia o procurado.

Em 2014, Aleksander foi julgado e condenado à pena de morte. Sua execução por injeção letal aconteceu no dia 27 de abril do mesmo ano de seu julgamento. Meu aniversário de 29 anos foi no dia de sua morte.

As crianças também cresciam. Digo, a criança. David havia acabado de completar dois aninhos e se tornava mais fofo a cada dia. Angelina dizia que estava ficando velha, de tanto agüentá-lo pulando em seu colo. Ele não gostava de pular no chão, tinha a mania de chorar para pular no colo da mãe. Cada criança com sua anomalia.

No dia 15 de agosto de 2014, ouvi batidas leves na porta.

- Senhorita Clarckson. – Wanda, minha secretária, bateu na porta. – Tem uma pessoa que deseja muito falar com a senhorita.

- Quem?

- A pessoa disse que quer fazer uma surpresa.

- Deve ser Derick querendo pregar-me uma peça. Mande-o entrar. – Abri um largo sorriso, esperando a visita dar as caras na porta.

Devagar, levantei os olhos. Eu não pude reconhecer imediatamente aquele homem à minha frente. Não era Derick, não era ninguém a quem eu conhecia.

Usava um sapato social na cor preta, assim como a cor da calça. Sua camisa social era na cor roxa, um roxo intenso. Notei que era um homem maduro por suas vestimentas e postura. Na média de vinte e dois anos no máximo. Seu porte físico também não deixava a desejar: músculos definidos que eram desenhados pela camisa que havia colado em seu tronco. Não era um corpo cheio de músculos em excesso, mas com certeza aquele homem freqüentava uma academia constantemente.

Comecei a subir o olhar até seu rosto. Uma camada fina de barba se formava em seu maxilar, sua boca rosada e bem desenhada me causava arrepios; seu nariz não tão afilado também mexia-se a cada vez que ele aumentava seu enorme sorriso. No entanto, eu soube quem era aquele homem quando olhei em seus olhos e notei seus cabelos, que agora tinham outro corte, mais adulto. Mas foram os olhos que me assustaram... Os olhos escuros...

- Kate.

Não respondi. Os raios de sol ultrapassaram o vidro da janela, clareando a sala do meu escritório de presidente da DM World. O local tomou outra dimensão quando a claridade atingiu os olhos do rapaz à minha frente. Claros... Claros e da cor do puro mel.

A caneta caiu de minhas mãos e levei as mesmas à altura da boca, cobrindo-a de espanto. Uma lágrima desobediente rolou de meus olhos até meu queixo, quando finalmente balbuciei o nome do homem à minha frente:

- Justin...

- Eu estava com saudades de você, contando as horas para poder vê-la. Você está mais linda do que nunca. – Abaixei as mãos e minha boca estava aberta. Sem dúvidas, eu estava estarrecida.

- Como... C-como... Você não podia vir atrás de mim!

Levantei-me da cadeira às pressas e abri a porta da sala, antes havia passado longe de Justin, mas havia passado por ele:

- Saia. – Ordenei.

- Por quê? Eu fiz algo?

- Sua mãe não quer você perto de mim. E ela tem razão... Eu fiz tudo errado com você! Eu quero acertar agora... E o único jeito é ficando distante de você! Saia daqui!

- Eu não vou sair. Eu ainda não fiz o que queria fazer.

- Esquece o que você queria fazer. Vá embora, você não devia ter vindo. Sua mãe...

- Minha mãe já não manda em mim há muito tempo... E nem você manda em mim agora, mas voltará a mandar logo, minha dona... – Justin sorriu matreiro, mas não como sorria quando era um adolescente ou jovem... Agora ele sorria como homem adulto.

- Pare de falar bobagens! Eu fiz uma coisa horrível com você! – Lágrimas desciam por meu rosto. – Eu te traí!

- Mas salvou minha vida...

- Eu atirei em você!

- Arriscou tudo, inclusive me matar, para me salvar e me livrar do Aleksander. Você salvou a minha vida, Kate. Você me ama.

- Eu já esqueci você. Pressuponho que você também tenha me esquecido. – Olhei para baixo para ele não notar o quanto eu estava mentindo.

- Eu sempre disse que você não mentia bem, meu amor. – Até a voz dele estava diferente. Agora era uma voz mais imponente, máscula, grave... Estava me fazendo delirar.

- Você não pode ter vindo aqui para tentar reatar. Me diga, o que quer?

- Porque eu não viria aqui para reatar? – Justin sentou-se em uma cadeira.

- Porque muito tempo se passou. Você e eu já não nos amamos mais.

- Se você não me ama... Isso já é por sua conta. – Justin deu de ombros.

Eu queria gritar que eu ainda o amava com todas as minhas forças. Queria perguntar por que ele demorou tanto para vir atrás de mim, já que eu não podia ir atrás dele. Eu o queria... Naquele lugar, naquele momento.

- Pare de brincar, Justin. Isso é sério.

- Eu estou sendo sério.

- Vai embora ok? Se não quer ir, então lembre quantos chifres eu coloquei em você. Isso talvez te faça ir embora e nunca mais me procurar. – Dei às costas para ele. Eu havia pegado pesado, mas precisava fazê-lo ir. Não podia deixá-lo sofrer, eu tinha que ser sensata.

- Eu lembro disso todos os dias e não faz diferença nenhuma.

- Gostou de ser traído? Arranje outra para te trair novamente. Não eu.

- Não você porque não vai mais me trair. Você é fiel, Kate. Mas vulnerável e aquele idiota aproveitou essa sua fraqueza.

- Você nem liga para o fato de eu poder fazer de novo?

- Você não vai fazer de novo.

- Como você sabe?

- Seu corpo está tremendo somente por ouvir minha voz. Você está chorando somente porque está com vontade de me abraçar e me amar aqui mesmo, mas você acha que tem que resistir. Você ficará corada quando... – Justin levantou e colou o corpo no meu. Em seguida, virou-me para ele e tocou com a ponta do dedo meu queixo, fazendo-me olhar para ele. Ele estava tão mais alto que eu... Eu precisava esticar o pescoço para olhá-lo nos olhos. – Olhar em meus olhos. – Corei. 

- Eu não mereço você...

- Porque acha que não merece? – Justin olhou diretamente para minha boca.

- Porque eu errei muito com você.

- Está perdoada. – Ele aproximou um pouco mais o rosto do meu.

- Porque demorou a me procurar? – Perguntei sem pensar.

- Porque tentei te esquecer. Viajei mundo afora, deitei-me com muitas mulheres, mas só conseguia pensar em você. Pensei em sua boca o tempo todo. – O rosto dele estava muito próximo ao meu.

- Eu te amo. – Fechei os olhos, inebriando-me com a áurea ao redor dele. Uma áurea insana, cheia de desejo de homem. Homem... O meu homem. – Me beija, Justin. Beije-me, por favor. – Implorei, enquanto apertava meus olhos fechados.

Abri a boca para receber o beijo dele, mas não aconteceu.

O senti abocanhar meu pescoço. Sua mão passeava por meu corpo, e a outra apertava a parte de trás de minha cabeça, desalinhando os meus fios de cabelo.

O toque dele também era diferente. Era menos delicado e mais selvagem, de um jeito que ele nunca fez antes.

- Eu nunca mais vou dizer que te amo, Kate. – Justin sussurrava em meu ouvido. – Você vai sentir o meu amor. Eu nunca mais vou te deixar sozinha, você sempre me terá ao seu lado. Eu nunca mais vou deixar faltar algo a você, eu sempre saciarei todos os seus desejos. Eu sou seu, e só seu, para sempre.

- Eu também sou sua... Só sua, eu juro... Juro que nunca mais haverá alguém entre nós. Cumpra sua promessa. Você disse que nada mais me faltaria... Sacie meu desejo. Beije-me.

Ele ia me beijar. Droga! Ele ia me beijar, mas Wanda bateu à porta:

- Senhorita Clarckson. – Empurrei Justin e nós nos recompomos em tempo recorde.

- Sim?

- Já posso ir?

- Claro, Wanda. Até amanhã.

- Até. Boa tarde.

Depois que ela saiu, Justin puxou-me para si e cumpriu o prometido. Beijou-me de forma intensa, como se no mundo inteiro só houvesse nós dois.

Desabotoei devagar sua camisa, querendo aproveitar cada milimétrico pedaço de seu novo corpo. Aquele corpo que já não era mais o mesmo. Aquele corpo que possuía músculos definidos e que me levavam ao delírio.

Quando Justin sentiu minhas mãos apertaram a pele de seu abdômen, ele mordiscou o lóbulo de minha orelha de forma inclemente, sem piedade. Senti dor com aquele ato dele. Gemi. Justin, percebendo que havia me feito gemer de dor e não de prazer, desculpou-se beijando carinhosamente o local onde quase havia me machucado.

Retirei o restante de sua camisa e desci beijos por toda a pele de seu tronco. Quando cheguei ao cós de sua calça, abri-a e a assisti descer até os pés dele. Seu membro não se continha dentro da roupa intima de tanta excitação, então resolvi acabar com a tortura. Ajoelhei-me e retirei o último tecido que impedia o contato direto de minha pele com seu membro enrijecido.

Justin estava completamente nu à minha frente, seu corpo maravilhoso não me deixava pensar com clareza. Abocanhei sem pudor seu membro, fazendo movimentos de vai-e-vem.

Justin gemeu baixo enquanto eu o sugava com força e rapidez. O senti puxar meus cabelos, e ele caminhava para trás, pois pretendia sentar-se na mesa.

Quando ele sentou-se, interrompi o contato de minha boca com sua intimidade. Fiquei de pé a sua frente, com uma das mãos acariciando seu membro. Justin se contorceu de prazer, e então levantou-se, sentando a mim na mesa.

Justin agarrou minha cintura com as mãos e beijou-me, enquanto deitava-se sobre mim. Enlacei o pescoço dele com as mãos durante pouco tempo, para depois arranhar-lhe as costas quando ele rasgou minha camisa por debaixo de meu casaco social.

Enquanto vestia-me de beijos molhados, ele retirava meus sapatos e abria o zíper de minha saia, desnudando-me completamente. A pele dele em contato com a minha novamente era algo incomensurável, fora de série.

Passei as pernas em torno da cintura dele, quando sua mão direita tocou minha intimidade. A terra saiu do eixo quando seu dedo médio penetrou-me. Os beijos dele também não cessavam.

Não depois de muito tempo, ele deslizou o membro para dentro de mim. Eu abria cada vez mais as pernas para recebê-lo. Eu bagunçava cada vez mais seus cabelos sedosos e lisos. Meus olhos fechados só me traziam à mente a escuridão, sendo clareada pela a luz que o prazer que ele me proporcionava trazia. Enfim, o ápice do prazer foi atingido. O orgasmo de Justin umedeceu-me completamente, e eu também gozei, liberando todo o meu desejo de amá-lo.

Justin despejou todo o seu peso sobre mim quando terminamos. Sua cabeça pousada em meu colo, seu cheiro inundando todo o meu ser... E então o desconforto de estar em uma superfície dura com todo aquele peso sobre mim.

- Não está confortável aqui em baixo. – Reclamei.

- Desculpe. É que seu corpo é irresistivelmente bom para descansar depois de tanto trabalho. - Justin ficou de pé, segurou minhas mãos e me ajudou a levantar também. – Olha ali um sofá bem aconchegante... Como viemos parar aqui na mesa?

- De um modo bem picante.

- Podíamos continuar ali no sofá...

- Não. Vamos nos vestir e vamos para casa. Pode ter alguém ainda na empresa sabia?

- Casa. Que casa?

- Você não sabe? Derick foi embora de Atlanta e me deixou a empresa e a mansão. Está tudo em meu nome. Ele fez de tudo isso, minha propriedade. – Falei, enquanto vestia minhas roupas íntimas.

- Porque ele fez isso? – Justin também vestira sua roupa íntima. Droga... Porque homem tem que usar só cueca e mulher tem que usar calcinha e sutiã? Eles eram tão mais rápidos na hora de se vestir!

- Derick fez um tratamento e após melhorar, descobriu-se pintor. Agora ele viaja pelo mundo, e como não tinha com quem deixar suas propriedades, ele deu tudo para mim.

- Eu não confio no Derick. Acho que ele tem planos para voltar a te encher o saco.

- Ele me deu o divórcio, Justin.

- Agora podemos nos casar. – Justin sorriu. Ele estava vestido totalmente.

- E ter filhotes... – Acabei de fechar o sutiã. – Como vou voltar para casa sem camisa? Você a rasgou! Não dá nem para remendar! – Melindrei.

- Vista somente o casaco e feche-o completamente. Nada aparecerá.

Saímos da empresa e fomos direto para a mansão. Após tomarmos um bom banho juntos, Justin sentou-se à mesa da cozinha enquanto eu preparava café e colocava na mesa pãezinhos de chá:

- Pronto. – Falei enquanto sentava-me à mesa após servir o café.

- Você melhorou bastante seu café. Era tão ruim. – Justin riu.

- Da próxima vez, você prepara o café e eu compro os pães.

- Não sei fazer café.

- Então não fale do café que eu preparo!           

- Eu disse que melhorou. Hoje o seu café está esplêndido, maravilhoso, gostoso, delicioso e... Perfeito.

- Morando sozinha, comecei a cozinhar para mim mesma. Eu sempre adorei boa comida e eu mesma comecei a fazer minhas gororobas. E você? O que andou fazendo? Lançando CDs que não foi...

- Realmente não andei lançando CDs. Desde o que aconteceu, comecei a fazer viagens.

- Com Pattie?

- Não. Mamãe me convenceu de que era melhor que eu ficasse longe de você, mas... Eu só conseguia pensar em você, então resolvi começar a fazer viagens. Eu chegava sozinho nos lugares, mas volta e meia eu estava com uma mulher diferente a cada noite.

- Poupe-me dos detalhes sórdidos. – Abaixei o olhar para minha xícara de café.

- No entanto, o que eu sinto por você é tão forte que resolvi voltar. Resolvi desafiar tudo para ficar com você.

- Então... Pattie sabe?

- Não. Ela nem faz idéia de onde estou.

- Ela não vai aceitar, Justin.

- Eu quero ficar ao seu lado, Kate. A dona Pattie não pode impedir isso.

Acreditei nele naquele momento. Deixei que as coisas acontecessem segundo as teses dele, deixei que ele guiasse nossas vidas dali para frente.

Pattie pareceu irredutível inicialmente sobre aceitar-nos juntos novamente, mas seu coração de mãe era mole demais para não realizar um desejo de seu filho.

Eu não disse a Justin, mas fazia alguns dias que eu não me sentia bem. Sentia enjôos, tinha sono constantemente e vomitava de em vez em quando. Para não preocupá-lo, fui ao médico sozinha e sem avisá-lo, mas, chegando lá, eu tive a melhor surpresa do mundo:

- Parabéns, senhorita Kate!

- Parabéns? Por quê?        

- A senhorita não está doente. Está grávida.

- Não... N-Não acredito... Eu quase havia perdido as esperanças!

Meu coração saltava de felicidade. Eu estava louca para contar para Justin, mas era melhor uma surpresa, por este motivo decidi contar apenas em nossa viagem programada para o final de semana.

- Estou com sono! – Reclamei, enquanto Justin tentava me acordar.

- Kate, estamos em uma viagem maravilhosa, e você aí... Dormindo!

- Mas eu vivo com sono, o que posso fazer? – Remexi-me na cama novamente.

- Nada disso. Acorde, querida, por favor... – Justin pediu manhoso.

Levantei-me da cama, e após nos arrumarmos e tomarmos café, começamos a caminhar pela praia, quando me senti tonta:

- O que foi, Kate? – Falou Justin, apoiando-me em seus braços para que eu não caísse.

- Nada. Tudo bem.

- Nada bem. Vamos voltar para a cidade e saber...

- Eu estou grávida.

- Como você sabe?

- eu fui ao médico, meu amor. Eu estou grávida.

- Porque não me falou antes?

- Porque eu quis fazer uma surpresa. Quis fazê-lo mais feliz do que você tipicamente ficaria com a notícia. Essa viagem, essa praia... O momento ideal.

- V-Você... Eu amo você, Kate.

- Você disse que nunca mais diria essas palavras. – Ironizei.

- Curta o silêncio.

Dito isso, Justin colocou-me no colo e saiu a andar pela a praia, feliz... Feliz como somente seus olhos podiam revelar tal alegria:

- Estou enjoada! – Exclamei, enquanto não conseguia conter o riso entre as palavras.

- Oh, desculpe. – Mais que depressa ele me colocou no chão. – Eu estou tão feliz, Kate. Só me sinto assim com você e com as coisas que você faz. Com os presentes que você me dá. – Ele pousou a mão em minha barriga. – Eu sou o homem mais feliz do mundo, Kate. O mais feliz!

O enjôo era tanto que eu não consegui conter e acabei por vomitar, lá mesmo, na praia e no pé de Justin. Que cena cômica para a notícia de uma gravidez.

- Puxa, obrigada por dizer a mesma coisa! – Justin caiu na risada.

- Você não presta! – Eu estava morrendo de vergonha. Ri abertamente. – Ah me leva para o quarto, vai!

- Venha.

Trinta dias se passaram desde nossa volta de viagem. Sentia-me bem, até trabalhava e a felicidade de saber que havia uma vida dentro de mim me preenchia o ser, minha vida tinha sentido... Mas o sentido logo acabaria:

- AAAAHHHH! – Gritei da cozinha. Uma dor lancinante tomava conta do meu ventre, me fazia delirar.

- Kate? – Justin veio até mim o mais rápido que pôde.

- Justin...

- Meu Deus, você está sangrando! – Justin colocou-me no colo e seguimos para o carro.

Eu fazia preces a Deus durante a viagem de carro para que aquele futuro bebê resistisse, para que tudo acontecesse, menos que ele morresse, menos que eu perdesse aquela criança como perdi da outra vez.

Ao chegar ao hospital, fui atendida com emergência e sedada contra minha vontade. Eu não queria apagar, eu não queria acordar apenas no dia seguinte para ouvir algo bom ou ruim... Mas assim aconteceu e somente no dia seguinte acordei, ouvindo a voz de Justin e Pattie ecoar pelo o quarto de hospital. Fingi continuar desacordada:

- Ela perdeu o bebê, mãe. Ela nunca mais poderá ter filhos.

- Por quê?

- Porque desde o primeiro bebê que perdemos, ela ficou com um defeito no útero. Algo incurável.

- Meu filho... Vocês queriam tanto aquela criança...

- Kate ficará arrasada. Se eu pudesse dar um jeito de mudar as coisas... Se eu pudesse acabar com o sofrimento que ela terá, eu seria feliz.

- Você sofre quando ela sofre não é?

- Mais do que você pode imaginar, mãe. Kate é a minha vida.

- Eu posso apartar esse sofrimento.

- Como, mãe? É impossível!

- Não é. Eu estou grávida, filho; estou disposta a dar esse bebê a vocês, somente para que você não sofra.

- Como assim grávida?! Que história é essa, mãe?!

- Eu... E-Eu...

- Responda! Eu tenho o direito de saber! – Justin se exaltava.

- Calma, ok? Seu pai e eu... Nós...

- E você engravidou. Parabéns, mãe! Minha madrasta sabe disso?

- Nem deve saber! Foi... Foi um erro, não vai mais acontecer!

- Vocês ainda gostam um do outro?

- Claro que não!                                  

- Então porque isso aconteceu?

- Não sei ao certo, aconteceu! Eu juro, meu filho, não vai mais acontecer.

- O papai sabe dessa criança?

- Eu não quero que saiba. Por favor, não conte.

- O que você vai fazer?

- Dar esse bebê a você.

- Não! Você enlouqueceu?!

- Meu filho, eu faço tudo por você! Se você for infeliz, eu serei infeliz! – Pattie chorava.

- E você vai entregar um irmão meu como filho a mim? Isso é loucura!

- Por quê? Vocês podem ser pais dele, eu me contentarei em ser avó.

- Eu não aceitarei isso...

- E Kate? A opinião dela não importa?

Eu não podia negar, eu estava tentada a aceitar aquela proposta. Eu queria um filho, mesmo que não fosse meu de sangue, eu queria um filho...

- Eu aceito.

- Você estava acordada? – Perguntou Justin, abismado.

- Sim, eu ouvi tudo.

- Então sabe que é inaceitável.

- Não seja irredutível, eu quero uma criança. Pattie pode dar a nós... Um filho, Justin! É tudo o que nós queremos!

- Mas será meu irmão, Kate! Ouça a si mesma! Ouça o que está dizendo!

- Justin... Pense. Pense bem. – Pediu Pattie.

- Eu não vou aceitar e não preciso pensar muito para dizer isso.

Eu quis tanto aquela criança que eu fui capaz de importunar Justin durante dias, até o momento que já não suportando mais, ele aceitou.

Durante nove meses eu esperei ansiosa o momento em que eu pegaria nos braços aquela menina, filha de Pattie; contudo, a mesma era a garotinha que fora dada a mim para ser amada e tratada como minha.

Em todo o tempo de paciente espera, Pattie foi “escondida” do mundo, da mídia para que não fosse anunciado aos quatro cantos que a mãe de Justin Bieber estava grávida, principalmente pelo o fato de aquela criança nunca aparecer, afinal, era minha. Para todos os efeitos, a futura mãe era eu e comum era o meu aparecimento com uma enorme barriga falsa.

O tempo natural para a existência de uma vida dentro de uma mulher passou. A menina nasceu e Pattie não hesitou no trato. Recebi aquela criança e depois de poucos meses, por meios não comuns, mas não ilegais, ela foi registrada como fruto de meu amor com Justin. E por falar nele, este aceitou minha “loucura” e acabou por compartilhar da mesma felicidade.

- Ela é a coisa mais linda mundo, Justin! – Marie cantarolou alto. – Olha essas bochechas!

- Pare de babar! – Repreendeu Justin, brincando. – Minha filha não gosta de puxa-sacos, não é minha vida?

- Ai, seu enjoado! Bléééé! – Marie mostrou a língua.

- Não a perturbe, Justin! – Ri dos dois.

- Kate, ela já tem um nome?

- Ainda não escolhemos, Dayse.

- E quando pretendem? Quando ela fizer quinze anos? – Ironizou Dayse.

- Nãããão. Tive uma idéia. – Sentei-me no sofá. – Que tal se fizéssemos um sorteio? Qualquer uma de vocês pode doar o próprio nome para minha filha. Vamos pôr papeizinhos com o nome de vocês em uma tigela. O nome tirado será escolhido e nomeará a fofuxa aqui. – Apontei para a meninha que dormia tranquilamente nos braços de Justin.

- Sim! Concordo! – Dayse, Lisy e Hilary responderam em uníssono.

- Então vamos ao sorteio!

Escrevi o nome de cada uma em papeizinhos e os amassei, colocando-os em seguida em uma caneca de café.

Pedi para que Matthew pegasse um destes, e ao abri-lo, minha menina recebeu um nome: Lisy.

- Que honra, não? Aaaahhh estou feliz! Meu nome foi escolhido; eu sou a xará da bebê de vocês agora. – Comemorava Lisy, pousando como modelo, demonstrando sua satisfação.

- Marmelada! Matthew, podia dar um auxílio né? Você deveria pegar meu nome! – Espezinhou Hilary.

 - Isso sim seria marmelada, amor. – A voz melodiosa de Lisy, direcionada para Hilary.

Depois daquela noite, finalmente minha bebê ganhou certidão de nascimento. Lisy Clarckson Bieber. Não ficou lá um belo nome, já que Clarckson e Bieber não combinam, mas ok, Lisy era um belo nome.

Justin e eu estávamos muito felizes, e tudo corria como se Lisy realmente fosse nossa filha. Pattie também estava feliz, pois, não queria ser uma megera e de fato não era, mas... Lisy era amada como sua neta e sempre seria, afinal, era claro que seu amor por Justin era inconseqüente e ele seria o único a possuir seu amor de tal forma. Sem dúvidas, Lisy estava bem melhor sendo minha filha com Justin do que como prole de Pattie. Ela nunca seria amada por ela, não como eu a amo. Ninguém nunca olharia para sua foto bem no meio da sala de estar e ficarai admirando-a como se ela fosse a salvadora, a solução para os problemas do mundo todo.

Para ver foto, acesse: http://thumbs.dreamstime.com/thumblarge_505/1274180380vaAces.jpg

Lisy tornara-se tudo para mim, e durante dois anos cuidar dela e ser sua mãe fora minha vida, minha exultante felicidade. Mas, eu tinha plena certeza que ela nunca poderia saber quem era sua verdadeira genitora... Ela nunca poderia saber que desde seu nascimento, sua vida sempre fora uma... Mentira” [...]

A leitura caiu aos pés dela. Seus olhos ardiam e ela sabia que lágrimas logo rolariam. As palavras martelavam em sua cabeça... Mentira, mentira, mentira... Lisy perdera toda sua crença nas pessoas. A mãe que ela tanto quis conhecer, ganhou-a em um trato. O pai que estava em coma, escondeu dela não seu sofrimento, e sim, as raízes da mesma. A avó que ela tanto amava... Era sua mãe.


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Notas finais do capítulo

Até os epílogos, amores. Obrigada mesmo pela paciência.



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