O Diário de Kate escrita por Yass Chan


Capítulo 20
Capítulo 17 Não É Amor


Notas iniciais do capítulo

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Subi na cama e comecei a pular, quando Gabreal puxou-me pela cintura, e não propositalmente cai por cima dele. Talvez eu me arrependesse depois, mas quando Gabreal tentou beijar-me, eu correspondi. Um beijo ardente.

O hálito de eucalipto de Gabreal desviou-se de minha boca para meu pescoço, mas antes que eu arfasse de prazer, o empurrei com as mãos e saí de cima dele.

Não olhei para trás, não recuei, apenas voltei para meu quarto com Dayse e pensei o quanto eu era desprezível. Como eu pude estar com outro? Justin disse-me o quanto confiava em mim e eu simplesmente havia jogado no lixo aquela confiança? Que espécie de mulher era eu?

Aquela não havia sido a primeira vez que eu traia alguém que eu amava. Primeiro eu traí Derick com Mathew e por mais que eu tentasse encontrar desculpas para aquilo e fingisse para mim mesma que não havia sido uma traição, mais ficava óbvio o quanto eu era infiel. Depois estive com Justin enquanto estava com Derick, e agora enquanto eu estava com Justin eu havia estado nos braços de Gabreal, um completo desconhecido.

Qual era a minha doença? Infidelidade congênita? Porque eu traí todos os homens com quem eu estive? O que havia de errado comigo?

Logo com Gabreal, alguém de quem eu não sabia nada! Atração física? Talvez, mas isso não mudava os fatos... Eu era uma criatura desprezível da pior espécie.

Odiei-me durante toda a madrugada e não me lembro bem quando eu dormi, mas sei que acordei em alguma parte da manhã, notando uma Dayse de cara feia com uma compressa na testa.

- Que grande droga de pessoa sou eu! –Resmunguei, revirando-me na cama.

- Que grande droga de dor de cabeça estou sentindo! – Resmungou Dayse na outra cama do quarto.

- Porque você dormiu no carro ontem e não acordou de jeito nenhum?

- Eu sei lá! Foi como se eu estivesse drogada! Ainda acordei com essa desgraça de dor de cabeça...

- Mas você só bebeu suco de abacaxi com hortelã...

- Eu sei, mas estou muito mal... – Dayse olhou para o lado. – E você está de ressaca?

- Um pouco...

- Porque você se chamou de droga de pessoa agora de manhã?

- Porque eu sou.

- Resposta errada. A verdade é o que eu desejo.

- Ontem, depois de te deixar no quarto, Gabreal me levou a suíte dele e nós bebemos champanhe. Ele estava procurando “Banco Imobiliário” para jogarmos e eu achei uma coleção completa do Anberlin.

- Morri! Você pegou emprestado não é? Adoooro Anberlin! Ai, minha cabeça...

- Eu pedi para ouvir “Enjoy The Silence” e nós dançamos.

- Dançaram como eu acho que dançaram? Tipo, quando estávamos na faculdade, o Dave e a Angelina dançavam essa música e ela se remexia como uma lagartixa; ele... Bem, ele abria a camisa e também dançava sensualmente. Aí depois de um tempinho eles começavam a quebrar as coisas, dançar a dois...

- Exatamente assim, tirando a parte da camisa aberta.

- Ma...

- Nós nos beijamos.

- Como?! – Dayse caiu da cama, desmaiada.

- Dayse! – Corri até ela, segurei o corpo mole desta, e ela sentou-se novamente acordada, esbofeteando-me em seguida. – Pensei que você estava desmaiada!

- Eu não estive desmaiada, mas estou a ponto de te matar! Como você pôde? Eu sou toda doidinha, mas isso? Isso é uma... Uma... Uma displicência com o Justin! Uma falta de respeito! Você acabou de conhecer esse cara, Kate! – Dayse tomou uma pose de responsabilidade desconhecida por mim.

- Eu sei...

- Se sabe por que o fez? O nome disso é safadeza!

- Dayse!

- Não tem outro nome! Aliás, tem sim... Put...

- Não fala essa palavra, por favor. – Baixei o olhar.

- Kate, você agiu como uma vadia! Olha, eu sei que não pareço normal, mas... Eu sei o que é certo e isso não foi! O Justin... O Justin é um cara legal e te ama! Ele definitivamente não merecia isso.

- E o que eu faço agora?

- Se eu fosse você não contaria para Justin. Isso não mudaria nada, ele continuaria sendo corno.

- Não fala assim!

- Desculpa. Outra coisa que você deveria fazer se está mesmo arrependida é manter distância do Gabreal.

- Ele está no mesmo hotel que nós.

- Então faça melhor. Se isso foi deslize como você está dizendo, encare-o de frente e mostre a ele que não sente nada e que ele é sim resistível. Aja normalmente e tente esquecer o acontecido. Pode fazer isso?

- Eu vou fazer isso, mas continuo sentindo-me uma droga de pessoa.

- Isso é algo que você vai carregar para o resto da vida.

Dayse me abraçou e eu despenquei a chorar.

- Desculpa pelo o tapa, ok?

- Eu merecia...

- Pior que merecia mesmo...

- Você é má.

- Se não quiser continuar a viagem, podemos voltar para Atlanta, e ao invés de continuar na turnê com o Justin; você pode voltar para casa com Pattie. Eu também posso ficar lá com você.                 

- Eu não sei como encarar o Justin...

- Você vai precisar aprender se quiser continuar com ele. Você quer continuar com ele, não é?

- Claro! Eu o amo, Dayse. Amo para valer.

- Ok, ok. Vou ver quando consigo arrumar passagens.

Ouvimos batidas na porta, e achando que era o serviço de quarto, Dayse abriu:

- Bom dia.

- Gabreal? – Dayse perguntou atônita. – Digo, bom dia para você também.

- Não vai me chamar para entrar?

- Claro, mas dá para ser depois? Kate e eu acabamos de acordar. Estamos com mau hálito sabe? – Dayse estava apelando para a nojeira.

- Certo, venho daqui há... Meia hora?

- É, meia hora.

Dayse fechou a porta quando Gabreal se distanciou. Outro alguém a quem eu não podia encarar... Gabreal.

Depois de exata meia hora, Dayse e eu havíamos acabado de nos arrumar, quando Gabreal voltou a bater na porta. Ele foi até lá nos convidar para uma festa que haveria em um parque de patinação da cidade, mas nós inventamos uma história e dissemos que não poderíamos ir.

Dayse não conseguiu comprar nossas passagens de volta para Atlanta pela a internet, então teve que ir diretamente ao aeroporto comprá-las. Minutos após ela ter saído, vi alguém abrir sorrateiramente a porta do quarto:

- Posso entrar? – Gabreal perguntou.

- P-Pode. – Sentei-me na cama. Eu não podia dar uma de louca e dizer que ele não podia entrar. Talvez aquele fosse o momento de esclarecer as coisas.

- Eu vim porque acho que você não está muito confortável por causa da noite passada. – Gabreal entrou no quarto e sentou-se de frente para mim, na cama de Dayse. – Aquilo foi por causa do álcool, sem dúvidas. E também a música... Aquela música tem efeitos colaterais! Olha, me desculpa ok? Eu fiz a besteira e bem, eu gosto de você. Eu sei que eu te dirigi a palavra poucas vezes, porém ontem eu tive a oportunidade de te conhecer e gostei da sua companhia. Gostei de você.

- Eu... Gos-t-to do J-Justin...

- Como amigo, Kate. – Gabreal riu. Riu para valer e riu de mim. Ele chegou a jogar a cabeça para trás de tanto rir. – Eu gosto de você, comecei a gostar ontem te conhecendo melhor, mas é como amigo. Eu quero ser seu amigo, Kate, só isso. O que aconteceu ontem... Como eu posso dizer... Eu... Eu não me sinto atraído por você. Claro que você é atraente, mas... Só te enxergo como amiga e o beijo ontem foi algo involuntário. Quando eu vi estava acontecendo, mas... Eu não te enxergo como mulher.

- Ahn... Que bom! – Exclamei, com certeza mais sem jeito do que nunca.

- Eu só queria deixar claro que eu só quero sua amizade, Kate. Espero que as coisas ontem não tenham interferido na nossa tão nova amizade.

- Não interferiram.

- Eu não caí na história de que vocês têm outra programação hoje. A festa vai ser bacana, gostaria de te ver lá com a Dayse.

- Qualquer imprevisto aparecemos por lá.

- Eu vou esperar.

Gabreal se retirou e eu senti minha cabeça latejar. Eu me sentia aliviada por saber que aquilo não tinha nada a ver com sentimentos ou atração. Gabreal havia me dado um fora sem eu ao menos dizer que queria algo com ele e isso era muito bom. Significava que tudo estava resolvido.

Quando Dayse voltou, esta me comunicou que havia conseguido passagens somente para o fim de semana. Foi o jeito aceitar as circunstâncias.

Naquela noite em meio ao tédio que se instaurava no quarto, Dayse e eu achamos um desperdício estar ali enquanto uma Bariloche inteira estava a nossa espera.

- Bacana da parte do Gabreal vim esclarecer as coisas. – Disse Dayse após me ouvir contar o que ele havia feito de manhã. – Eu o encontrei há pouco e ele também falou comigo a respeito do acontecido. Ele pareceu sincero ao dizer que não sente atração por você, Kate.

- Estava muito claro desde o inicio que o acontecido de ontem foi pela a alteração que o álcool causa. Mas nada mudou. Sinto-me uma cachorra.

- É, então... Você acha que minha personalidade responsável iria pelo o ralo se eu achasse uma boa idéia ir à festa com o Gabreal hoje?

- Eu vou ficar aqui.

- Tudo bem se eu for com ele?

- Claro que sim.

- Ah depois de tudo esclarecido, você não acha uma besteira ir embora tão cedo? Você e Gabreal estão se dando super bem agora não é? Não há nada de estranho entre vocês...

- Se arrependeu de comprar as passagens de volta?

- Você não?

- Não. Eu estou com saudades de Justin.

Mais uma vez sozinha. Minha sina, meu destino.

Era impressionante o poder de persuasão de Gabreal. Claro que era sincero quanto ao que falou a mim, mas ele sabia convencer. Dayse me parecia irredutível, mas foi só uma conversinha com ele e a idéia dela mudou completamente e os dois até sairiam juntos naquela noite.  

No fim das contas a viagem não me fez bem como eu esperava. Surpreendeu-me como eu havia dito antes, mas não foi perfeita. Faltava algo, faltava Justin... Tudo bem que enquanto eu estava perto dele era o mesmo que estar longe, mas a viagem não mudava nada, eu só estava mais longe! E com saudades... Eu estava sentindo a falta dele. Era como se a cada dia eu me apaixonasse de novo e de novo por ele. Era como se a cada dia aquele sentimento crescesse e me sufocasse. Nada mudava aquilo e por mais que eu mesma me odiasse pelo o deslize daquela noite com Gabreal, meu amor era todo de Justin e só pertencia a ele.

Com a chegada do fim de semana, Dayse e eu deixávamos Bariloche e um Gabreal chateado por estar mais uma vez sozinho durante a viagem:

- Puxa, quando vocês chegaram eu pensei encontrar companhia para minhas aventuras aqui, no entanto, vocês já vão embora. – Gabreal fez cara de triste.

- Então continue suas aventuras em outro lugar conosco. Volte para Atlanta com a gente hoje, Gabreal.

Olhei para Dayse, incrédula. Ela havia simpatizado com Gabreal, mas parecia querer fugir dele há alguns dias atrás. Contudo, agora, Dayse queria levá-lo junto com a gente para Atlanta.

 Naquele momento eu percebi o quão charmoso Gabreal podia ser. Ele havia conquistado Dayse, a mim e acho que a todos que o conheciam. Bom, por mais que eu ainda me torturasse pelo o tal beijo, as coisas entre Gabreal e eu haviam sido esclarecidas, e eu podia dizer que éramos bons amigos. Ele, Dayse e eu.

- Hoje não. Conheci uma garota, então... Vou ficar por aqui. Mas eu volto para Atlanta logo e com certeza vou procurar vocês. – Gabreal sorriu confiante.

- Esperaremos. Até qualquer dia, Gabreal. – Dayse o abraçou. – E liga para a gente, hein?

- Claro.

- Tchau, Gabreal. – Acenei para ele.

- Não mereço um abraço sua amiga da onça? – Gabreal demonstrou indignação.

O abracei e nos despedimos. Onze horas depois estávamos em Atlanta.

A vida cotidiana estava de volta e eu nunca parecia satisfeita. Em Bariloche a falta de Justin me consumia. Em Atlanta, a mesma coisa.

Se havia uma coisa que eu odiava era a solidão. Eu não conseguia aceitar que nada mudaria dali para frente. Eu não conseguia aceitar que na verdade eu nunca seria feliz realmente como eu queria ao lado de Justin, porque ele não tinha dono, e sim, uma dona: a fama. Esta governava a vida dele, o tempo dele e o ocupava por inteiro. Quando estávamos juntos, ele aparentava cansaço e eu não era capaz de propor qualquer coisa a ele, porque eu sabia que ele aceitaria, mas eu sabia também que isso o cansaria. A música era um prazer para ele, mas era também seu trabalho e temos que concordar que todo trabalho cansa.

Durante minhas férias o que eu mais fazia era escrever esse diário ou ler... Esse tipo de coisa me fazia saber que eu não tinha talento nenhum. No entanto, Justin tinha mais um talento descoberto: atuar. Ele havia acabado de ser escalado e chamado para representar um personagem em um filme que prometia para aquele ano. Ator, cantor... Enquanto ele cantava e atuava eu sentia-me uma moribunda doente e sozinha. Não, eu ainda não estava doente fisicamente, mas minha alma e meu espírito pareciam se deteriorar de tanta solidão. Eu sei que era cercada por pessoas que me amavam, mas quem eu queria nunca estava comigo. E agora mais essa de atuar! E o pior de tudo... Ser ator naquele filme foi uma escolha dele, e não algo imposto por Leah. Justin agora me ignorava talvez inconscientemente porque queria, porque estava animado demais com o projeto de ser ator. Eu compreendia, juro que compreendia o fato dele ingressar nessa nova carreira, mas... Ele me deixava sozinha por livre e espontânea vontade e quanto a isso ninguém podia me julgar. Qualquer um se sentiria deixado de lado caso a pessoa amada te negligenciasse por trabalho. Somente porque estava encantado pelo o trabalho e não mais por mim. Eu sabia que ele ainda me amava como eu o amava, mas eu sabia que Justin não estava se dando conta de que várias coisas estavam deixadas de lado... Inclusive eu.

Resolvi acabar com minha murmura para aquele dia e pensei em algo para fazer. Nada, eu não tinha talentos... Desatei a chorar. Não, eu não era a pessoa certa para Justin. Eu nunca o entenderia porque eu não era como ele. Eu não tinha talentos, eu não era famosa por meus talentos como ele era e minha fama se resumia por ter sido casada com caras famosos. Eu não compreendia a fama, esta não me encantava e isso me diferenciava de Justin. Ele era tudo e eu era nada.

Vi o celular tocar ao meu lado. “Favorite Girl”, meu toque de celular. A música que Justin disse que combinava comigo, pois eu era a garota favorita dele.

- Alô? – Falei ao atender, tentando não parecer ter chorado.

- Se eu não me engano, ou você está gripada ou você chorou. Qual das duas coisas?

- Quem está falando?

- Perdeu meu número? Deve ser isso. Aqui é Gabreal Cowan, o cara mais charmoso do planeta. – Ele sorria. Eu tinha certeza que ele sorria. O mesmo sorriso vadio e canalha de sempre.

- Charmoso, admito. Mas não o mais charmoso do mundo.

- Não acabe com minha alegria.

- Você, ao contrário, está dissipando minha tristeza.

- Posso fazer melhor.

- Como assim?

- Eu sempre faço melhor, então, que tal um jantarzinho comigo hoje? Aqui no meu apartamento, você, eu e Dayse. O que acha?

- Eu não sou uma boa companhia hoje...

- Você não quer ser uma boa companhia hoje, o que é impossível porque você é maravilhosa, minha amiga. Poxa, eu não te vejo há quase um ano! Estamos em Abril de 2013 e eu estou morrendo de saudades suas!   

- O tempo passa rápido...

- E você continua na fossa.

- Dayse, você disfarça muito bem a sua voz! Está igualzinha a de Gabreal!

- Peguei a mania de Dayse para ser tirador de pessoas na fossa de um modo um tanto quanto mal.

- Isso me soa muito parecido às ironias de um vampiro de um livro que eu li há pouco tempo. Ahn... “Diários de um Vampiro”, Damon Salvatore*.

(* autora: eu tinha que citar meu atual vício.)

- Eu sou um vampiro.

- Claro que é.

- E então, vai aceitar ou não?

- Eu vou, Gabreal. Jantaremos. Satisfeito?

- Passo aí às oito.

- Nã... – Ele havia desligado.

Quando anoiteceu e Gabreal veio me buscar, Pattie não perguntou, mas eu sabia que ela estranhava o fato de eu estar saindo sozinha de casa com um cara. Ainda mais aquele cara sendo Gabreal Cowan, o ex de Leah, uma grande amiga do filho dela. Tamanha confusão!

Olhei para fora da casa e notei que dentro do carro Gabreal colocava os óculos escuros enquanto Pattie andava em direção à porta. À noite, de óculos escuros? E além do mais, porque Gabreal colocou aqueles óculos exatamente quando Pattie se aproximava? E com tanta pressa... Ele queria esconder os olhos de Pattie?

- Pattie, eu sei que eu não falei que me tornei amiga do Gabreal, mas eu acabei por não falar a ninguém mesmo. Só Dayse sabe por que ela também se tornou amiga dele. Nem mesmo Justin sabe, acho que esqueci de contar que nos tornamos amigos na viagem a Bariloche. Dayse e eu encontramos Gabreal lá.

- Hey, que mal há nisso? Não tem que dar explicações ok? Que bom que você fez novos amigos, querida.

- Obrigada, Pattie. Ah... Eu acho que seria um milagre ele ligar, mas se Justin milagrosamente fizer uma ligação e perguntar por mim, diga, por favor, para ele ligar para meu celular?

- Pode deixar.

- Gabreal, eu e Dayse vamos jantar na casa dele. Volto antes das onze, provavelmente bem antes.

- Ok, boa noite para você.

- Para você também.

Gabreal e eu seguimos no carro rumo ao apartamento dele ao som de “True Faith” do Anberlin. Tínhamos em comum o gosto musical.

- Finalmente conheci seu apartamento.

- Ele não é grande coisa.

- É sim, comparado ao flet que eu morava é. – Lembrei-me, nostálgica de meu antigo flet.      

- Faz muito tempo? – Gabreal perguntou enquanto entrava na cozinha e pegava uma faca e um guardanapo.

- Talvez um ano. Quer ajuda para preparar o jantar?

- Ahn, não. Eu, somente eu sei a receita. 

- Ok. Eu nem queria ajudar mesmo. A que horas Dayse chega?

- Falando nela... – Gabreal tirou do bolso o celular e o atendeu. - Alô? Dayse?... Não vem? Porque você não vem?... Marcou comigo primeiro, sabia?... Ryan, Ryan... Tudo bem, mas vai ficar me devendo essa... Beijão, até meu pagamento. – Gabreal desligou e voltou a guardar o celular no bolso. – Dayse não vem, Kate.

- Programinha com o Ryan?

- Acertou. Tudo bem jantarmos só nós dois?

- Tudo ótimo. – Sorri confiante.

Gabreal havia preparado sozinho ”Fish and Chips”, uma comida feita de bacalhau e batatas fritas muito popular na Inglaterra. Descobri, com isso, que Gabreal era da Inglaterra. Um puro sangue inglês.

Chegou o momento em que eu teria que me despedir da feliz companhia de Gabreal e voltar para minha vida real de tédio e solidão.

Quando Gabreal abriu a porta do apartamento para eu sair, corri até este e agarrei o pescoço dele, enquanto lágrimas teimosas desciam por meus olhos. Eu não sabia o que havia acontecido comigo, não sabia por que chorava e sentia meu coração doer tanto, mas eu consegui confessar para Gabreal que tudo o que eu sentia ultimamente era solidão, carência...

- Eu estou... Carente, Gabreal. É tudo o que eu tenho sentido... – Confessei a ele enquanto este me colocava no colo e me guiava até o sofá. Afundei meu rosto no pescoço dele e continuei com meus braços entorno do pescoço do mesmo.

- Eu vou fazer passar... – Gabreal falou quando sentou-se no sofá comigo no colo.

- Não tem como... Só Justin faria e ele não liga mais para mim... Eu estou tão só... – Quanto mais eu falava, mais eu chorava. Inconsolável, doente de saudades e amor.

- Eu vou fazer passar, Kate. Eu farei passar.

Gabreal repetiu durante mais alguns minutos aquelas palavras, quando eu senti ele tocar meu rosto com uma mão e aproximar de mim os próprios lábios.

Eu não recuei, eu não recusei. Eu precisava daquilo por que... Eu não me sentia mais mulher, a verdade é que eu sentia-me definhar. Não era físico, era sentimental. Minha dor era sentimental e Gabreal me fazia acreditar que ele faria passar. Ele faria passar.

Quando finalmente o beijo aconteceu, eu pude ouvir a respiração ansiosa e descompassada de Gabreal. O coração dele batia rápido, as mãos dele suavam em contato com a pele de meu rosto e coxas.

Gabreal parou o beijo somente por alguns minutos para tirar a própria camisa. Encarei o corpo esbelto à minha frente e o toquei com as duas mãos. Não era musculoso, mas era atrativo, tentador.

Gabreal pegou-me no colo novamente e entramos no quarto dele. A cama de casal king chamou a atenção de nossos olhos, fazendo com que nós nos despejássemos nesta.

Devagar as peças de roupas foram sumindo, dando lugar apenas a pele alva de nossos corpos.

Gabreal beijava a parte interna de minhas coxas com volúpia, e eu abria a boca como se quisesse pronunciar algum som. Som este que não saia.

Sem aviso prévio Gabreal penetrou-me com a língua. Nunca, realmente nunca eu havia feito sexo oral. Era a primeira vez e era curioso o fato de Gabreal não hesitar quanto aquilo. Ainda éramos meio estranhos um ao outro e ele já havia tomado a liberdade de tocar-me daquela forma.

Ele era sexy em tudo, pensei. O jeito como ele lambeu os próprios lábios após praticar aquilo em mim foi... Digno de orgasmo múltiplo apenas pela a sensualidade dele.

Quando Gabreal penetrou-me, o mundo girou ao redor. Eu delirava, pedia por mais... Eu sabia que não mudava nada dentro de mim, mas... Inexplicavelmente aquilo era reconfortante. Era... Bom, o quão bom era! Mais uma vez aquele homem meio desconhecido proporcionava-me uma liberdade indescritível, explosiva.

Quando tudo acabou, Gabreal havia conseguido fazer passar, por fim. O choro talvez não voltasse mais aquela noite, o vazia era preenchido pela a afeição que eu nutria por aquele homem de lindos olhos negros. Eu gostava dele. Gostava da companhia, das piadas, das ironias... Engraçado, eu odiava pessoas irônicas. Odiei Justin quando o conheci pela a ironia, no entanto Gabreal havia conquistado-me justamente pela tão odiada ironia. Eu não amava Gabreal, eu amava Justin, mas eu sentia-me bem com Gabreal.

Deitada de costas para Gabreal, o senti pousar a mão direita em minha cintura envolta por lençóis. Os lábios dele alcançaram minha nuca carinhosamente antes que eu fechasse os olhos e dormisse com um sorrisinho meio escondido no rosto.

Eu não sabia naquela noite, mas aquela não seria a única vez que eu faria aquele tipo de visita a Gabreal.

Por volta das onze e meia acordei e olhei para o meu lado. Gabreal não estava lá.

- Procurando por mim? – Gabreal falou com um sorriso de canto. Ele estava encostado no arco da porta, de braços cruzados; trajando apenas um roupão preto.

- Estava. Quero me despedir e dizer que... Realmente não estou sentindo culpa nenhuma e nem me arrependo. Agora me diga que não gosta de mim como amiga... - Olhei séria para ele, tirando com as mãos o cabelo do rosto.

Para ver foto, acesse: http://www.hollow-art.com/files/bases/alona_tal_019.jpg

- Depende se você gosta de mim como amigo.

- Explique.

- Eu não costumo gostar e não ser correspondido.

- Eu não amo você. – Aquele era o fim de “aquilo” mais estranho de toda a minha vida.

- Você se superestima demais. Eu também não amo você, Kate. Falo sério.

- Então...

- Eu menti. Senti-me atraído por você naquele cruzeiro quando te vi pela a primeira vez, mas eu não te amo.

- E quando você me viu pela a primeira vez? – Quando ele lia jornal na frente da minha cabine e deixava no chão uma rosa vermelha?

- Eu não sou o mascarado, Kate Bieber. – Um sorriso um tanto quanto demoníaco brotou no rosto de Gabreal.

Estremeci e eu acho que meu coração parou de bater por um segundo. Como Gabreal sabia do mascarado?! Como ele sabia o que eu havia acabado de pensar?! O que mais ele podia saber sobre mim?! No que eu havia me metido...  


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo, fique ligado: Kate descobre quem é o mascarado, Justin confirma suas suspeitas e Pattie desconfia de coisas esquecidas na casa dos outros.



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