O Diário de Kate escrita por Yass Chan


Capítulo 17
Capítulo 14 Sinais da Distância


Notas iniciais do capítulo

Demorei d+, putz, tô me odiando por isso... Me perdoem, eu não estava inspirada.
Capítulo com fotos. Total de fotos: 3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/146527/chapter/17

- Eu mato você, Dayse Summer!

- Kate, por favor, tenha compaixão! Eu não resisti! Você sabe que tudo o que acontece eu posto no twitter.

- Dayse, nós temos planos de anunciar pro mundo inteiro que eu e Justin casamos, mas, por Deus não dessa forma e não agora! Iríamos marcar uma coletiva de imprensa, um...

- Meninas, arrumem as malas. Amanhã de manhã voltamos para Atlanta. Resolvi antecipar a viagem. – Disse Justin ao entrar no quarto, interrompendo-me.

- Kate, porque mesmo você quis voltar tão rápido da lua-de-mel? – Perguntou Dayse, roendo uma unha.

- Ah Dayse vai arrumar as tuas coisas, vai! Justin, você não imagina o que a Dayse fez...

- Postou fotos do casamento no twitter? Já estou sabendo. As fãs não estão felizes, mas eu vou dar um jeito assim que eu voltar para Atlanta. Vou presenteá-las com um CD logo, logo.

- Sério?

- Sim, é por isso que vamos voltar amanhã. Recebi uma ligação da Leah e ela disse que preciso voltar logo para Atlanta para resolver algumas pendências quanto à minha volta a Universal e também porque ela é minha nova empresária e precisa conversar comigo.

Quando Justin saiu do quarto, Dayse e eu arrumamos nossas coisas e esperamos o momento de voltar para casa.

Na manhã seguinte, por volta das dez da manhã, estávamos dentro da van, rumo a Atlanta.

Justin e eu estávamos lado a lado, aproveitando que Dayse estava na companhia de Ryan, começamos uma conversa:

- Kate, agora que estamos casados, eu andei pensando e... Bem, você vai continuar morando no flet sozinha? Mamãe e eu moramos sozinhos naquela casa enorme e eu adoraria que você se mudasse para lá conosco. Afinal, estamos juntos não?

- Sim, Justin, estamos. Eu adoraria morar com você. – Sorri sem jeito. Ainda assim eu achava um passo muito grande para Justin. Ele era apenas um jovem de dezessete anos e já iríamos morar juntos.

- Então vamos direto para minha casa!

- Não, ainda não. Eu preciso voltar ao flet, arrumar minhas coisas e providenciar passá-lo em frente. Preciso me desfazer do flet. Quando o meu carro chegar, vou morar com você.

Justin abraçou-me protetoramente e beijou-me o alto da cabeça. Coloquei as pontas dos dedos na cintura dele, puxando-o para mim. Eu precisava daquele abraço todos os dias, precisava dele todos os dias na minha vida e principalmente naquele momento. Eu queria esquecer o mascarado e a tentativa dele de me beijar. A verdade é que eu estava com medo de ficar só e o mascarado voltar e tentar de novo. E o pior é... Eu estava com medo de ceder a ele, pois aquele desconhecido o qual eu nem conhecia o rosto, de alguma forma, prendia-me e seduzia-me.

 Estava difícil convencer a mim mesma de que deveria ignorar algo que já começava a parecer irresistível.

- No que você está pensando? Está tão quieta. – Perguntou Justin.

- Nada, só estou com um pouco de sono.

- Mentirosa. O que há de errado?

- Você é bom nisso. – Respondi.

- Sou muito bom. – Justin sorriu.

- Estou assustada, Justin. Não quero ficar sozinha de novo com o risco do mascarado reaparecer.

- Quer chamar a polícia?

- Claro que não. Nem sei quem ele é, a polícia não vai acreditar. Quando a polícia entrar na história, ele já vai estar longe.

- Hum, talvez ele não seja o cara mau... Talvez tarado, mas não tão mau. Quem sabe é apenas uma brincadeira de alguém apaixonado por você?

- Justin!

- É sério, porque não?

- Inicialmente você parecia morrer de ciúmes, mas agora ignora até mesmo o fato de ele ter tentado me beijar!

- Acho que eu amadureci. Não posso nada contra ele porque nem mesmo o vi, mas se ele fosse tão mau, Kate, ele não teria tentado, ele teria consigo nem que fosse a força, não acha? Não podemos fazer nada quanto a isso, apenas que você não fique mais sozinha e ponto.

- Você deveria estar mais preocupado. Se eu estivesse em seu lugar, estaria bem mais preocupado com minha esposa do que agora você está comigo.

- Acredite, ele não vai fazer mal a você. Na verdade, ele só fará o que você quiser.

Paralisei. De duas a uma... Ou Justin havia enlouquecido ou ele era o mascarado! Não era típico de Justin não sentir ciúmes, ainda mais naquela situação. Mas o olhar... O olhar de Justin era belíssimo, eu poderia me perder naquele olhar e sentir-me segura, porém, o mascarado tinha os olhos negros e penetrantes, como a noite mais escura e sombria de todas. Naquele olhar me perdia, mas me sentia em perigo, como se caso eu me aprofundasse nos olhos dele, eu cairia eu um profundo poço e teria um fim lá dentro.

- Acho que podemos esquecer esse assunto, querida. – Justin olhou para mim. – Há coisas melhores para fazermos.

Justin segurou meu rosto e beijou-me. Afastou meu cabelo para beijar minha clavícula e ficou lá por um momento, até que se pronunciou baixo, em um sussurro:

- Jure que vai me amar para sempre, Kate. Eu amarei você para sempre, mas preciso saber que nunca vai me deixar sozinho. Preciso de você para viver, para respirar... Você é tudo para mim.

- Eu juro. Eu vou amar você para sempre, Justin. Para sempre.

O abracei forte. Queria ter o toque dele em mim a todo o momento, a todo instante. A cada dia senti-lo, a cada dia amá-lo e ser amada por ele.

Ao chegarmos em Atlanta, Justin deixou-me no flet com Dayse, que disse que ficaria comigo até minha mudança para a casa de Justin. O resto seguiu em frente na van.

- Quer minha opinião, Kate?

- Não, Dayse. Obrigada, mas não. Você não tem acertado muito.

- Por causa da parada do twitter? Ah fofa, esquece! Eu queria falar sobre a sua mudança para a casa de Justin. Sabe, eu acho uma boa, na verdade, uma ótima. Vocês se casaram, pode não valer no civil e nem no religioso, mas enfim. No coraçãozinho de vocês está valendo, não é? Então, apoio super você ir morar com ele. Só estou me perguntando até agora porque você não foi direto para a casa dele...

- Porque ao contrário de você, eu não me enfurno na casa dos outros sem levar nada! Voltei para o flet para ajeitar os últimos detalhes pendentes para a mudança.     

- Kate Clarckson, você está insinuando que eu sou folgada e vim para sua casa sem trazer nada?

- Insinuando não, estou afirmando com todas as letras que você se enfurnou na minha casa sem trazer nada, inclusive só veio com sua roupa do corpo e eu é que vou ter que lhe emprestar roupas.

- É, eu estou fazendo exatamente isso. Mas quer saber? Graças a Deus que estou com a consciência tranquilíssima! Tem alguma coisa para comer aí?

- Não, se eu deixasse comida aqui corria o risco de estragar. Tive uma idéia! Que tal jantarmos fora, hum? Como nos velhos tempos, só amigas! O que acha?

- Perfeito! Que tal ligarmos para o resto das meninas? As que tiverem livres é claro.

- Ótimo. Liga aí que eu vou ajeitar umas coisinhas lá no quarto tá?

Subi ao quarto e despi-me. Abri o chuveiro na água gelada e tomei um banho bem relaxante e frio. Quando acabei de me arrumar, desci novamente e vi Dayse sentada no sofá. A expressão preocupada de minha amiga demonstrava que ela não estava em seu estado de alegria normal:

- Que carinha é essa Dayse?

- Você vai ficar chateada comigo que eu sei.

- A menos que você tenha entrado no banheiro, tirado fotos de mim tomando banho e postado no twitter, não, eu não vou ficar chateada.

- É que... Bem... Err...

- Fala Dayse, desembucha!

- Ryan acabou de me ligar e me convidou para jantar fora. Eu não queria recusar, mas já vamos juntas e...

- Nada de vamos juntas. Vai Dayse, pelo o amor de Deus, vai! Minha amiga, você não percebeu que o Ryan está de quatro por você? Janta com ele e agarra esse partido.

- Mas ele é mais novo!

- Grande novidade, o Justin também é mais novo que eu e mesmo assim nos completamos! Fala sério, Dayse, você não está ligando para isso e desde a viagem que vocês estão caidinhos um pelo o outro. Retorna a ligação para ele agora mesmo e diz que aceita o convite!

- E você? Vai ficar bem sozinha aqui?

- Eu já estive sozinha aqui várias outras vezes. Não se preocupe.

- E o mascarado?

- Se ele aparecer, terei uma conversa bem séria com ele.

- E...

- Nem mais um “e”! Suba agora e se vista! Faça o Ryan babar, lindona!

Dayse me deu um sorriso cúmplice e subiu ao quarto. Sentei no sofá da salinha e liguei a TV, esperando ansiosamente por Dayse descer muito bem produzida e arrasando.

Depois de exatos vinte minutos contados no relógio, Dayse desceu vestida com uma calça jeans skinny, regata rosa bebê e uma sapatilha da mesma cor da regata. Ela também sustentava no ombro uma bolsa preta. Os cabelos negros soltos e a franja caindo sobre os olhos fecharam o look e deixaram Dayse mais bela do que já era.

- E aí? O que achou? – Perguntou Dayse dando uma “voltinha”.

- Está mais linda do que já era, mas, tem uma coisa estranha. Cadê a maquiagem? Certa vez você me disse que não vive sem ela...

- Ah, é que me lembrei que Ryan disse que eu ficava melhor sem maquiagem. Eu tentei contestar, disse que o gloss, por exemplo, mantinha meus lábios longe do ressecamento, mas ele disse que há outras coisas além do gloss que não deixam os lábios ficarem ressecados como o beijo.

- Uma indireta que interpretada é assim: ele está louco para te beijar!

- Bem, - Dayse corou. – Eu acho que também quero beijá-lo.

- Então corre, garota. Agarre seu amor!

Quando Dayse saiu, subi novamente ao quarto e comecei a procurar telefones na agenda. A verdade é que eu procurava o telefone do dono do flet. Queria dizer a ele que pretendia devolver o flet a ele, pois eu iria me mudar.

Assim que achei o telefone, disquei os números no celular e esperei chamar. Uma voz masculina áspera apareceu no outro lado da linha:

- Senhor Aneil? Boa noite, quem fala é Kate Clarckson e eu queria tratar sobre o flet que eu aluguei.

- Boa noite, senhorita Clarckson. – A voz do homem era áspera, apesar de muito educado, parecia um homem de poucas palavras. – Algum problema com o flet?

- Não, não. Está tudo ótimo com ele, é que eu vou me mudar e gostaria de devolver o flet ao senhor.

- Ah, tudo bem. Quando gostaria de tratar sobre isso?

- Ainda hoje estaria bom para o senhor?

- Ok, ainda é cedo... Às oito passo aí no flet, ok?

- Ok.

Bem, só uma conversa com o senhor Aneil e quem sabe no dia seguinte eu poderia ir ao cartório para tratar dos papéis que assinei ao alugar o flet. Talvez até o fim de semana estaria resolvido... Não, já era quinta-feira e até o final de semana talvez não estivesse tão adiantado assim. Mas mesmo assim comecei a arrumar minhas coisas para a mudança. Eu não tinha muita coisa, os móveis eram do flet (pois o aluguei mobilhado) e minhas coisas se resumiam às minhas roupas e alguns outros acessórios.

Por volta das oito e meia bateram à porta. Eu já havia percebido há muito que o senhor Aneil não era de cumprir horários.

Depois de conversarmos e ele deixar o flet, fui para cama. Comecei a me programar para o dia seguinte. De manhã iria ao cartório tratar dos papéis e o resto do dia seria tedioso: sozinha, no flet, sozinha, no flet, sozinha... Realmente eu não conseguia ser solitária. Eu precisava viver cercada por muita gente, ou apenas uma a quem eu amasse... Apenas Justin, apenas ele já me deixava feliz e completa.

Perdida e deliciada ao pensar na vida a dois com Justin, adormeci.

De manhã fui ao cartório e tudo deu certo quanto ao aluguel do flet. Foi-me garantido que no máximo quarta-feira tudo estaria resolvido e eu poderia sair e fazer a mudança.

Em minha cabeça planejei ir para a casa de Justin ainda na quarta e esperar para ir buscar o carro lá.

Ao voltar, encontrei Dayse estirada no sofá comendo uma fatia de melância e assistindo a um filme. Havia até me esquecido de que ela passaria uns dias comigo, mas no fim das contas, era bom. Pelo menos eu teria companhia.

- E aí, Dayse? Como foi o encontro? – Perguntei, sentando-me no canto do sofá ao lado dela.

- Bem, ele não me beijou, mas conversamos muito e acho que... Estou apaixonada! Não é o máximo?

- E quando vai ser o casamento?

- Nunca. – Dayse desmanchou a cara de felicidade. – Você sabe que não quero me casar jamais.

- Desculpa, esquece. Também tenho novidades. Hoje fui ao cartório e parece que poderei ir embora daqui na quarta-feira. Não é o máximo? – Falei, imitando Dayse.

- Sério? Então você poderá ir morar com Justin na quarta?

- YES! Adeus solidão! – Abri um enorme sorriso.

Dayse pegou o controle e mudou de canal. No canal em que ela parou, falavam sobre um filme e o próximo assunto voltou-se para Justin Bieber e as fotos do casamento dele em uma ilha deserta. A apresentadora do programa de fofocas fez um comentário:

- Eu achei uma decisão precipitada dos dois, principalmente dele. Como um casamento vai resistir sem amor? Sim, porque eu não acredito que eles se amem. Primeiro: ele é um garoto e nessa idade só pode estar atrás de diversão. Segundo: eu esperava bem mais da Kate Clarckson. Uma mulher tão bela, madura, mais velha que ele, se interessar por Justin Bieber enquanto ela tinha o tão poderoso Derick Mars nas mãos? Sem dúvida, Kate não ama Justin. Se amasse seria prudente o bastante para não selar um matrimônio com ele e esperaria ao menos ele alcançar a maior idade. Os dois querem diversão e eu não duvido que daqui há três meses ouviremos que eles se separaram.

Dayse desligou a televisão.

- Ah, mas o que ela está pensando que é? Ela por acaso sabe o que se passa entre vocês? Ela nem os conhece pessoalmente! – Dayse andava de um lado para o outro, balançando os braços sobre a cabeça e falando como uma matraca velha.

Eu quase não ouvia a voz de Dayse. Era como se a apresentadora ainda falasse em minha cabeça e a cada vez que ela acrescentava uma palavra, as coisas ao meu redor ficavam mais distantes, assim como a voz de Dayse que já sumia completamente.

Diversão? Eu não queria diversão com Justin, eu o amava. Como uma mulher que nem ao menos nos conhecia podia falar tão mal assim de nós? Como podia ser tão cruel afirmando que o nosso casamento acabaria tão rápido?

Achei que houvessem apunhalado uma faca em meu ouvido direito, mas percebi que era Dayse que havia acabado de gritar e me despertado do transe:

- Kate, não se preocupe. Essa idiota aí vai quebrar a cara! Vocês não vão se separar, afinal, o casamento de vocês não vale no civil e nem no religioso, lembra? Kate?

Dayse abraçou-me ao ver que eu chorava baixinho.

- Não fica assim, querida. Não se importe com que os outros falam. O que vale é o que está aqui, ó – Dayse pôs a mão em meu peito, no local do coração. – No seu coração.

- Acho que eu não me tranqüilizaria aqui sozinha. Obrigada por estar aqui, amiga.

- Disponha. Que tal ligar para o Justin? Aposto que ele também tem algo confortante para falar a você.

Assenti com a cabeça e peguei o celular. Quando Justin atendeu, meu coração deu um pulo de alegria ao ouvir sua voz:

- Onde você está? – Perguntei a Justin, calmamente.

- Estou aqui na Universal. Leah me chamou pois já vamos começar a tratar do novo CD. Ela é minha nova empresária, Kate. É bom ter uma empresária amiga, não acha? Estou super feliz!

- Claro, é maravilhoso. Você está muito ocupado? É que eu queria conversar um pouco com você. Acabei de ver na TV um programa que comentou sobre nosso casamento e a apresentadora criticou e disse coisas horríveis. Disse que só queríamos diversão, que vamos nos separar e...

- Kate, estou meio ocupado aqui. Posso ligar para você depois?

- Mas...

- Obrigado por compreender. À noite nos falamos, ok? Desculpa, amor, mas eu preciso mesmo trabalhar. Beijos.

Justin desligou. Ele nem esperou eu me despedir, sequer prestou atenção no que eu falei.

Senti-me mais sozinha ainda. Se Justin não me apoiava e não me escutava, quem estaria ao meu lado? Confiava nele mais do que em mim mesma e simplesmente estava sendo negligenciada por causa de seu novo CD. Aquilo era inaceitável.

- O que ele falou? – Perguntou Dayse. 

- Nada. Ele praticamente desligou o celular na minha cara.

- O Justin? Tem certeza? - Dayse fez cara de dúvida.

Para ver foto, acesse:http://i456.photobucket.com/albums/qq290/eumaquio/makekaty4tc3.jpg

- É claro que tenho. Ele nem prestou atenção no que falei, disse que estava ocupado demais trabalhando no novo CD e estava muito mais empolgado com Leah, a nova empresária, do que com meu telefonema.

- Isso não faz o tipo de Justin.

- Eu também pensei que ele não fosse assim, mas me enganei. – Baixei o olhar, triste.

- Ah bebê, hoje é sexta-feira, não fica assim não. Ele devia estar com algum problema, depois vocês se resolvem. E já que hoje é sexta-feira, que tal almoçarmos fora? Na casa de alguém ou em um restaurante?

- Mas...

- Vamos, distrairá você.

- Tudo bem.

- Me dá só um minutinho para eu trocar de roupa, ok?

- Ok.

Olhei para a televisão desligada. De pensar que daquele aparelho uma mulher desconhecida havia praticamente definido meu destino, tive vontade de chorar. Eu estaria bem melhor se Justin houvesse me dito palavras confortantes e carinhosas. Estaria melhor se ouvisse dele apenas três palavrinhas: “eu amo você”. Isso era o bastante, mas ele não o fez. Em vez disso, ele contou sua alegria e não prestou atenção em minha tristeza. Mas o que piorava a situação era o fato de eu começar a pensar que talvez isso não mudasse com o passar do tempo. Na verdade, eu começava a pensar que pioraria e que Justin me negligenciaria cada vez mais. A cada novo CD, a distância entre ele e eu aumentaria. A cada novo clipe, ele estaria ainda mais envolvido no meio artístico, enquanto eu estaria nos bastidores aplaudindo seus sucessos, e meu coração estaria parando mais e mais, enquanto eu o via ir para longe de mim, levando minha vida consigo, já que sem ele eu tinha certeza de que morreria.

- Estou pronta. Vamos? – Dayse pronunciou-se, tirando-me de meus pensamentos.

- Vamos. – Sorri, mas era um sorriso triste.  

- Esqueci de pensar nisso. Aonde vamos?

- Bem, já ouviu falar do Eugene? Dizem que é um bom restaurante. Eu sempre quis ir lá, mas ainda não tive a oportunidade.

- Ótimo, vamos ao Restaurant Eugene, então.

Dayse saiu na frente, puxando-me pela mão. Resolvemos que passar na casa dela e pegar o seu carro era mais interessante do que ficarmos zanzando por aí de metrô ou ônibus.

Dayse apertou o seu Fiat Panda na cor vermelha

Para ver foto, acesse: http://www.invitationtotuscany.com/wp-content/uploads/2009/09/panda.jpg

em uma pequena vaga, tendo aos lados carros de grande porte.

- Dayse, tem certeza de que vai conseguir tirar o Panda daqui? Está bem apertado.

- Hum – Dayse deu de ombros. – Ele entrou, vai ter que sair.

- E como nós vamos sair? A porta não abre.

- Abra a janela e saia por ela. É o que vou fazer.

Observei Dayse baixar a janela do seu lado e sair com dificuldade de dentro do carro.

- Você não vai sair? – Perguntou Dayse.

- Vou tentar...

- Ah, você é loira, mas não é burra! Eu consegui, você também vai!

Baixei a janela e olhei o pequeno espaço ao meu lado. Será que eu conseguiria mesmo passar ali? Bem, tentei. Espremi-me o quanto pude e finalmente sai do “aperto”.

Dayse fechou o carro na trava elétrica e entramos no Restaurant Eugene.

Eu gostei do que vi. Era um restaurante espaçoso, belo e confortável.

- Boa escolha, Kate. É um lindo restaurante. – Disse Dayse sentando em uma cadeira.

- Eu nem o conhecia, mas o adorei. – Puxei uma cadeira para mim também. – Hum, um cardápio bem variado... O que eu peço? Dayse, o que eu peço? – Dayse parecia inerte. – Dayse, tudo bem?

- Como algo poderia estar bem? Acabei de enxergar a peste da escola que tirava sarro comigo!

- Quem?

- Leah Simon, a filhinha de Cody Simon, o grande empresário musical. Linda, loira, alta, magra... E um monte de outras coisas!

Para ver foto, acesse:  http://www.topgyn.com.br/home/thumbnail.php?file=barbara_paz_200_506111330.jpg&size=article_medium

– Dayse falou com desdenho. – Essa garota era metida demais nos meus anos de ensino fundamental. Vivia aprontando para o meu lado pelo o fato de eu ter sido ”gordinha”. Popular, rica e enjoada. Para mim Leah Simon sempre será intragável.

- Leah Simon? É a empresária de Justin! – Falei olhando discretamente para trás.

- Porque você não me disse antes?

- Já falamos de Leah perto de você umas quinhentas vezes, você que nunca se deu conta de que é a mesma.

- Eu não sabia que ela era empresária, muito menos a empresária de Justin. Hey, ele não estava muito ocupado? Quem está muito ocupado não se desloca de tão longe para vir almoçar na companhia de amigos...

- Estou começando a concordar com você. O que diabos Justin está fazendo aqui com a Leah?

- Não sei, só sei que ela é repugnante e vou repimpar-me de comida só para não me estressar com ela! – Exclamou Dayse, acenando para o garçom em seguida.

- Dayse, controle-se! Faz anos que o ensino fundamental chegou ao fim, duvido muito que Leah não tenha mudado nada desde lá.

- Se houvesse realmente mudado, não estaria mantendo aprisionado o seu marido a ela o dia inteiro. – Disse Dayse apontando discretamente para a mesa onde estava Justin e Leah. – Em quanto tempo você me traz um hambúrguer cheio de ketchup e mostarda? – Perguntou Dayse para o garçom que fez uma expressão interrogativa.

- Dayse, eles não servem isso aqui. – Cutuquei-a. – Traga, por favor, duas porções de ostras à Rockefeller.

O garçom assentiu positivamente anotando os pedidos e saiu.

Eu não conseguia tirar os olhos de Leah e Justin nem por um segundo. Eles não pareciam estar trabalhando ou algo do tipo. Na verdade, riam bastante e aquilo estava parecendo divertido demais para um compromisso de trabalho.

- Ostras à rockefeller? Kate, você sabe que tenho alergia a ostras! Você quer me matar? Quer me matar? – Dayse balançava os braços para cima alucinadamente, talvez estivesse mais estressada pelo o fato de Leah estar ali do que por eu ter pedido ostras. – Kate!

- Cala a boca, abaixa os braços, eles vão nos notar!

- Mas você pediu ostras! – Sussurrou Dayse.

- Eu nem me dei conta, pode deixar que eu as como!

- E eu vou comer o que?

- Dayse, você não está com fome.

- Claro que estou! Se vim almoçar é porque estou!

- Primeiro eu preciso saber por que Justin está aqui com Leah.

- Antes eu morro de fome...

- Chame o garçom e peça o que quiser, Dayse.

- Ah, me dá uma sugestão!

- Eu estou à beira de um colapso nervoso e se você dirigir a palavra a mim mais uma vez, eu juro que enfarto aqui no meio do restaurante. Saiba que antes eu mato você. – Tentei parecer calma, mas já estava ficando furiosa.      

- Já é a segunda ameaça de morte que recebo de você em apenas uma semana, querida Kate.

- Querida Dayse, antes do início da próxima semana eu cumpro a minha ameaça, ok? – Lancei-a um olhar mortal.

Olhei para trás mais uma vez e meu olhar encontrou o de Justin. Ele havia percebido minha presença, afinal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo, fique ligado: uma conversa séria, dói ser deixada de lado e Kate começa a ter desconfianças.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Diário de Kate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.