Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 93
Cap. 93: Campos esparsos.




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Fazia duas semanas que eu estava em casa. Em minha casa tão distante de Peter. O aperto em meu coração era tão grande, que eu nem mesmo falava. Eu ficava o dia todo olhando para o dia tão bonito e primaveril lá fora, sem tomar coragem de ir contemplá-lo sabendo que meu Peter estava lá, naquela cama, tão longe de mim, fisicamente e espiritualmente. E eu sentia que era egoísta com a minha criança. Eu era uma futura mãe melancólica.

--- Charllottie, eu vou buscar algo para você comer. –Minha mãe me olhava com um rosto terno e soturno.

--- Por favor, mãe. –Eu supliquei. –Eu não tenho fome.

--- Por favor, devo eu falar. –Minha mãe replicava. –Você quer morrer? –Ela perguntou, em tom baixo. –Você quer matar uma pessoa? Uma pessoa do seu sangue? –Ela disse, ainda em tom rigoroso e baixo.

--- Eu... não quero mais nada. –Eu disse. –Só ficar aqui, encolhida e calada. Você pode me deixar assim? –Eu disse, secamente.

--- Ah... –Ela suspirou. –Charllottie... você não é mais uma criança. –Não a deixei continuar.

--- É, por isso você deveria conhecer-me. É a minha mãe, e me conhece desde os tempos remotos de quando eu nasci. E, já que não sou mais criança, sei o que fazer de minha vida. Então, quer me deixar aqui, em minha insignificância? –Eu disse, sem tirar os olhos da janela que esbanjava um sol em meu rosto escondido a tanto tempo.

--- Tudo bem que você morra. Sabe, você tem me irritado muito. Mas, pense, você irá para o inferno por homicídio! –E com isso, minha mãe se retirou.

--- Que medo... –Eu respondi, em murmúrio. Se alguém que me conhecesse tivesse ouvido, acharia que fora mais um sarcasmo. Mas, de verdade eu estava falando isso. Eu estava com medo. Mas não era de ir para o inferno e sim de ir sem Peter.

  De repente, senti algo se mexer em minha barriga. Acho que era a fome... Ou era a minha criança, tão abandonada pelo pai e pela mãe. O pai, traído pelo destino. A mãe, desnaturada. 

--- Não se preocupe. Quando eu estiver pior. Quando eu estiver a um passo da morte física, eu não me deixaria morrer. Por você. Mas por mim, me iria agora. É melhor do que sentir o que sinto. –Eu tive vontade de sorrir, mas a tristeza me apagou o sorriso da cara. 

  A noite já estava caindo, e seria mais uma. Mais uma noite em que eu demoraria a dormir.

--- Pare com isso. –Eu disse para mim mesma. Acho que, outra vez, eu estava perdendo o juízo.

--- Mãe! –Eu gritei.

--- O que houve? –Ela veio correndo. –O que aconteceu?

--- Mãe, me abrace. –Eu disse, olhando- a com um rosto angustiado.

--- Claro, querida. –Ela disse, correndo até mim.

  As lágrimas e soluços caiam sobre as minhas faces congeladas na tristeza. 

--- Você... –Eu soluçava. –Acha que o Peter vai morrer? –Eu perguntei, ainda em soluços.

--- Me... desculpe, filha. Eu não sei. Eu... acredito. –Ela disse, em bom tom.

--- Se ele morrer, mãe... –Eu soluçava e levantava meus olhos para o alto, numa expressão de angustia terrível. Eu queria gritar. –Eu... sinto muito. Eu não durarei muito. –Eu disse, por fim calando minha boca.

--- Mãe... –Eu falei, parando um pouco de chorar. –Por favor, traga algo para eu comer... eu... estou vendo luzes... –Eu estava vendo luzes em minha mente.

--- Tudo bem, eu vou rápido. –Minha mãe correu e voltou rápido.

--- Obrigada. –Eu disse, vendo que era macarrão com queijo.

  O meu preferido. Talvez ela já tivesse feito antes que eu pedisse. Uma hora eu ia sentir fome. Na verdade, eu sentia fome, mas a angústia não me permitia comer. Eu ficava com ânsia de vômito facilmente. A criança não ajudava muito...

--- Lottie, você está comendo quase tudo. Isso é bom. Fazia dois dias que você só havia comido frutas. –Minha mãe estava feliz.

--- Não espero que isso fique por muito tempo dentro de minha barriga... –Eu disse, quase a sorrir com aquela hipótese.

--- Filha, não se preocupe, Peter vai fic -Interrompi-a.

--- Mãe, por favor, não faça isso. Não me dê falsas esperanças. Já fazem... –Eu colocava comida em minha boca, mastigando vagarosamente e melancolicamente. –quase dois meses...

--- Sinto muito. –Ela murmurou.

--- É, então, vamos esperar para ver o que se sucederá. –Eu disse, acabando com todo o meu precioso e nojento macarrão com queijo.

--- Eu vou embora. –Minha mãe disse, sorrindo. Ela estava feliz em me ver comer tudo. –Ou... você quer que eu durma com você? –Ela perguntou, achando-me melancólica.

--- Eu já tenho com quem dormir esta noite, mãe. –Eu sorri, olhando para a minha barriga.

--- Hum... –Ela disse, felizmente. –Então, até amanhã.

--- Até. –Eu disse, deixando-a ir e fitando a janela com pesar.


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