Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 91
Cap. 91: Uma criança? Voltando para casa.


Notas iniciais do capítulo

Isso mesmo, um petezinho... Agora o Peter já pode morrer... KKKKKKKKK /brinks Eu sou má...



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--- Sam... –Eu não conseguia coordenar meus pensamentos. Eram aleatórios e ilógicos. –Por favor... por favor! Não me diga que terei uma criança. –Supliquei.

--- Sim! –Sam disse, com o maior entusiasmo do mundo estampado em seu rosto.

--- Sam! –Eu quase gritaria, se não estivesse sufocada. –Eu sou a pior pessoa, em pior estado do mundo para ter uma criança. –Eu disse.

--- Não! Lottie. Como assim? –Ela perguntou, não entendendo o meu ponto de vista.

--- Sam... Peter o pai dela não está aqui, e pode não estar, facilmente daqui a alguns tempos. –Eu disse, ainda atônita demais para conseguir expressar o quanto aquilo era ruim. Não a criança, mas o destino dela. –Eu... bom, digamos que se tivesse um concurso para ver a pior mãe, eu ganharia. Não sei muito sobre bebês. E... um assassino está por ai, e ele adora brincar com as minhas emoções. –Eu disse, cogitando a possibilidade de isso me fazer perdê-la. –Isso seria perfeito, Sam. –Uma luz veio a minha cabeça. –Seria a dor mais intrínseca e corrosiva que ele poderia me causar. O fim de meu filho. 

--- Espera ai, Lottie! Não estou entendendo NADA! –Sam quase gritou. –Você disse que isso é ruim, mas que a sua maior dor seria se te tomassem essa criança... –Não a deixei continuar.

--- Sam, não estou dizendo que odeio esta criança, só estou dizendo, que ela será, agora, o meu motivo de mais felicidade e de preocupação e tristeza, ao mesmo tempo. Entende? –Perguntei.

--- Sim. –Ela disse.

  De repente, comecei a chorar sem perceber.

--- Lottie! –Sam saltou para perto de mim.

--- Sam... eu... não tenho chorado. –Eu falei, entre soluços. –Mas... não consig - Desatei a chorar.

  Não fazia barulho só eram soluços e lágrimas. De alegria momentânea e de profunda tristeza por tudo aquilo. Meu Deus! Acho que, nenhuma pessoa no mundo teria tantas desventuras uma atrás da outra. Paz, era um palavra que eu parecia não conhecer. Desde que conheci Peter, minha vida estava mesmo mal aventurada. Hospitais? Eram a minha nova casa. Igrejas? Somente no nosso casamento... e ainda era um templo grego... nessa parte, até de me deu vontade de rir. Ri por um momento.

--- Lottie... acho que você não está bem da cabeça. –Sam sorria e me abraçava. O abraço dela era bom. Parecia que as coisas se ajeitavam, apenas pelo otimismo dela. –Calminha, eu estou aqui. Eu nunca vou deixar você. –Ela disse.

--- Oh, meu Deus! –Eu disse, sorrindo. Eu sempre sorria amargamente quando estava em situações difíceis. –Por que me abandonastes? –Balbuciei.

--- Lottie... –Sam balbuciou. –Não importa. –Ela disse baixinho. –Não importa o que esteja acontecendo. Sempre estarei aqui com você. Pelo menos eu. –Ela disse, novamente –Sua mãe também está aqui.

--- Que droga! –Eu disse alto e me parei.

--- O que aconteceu de pior? –Sam perguntou, atônita.

--- Sam... o hospital da organização já está com os dados de que estou grávida... não queria que ele ficasse sabendo, mas ele está aqui, e, estando aqui, ele saberá que estou esperando um filho. –Eu disse, colocando a mão na cabeça e franzindo as sobrancelhas.

--- Lottie... –Sam balbuciou. –É verdade.

--- Droga! Droga! –Eu estava falando baixo, mas com uma indignação gigantesca.

--- E... a sua mãe? –Ela perguntou.

--- Vamos, deixe-a entrar logo.

  Sam abriu a porta e lá estavam Joe, Bridget e minha mãe, Aghata.

--- Oh! Lottie! –Minha mãe correu e me abraçou.

--- Mãe... está me matando. –Eu disse, sufocada.

--- Olá, Lottie. –Bridget disse, discretamente. –Desculpe por não ter vindo logo –Ela falou, em mesmo tom baixo.

  Bridget tinha voltado para a Escócia por escolha própria, com a minha mãe, depois que eu havia me casado. Mas Joe quis ficar na organização.

--- Não se preocupe com isso agora. –Eu disse.

--- Lottie e os hospitais... –Joe balbuciou. –amigos próximos.

  Minha mãe olhou-me atônita. Ela parecia querer dizer algo, mas não estava conseguindo naquele momento.

--- Fale logo, Aghata. –Sam disse.

--- É, mãe, fale logo qual o meu próximo problema. –Eu disse, sendo sarcástica.

--- Lottie, terá que voltar para a Escócia. –Minha mãe disse, devagar. Minha calma não se esvaiu como eu pensava que ia acontecer após meu cérebro ter absorvido a notícia por inteiro.

--- Não, não terei. –Eu disse, devagar e desafiadoramente.

--- Lottie, você tem que ir. –Sam disse.

--- Por quê? –Eu perguntei. –Por quê seria necessário? –Eu indaguei, novamente desafiando-as a me convencer. Como uma adulta dona de todas as suas palavras, decisões e escolhas. –Se me convencerem, quem sabe poderei aceitar.

--- Não estou brincando, Lottie. –Minha mãe disse, em tom bravo e solene. –Será melhor. Estará longe daqui, onde só lhe tem acontecido coisas ruins.

--- Peter é uma coisa ruim? –Perguntei.

--- Se olhar por um lado, é. –Minha mãe falava como minha mãe, verdadeiramente. Ela sempre brincava e era uma mãe diferente, mas quando falava sério, fazia eu me sentir uma criança indefesa. –Desde que está aqui, tem passado por maus bocados. Aliás, desde que o conheceu. Não estou dizendo que ele é o motivo, mas que estar com ele é o motivo. Não percebe, Lottie? Filha, por favor, volte. –Minha mãe suplicava, na última frase.

--- Estou esperando os motivos. –Eu disse, fechando a cara.

--- Lottie, não seja idiota! –Joe gritou. –Por que você sempre sacrifica a todos? –Ele perguntou.

--- Por que seria menos perigoso na Escócia? –Respondi com uma nova pergunta.

  Ninguém me faria ficar longe dele.

--- Lottie, já chega! –Minha mãe gritou. –Pense em seu filho! Peter não vai acordar. Já faz um mês e três dias! –Ela gritou novamente. –O que pensa que será de você e de seu filho, continuando aqui? Acha que todos eles irão te proteger? Peter era o único que, verdadeiramente se importava com você! –Ela disse.

--- Sim, no começo era. Mas agora, Teddy, Norma, Chris e Jolie se importam com o que me acontece. –Eu disse, sem mudar o tom arrogante e rigoroso.

--- Sim, tudo bem, Lottie. Eu sei que não estive aqui e, que não tenho estado presente em sua vida, mas, reconheça, as chances de Peter ficar bem são mínimas. Sem mim, Sam, Joe e Bridget, que somos feitos para te fazer ficar intacta, aqui, você não estará bem. Nós precisamos voltar. Sam precisa ir à universidade. E todos nós temos nossas vidas na Escócia. –Minha mãe estava com as duas mãos na cabeça, preocupada.

--- Ainda não me convenceu. 

  Apesar de estar me fazendo de difícil, tudo que ela estava falando era verdade, e eu não podia negar, mas aquilo ainda era aceitável para mim, se fosse para não deixar Peter sozinho. Ou melhor, não me deixar sozinha sem ele. Sem mim por perto, desligariam suas fontes de vida e, mesmo que eu não tivesse esperanças, o que era certo, eu não queria deixá-lo ir. Queria pelo menos passar um tempo com ele. Isso faria bem a mim como faria a qualquer outro humano. Eu odiava ter que suportar as minhas humanidades, mas não podia querer algo impossível, que era rejeitá-las e fingir que elas não existiam.

--- Lott- Minha mãe foi interrompida por Sam. 

--- Saia, Agh. Por favor. –Sam estava muito séria.

--- Sam, não pod –Sam a interrompeu novamente.

--- Se sair, prometo que a farei ir. Mas não pergunte nada. –Sam disse.

--- Tudo bem. –Minha mãe odiava que escondêssemos coisas dela. Mas, ela não era idiota. Sabia que haviam muitas coisas que eu não havia lhe falado e, resolveu aceitar, afinal, ela era minha mãe, faria qualquer coisa por mim.

  Eles saíram e Sam andou até mim de cabeça um pouco baixa e com um rosto triste e sério. Ela se aproximou de mim, lentamente e suspirou. Seus olhos grandes levantaram-se, suas sobrancelhas ruivas se contraiam e, num tom grave, ela começou a falar.

--- Lottie... – Ela segurou minha mão, enquanto meu rosto estava virado para a janela. 

  Era tarde e a janela se embaçava pelo ar frio que rodeava a noite.

--- Você quer mesmo pensar em seu filho de agora em diante, não é? –Sam disse, pausadamente. –Não imagino uma mãe se quer neste mundo, que não esteja preocupada com o destino de seus filhos. Não quero que se sinta triste e quero que seja muito feliz. Sinceramente, acredito que Pete ficará bem. –Ela sorriu, sem querer. –Você sabe como sou... sou otimista demais. –Ela parou de sorrir. –Bom... irei unir duas coisas que você conhece e ama. Bom, o destino de duas pessoas. –Ela continuou. –Peter, e esse bebê inocente que você carrega. –Você quer mesmo, que esta criança cresça como o Peter? Quer mesmo que ele fique aqui, neste ambiente hostil e pesado, onde as pessoas matam sem remorso? Quer criar o seu filho no mesmo ambiente em que Peter aprendeu a ser curto e grosso? Então, Lottie, você quer que seu filho cresça, como Peter cresceu? Tentando fugir dessa realidade cruel? E, o pior... Se pelo menos o Peter estivesse aqui para ensinar os seus valores ao seu filho, para vê-lo, criá-lo, vigiá-lo... Explicá-lo como é a vida aqui... Mas ele não está. E talvez não estará, nunca mais. O que vai ser? –Sam perguntou, olhava penetrantemente para mim quando me virei.

  Baixei minha cabeça e lembrei-me de tudo que Peter me dissera sobre como odiava aquele lugar. E pensei no que ele responderia. Na vontade dele. Pensei nas pessoas primeiro, antes de pensar em mim. Pensei no meu filho. A única lembrança boa que eu teria de meu marido moribundo que sofreu tanto por ter tido aquele destino impiedoso. Peter jamais iria querer que esta criança ficasse ali. jamais. Peter estaria triste se estivesse consciente. Ele seria infeliz. Ao saber que nunca sairia dali, e que seu filho não poderia estar com ele. Pensei, então, que o melhor para Peter era estar naquela situação E, que, o melhor para o bebê, seria a volta a Escócia. Mesmo que, quando ele nascesse, eu retornasse para visitar... 

--- Este é o dia mais infeliz de minha vida. –Eu respondi. –Eu voltarei. –Eu disse, olhando a janela, sem ter coragem de chorar outra vez para que Sam me mostrasse sua cara de pena.


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Notas finais do capítulo

*------* Será uma linda criança...