Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 44
Cap. 44: Sentindo a dor.




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--- Socorro! –Eu ainda tentava inutilmente pedir ajuda.

  O cão finalmente chegou onde eu estava.  

  Como eu estava com os braços cruzados sobre a cabeça, o animal abocanhou um de meus braços e pôs-se a puxá-lo rasgando-o, ferozmente.

--- Ahhh! –Gritei muito alto.

  Eu olhava tudo acontecer e gritava, de dor e susto.

  Gritos de horror. Fiquei a olhar o cão ferozmente atacando meu braço.

--- Ah! –Lágrimas começaram a cair de meus olhos, enquanto o cão puxava e balançava meu braço.

  A sorte, era que ele estava tão entretido com o meu braço, que não o soltava por nada. Se ele “visse” a minha cabeça, seria o fim.

Era o fim. Ele ia arrancar meu braço e depois ele veria a minha cabeça e eu morreria ali.

--- Chester! –Uma voz masculina, feroz e grossa ecoou no fim do corredor. -Pare! –Era Peter.

  Ele corria para nós. Enquanto seu rosto era límpido e seco, porém preocupado. Era a reação dele diante de algo que ele considerava ruim. Ele se fechava.

--- Que droga! –Gritei e chorei ao mesmo tempo.

  De repente, no fim do corredor também surgiu Frida. Ela apontou uma arma pequena, mas que parecia de brinquedo para o cão. Mas ele se mexia de mais. E ela poderia atirar em mim.

--- Charllottie, me escute. –Frida disse.

  Como eu poderia fazer isso? O cão estava a dilacerar meu braço esquerdo.

--- Sei que não é um bom um momento para eu te pedir isto, mas se não me escutar estará perdida. –Frida falou pausadamente. -Não! Peter! Você vai piorar as coisas! Sabe que Chester só obedece quando não está com comida. –Ela disse, parando Peter que já estava quase me alcançando.

  Peter então parou, angustiado.

--- Charllottie, se tiver algo que reluz ai, dentro de seus bolsos, jogue para longe que isso vai fazer com que Chester corra para o tal, ele tem a audição muito aguçada, por isso, mesmo que seja algo pequeno, e que pareça fazer poço barulho, não hesite em jogar. Ai, eu atirarei. O dardo tranqüilizante que tenho aqui, não é letal para Chester, mas mataria você, por isso não posso arriscar! –Ela disse, cuspindo as palavras em pouquíssimo tempo.

  Agora era que eu estava mesmo perdida.

  Porque alguém teria algo brilhante nos bolsos? Um anel de casamento? Pois é... E que situação mais gostosa de estar... Na mira de um dardo mortal. Com um cão mortal que só pode ser parado por aquele dardo, que também pode te matar. Não, mas você terá algo brilhante no bolso que pode chamar a atenção do cão. Mas o mais importante, é que ele está comendo um de seus braços. Com o resto de equilíbrio que resta, com ele balançando seus restos de um braço, você vai lentamente pegar a coisa brilhosa que existe no seu bolso para levá-lo para longe, para que o dardo não arrisque pegar em você. Era fazer isso.

  O que de brilhante eu poderia ter nos bolsos?!

  Não havia tempo para pensar. Era perder o braço para salvar a cabeça. E enquanto a cabeça estivesse ali, ela poderia se salvar, pensando. Comecei a esvaziar o meu bolso com o braço livre a chorar pela dor. De repente, peguei em uma coisa comprida e lisa. Era a caneta que Peter havia me dado. No dia da passagem para o ano novo, eu e ele ficamos escrevendo no meu livro de folhas amareladas. Não pensei duas vezes. Joguei a caneta para o mais longe o possível de alcance. Não fiz muito, pois com o outro braço preso não tinha todo o equilíbrio para alcançar uma grande distância. 

--- Pronto, Peter! –Frida festejou o fato de o cão ter largado meu braço machucadíssimo para trás enquanto foi ver seu brinquedinho reluzente dourado. –Quietinho, Chez! -Frida gritou. Uma voz aguda e barulhenta, mas autoritária.

  O cão nem olhou para ela, olhando para a caneta luminosa, dourada. No escuro, ela ficava esplendidamente linda. Um feixe de luz na escuridão.

  Frida mirou bem e atirou, bem no local onde queria, suponho. Pela sua cara de satisfação, eu estava certa.

  Imediatamente, o cão caiu como um pombo morto, no chão. Seus olhos ainda estavam abertos, mas estavam secos e sem brilho. Deixou a caneta a rolar no chão. Ele não a destroçou, por sorte. Talvez ele quisesse somente olhá-la e cheirá-la.

--- Aaaaah! –Eu estava gritando de dor. –Peter, me salve! –Acho que nem sabia mais o que estava falando. Olhei para o meu braço onde havia rios de sangue e eu não conseguia distinguir bem a gravidade do machucado. Minha visão ficou embaçada, nebulosa. Peter me pegou nos braços ligeiramente se dirigindo para algum lugar. Levantei a cabeça e só consegui fitar o rosto de Peter, tonta. Depois coloquei de novo a cabeça em seu peito.

--- Vai ficar tudo bem. Eu prometo. –Foi a última coisa que ouvi.

                                                                ***

--- Ela ficará boa logo, Peter. Não se preocupe. Foi só no braço. Mas ela perdeu algum sangue e não podemos deixá-la sair daqui tão depressa. E talvez esta cicatriz não saia nunca. Mas o cão só mordeu no mesmo local e ficou a balançar o braço dela. Por sorte não quebrou nenhum osso. E o estrago que os seus dentes fizeram não foi tão grande. -Ouvi ao longe uma voz feminina desconhecida.

--- Charllottie? –Peter estava de pé em minha frente a me olhar com expectativa.

--- Que... droga. - Sussurrei desviando o olhar de Peter e colocando uma de minhas mãos em meu braço esquerdo.

  Quase todo o meu ante-braço estava enfaixado e tinha um pouco de sangue. Presumi que tinham passado uns quatro dias me dando remédios para dormir e anestésicos para que eu não sentisse a dor da ferida aberta enquanto ela estava mais dolorida. Mas, ainda assim, eu sentia umas pontadas violentas no lugar onde o cão mordeu.

--- Me... desculpe. Me perdoe, Charllottie. –Peter murmurou. Tornei a fitar o rosto dele que expressava um pesar imenso.

--- Você? Porque? Nada disso foi culpa sua. Pare, Peter. –Fui seca.

--- É... eu... esqueci que os cães ficavam de guarda a noite e esqueci de fazê-los reconhecer seu cheiro. Charllottie- Interrompi-o.

--- Peter, eu fui curiosa, descuidada e displicente. Não há nada que... –Fui interrompida também.

--- Sim, Charllottie, você sabe que há. –Peter baixou a cabeça.

--- Não importa, não é mesmo? Eu estou aqui, ainda. Não estou morta. E...

--- Mas poderia estar. –Peter me olhou magoado.

--- Mas não estou. Sabe, eu só vou te matar por uma coisinha. Esta cicatriz nunca mais vai desaparecer. –Eu sorri.

--- Não... sorria... é... sério. –Peter estava quase sorrindo.

--- Ah, é? Então, agora, terá de me contar tudo o que eu quiser saber sobre todos os membros que eu quiser. Ou vou embora. Sob a queixa de terem quase arrancado meu braço aqui. –Levantei uma sobrancelha.

--- Tudo bem. –Ele concordou rápido demais. Estava mesmo abatido por esta história do cão. 

--- Peter! –Gritei como se lembrasse de algo.

--- O que... foi? –Ele realmente assustou-se.

--- Cadê a minha caneta? –Olhei para ele com as sobrancelhas franzidas e repuxando os lábios.

--- Eu... não sei. Eu não a peguei. Talvez Frida tenha pegado... –Peter deu de ombros.

--- O que disse? –Pisquei várias vezes, de indignação. - Se você não pegá-la de volta mesmo que ela esteja no inferno, não importa, eu realmente não te perdoarei. -Fechei os olhos e virei o rosto baixando-o um pouco. E estendi a palma da mão para ele como se deixasse claro que não queria explicações

--- Nossa, sua vida vale menos que a caneta. – Peter deu de ombros novamente. - É, porque parece que se importou mais com ela do que consigo mesma.

--- Por favor, Peter! –Comecei a chorar desesperadamente e gritar. –Ela... é importante para mim! Você não vê? –Coloquei as mãos nos olhos.

--- Char...llottie? Está mesmo chorando? –Peter olhou para mim em dúvida.

--- Não está vendo que estou?! –Gritei.

--- Charllottie, eu estava apenas brincando, tome. –Ele estendeu a caneta para mim.

--- Obri... gada. –Choraminguei.

--- Não posso crer nisto. –Peter estava pasmo.

  Quando ele disse isto, eu levantei da cama.
Sai em busca da porta e abri-a despreocupadamente. Parece que era comum para mim e para Peter que eu saísse de algum lugar de roupa hospitalar e ele, lindo e arrumado.

 Ainda bem que, naqueles corredores, nunca havia pessoas.

--- Bom acho que já posso sair daqui, não é mesmo, Peter? –Desmanchei a cara de choro e olhei seriamente para Peter.

--- Há há há há há há. Garota esperta. –Ele gargalhou. - Foi diabólico.

  Ele ficou tão impressionado com o meu teatro, que nem lembrou-se de que a doutora tinha dito para eu ficar lá por uns dias.

--- Também vou chorar da próxima vez que quiser algo. –Peter murmurou.

--- O que disse? –Perguntei.

--- Nada. –Peter disse, dando de ombros.

--- Quer dizer, que... enquanto eu estava morrendo, precisando de ajuda, no chão a sangrar, você foi ao encontro da caneta para apanhá-la. Peter - Olhei para ele fingindo perplexidade.

--- Foi a Frida quem pegou e me perguntou o que diabos era aquilo, e depois me deu quando eu expliquei. –Peter contou.

--- Ai! –Senti uma pontada no braço e levantei-o pegando-o com o outro braço.

--- Charllottie... –Peter estava tenso novamente.

--- Não foi nada, só uma pontada de dor. Dá para agüentar. –Sorri.

--- Onde paramos? Ah!... Safou-se desta vez, Peter Uric. –Falei.

--- Eu sempre escapo. –Ele tentou parecer mais despreocupado.

--- Agora, me conte tudo o que quero saber. –Falei, andando na frente.

--- Ei, Charllottie, lembrei, você não pode sair daqui ainda. –Ele disse, dando uma pequena corrida até mim, que estava na frente.

  Ele me abraçou e estava me fazendo voltar para a direção oposta de onde eu estava indo.

 --- Peter... Não é necessário. Eu estou bem... –Eu disse, olhando para ele.

 --- Não, você ainda sente dores. –Ele disse, enquanto paramos no meio do corredor. –E acabou de sair de uma doença séria, que envolve o sangue e –Interrompi-o.

 --- Não, vamos, eu preciso que me fale... –Eu disse, negando, mas eu tomei um susto.

  Peter, que estava com seu braço me envolvendo, pegou as minhas pernas, me levantou e levou-me para a enfermaria novamente.

--- Não seja teimosa... –Ele disse, sem me olhar.

  Fiquei tão timidamente envolvida em seus braços que fiquei calada por um bom tempo.


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Notas finais do capítulo

Ela é teimosa. ._.



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