Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 130
Cap. 130: Com suas próprias mãos.


Notas iniciais do capítulo

Ich Liebe Dich TÁ TERMINANDO! rsrsrsrs. :)



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--- Peter... –Murmurei, enquanto meus cabelos chicoteavam meu rosto molhado. 

  Não passávamos  de dois corações defeituosos sentados ao crepúsculo. O meu havia perdido mais um pai. O dele também. Éramos dois “sem pai”, mais uma vez. Mas pelo menos ainda tínhamos um ao outro.

  Não conseguia assimilar direito ainda. Eu estava esperando tanto que Peter se fosse com essa guerra, que não imaginei tanto que os outros se fossem. Pensei muito, mas minha mente doentia só queria saber se ele estava bem. Tanto que o choque foi grande.

  Descobri, então, porque Peter estava daquele jeito. Traumatizado, chateado, morto, cansado, destruído. Eu tinha sido tão egoísta, que só pensei na minha dor. Eu era sempre assim. Egoísta.  Peter estava esvaído. Tinham tirado todas as forças dele. E ele ainda queria ser forte para me confrontar, me deixar. Ele estava tão ferido, que quando eu pensei, só o que pude fazer foi abraçá-lo, como se ele fosse a única pessoa no mundo.

  Ele só ficou meio atônito. Mas retribuiu o abraço. Senti que ele chorou. Aliviou-se. Ficou ali, absorto. Foi como se eu carregasse toda a podridão daquela tristeza incrustada nele.

  “Meu amor. Meu eterno e infantil amor. Meu egoísta eu deixou seu coração sozinho. Mas ele nuca mais irá te abandonar. Eu estou aqui. Chore em mim. Derrame seu sangue morto em mim. Pode me fazer sua tristeza. Pode me fazer seu refúgio. Chore.” Pensei.

--- Peter... Perdoe-me. Eu amo você. Amo muito. Eu prometo que não vou deixar você ir embora, nunca mais. Se tiver que ir para a guerra, eu ou junto. Eu vou ficar com você sempre, no frio, na doença, ao relento, na morte. –Disse eu, convicta.

  Ele ficou apenas calado. Ele estava morto. Literalmente. Sua fala era fadigada. Ele realmente agüentou muito.

  Morte. Ela era a melhor amiga de Peter.

  Parei de abraçá-lo e beijei-o, devagar.

--- Conte-me como a Frida reagiu? –Perguntei, numa voz baixa e silenciosa. As ondas só nos deixavam ouvir-se, um ao outro, por que estávamos muito próximos.

--- Ela está inconformada. Ela perdeu o único pai, de que se lembra como o tal. –Disse ele, ainda em voz baixa. 

  Ficamos calados, por alguns segundos.

--- Como?! –Perguntei.

--- Suicidou-se. –Murmurou ele, gélido.

--- Não... Não posso crer. –Disse eu, ainda entorpecida.

--- Estávamos com a guerra quase perdida. E... Ele se foi. –Disse Peter, de repente apático.

--- Oh, meu Deus... –Murmurei eu, para mim mesma.

  Era pior ainda. Naquela hora entendi que suicídio para os que te rodeiam é sempre pior.

  Ele respirou fundo, fitando a areia.

--- Acontece que as armas dos russos pareciam infinitas. Não sabíamos se iríamos agüentar o pique de estarmos todos indo e vindo, de épocas em épocas. O tempo passava e tudo piorava. Mas alguns de nós não queriam desistir. E outros queriam ir embora e diziam que a guerra secreta estava perdida. Que não havia mais nada que pudéssemos fazer. Então nos desequilibramos. E Teddy... Ele com seu gênio forte e espírito de vitória fez este ato. Duas semanas depois, ele matou-se. Ao certo, não se sabe se o motivo foi apenas aquela desordem e a desistência de todos. Talvez... Tenha sido o cansaço. O que parecia ser um homem de aço, apenas escondia seus demônios, ainda suportando o de todo o seu exterior. –Peter calou-se, de repente. Suspirando, ele continuou. –Depois de sua morte, todos criaram coragem. Não queriam que sua morte tivesse sido em vão. A ordem voltou e todos nós ficamos mais fortes. Assim, não desistimos. Conseqüentemente, vencemos. E eles não têm nem como desconfiar. Fizemos tudo como o planejado e suas armas foram acabando. Talvez, não tenhamos conseguido detê-los para sempre. Mas seus objetivos talvez mudem, daqui até o tempo de conseguirem juntar todo aquele poder bélico outra vez. –E assim, ele terminou sua sôfrega e soturna narrativa.

  Ele não queria falar. Mas me explicou muito sucintamente. O que não passou nem mesmo um terço de seu sofrimento. De tudo que ele havia passado. Mas ainda assim eu sentia sua dor. E Teddy também era importante para mim.

  Mas Kurt ainda estava vivo. E ele precisava do pai. Sentia falta dele. Não lembrava muito... Mas eu dizia a ele que seu pai estava no vendo, sempre. Kurt me perguntava se ele tinha morrido e eu mentia para ele. Mas eu dizia que não, nem mesmo eu, acreditando...


--- Mas... Peter, você tem que ficar aqui. Comigo. E... Com Kurt. Ele sente a sua falta. Ainda que tenha se distanciado de você quando ainda era muito novo. Ele... sente falta. Um fundo de memória...

--- Eu... Amo-te. –Peter disse, repentinamente. –Mas... Ficar com você e com o Kurt seria perigoso demais. A não ser que voltássemos. E não quero obrigá-l - Interrompi-o, neste momento.

--- Não vai nos obrigar. Porque seu filho  precisa  conviver com você. E... Pete, eu não quero ficar longe. Nunca mais. Nem que para isso eu tenha de correr perigo. Eu já disse. –Coloquei a mão em seu rosto e aproximei-o do meu.

  Ele ficou sério. Seus olhos pareciam estar em outro plano. Aqueles lindos olhos não pareciam me olhar. Pareciam fitar o vazio do vento que nos rodeava. Mas estavam em minha direção. Na direção do meu rosto.

--- Lottie... Teddy está morto. Está morto por causa daquele lugar. Angel está morta. Por causa daquele lugar. –Ele agora olhava seriamente para mim.

--- Então, Peter. Fique aqui. Fique aqui conosco. Não volte para lá. Não precisa mais! –Exclamei. –Você já foi a uma guerra e não precisa mais voltar.

--- Ora, será o mesmo. Ou você fica aqui na Escócia, sem proteção alguma, ou se esconde feito um bicho, no lugar que odeia. Não há escapatória para os agentes... Eles estão condenados. –Ele disse, tristemente.


--- Eu não quero saber. Não quero saber se esta é a situação. A única coisa que sei, é que você, eu e Kurt ficaremos juntos. Aliás, um perigo improvável este que você menciona, visto que as preocupações da organização estão basicamente liquidadas pelo menos até a era seguinte. –Levantei-me, deixando-o sentando na areia, desnorteado.

--- Jolie é a única herdeira de Teddy. O império agora é de uma mulher. –Disse ele, mudando de assunto.

--- Mas ela é muito nova! –Exclamei eu, assustada.

--- Mas ela não vai assumir o comando. Não enquanto não tiver vinte anos. Talvez, nem quando tiver. Ela terá de ter o certificado para poder ser a imperatriz principal.

--- E... Certificado é? –Perguntei eu, ignorando o que era.

--- São uns testes de sanidade e senso físico e mental. A pessoa tem que ter muito bom senso e sabedoria. Apesar de ter acontecido a tragédia, com o Teddy. Mas ninguém é perfeito. E Teddy sucumbiu. Ele agüentou muito. Imagine se eu fosse o chefe... Estaria morta há tempos...

  Ele refletiu.

--- Não acredito que Jolie possa preencher estas exigências tão severas. O pai de Teddy era Thomas Hope. Ele era quem comandava antes. E... Quando ele morreu, Teddy precisou fazer os testes três vezes até estar pronto. Enquanto isso, Violet, agente de substituição de Thomas, assumia o comando. Foi a única mulher a assumi-lo desde os primórdios. Quando Teddy se casou com Barbara Smith, Jolie nasceu. Barbara foi a única mulher que Teddy amou em sua vida. Por isso a surpresa quando ele disse que amava a sua mãe. –Quando ele falou isso, um ar seco passou por minha garganta, lembrando meu cérebro de como seria contar para a minha mãe do ocorrido. -Então, Barbara adoeceu, morrendo logo depois e foi então que Teddy virou o homem de ferro que você conhecia. O homem implacável, mas com ares de humor. Aquele humor era o seu disfarce para tudo... –Peter ficou trêmulo e hesitante, depois suspirou.

--- Mas... Teddy não queria o poder? –Perguntei eu, um pouco curiosa.

--- Sim, ele o queria. Ele o queria tanto, que acabou vendo que ele não era tudo. Que sua vida nem tinha mais sentido sem Barbara. Mas, mesmo assim, se mostrou forte e constante. Ele, afinal, era um homem honrado. Quando assumiu a responsabilidade de tomar conta da organização, assumiu a responsabilidade de ser um novo homem. Mas centrado e equilibrado. Assumiu a responsabilidade de estar comprometido, mesmo sabendo que era um inferno. E foi assim que ele continuou, até a sua morte. E talvez sua morte foi para isso. Ele era um homem de personalidade difícil...

--- Nossa... Sinceramente, essa história realmente me assusta um pouco... Meu filho...

--- Está me entendendo? –Perguntou-me ele, com o olhar distante.

  Os restos das ondas batiam em meus pés, gelando-os. A tarde se transformava em noite.

--- E você, por acaso me escuta? Eu já disse. Está decidido. Você vai ficar aqui, comigo e com o Kurt. –Disse eu, resolutamente –Meu filho é quem vai decidir o que ele quer ser. Mas por enquanto, eu decido o que é melhor para ele. –Pus um ponto final.


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