Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 128
Cap. 129: A senhora com o filho na estrada.




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--- Sim, meus queridos, voltem a comer. Amanhã será o grande dia. –Teddy disse, enquanto olhava ternamente para a minha mãe, que estava tristemente confusa, agora.

  Frida chegou perto de nós e começou a conversar com Peter, que não retribuiu, absorto no alto.

  De repente, um tumulto se formou em nossa frente e todos estavam conversando, incessantemente.

  Sai da frente de Peter, que estava irredutível na minha frente. Ele parecia inerte e frio demais para ver meu rosto duro raivoso e triste. Fui até a saída do salão, que dava para um corredor mais largo do que os costumeiros. Sentei-me, encostada na parede. Minhas lágrimas cessaram e encolhi meus joelhos segurando-os com as mãos. Olhei para frente, onde estava um espelho comprido entre duas colunas. E muitos outros se enfileiravam do lado deste. 

  Meus olhos estavam um pouco manchados de maquiagem preta. Eu parecia a mesma garota de alguns anos atrás. Doente, idiota, aturdida,  deixada.  Até mesmo o Peter havia me deixado ir. E ele não poderia fazer nada. Nem ele, nem eu, nem ninguém. Mas agora, eu estava abandonada com alguém. Com o meu filho...

--- Charllottie! –Jolie chegou a porta, bruscamente se agachando perto de mim. –Charllottie, você está ai. Sua mãe está te procurando. Ela quer ir para casa. Está cansada... –Jolie foi gentil e me ajudou a levantar.

--- Onde está o Peter? –Perguntei, nervosa.

--- Ele ainda está lá. Ele disse que vai falar com o meu pai, quando a festa terminar. –Jolie disse, alegremente.

--- Tudo bem. –Disse eu, limpando a água suja de maquiagem do meu rosto.

--- Charllottie! –Ela me chamou, antes que eu desse meia volta e saísse. Virei-me e olhei, despreocupadamente. –Não se preocupe. Eles sempre voltam vivos. –Ela disse, devagar.

  Parecia não querer piorar tudo. Virei-me, sorrindo nervosamente antes e sai, sem pestanejar. Minha mãe já estava do lado de fora da organização, quando cheguei.

--- Olá, mãe. –Disse eu, de forma nada corajosa.

--- Vamos, filha, amanhã teremos de ir apara a Escócia. –Ela disse, sorrindo. Depois veio até mim e me abraçou, me puxando até o carro da organização que Teddy disponibilizou a ela.

  Durante o trajeto, não disse palavra alguma e fiquei estática, em minha obscuridade. Meus olhos fitavam os postes de luz que iluminavam as estradas da organização. Íamos até a minha casa.

  Chegando lá, minha mãe sentou-se no sofá e, antes que eu pudesse entrar no meu quarto e me trancar, ela me chamou a sentar-se com ela.

--- O que quer? –Perguntei, secamente.

--- Sente-se. –Ela ordenou.

  Sentei-me, nada feliz.

--- Lottie, quando escolheu casar-se com ele –Quase a interrompi, naquele momento, mas ela fez um sinal de silêncio tão sério e resoluto que não tive coragem de interrompê-la. –você escolheu este mundo. Escolheu também as responsabilidades dele. Você acha que não está piorando as coisas?! Lottie, você está matando  ele  mais do que a organização. Se ficar assim com ele, se não o deixar ir, sem que mostre sinais de tristeza, ele não vai agüentar muito tempo lá. Se ficar contra ele, será só mais uma. Você é a esposa dele agora. Tudo o que ele precisa, é de forças. Principalmente, as suas. Você irá deixá-lo logo agora? –Ela perguntou, em tom sério. Pareceu-me o sermão mais duro que minha mãe já me deu. Ela não me dava muitos sermões. Porque eu geralmente sabia o que estava fazendo.

--- Obrigada. –Minha voz era seca e meu humor ainda era raivoso, mas no fundo, minha mente articulada e sensata sabia que aquilo estava certo. Levantei-me, sem dizer mais palavra alguma e fui até o quarto. Joguei-me na cama, bruscamente.

--- Ei espere! –Ela quase gritou.

--- O quê? –Perguntei.

--- Vai para a Escócia, ou vai ficar aqui? –Perguntou-me ela, resoluta.

--- Vou... Para a Escócia com você. –Respondi, depois de pensar por uns segundos.

  Fiquei naquela cama até cochilar. Minhas lágrimas, secas. Meu coração, hostil e pesado em meu peito. Queria me livrar daquele órgão maldito que estava corrompendo minha tranqüilidade. Meu cérebro, articuladamente gélido.

--- Ah, Peter. Por favor, volte. Apenas para que eu me despeça. Apenas para que eu peça perdão. –Eu murmurei, quando meus olhos se abriram, no meio da noite. Ele não voltou.
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--- Coma, logo, Charllottie. –Minha mãe disse, numa ordem.

--- Não tenho fome. –Disse eu, desanimada.

--- Seu filho precisa de você. –Minha mãe disse, ao ver que Kurt puxava com suas mãos gordinhas meu vestido branco, com o qual dormi arrasada.

--- Venha, Kurt... –Pegue-o e coloquei-o no colo. Meus olhos estavam quase fechados, de tanto sono. Eu não havia dormido desde o meio da noite, quando acordei.

--- Mamãe... –Ele murmurou, docilmente. Sua voz sinuosa estava triste e baixa. Olhei-o, tentando sorrir, mas ficaria assustador, então apenas sorri sem mostrar os dentes. 

  Peguei uma tigela que estava em cima da mesa, com uma salada de frutas. Provavelmente minha mãe havia feito. Comecei a dar em sua boca.
De repente, a campainha tocou.

--- Mãe pode atender? –Perguntei eu, sem ânimo. Com certeza Peter já havia  ido

  De tão difícil que era, ele deve ter preferido ir sem me olhar nos olhos. 

  Na porta que dava para a cozinha, de repente, estava ele. Seu rosto era sério. Minha mãe foi até a sala ligou a televisão, deixando-nos a sós. 

--- Pete... –Murmurei. Kurt havia acabado de comer e saiu do meu colo. Correu até o pai, rapidamente.

--- Papai! –Exclamou ele, feliz.

  Peter sorriu, amargamente e levou-o ao colo.

  Continuei comendo na mesa, sem olhar para ele e para o Kurt. Meu humor ainda estava péssimo. Peter nem se quer havia me avisado de nada e ainda me deixou sem dormir a noite inteira.

--- Fiquei preocupada, querido. –Disse eu, ironicamente.

  Peter apenas ficou sério novamente e colocou Kurt no chão. Este correu até a sala para ligar a televisão e assistir seus desenhos matinais. Iria disputar com a vovó.

  Peter nem ligou para o meu ar ruim. Ele apenas se aproximou da cadeira e sentou-se. Eu continuava comendo os cereais sem olhá-lo. Ele começou a falar, de repente.

--- Vamos até a Rússia deter o avanço de armas deles. –Ele começou, com uma voz baixa e soturna.

--- A maioria dos agentes da classe B vão se infiltrar nas áreas de armamento de guerra dos russos e vão estragar algumas delas apenas para que nós, da classe A ganhemos tempo. Além de atrasar eles, não dará um motivo para eles desconfiarem. Pois, se todas as máquinas parassem de funcionar de repente, seria suspeito. Quando os russos estiverem fracos, nós da classe A nos infiltraremos e desativaremos a maioria as máquinas. Faremos com que suas funções sejam todas danificadas. Nós iremos deter a Rússia, pois se ela continuar haverá uma guerra mundial e não queremos isso em pleno século vinte e um. As máquinas falharão de um modo que pareça natural. Mas isso levará muito tempo e preparação. Além de fazermos isso em períodos aleatórios de tempo, para que eles não desconfiem. Por isso, não temos uma data de vinda. –Ele acabou suspirando. –Por favor... –Interrompi-o.

--- Peter... Você vai. Talvez não volte. Talvez sim. Mas eu e Kurt sempre estaremos vivendo. Sozinhos. –Continuei, mastigando, friamente os cereais.

--- Esta guerra não vai ser tão danosa. É bem possível que voltemos. A não ser que algum pequeno detalhe dê errado. –Peter disse, devagar.

--- Foi a Angel! –Eu disse, amargamente.

--- Foi, foi ela mesma. Depois de morta, ela deixou para nós a guerra. A maioria das armas dos russos foram patrocinadas por ela. Por isso mesmo é que nós conhecemos elas bem. Mas os russos não sabiam quem era a Angel. Ela nunca se apresentava para ninguém. Ela era desconfiada demais...

--- Aquela... –Murmurei, entre dentes.

  Na verdade, eu queria apenas esquecer dele. E pensar em Angel. Até ela seria melhor. Eu queria que ele tivesse ido sem falar comigo. Eu estava com raiva. Não podia evitar. Mas minha raiva era sempre fria. Em minha cabeça eu ia ficar seca. Ia...

--- Bom, eu já te disse tudo. –Disse ele, levantando-se. Levantei-me também e já ia começar a falar, quando ele me abraçou, sem ligar para as minhas palavras maldosas.

  Solucei baixo, tentando intensamente frear o choro. Ele recostou sua cabeça em meu ombro. Ele se movimentava, devagar. Como na última noite. Como se estivesse dançando. Não consegui segurar. Chorei. Solucei, de chorar.  Ficar longe.  Eu mal conseguia pensar. Aquele foi um dos momentos de minah vida, em que eu só conseguia pensar em chorar. Eu não conseguia pensar. Era como não ser eu. Foi um dos únicos momentos da minha vida em que perdi o controle. Em outras situações, eu apenas engolia o choro e me corrompia, enquanto a cara de paisagem ficava. Mas eu não conseguira. Não naquela hora.

  Ele segurava a minha cabeça, agora. Encostou seu rosto no meu.

--- Eu não quero que morra. –Disse eu, num sussurro sufocado.

--- Não morrerei. –Disse ele, afagando meus cabelos. –Eu voltarei. Por você. –Disse ele, sério.

--- Não posso ter falsa fé. Não sabe o quanto dói. –Disse eu, devagar.

--- Não é falsa fé, é otimismo e esperança. –Ele disse, calmo.

  Ele sempre tentava me acalmar com sua calma. Conseguia, as vezes. Mas não naquela hora. Não na hora em que não tinha mais mundo debaixo de mim.

  Minha voz já falhava.

  Peter me apertou mais contra ele. Era o último toque. O adeus.

  Depois me soltou e caminhou. Ele parecia estar evitando qualquer tipo de contato exagerado. Ele queria me esquecer, por enquanto. Queria que eu o esquecesse. Que suportasse ficar longe. Ele caminhou até a porta e eu fui com ele.

  Kurt me viu no corredor e correu até mim. Saímos. Um ônibus esperava por Peter. Nele estavam Norma, Frida, Chris, Jolie e muitos outros da classe A. Todos com cara de enterro.

  Meus pés ainda estavam descalços e meus cabelos revoltos, da última noite. O pouco de neve que ainda restava no gramado gelou-os, como se eu pisasse em gelo. Levantei Kurt para que ele não sofresse o mesmo. Peter me beijou com uma urgência diferente. Mais sôfrega. Como se fosse a última vez. A neve caía e a boca dele e a minha eram frias. Kurt ficou inquieto em meus braços. O vento era apenas uma brisa suave, mas levava meus cabelos negros e os de Peter e também os de Kurt. Eu parecia mais uma mulher abandonada com uma criança na estrada gélida e de árvores ainda nuas, esperando o desabrochar absoluto da primavera.

  Peter entrou no ônibus, sorrindo.

--- Papai... –Kurt levantou letamente o braço e murmurou.

--- Papai vai voltar... –Encostei meu rosto no dele que estava gelado. O ônibus partiu.


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Notas finais do capítulo

TTTTTTTTTTTTTTTTT.TTTTTTTTTTTTTTTT



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