Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 122
Cap. 122: Como um dente de leão ao sopro.


Notas iniciais do capítulo

Senti frio nesse capítulo... KKKK



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Eu sentia frio. Sentia a chegada do inverno. Parecia que ele vinha para atingir exclusivamente a mim, naquele momento. A rajada de frio instantâneo que senti, parecia uma faca de gelo que se alastrava por todo o meu corpo. Era tudo gélido, não só pelo fato de o ar estar frio e cortante. Eu estava tensa. Suada, cansada, acabada. Meus cabelos grudados em minha testa.

  A sala era clara. Quando abri os olhos, fitei as grandes luzes, entorpecida pela indolência mortal que me inundava. Era a indolência invernal que se lastrava pelo meu corpo naquele novo início. Eu sentia como se a parte de mim que ia recomeçar tudo de novo, tivesse finalmente enxergado o mundo. O meu filho.

  Virei a cabeça para o lado, distraidamente. O suor ainda escorria por meu rosto. Minhas pernas eram totalmente fracas e imobilizadas. Isso porque eu estava mais fraca do que o normal. Completamente esvaída.

  Quando meu coração acalmou-se completamente, eu fiquei mais sonolenta e acabada ainda. Mas minha mente estava calma o suficiente para ouvir minuciosamente, o que Peter gritara lá fora.

--- Por que você não pegou um revólver e se apressou em me matar logo de uma vez?! –Era a voz de Peter, nervosamente alta.

--- Ora, para quê eu faria tal coisa?! –A voz do médico, junto com o seu sotaque inesquecível não me deixaram dúvidas na hora de reconhecê-la –Você que não esperou eu terminar de falar. Sabe que sou dado gracejos... Aquela minha cara soturna era mero fingimento... –O homem continuou, devagar.

  Fiquei olhando, me sentindo estranha. Era tudo tão novo e diferente. Sem contar que eu parecia ter nascido novamente. Para ser prática, diria que ficar grávida é um saco. Uma  chateação  mesmo. Nunca mais queria ficar daquele jeito, como diriam os que falam espanhol, Embarazada. Literalmente embaraçada.

--- Peter... –Murmurei, aturdida. 

   Pensei que os sentidos dele estivessem super aguçados, pois minha voz era um tanto baixa.

--- Charllottie! –Peter quase gritou. Veio imediatamente da porta entre-aberta até a maca.

  Ele ficou parado, na minha frente. Os olhos arregalados e surpresos. Pareciam aliviados. Mas ainda havia um resto de tensão reprimida naquele olhar tão bonito e profundo.

  Meu rosto era apático. Eu estava meio confusa e estranha, como supra dito. De repente, lágrimas surgiram de seus lindos e incolores olhos. Aqueles olhos azuis cinzentos, mas extremamente vivos. Ele sorriu, devagar. Com sua arcada dentária juvenil, branca, perfeita. Mais do que um sorriso, aquilo demonstrava que ele estava se deixando levar. Que agora ele estava bem. Parecia nem acreditar. Seu rosto expressava um alívio e por um instante pensei que ele diria: “Até que enfim, paz.” 

  Peter baixou a cabeça e seus lábios encontraram os meus de modo urgente. Suas lágrimas caíram em meu rosto. Coloquei minha mão levemente em seu rosto. Era um gesto simplório que era o máximo que eu podia fazer. Sentia-me sem forças. E meu braço tremia. Eu não só era fraca, como sempre, mas  estava  fraca.

--- Ei, tudo bem. está tudo bem, agora. –Eu disse, surpreendendo-se com minhas próprias palavras. Aquelas eram as palavras dele. Peter sorriu, em meio ao choro.

--- Eu te amo tanto. Tanto... –Ele disse, num sussurro.

--- Eu também te amo. Mais do que nunca, agora. –Eu disse, retribuindo seu sorriso. 

--- Onde está a pequena criatura pela qual eu passei por tudo isso? –Perguntei eu, ofegante.  Queria  meu filho  naquele instante.

  Aquela era uma sensação que, se eu não fosse mãe da criança, diria que seria como: “Eu trabalhei duro sendo uma boa menina e comendo pra ter este brinquedo no natal. Então, agora me dê ele. É meu prêmio.”  Mas para uma mãe era mais do que um prêmio de consolação. Era um presente bonito, cativante, seu verdadeiramente. Um pequeno anjo que poderia te fazer sorrir nas piores noites. Alguém que nunca te abandonaria. Mesmo que na adolescência sentisse certa raiva por você, saberia que poderia sempre voltar. Porque era tudo recíproco. Era tudo terno. E era um laço que ninguém podia quebrar. Eterno.

--- Hayate e Frida estão guerreando por ele. Não desgrudam. –Peter riu.

--- Pegue-o. –Ordenei.

  Peter saiu de perto de mim e pegou o pequeno dos braços do médico.

--- Aqui está ele. –Peter disse, calmamente, enquanto a criatura vermelhinha de cabelos mais que brancos se contorcia sem seus braços, fragilmente.

  Mais tarde, seriam louros como os do pai, meio amarelados, ou brancos de tão louros. Seus olhos eram azul-anil. Eram  muito  azuis. Estavam abertos, desnorteados, como quem nada vê a não ser a frente. Era frágil como um dente de leão que corre risco a cada sopro do vento. Os pequenos olhos eram simplórios. E a cada suspiro, ele ficava menor diante de mim. E meu coração se aquecia com a sua vida. Com o amor que eu sentia por ele. Incondicional.

--- É lindo. –Falei, ainda ofegante.

--- E nosso. –Peter disse, felizmente. Seus olhos quase brilhavam de tanta excitação. Ele parecia estar num tipo de transe. Hipnotizado pela minha imagem com Kurt.

--- E é você, também. –Eu disse, ironicamente. 

--- Ainda nem sabemos. Não dá para saber. Ele ainda vai assumir feições mais límpidas. –Peter disse, em defesa.

--- Tomara que ele seja igualzinho a você. Assim terá um  segundo  Peter na terra até quando nós dois morrermos. –Eu disse, normalmente.

--- Hum... Que seja... –Peter disse, distraído. Só estava bobamente olhando para mim e para Kurt.

--- Leve-o. –Pedi, estendendo Kurt até Peter.

Peter pegou-o, gentilmente e levou-o até Hayate.

--- Obrigada. –Murmurei.

--- Pelo quê, exatamente? -Perguntou Peter, surpreso.

--- Por tudo que tem me dado. –Balbuciei, em um tom baixo.

  Ele limitou-se a sorrir, de um modo tão bobo, carismático, incrível... que acabou comigo. Com quaisquer restos acabados de gelidez que eu podia ter retido.


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Notas finais do capítulo

*---------* Acabou com a gelidez da menina...



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