Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 101
Capítulo 101:Imprevisto. Controvérsia de Sensações




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Eram três horas da tarde e eu estava prestes a sair para ir buscar a minha mãe na estação de Dusseldorf mais próxima da organização.

  Peguei meu vestido preto de algodão e pus. Coloquei uma bota marrom até metade da perna. Olhei no espelho. Deixei meus cabelos negros e brilhantes caindo quase até a minha barriga grande. Fiquei olhando meus olhos levemente puxados devido a descendência de meu pai, meio asiática meio européia. Olhando-os no espelho, achei-os parecidos com os de uma criança. Porém meu nariz aquilino, mas fino e delicado me deixava com um rosto sério e menos infantil. Olhei para o espelho, vendo que meu rosto estava feliz. Eu não fazia esforço para torná-lo assim. Deve ser como as pessoas dizem; sua [i]essência[/i] se reflete em seu semblante... olhei mais uma vez e não sorri, como muitas pessoas fariam antes de dar sua última olhada no espelho.

  --- Você vai comigo? -Perguntei a Frida, enquanto ajeitava a minha velha bolsa nas costas.

  Eu levava ali, tudo o que levava a muito tempo. Quase nunca lavava aquela bolsa e tudo que estava dentro dela devia ter de alguns, não, muitos meses atrás, era conservado ali. Era a minha pequena grande mochila. Era muito útil a mim. A caneta de Peter estava lá. Ele havia dito que eu nunca me separasse dela. E era o que eu fazia. Não havia esquecido em nenhum momento desta recomendação. Por isso eu sempre levara a mochila comigo a todo e  qualquer lugar. Lá também estavam algumas ervas de experimentos com botânica que eu fazia antigamente, quando tinha tempo para pensar em minha vida. Havia alguns frascos de venenos, corantes e várias outras substâncias tiradas e a base de plantas. Havia meus grampos de cabelo, meu canivete e etc. Era uma bolsa para utilidades realmente. Mas eu não levara somente por levar. Eu estava com medo. Minha vida agora era sobreviver.

  --- Claro que sim. -Frida disse, claramente. -Acha que te deixaria ir sozinha para a boca do  lobo? -Ela revirou os olhos, sentindo-se irritada pela minha pergunta. –Além disse, acaso esqueceu-se do que combinamos? Eu estarei com você, pelo menos para fazer volume, caso o plano do malévolo seja tão bem arquitetado que eu nem sirva para nada.

  --- Bom, se for útil... –Disse, desinteressada.

  --- Ah, mal posso esperar para te ver aos meus pés, agradecendo pela minha utilidade... –Frida sorriu.

  --- Ah, claro. –Falei, sem interesse algum.

  Eu estava ansiosa por ver a minha mãe e não estava ligando muito para as piadas malditas de Frida. Acho que estava me acostumando terrivelmente com elas.

  --- Vamos logo. –Frida disse, exacerbada.

  --- Tudo bem. –Disse.

  Chegamos à estação de trem às três e meia da tarde e ficamos ao início de um crepúsculo a esperar pelo trem.

  --- Espere, fico tão impressionada com tudo que te acontece, que esqueço de perguntar coisas que atiçam a minha curiosidade de detalhes. –Frida soltou as palavras tão rapidamente e bruscamente, que eu pisquei umas três vezes antes de processar tudo.

  --- Ah...

  --- Porque a sua mãe vem de trem? -Ela perguntou, por fim.

  --- É verdade... é uma ótima pergunta. -Eu disse.

  --- É, e quero que me responda, caso não tenha percebido. -Ela sorriu, de mentira.

  --- Bom, não sei, de verdade. -Eu falei, estranhamente surpresa. –Acho que ela preferiu uma rota mais curta por estar cansada de ficar dentro de um avião... Ela sempre reclamava quando eu vinha até a Alemanha e ela tinha que vir atrás de mim, porque ela não gosta de passar muito tempo no mesmo lugar. Ela acha avião super chato... –Ergui as sobrancelhas e fiz uma cara de dúvida para mim mesma. -É, é bem provável que tenha sido isto...

  --- Isso é estranho. –Frida disse, quase fazendo um careta.

  --- É, assim como é estranho que tenha tão poucas pessoas nesta estação. –Olhei em volta, percebendo que, na verdade só havíamos nós duas, duas velhas caquéticas sentadas num banco próximo a nós rindo de algo que desconhecíamos e um casal perto da porta de entrada.

  --- Não, não é estranho. –Frida disse, de repente. –Só a sua mãe que é estranha o bastante para não vir de avião por todo o percurso. –Ela ria.

  --- Há há. –Eu disse, secamente.

  --- É sério... esta estação não é muito usada. As pessoas mal andam de trem aqui. Ela é mais... Histórica. Só funciona porque algumas pessoas insistem em andar de trem, mesmo com o metrô... velhos -Frida agora dera uma gargalhada fria. Não era estrondosa, mas solene.

  --- Frida, estou ficando desconfiada... –Eu disse, de repente.

  Porque, realmente, minha mãe viria de trem? Porque de trem e não de metrô? Sherlock Holmes tinha realmente razão quando dizia: "Watson, o mundo está cheio de coisas óbvias que ninguém observa." Talvez fosse só ele que tinha tempo demais para poucas coisas e acontecimentos em sua vida, o que o desviava das distrações... Era o que não acontecia comigo.

  --- É, realmente, eu também. –Frida me olhou. Seus olhos semicerrando e as mãos se fechando em punhos. Ela engoliu em seco e continuou. - Mas, já caímos na armadilha e tudo o que podemos fazer agora é não deixar escapar que percebemos. Quero dizer, -Ela sussurrou, de repente. –Vamos ficar quietas, pois estamos às cegas. Se sairmos, corremos perigo. Se andarmos, também. Se fizermos qualquer movimento brusco, quem quer que esteja a te odiar, saberá e ele é um gato de olhos atentos e mordazes. –Frida disse, mais séria e grave do que estava antes.

  De repente, eu me vira com um misto de sensações. Eram elas, incerteza, medo, perplexidade, dúvida, inquietação, indignação, dentre outras mais simplórias. Fora tudo tão repentino e estranho. Eu apenas tinha saído da organização naquele dia e pronto. Tudo havia desmoronado em minha cabeça procurada. Olhei para todos os cantos, lentamente. Era como se tudo passasse em câmera lenta e eu não tivesse certeza se estava ali, realmente. Parecia estranho demais para ser real. Surreal demais para não ser estranho a ponto de não se acreditar. Minhas mãos puxaram Frida para mais perto de mim e ela ficou mais perto, segurando minha mão, olhando-me com uma cara de espanto.

  --- Calma, Charllottie, nem sabemos mesmo o que acontece. –Ela disse, tentando me acalmar, enquanto eu puxava a sua blusa. –pode ser só uma suposição.

  --- Meu filho, Frida. O que... posso fazer para protegê-lo, a qualquer custo? –Eu perguntei, sem dar nenhuma atenção ao que ela falava.

  Minha mente não aceitava nada a não ser respostas para esta minha pergunta. Meus joelhos começaram a tremer, mas a minha reação sempre paralisada e pensativa em situações difíceis me deixou em torpor por alguns segundos. Eu parecia prender a minha respiração, engolindo em seco a minha preocupação e aturdimento.

  --- Espere... –Frida olhou para baixo, e não pude deixar de acompanhar o seu olhar, mesmo que estivesse muito impressionada e, além disso, minha mente me dizia que aquilo podia ser um sinal de resposta. –O quê? Espere, fale devagar! –Frida havia pegado o minúsculo celular no bolso de sua saia frouxa e atendido.

  Com uma cara de surpresa e de preocupação, ela respondia a pessoa do celular. Ela escutou por uns dois minutos, sem falar e depois me olhou, tirando o celular um pouco do ouvido. Seus olhos estavam arregalados e muito surpresos. Dentro dos orbes verdes algo de excitação e perplexidade brilhava desesperadamente.

---Peter... ele está acordado, Charllottie. -Frida sorriu, nervosamente, enquanto eu não soltava a sua blusa, olhando-a de frente, como se minha mente não quisesse, de forma alguma, esquecer o que estava acontecendo antes para constatar o que estava vindo depois.

  Frida desligou o celular, sem falar mais nada a quem quer que estivesse conversando com ela.

  --- Não diga besteiras, Frida... -Eu era incapaz de sorrir, mas sabia que Frida não estava mentindo.

  O que eu mais odiava, naquela situação, era saber que um dos motivos para eu estar sobrevivendo estava bem. Intacto. E que o outro deles, sofria perigo descaradamente. Que eu não podia ficar feliz, de qualquer maneira.

  --- O trem, Charllottie, o trem. -Frida olhou para os trilhos, de onde o trem vinha, fazendo fumaça e barulho, ao longe. Engoli em seco e fiquei olhando, incapaz de dizer algo.


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Notas finais do capítulo

"O trem, Charllottie, o trem." Sou só eu, ou essa frase dá um medinho? uahsuahuhs



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