- Onde eles foram? – minha tia perguntou assim que surgiu na sala, estava vendo TV.

- Praia. – resmunguei concentrada no desenho e no cereal.

- E você não foi por quê? – sentou-se ao meu lado.

- Não tava a fim.

Meg me acompanhou e ficamos assistindo desenho durante meia hora até ela resolver se pronunciar novamente.

- Percebi que vocês dormiram abraçadinhos ontem. – engoli quase metade da tigela de cereal.

- Humm. – resmunguei de boca cheia.

- Pretende falar disso agora ou daqui três dias quando eles forem embora?

Ela sempre conseguia chegar ao ponto da pergunta, fazendo os rodeios necessários. Odeio isso. Suspirei.

- Pretendo não falar sobre isso até minha próxima vida. – falei mal humorada.

- Ainda gosta dele?

- Sim. – Suspirei pesadamente.

- Então...?

- Ele mora em Nova Iorque e eu em Laguna Beach, você quer que isso funcione como?

- E por que não volta pra NYC? – disse simplesmente. – Olha, vou sentir sua falta todos os dias. Afinal de contas, me apeguei a esse seu jeito idiota, mas... Você o ama, e ele, por favor, não engana ninguém. Qual o problema? Volta pra lá. Dá um chute naquele namorado da sua mãe e um na bunda dela também e pronto. Chega chegando.

Não pude segurar o riso ao ouvir o que ela disse. E o pior era admitir que ela estava certa.

- Não vai ser tão fácil assim.

- Foda-se caramba. Vai morar na casa dele então. – reclamou, levantando e indo até a cozinha. Que isso.

Morguei o dia inteiro na sala em frente à TV. Não fiz absolutamente nada e lá pelas cinco horas da tarde o pessoal voltou finalmente.

- Opa. – Frank pronunciou, jogando-se logo em seguida em cima de mim. – Como vai a Lizzie mais linda do mundo?

- Bem. – respondi sorrindo igual uma demente.

- Sai pra lá que ela não é só tua. – Gerard disse, sentando-se ao meu lado.

- É sim. – Frank protestou.

- Não, é minha também. – Ray disse, beijando o topo da minha cabeça antes de sentar ao lado de Ge.

- Vai entrar também na briga? – Frank perguntou, olhando para Mikey. Ele deu de ombros.

- Se entrar eu ganho, então... – e antes de concluir a frase levou travesseiros na cara de todos.

Essa luta besta de travesseiros durou uns quinze minutos, até a campainha interromper. E como Meg não foi atender tive que ir.

Não preciso dizer que me arrastei até a porta né? Pois então. Abri a porta e não acreditei na cara de pau da pessoa por estar ali.

- Preciso falar com você. – ele disse. Todos haviam parado de fazer bagunça na sala para ouvir a conversa e o clima ficou pesado na mesma hora.

- O que você quer John?

- Você pode vir até aqui fora? – olhou para trás do meu ombro. Resmunguei alguma coisa para o pessoal e fechei a porta.

- Fala logo antes que me arrependa. – John encarou o chão por um momento.

- Me desculpa por ontem... – suspirei.

- Você me chamou de vadia. – ele continuava encarando o chão e isso já estava me deixando extremamente nervosa.

- Eu sei e sinto muito por isso mas... Pirei. – suspirou. – Acredite, não queria ter dito aquilo e...

- Mas disse e isso nunca vai mudar. Não se preocupe você não precisa pedir desculpa porque provavelmente não vai me ver nunca mais. – deixei-o ali e entrei. Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa bati a porta na cara dele.

Todos ali na sala me encaravam sérios e só o que pude fazer era suspirar. Meg estava escorada no beiral da cozinha me olhando e entendendo perfeitamente o que aconteceu ali fora. Pisquei algumas vezes para tentar me livrar das lágrimas que teimavam em surgir.

- Gerard. – falei por fim. – Preciso conversar com você. – Subi as escadas logo em seguida sendo seguida por Gerard, todo o resto ficando para trás.

Frank’s POV.

Lizzie e Gerard já tinham sumido por uma hora e não deram sinal de vida. Ninguém sabia o que eles estavam fazendo ou conversando. O clima na sala era de tensão profunda, ninguém proferiu uma palavra durante esse tempo todo, somente esperando. Até que finalmente Gerard apareceu e me mandou subir.

- Chamou? – falei, entrando no quarto de Lizzie. Era estranho entrar naquele quarto porque era uma versão ao contrário do quarto dela em NYC o qual eu tinha ajudado a pintar. Era engraçado.

- Vocês vão embora amanhã?

- Ãh... Sim... – Lizzie assentiu, voltando a pensar sabe-se lá o quê. – Por quê?

- Vou precisar... – levantou, falando consigo mesma e procurando alguma coisa que alguns minutos depois descobri ser um caderno e caneta. – E hm... Não posso esquecer...

- Lizzie? – chamei-a em vão. – Lizzie!? LIZZIE!

- Que foi? – perguntou nervosa.

- O que você está fazendo?

- Que tal preparar o carro.

- Por quê?

- QUE TAL VOCÊ ARRUMAR LOGO AS MALAS E COLOCA-LAS NO CARRO? QUE TAL TODOS VOCÊS FAZEREM AS MALDITAS MALAS LOGO!?

- Ta mandando a gente embora?

- VAI LOGO FAZER A PORCARIA DAS MALAS FRANK! – Lizzie me empurrou porta a fora. – E CHAMA A MEG E O MIKEY. – e fechou a porta na minha cara.

Lizzie’s POV.

Esperei pacientemente – o quanto era permitido pelo meu animo mortal – até Mikey e Meg aparecem, o que pareceu demorar eternidades se querem saber.

- Chamou? – Meg perguntou. Por que todos tinham a mania de fazer a mesma pergunta? Que coisa mais chata. Assenti com um gesto de cabeça.

- Você consegue chamar um caminhão até amanhã? – Meg me encarou por algum tempo e entendeu perfeitamente o que queria dizer com isso.

- Posso te arranjar um pra amanhã de manhã no mínimo.

- Perfeito. – ao dizer isso ela deixou meu quarto, provavelmente indo fazer o que pedi.

- Desculpa, mas to boiando aqui. Pra quê um caminhão e por que o Frank ficou puto e disse que você está expulsando a gente? E por que você o mandou arrumar as malas, aliás, nos mandou todos arrumar as malas. E, além do mais, por que Gerard não reclamou sendo que ele reclama de tudo, principalmente de ser expulso de algum lugar.

Encarei Mikey por algum tempo pensando se contava logo ou fazia algum suspense até amanhã.

- Quer mesmo saber?

- De preferencia sim.

- Mikey...

Parte de mim não queria contar, queria fazer uma surpresa. E outra parte de mim dizia para calar a boca e contar logo. No fim, não consegui.

- Vou voltar para Nova Iorque.