Rukia se sentia estranha.
_ “O que foi aquilo?" - pensou Rukia. Ela estava sobre a cama, com os braços abraçados aos joelhos.
       Rukia estava planejando contar para ele o que a estava atormentando; disposta a expor tudo o que sentia e que não aguentava mais  aquela pressão que seu coração estava fazendo. Mas parecia que ele não dava a mínima... A shinigami tinha um semblante abatido, seu coração apertava no peito toda vez que lembrava das palavras de Ichigo, sentia uma dor sufocante misturada com agonia: era como se ele soubesse o que ela queria falar, mas quisesse fugir do assunto, não dando ouvidos. A indiferença que o ruivo fizera a tinha deixado em pedaços.
_ “Como eu fui boba! Ichigo jamais irá me corresponder. O que ele sente por mim é somente uma grande amizade. Mas... Como vou fazer para tirar tudo que eu sinto por ele do meu peito? Isso está me matando!” – Rukia queria chorar, mas tentou ser forte. Tudo que ela queria era um modo de esquecer de vez esse sentimento.
      Apesar de Rukia dizer para si mesma que o que estava sentindo não era correto, porque Ichigo era humano e que ela era uma shinigami e que, portanto, pertenciam a mundos diferentes, isso não conseguia mudar a estranha sensação de querer ter ele por perto.
      A razão era quem dizia que esse amor não daria certo, entretanto seu coração tentava achar uma saída para aquele sentimento poder viver e, quem sabe, se consumar.  Todavia sua razão falava muito mais forte agora, e ela já tinha decidido sufocar tudo que estava sentindo pelo rapaz de cabelos espetados e laranjas. Seria melhor assim já que ela não queria mais sair de perto dele. Não suportaria estar novamente longe dele. Foi com este pensamento que Rukia adormeceu, mas quem entrasse no quarto naquela hora perceberia uma lágrima teimosa descendo dos olhinhos da pequena shinigami.

Já havia se passado uma semana desde aquela noite que trouxe tanto mal entendido para o “casal”. Ichigo e Rukia fingiram que nada havia acontecido, já que nem um dos dois  tocaram no assunto. Rukia tentava evitar até de pensar no shinigami substituto. Fazia todo esforço do mundo para ignorar sua vontade de estar perto dele, sentir seu perfume e olhar nos seus olhos que a fazia se sentir tão segura. Mas de vez em quando se via pensando no seu ruivinho, e não podia evitar.
       Ichigo, por sua vez, percebeu que a baixinha estava evitando-o desde aquela fática noite, mas ele não queria saber. Tinha problemas maiores. Um dos quais era sua própria timidez e tinha que vencê-la para chegar até sua "linda baixinha", como costumava dizer a si mesmo.
        Quando estava perto dela tinha vontade de abraçá-la. Ficava corado só de pensar em beijá-la e, como seria o gosto daquela boquinha tão rosada? Sentir seu cheiro de longe já o deixava fascinado, mas e se ele pudesse chegar mais perto... Como será que ficaria seu coração? Ele tinha medo. Tudo que sentia por ela era muito intenso! E se perdesse o controle, o que ela faria? Ichigo tinha muito receio de estragar tudo com seus desejos que, por mais que o deixasse  envergonhado, sentia toda vez que estava perto dela.

 Domingo de tarde, todos já haviam almoçado as irmãs de Ichigo tinham saído com o pai para dar um passeio no shopping. Rukia estava desanimada e inventou uma desculpa qualquer para não ir já que o ruivinho nem fora convidado, pois todos já sabiam a resposta que ele daria. A pequena shinigami estava sentada no sofá assistindo TV. Ichigo? Este estava no quarto tomando coragem para ir até o andar de baixo falar com sua baixinha linda. Mas não era tão fácil assim (pelo menos para o garoto inexperiente), pois esta era finalmente a chance que ele estava esperando em todos esse dias, já que não tinha muitos  momentos  sozinhos com ela.
      Quando finalmente o shinigami substituto chegara até a sala, paralisou-se .
_“E agora, o que eu vou dizer ? Será que é melhor ir direto ao ponto? Mas e se ela rir, me achar um idiota? Ou pior: e se ela se afastar de mim ? O que eu faço?”- suas mão estavam suando frio, suas pernas não saiam do lugar e seu coração já estava a mais de um mil por hora.

_ Ichigo, está fazendo o que aí feito um bobão?- a voz de Rukia saiu com um tom de deboche.

_ E-eu...? Na-nada... – “Droga! Pare de gaguejar como um idiota” disse a si mesmo - Eu acabei de chegar! - ele finalmente tomou coragem e se aproximou de onde ela estava, passou as mãos no cabelo, deixando-o mais arrepiado e se sentou no sofá, bem perto dela. - Está assistindo o que? – Ichigo tentou forçar um sorriso.

_ Um filme de terror! (^-^) - ela responde com empolgação.

_Não tenho nada de melhor para fazer, vou assistir com você. – Ichigo suspirou e fez uma cara de tédio.

   Passados longos dez minutos, o ruivo estava impaciente, se mexia de um lado para outro, não parava quieto. Rukia já estava ficando incomodada com toda aquela agitação do rapaz e então mais uma vez ele se remexeu de um lado para outro, desencadeando uma explosão da baixinha:

_ICHIGO! VOCÊ ESTÁ ME DEIXANDO MALUCA! DÁ PARA PARAR COM ISSO?! - ela não estava gritando, mas sim berrando.

_ I-isso o que...?- Ichigo estava pálido e totalmente sem rumo.

_ Desde que você chegou aqui não para quieto! Parece um IMBECIL!!

_ Quem você está chamando de IMBECIL?! - Ichigo agora estava de pé com uma cara de poucos amigos para Rukia,

_ Você além de imbecil é também surdo!- Rukia se levantou em um pulo e ficou cara a cara com Ichigo.

      Quando o rapaz se deu conta já estava perdido no azul daqueles olhos, foi como se mergulhasse em um imenso oceano. Era isso que eles faziam com ele: Se sentia perdido como se sua vida dependesse de estar ali, apreciando os olhos mais lindos que já vira. Rukia já tinha percebido que Ichigo estava chegando cada vez mais perto, podia sentir o calor do seu rosto que estava encostando ao dela. O que ele estava fazendo? Será que a intenção era mesmo de beijá-la? Estava suando frio, seus batimentos cardíacos estavam disparados, sentia um arrepio percorrendo toda sua espinha, mas não podia evitar, queria ser beijada por ele. Sempre quisera sentir o gosto de seus lábios tocando os dela, e então resolveu fechar os olhos e se entregar ao momento, pois já não tinha mais forças para resistir.

  Ichigo não tinha mais como voltar atrás. Seu lado racional havia submergido ao azul daqueles olhos e, quando finalmente seus lábios se encontraram, começou um beijo tímido de início, porque ambos não sabiam bem o que fazer, era uma experiência nova para ambos, mas aos poucos Rukia fora abrindo a boca para dar passagem a um beijo mais intenso, a língua de Ichigo percorria com pressa todos os cantos que podia da boca de sua amada, as mãos dela enlaçava o pescoço do rapaz. Por sua vez, Ichigo abraçava com força a pequena cintura da baixinha. Era como se eles estivessem vivido só para  aquele momento, como se tudo dependesse daquele beijo. Não se importavam com mais nada: eles tinham ali, naquela sala, tudo que precisavam para serem felizes.
         Aos pouco  eles foram diminuindo o ritmo dos beijos, o shinigami substituto agora dava pequenos beijos nos lábios da sua baixinha. Não queria que ela saísse de seus braços, era uma sensação maravilhosa e tudo estava perfeito até...

_ Onii-chan... Chegamos.

Continua...