Havia se passado pouco mais de seis meses que Ichigo tinha recuperado seus poderes de shinigami e que Rukia fora enviada para o mundo real afim de ajudar o rapaz em seus deveres do seu antigo cargo de shinigami substituto. A baixinha, por sua vez, continuou morando na casa de Ichigo, para alegria de seu pai e suas irmãs, as quais gostavam muito dela.
          O relacionamento do ruivo com a pequena shinigami não havia mudado muito e, apesar dos dois terem sentindo muita falta um do outro, eles não queriam admitir. A verdade é que o tempo que eles ficaram  sem se ver só serviu para terem certeza de uma coisa: que eles se amavam, mesmo que nenhuma das partes estivesse admitindo, os seus corações ardiam em angústia e preocupação um pelo outro, como uma chama que crescia e se tornava mais forte a cada segundo em que estavam juntos. 

 Ichigo e Rukia tinham constantes pensamentos como estes :"Como será que ela vai reagir ?", "Será que ele me corresponde?”. Passavam o dia inteiro com pensamentos focados um no outro; já estava ficando difícil controlar esse sentimento tão estranho, o qual insistia em aparecer apesar deles relutarem.
           Com o passar dos dias, Ichigo ia sentindo um vazio em seu peito, não sabia bem como explicar , era parecido com o que ele sentia quando Rukia estava longe: angústia , ansiedade e as vezes até uma profunda tristeza. Mas por que ainda sentia isso? Já que ela voltara e tudo estava como antes. Então por que estas coisas ainda o atormentava? Será que ela sentia o mesmo que ele? O shinigame substituto não podia evitar este sentimento que estava crescendo dentro de si.

Toda vez que ichigo chegava perto de Rukia, mesmo sem querer eles acabavam discutindo. Certa noite o ruivinho ainda estava acordado, não conseguia pegar no sono , não parava de pensar na dona dos enormes olhos azuis, de como ela era bonita e que sem ela sua vida era vazia. Era como se a pequena fosse a lua que brilhava e embelezava e suas noites escuras. Quando ela estava perto a sua melancolia desaparecia, tudo ficava mais bonito só pelo fato dela estar ao seu lado. Como ele poderia viver sem ela? Já havia provado o gosto de sua ausência e não era nada bom. Não, de maneira alguma poderia perdê-la de novo, sentir a angústia de não tê-la por perto, a impotência de não poder protegê-la, o fato dela ainda não saber sua importância para o seu solitário e machucado coração.
     Eram esses os motivos dele ainda estar sentido todas aquelas coisas: ele a amava e tinha que tê-la, mas não como um simples amigo, isso já não era mais possível. Ele queria a reciprocidade de seu amor. Mas como fazer para ela entender que ele a amava e que era com ela que ele queria estar? Tão complicado, ele dizia a si mesmo, mas teria que encontrar algum jeito.

A cabeça de ichigo já estava doendo de tanto pensar; ele se levantou da cama e, não conseguindo dormir, pegou o relógio. Já era 1:36 da madrugada e de repente escuta um barulho vindo do andar de baixo. O ruivinho decidiu ir ver o que  fizera tanto barulho e quando chegou à cozinha se deparou com  Rukia bebendo um copo de água.

_ Rukia, mas que barulho! Eu pensei que fosse um ladrão! - disse Ichigo com uma expressão de alívio.

_ Nossa, que exagero Ichigo, eu só deixei o copo cair no chão.- disse Rukia com certa revolta.

_O que você esta fazendo acordada? Está muito tarde. - O ruivo tentou puxar conversa.

_ Bebendo água, não está vendo?

_ Ora, sua... - ele estava prestes a xingá-la, mas desistiu. - Você sabe o que eu quero dizer!
          _ O que tirou meu sono, é isso que você quis dizer?- ela responde com uma vozinha mimosa.

_ Humm... é.- Ichigo franziu um pouco a testa, com raiva do rodeio que a baixinha estava fazendo, mas não podia evitar de ficar levemente corado ao perceber que sua amada estava com uma camisola que modelava suas formas entre a silueta e o busto. Era cor de rosa com desenhos de coelinhos em todo tecido. "Como ela é bonita!" - pensou ele - "Essa pele tão alva e olhos tão profundos que me deixam hipnotizado.". Mas ela o tirou do transe quando começou a falar :

_ Ichigo eu não consigo dormir porque... - ela hesitou em dizer e começou a discutir consigo mesma.- "O que eu estou falando? Não posso dizer para ele que não consigo dormi porque estava pensando nele; ele vai rir de mim, me achar boba.”- ela desiste de falar e tenta disfarçar - isso não é da sua conta! - Rukia mudara seu tom de voz melancólico para um autoritário e indiferente.

Ichigo ficou muito irritado com a resposta mal criada de sua baixinha, mas não podia deixar de perceber que ela estava com o rosto vermelho, tentando esconder alguma coisa.

_ Você tem razão eu não tenho nada a ver com sua vida.- disse Ichigo tentando ao máximo não discutir com ela.

Ao falar isso ele deu as costas para ela e estava voltando para o quarto quando sentiu a pequena mão de Rukia segurar seu braço. Quando se virou, acabou se deparando com uma Rukia triste e arrependida, com a cabeça voltada para o chão.

_ Me descupe Ichigo, eu...- sua voz saía fraca e rouca. - Não sei bem o que está acontecendo comigo...me sinto perdida, não sei como explicar! Nunca havia sentido isso, é uma experiência nova para mim e...- Rukia deu um longo suspiro e sentiu como se sua voz não saÍsse.

O coração do ruivo parecia que ia sair pela boca, a shinigami ainda segurava seu braço. Só que ela havia se aproximado e estava muito perto, ele sentiu seu perfume, isso  estava deixando-o sem controle; tinha medo de agarrá-la ali mesmo. Por que ela estava falando aquilo? O que a estava deixando tão atordoada? E aqueles olhos: "Por que estão me encarando, como se esperasse uma resposta?"

_ Rukia, eu...- Ichigo não sabia o que tinha que falar, afinal, também estava muito confuso com o que estava sentido por ela, mas não tinha certeza se era isso que a estava incomodando - Eu tenho que dormir, e você também. Amanhã vamos acordar cedo. - ele não acreditava que estava falando aquilo, definitivamente não era isso que ele ia dizer, mas não conseguiu e a única coisa que restava era voltar para o quarto e deixar ali uma Rukia ainda mais confusa e triste.

Continua...