Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 9
Planos


Notas iniciais do capítulo

Mais um!
Espero que gostem!



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O chamado do Grande Mestre assustou a todos os presentes na Casa de Escorpião. Ainda que tenha evitado uma possível tensão entre os três, não diminuiu o sentimento de culpa que esmagava o coração francês.

Milo correu para se trocar, deixando, novamente, Camus e Kárdia sozinhos.

- Eu já vou, preciso colocar minha armadura. – Camus se dirigia à saída. Ainda sem olhar para trás, continuou. – E você... Trate de esquecer o que aconteceu. Foi um erro, de nós dois e...

- Mas pode se tornar um acerto, não acha, Camus? – Kárdia o interrompeu, aflito.

O aquariano cessou seus passos.

- Eu não sou e não serei um substituto do Dégel, e você jamais será um para o Milo.

As palavras de Camus machucavam, mas Kárdia precisava aceitar que eram reais. Antes que Camus saísse, ele ainda conseguiu pronunciar palavras audíveis para o francês.

- Camus, perdoe-me. Me precipitei...

O Santo de Aquário continuou seu caminho. Por fora, a mesma máscara de frieza. Por dentro, uma imensa angústia que o torturava em meio a tanta confusão e dúvida. Começava a duvidar de sua certeza sobre seus frios sentimentos.

Kárdia estava sentando no sofá, cobrindo o rosto com as mãos, pensando no que estava acontecendo.

“Não consigo entender... Não consigo! Meu coração parece querer explodir por causa de tantas perguntas sem respostas. Toda vez que vejo Milo... É estranho, uma sensação diferente, um desejo sincero. Tenho certeza de que... Acho que realmente estou apaixonado por ele, mas... Camus... Camus... Camus me faz lembrar de Dégel,  o único que fui capaz de amar. A semelhança entre eles mistura meus sentimentos...!”

Milo chegou à sala, procurando-o, e o encontrou mergulhado num silêncio estranho.

Notou logo de imediato a preocupação e a tensão que emanavam do corpo quente de Kárdia.

- Aconteceu alguma coisa, Kárdia? – Perguntou o Santo de Escorpião, aproximando-se.

O antigo Cavaleiro colocou-se de pé num pulo, com uma expressão surpreendentemente divertida – escondendo seus sentimentos e emoções.

- Não! Mas vai acontecer uma terrível se não formos logo! – Por fora descontraído, pro dentro machucado e confuso.

Milo não era bobo e notou que seu antecessor escondia algo. Mas precisavam chegar ao Salão do Grande Mestre logo.

Quando todos estavam finalmente reunidos, Shion iniciou sem delongas, começando com um tema inusitado: Kanon.

- Bom dia a todos. Bem, há várias novas notícias; a primeira e base de tudo é o retorno de Kanon. – Essa novidade não era surpreendente, mas não deixava de espantar. Shion não demorou a continuar. – Ele nos trouxe informações que nos darão melhor visão para nossas ações. Kanon, por favor.

Assim como Saga e Dohko, Kanon estava ao lado de Shion. Deu um curto passo à frente antes de começar.

- Ok. Bem, antes de qualquer coisa... Quem é o cara com o focinho do Milo?! – Era a primeira vez que o gêmeo via Kárdia, e não estava sabendo dos últimos fatos. Ficara assustado, e deixou isso claro em sua expressão. – Por que diabos clonaram o maldito?!

A pergunta divertida não deixou de causar alguns risos, mesmo para que Kárdia que continuava perturbado com o episódio com o aquariano. Shion suspirou. Não conteve um breve riso. Não contava com isso, havia esquecido esse detalhe.

- Este é o Kárdia, Kanon. Explicações mais tarde. Prossiga, por favor.

O gêmeo mais novo não pareceu satisfeito apenas com o nome do sujeito, mas obedeceu.

- Certo... Bem, eu dei um jeito de “fugir” do deus dos Mares. Eu sabia das maldades que ele iria fazer com Athena e seus cavaleiros, e não achei e não acho certo. Voltei, e trago informações desse curto tempo que fiquei por lá.

“Quando despertei e reencontrei Poseidon, até assustei. Eu esperava por alguém como Julius, mas não foi isso que aconteceu. Poseidon tomou o corpo de uma mulher, que estava em Atlântida. Era Seraphina.”

- Você disse Seraphina?! – Kárdia interrompeu. Kanon confirmou. – Dégel já havia me falado dela. Essa mulher era amiga dele.

- Você a conheceu, Kárdia?

- Não, Shion. Mas ele teve algo com congelamento de Atlântida, não teve? Unity encontrou você e Athena. Ele deve ter lhe contado algo!

O Grande Mestre confirmou as conclusões do amigo com um gesto. Kanon continuou.

- O Mestre já me contou que Seraphina era irmã desse tal de Unity, e que havia sido “escolhida” para selar a alma de Poseidon, há duzentos anos. Pois agora é ela que tem os poderes do deus, de novo. Mas não é isso o que vai nos ajudar.

“Ouvi os planejamentos para o ataque deles. Ele não vai nos esperar agir primeiro para usar de um contra-ataque, porque sabe que correria riscos de mais. Daqui a três dias há uma previsão de tempestade forte aqui na Grécia. Poseidon vai usar e abusar dos poderes que tem e tirar vantagem disso. Ele quer causar uma inundação e acabar com tudo.

“Mesmo que ele consiga prolongar a tempestade, ainda teríamos muitas chances de vencer, mas todos os civis estariam em risco.”

Alguns murmúrios baixos nasceram do silêncio. Tinham menos tempo do que pensavam.

- Precisamos atacá-lo antes da tempestade, e pegá-los desprevenidos. – Sugeriu Milo.

- Mas como ter certeza de que essa tal tempestade é real? – Shura de Capricórnio temia acreditar em Kanon.

- Eu não sei como eles souberam dessa, eu só atuo nas batalhas! Mas foi isso o que ouvi, da própria Seraphina. – A expressão do geminiano tornou-se triste. – Vocês têm motivos para não confiarem em mim, mas se estou aqui agora, é porque me arrependi.

Shion se colocou de pé, passando à frente de Kanon.

- Não é isso que precisamos discutir agora. Precisamos de uma estratégia de ataque, pra ontem! Alguma sugestão, Camus?

O Santo de Aquário tinha os olhos fixos no chão. Seus pensamentos vagavam sem rumo. Não estava presente de espírito. Estava tão confuso e perturbado que ser quer ouviu o que o Grande Mestre dissera.

- Camus...!

- Sim!... Perdão, eu... Não estava ouvindo. – Não mentiu.

- Você está bem?

- Claro.

- Então diga-nos se tem algum plano de ataque.

O aquariano pensou por um momento. Ainda que não estivesse completamente concentrado, fez algumas conclusões de última hora.

- Se Kanon diz que Poseidon pretende nos pegar desprevenidos com uma tempestade em três dias, podemos usar isso contra eles. Já estamos sabendo de seu plano, então podemos esperá-los, prontos com um contra-ataque antes mesmo do ataque.

O Grande Mestre aprovou.

- É um tanto arriscado, mas é certo de que funcionará. Por precaução, mandarei uma dupla para Bluegard e, Kanon, você acompanhará os dois que forem. Estão liberados. Mas fiquem Afrodite e Máscara da Morte.

Enquanto todos os Cavaleiros se retiravam, Milo notou grande diferença nos comportamentos de Camus e Kárdia. O escorpiano sabia que algo não estava certo. O francês, porém, ao contrário do escorpiano mais velho, não escondia sua expressão preocupada.

- Kárdia, preciso falar com o Camus, então pode ir à frente. – Avisou. De imediato, Kárdia estagnou. A reação dele não passou despercebida aos olhos de Milo, que temeu algum desentendimento entre o francês e o escorpiano.

- Ok... Eu vou até a Casa de Leão. Aioria vai me explicar umas coisas que não estou sabendo.

Milo compreendeu que Kárdia falava do acontecido com os gêmeos. Acenou para alguns dourados que estavam por perto e correu para a Casa de Aquário, atrás de Camus.

O aquariano decidiu voltar para sua casa e se deitar. Talvez assim a dor que se apossou de sua cabeça passasse. Talvez assim uma parte de sua dúvida cessasse. Ou talvez assim, por algum passe de mágica, quando voltasse a abrir os olhos descobrisse que era tudo um sonho.

Prestes a abrir a porta de seu quarto, ouviu sons metálicos dos pés de algum Cavaleiro apressado que entrava em sua casa correndo.

Milo seguia o cosmo frio do aquariano, e logo o achou, encostado na parede em frente ao seu quarto, com os braços cruzados. Parecia esperá-lo.

- Achei você... Aconteceu alguma coisa?

- Não.

- Mentira. O que você tem?

- Nada.

- Mentira. Por que está assim?

- Por nada.

- Mentira. Por...

- Se tem resposta pra tudo, por que insiste em perguntar?!

O escorpiano respirou fundo. A atitude defensiva do francês o estava irritando muito.

- Pára de mentir pra mim, droga! Me diz de uma vez, o que aconteceu com você e o Kárdia?! – Milo acabou revelando sua conclusão de que os dois tinham algum problema em comum.

Camus desfez sua postura e deu alguns passos rumo ao quarto.

- Eu vou me deitar. Estou com dor de cabeça.

Mas Milo agiu rapidamente e segurou seu braço.

- Por que não está confiando em mim?

- Não deixei de confiar em você em momento algum. – Camus não o olhou.

- Então me diz...

- Discutimos. Está satisfeito agora?

- Mas você não fica assim por causa de uma discussão comigo...

- Ele não é você, droga! – O francês alterou o tom de voz, surpreendendo o escorpiano. – O problema é exatamente esse!

- Camus... O que-...

- Milo, me deixe em paz. Preciso de um tempo sozinho. – O Santo de Aquário desvencilhou-se da mão do escorpiano e entrou em seu quarto.

Milo não estava satisfeito, não aceitaria essa atitude sem uma explicação aceitável. Antes que Camus fechasse a porta, entrou no quarto rapidamente.

- Milo! Saia do meu-...

- Não antes de você me contar o que realmente aconteceu... – Milo encara o chão, desviando seu olhar dos olhos de Camus. – Embora eu ache que já sei o que se trata.

O aquariano estremeceu, mas sua máscara de frieza não caiu em momento algum.

- Se já sabe, então saia. Preciso de um tempo pra pensar.

Milo fechou a porta atrás de si, batendo-a com força.

- Não! Eu tenho que ouvir você dizer, com sua boca, que se apaixonou por ele! E então, Camus! Quem é que está apaixonado pelo Kárdia?! – Milo acabou se deixando levar pela raiva e pelo ciúme, alterando a voz e carregando-a com sarcasmo.

Camus olhou nos olhos do escorpiano. O desejo de provar aqueles lábios quebrava sua máscara de frieza, revelando seus reais sentimentos, escritos em seus olhos.

- Não pelo Kárdia que estou apaixonado, Milo...

Era o que Milo queria ouvir. Em seu íntimo, sabia que era isso, mas sua teimosia o impedia de acreditar. Sorriu. E, de repente, o frio do aquariano tornou-se irresistivelmente convidativo. Aproximou-se dele levou sua mão ao rosto gelado.

- Que bom, pingüim francês, porque não vou deixar que ele o tire de mim...

Sentir aquele calor em contato com sua pele provocou-lhe arrepios agradáveis. Ver os lábios de Milo próximos aos seus, entreabertos, emanando seu hálito quente e doce, tirou-lhe a razão. Milo não demorou a unir o quente ao frio. As dúvidas e preocupações foram temporariamente apagadas – ou completamente jogadas fora. Poseidon que esperasse, porque estavam ocupados de mais em realizar sonhos e desejos antigos.

Enquanto Milo lhe tomava o ar com carícias e beijos, enlaçando sua cintura e apertando seu corpo contra o dele, Camus fora capaz de obter uma grande diferença entre seu escorpiano e o outro. Não importava se possuíam cosmos, aparências e comportamentos praticamente idênticos, Camus sentia por um o que jamais sentiria pelo outro: ele amava Milo verdadeiramente, e se realmente estava nutrindo algum sentimento para com Kárdia, não passaria de uma paixão temporária.

As armaduras de ouro impediam os cavaleiros de sentirem um ao outro, e logo deixaram de ser um obstáculo.

Camus acabou fazendo com que Milo desejasse o frio. O escorpiano sentia cada parte de seu corpo estremecer ao toque gelado do francês. O perfume daquele corpo bonito o embriagava. Nada mais importava agora.

(Continua...)


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Notas finais do capítulo

Comentários e críticas construtivas são sempre bem vindos!



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