Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 8
Inversões


Notas iniciais do capítulo

Mais um!
Bom, esse já um pouquinho mais picante, dando mais força ao possível triângulo amoroso... ^3^



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Kárdia desfrutou de uma excelente noite de sono, sem sonhos conturbados. O corpo bem descansado contribuiu para a boa noite, fazendo-o acordar cedo. Levantou-se por volta das sete da manhã, e ia para a cozinha quando passou pelo quarto do atual defensor da Casa de Escorpião. Parou diante da porta até decidir entrar.

Milo dormia de qualquer jeito, jogado na cama bagunçada. Apesar de todo desleixe na cama, seu quarto era inacreditavelmente organizado, e em meio à desarrumação dos lençóis, ele dormia calmo e sereno. Nem se quer se mexeu quando Kárdia adentrou o cômodo.

Algo o impulsionava a se aproximar e aproveitar a inconsciência de Milo. Chegou mais perto da cama e afastou uma mecha de cabelo que encobria o rosto do mais jovem.  A cena lhe causava uma estranha e boa sensação.

Ainda movido pelo impulso, aproximou seus lábios dos de Milo e lhe deu um rápido beijo. Aliviado por saciar esse repentino desejo sem acordá-lo, deixou o quarto, levando no rosto um sorriso malicioso.

Já longe do quarto, passou pela cabeça de Kárdia acordar o escorpiano, mas vê-lo dormindo tão tranqüilamente o fez desistir desse pensamento e procurar por algo, na cozinha, que seria seu café da manhã.

Na Casa de Aquário, Camus levantara cedo, como já lhe era costumeiro. Após tomar seu café decidiu ir até a Casa de Escorpião, mesmo sabendo do risco que corria de encontrar Milo ainda dormindo. Enquanto passava pela Casa de Sagitário, encontrou Aioros em uma conversa inusitada.

- O que se passa aqui, Aioros? O que este homem está fazendo no Santuário?! – Lamentando-se sair sem sua armadura, Camus se irritou ao ver o homem que estava ao lado de Saga, conversando com Aioros.

O sagitariano se voltou para Camus, com uma expressão calma. Ao ver os gêmeos com suas armaduras, pensou no pior: traição. Mas e Aioros?

- Não se preocupe, Camus. Kanon está “em paz”. – Revelou o Santo de Sagitário.

Kanon ergueu as mãos, como quem diz ser inocente. O francês não pareceu confiar.

- Acredite, Camus. Ele está com a gente. Deixou Poseidon e veio em busca de uma segunda chance. Aioros nos acompanhará até o mestre, confie em nós, ok? – Pediu Saga.

O francês continuou seu caminho, em direção à Escorpião.

- Estou indo à Casa do Milo... Permito a passagem de vocês em minha Casa.

- Obrigado. Ah! Milo ainda está dormindo, apenas Kárdia já está de pé... – Disse o Santo de Gêmeos, acompanhando Aioros e o irmão.

O francês diminuiu seus passos disfarçadamente. Kárdia...  Ele já havia acordado, mas Milo não. E Camus desejava ver Milo, seu escorpiano, e não Kárdia, um estranho escorpiano que invadira sua vida, mudando-a da noite para o dia. Sem perceber, porém, continuou a caminhar rumo à Casa de Escorpião, com passos lentos e olhar perdido.

Saga estava preocupado. Aioros estava confuso. Kanon estava nervoso. E todos os três estavam ansiosos o bastante para subirem as escadas e avançar pelas Casas restantes correndo, para que tudo se concluísse mais rápido.

Quando finalmente alcançaram o Salão do Grande Mestre, encontraram-se com o Cavaleiro de Libra conversando com Shion. Ambos se calaram diante da presença de Kanon.

- Bem, agora é com o senhor, Mestre. – Aioros despediu-se educadamente e deixou o local.

Shion se surpreendeu. Era Kanon. Kanon de Gêmeos. Mas precisava agir como lhe mandava seu posto como Mestre. Aquele era Kanon de Dragão Marinho, seu inimigo, e não mais o gêmeo mais novo de quem cuidara como um filho.

- O que faz aqui, Marina de Poseidon?! – Perguntou com sua voz firme e forte, sem deixar passar sua tensão.

Saga se afastou do irmão, como um incentivo para que ele começasse.

Kanon não escondia seus sentimentos perante aquele homem, deixava claro em seu belo rosto todos eles: culpa, medo e angústia. Levou ambos os joelhos ao chão, fazendo sua armadura estalar ao se chocar contra o piso, abaixando sua cabeça.

- Venho implorar o seu perdão! Por favor, perdoe-me! Aceite-me de volta, como um Cavaleiro de Athena! Aceitarei toda e qualquer punição pelos meus atos! – Kanon ergueu seu olhar suplicante e olhou no fundo dos olhos de Shion. – Se a morte é o preço pelos meus pecados, mate-me como um Cavaleiro, e não como um Marina.

Dohko perdeu a fala, paralisado diante da cena. Saga fechou os olhos, triste pelo irmão. Mas fora Shion quem teve a pior das reações. Aquilo era demais, mesmo para seu forte coração de duro Mestre. Chorou.

- Athena... Ela é a deusa da bondade, Kanon. Deveria saber que ele sempre o perdoará. – Shion deu-lhe as costas, tentando esconder suas lágrimas. – Bem vindo de volta ao Santuário de Athena, Kanon de Gêmeos.

Um largo sorriso se formou no rosto dos gêmeos, em especial do mais novo.

- Obrigado! Obrigado, Mestre! Obrigado!... E... Não adianta tentar esconder, eu vi você chorando! – Kanon estava verdadeiramente feliz, e a oportunidade de importunar Shion era a primeira depois de muito.

- Ora, seu...! Já começou! – O Grande Mestre se virou para bronqueá-lo, rindo.

Porém, Kanon o surpreendeu com um abraço, algo que já fazia desde... Desde muito tempo. Shion ficou sem ação, mas logo retribuiu, quando Saga se juntou a eles.

Dohko assistia a cena encantado. Por mais rígido que fosse, Shion nunca deixara de ser gentil e carinhoso. E os gêmeos foram os que mais usufruíram disso.

- Tá ficando mole, Shion! – Comentou Dohko, brincando.

- Fique quieto, Dohko! – Brigou, desfazendo o abraço.

Os outros três riram. Mas Kanon assumiu uma postura séria.

- Mestre... Tenho para o senhor informações necessárias, úteis e quentinhas! Podem ser de grande ajuda.

Shion tomou novamente sua seriedade e colocou-se a ouvir.

Mesmo muito lentamente, Camus acabou chegando à Casa do escorpiano, e quando deu por si, já estava na sala. Chegou a se assustar.

- Como é que-... Ah! Droga! – Deu meia volta, para retornar para sua casa, mas deparou-se com o mais novo morador da Casa de Escorpião.

- Oh, Camus! Bom dia!

Mesmo não demonstrando, Kárdia sentiu seu coração falhar uma batida e acelerar em seguida. Seu corpo reagiu de maneira estranha, trazendo a tona sensações e sentimentos adormecidos há séculos.

Camus não esperava por esse encontro, mas desistiu de mentir para si próprio dizendo não ter gostado.

- Bom dia, Kárdia. Como foi a primeira noite no Santuário?

- Não foi exatamente a primeira, sabe? Mas foi ótima! – Kárdia se dirigiu para um dos sofás e indicou o outro para o francês. – A Casa não é mais minha, mas sente-se. Não vai crescer mais!

O aquariano aceitou o convite.

- Milo ainda está dormindo?

- Está sim... Eu pensei em acordar ele, mas tava tão empenhado em dormir que deu dó!

O francês acabou concluindo que Kárdia observara o grego enquanto ele dormia – o que, de fato, acontecera – e não gostou muito disso. Não acompanhou a brincadeira, deixando-o sem graça.

- Ehh... Já tomou café? – Kárdia tentou mudar o assunto.

Camus se levantou para voltar para a Casa de Aquário. Não ficaria ali sem Milo.

- Não se preocupe. Eu já tomei meu café da manhã, e vou indo. Tenha um bom dia.

O escorpiano não pensou em nada. Seu corpo agiu sozinho, fazendo suas pernas se moverem rapidamente até Camus, para que sua mão alcançasse o braço do aquariano e o parasse. Sua boca se moveu pronunciando palavras que não tinham sido pensadas.

- Não vai ainda...!

O Santo de Aquário se surpreendeu. Parou e voltou seus olhos para trás, deparando-se com o belo rosto do escorpiano se aproximando do seu. Sentiu seu rosto esquentar.

- Hei, Kárdia... Por que-... – O francês estava sem ação.

O antigo Cavaleiro de Escorpião aproximava-se sem pudor algum. A chama que ardia em sua alma apossava-se de todo seu corpo, controlando seus movimentos.

Seu cosmo reagia em favor do seu sucessor Escorpiano.

A semelhança entre eles era tanta que gerava uma atração incontrolável.

Enquanto seu coração, ainda marcado com um amor do passado,

Clamava pelo frio de um Aquariano.

- Eu-Preciso-De-Você... – Pausadamente, Kárdia usou de palavras fortes, dando fim ao espaço que ainda permanecia entre os lábios dos dois. Beijou-o sem medo, de modo quase egoísta, para saciar seus próprios e confusos desejos.

Camus, assustado, paralisou, não reagiu, sem corresponder ao beijo de inicio; e sem repeli-lo também.

Aos poucos, sentindo o calor do corpo de Kárdia tornar-se agradável e convidativo, fechou os olhos e permitiu ser beijado com mais intensidade, correspondendo, e deixando que o escorpiano transformasse aquele simples selinho num beijo mais profundo. Cada parte de seu corpo perdia seu frio natural, ardendo no calor intenso, mas confortável. Em seu íntimo, há quanto tempo sonhava em ter essas sensações? Mas aquele não era Milo, e mesmo assim... Era impossível resistir.

Sentindo que o aquariano cedia aos seus beijos, enlaçou sua cintura, prendendo aquele corpo frio e perfeito em seus braços fortes e quentes. Como era bom sentir tudo isso novamente, depois de tantos séculos sem sentir o frio de seu Cavaleiro de Aquário tomando-lhe o corpo. Kárdia não temia ousar; fazia questão de explorar cada canto daquela boca, de unir cada vez mais seus lábios aos dele, porque sabia que o aquariano não resistiria, e iria ceder a qualquer momento.

O francês não mais conseguia raciocinar. Toda vez que seu cérebro pedia para que ele sussurrasse o nome daquele home, seu coração dizia que esta era Milo. Mas Camus sabia que não era, e ainda assim, não ousava se desvencilhar daqueles braços. Permanecia em silêncio, cedendo, aos poucos, cada vez mais àqueles beijos.

Kárdia queria mais, tomar-lhe os lábios não parecia ser suficiente. Desceu sua boca até o pescoço do aquariano, provocando nele discretos arrepios. Sorriu os sentir os dedos frios se enlearem em seus cabelos, acariciando-os. Mas cometeu um erro grave. Após beijar a orelha de Camus, apertando-o mais em seus braços, contra seu corpo, sussurrou, com a voz rouca.

- Senti sua falta... Dégel.

Todas as deliciosas sensações desapareceram. Camus abriu seus olhos, despertando para a realidade. Empurrou, com delicadeza, o escorpiano e deu-lhe as costas, ajeitando as roupas levemente amarrotadas, recompondo-se.

- Eu... Não sou o Dégel... Mas assim como você, eu errei também. Porque você não é o Milo.

Só então Kárdia se deu conta de seu erro. Seu coração apertou. Seus lábios se abriram para pronunciar palavras que seriam, provavelmente, desculpas, mas algo o impediu.

- Oh! Bom dia Camus, Kárdia...! – Milo chegou à sala, bocejando, sonolento demais para perceber alguma coisa.

Camus sentiu seu peito doer. Kárdia perdeu o chão. Mas não houve tempo para que nada fosse dito. Shion os chamou por telepatia, convocando-os ao Salão.

(Continua...)


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