Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 10
Ataque




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/139902/chapter/10

O aquariano em nada pensava. Sentir as mãos fortes de Milo passearem por seu corpo era como uma corrente elétrica. Os lábios quentes beijando-lhe o pescoço eram como um encantamento que o controlava.

Antes que Camus pudesse perceber, seu corpo nu era aquecido pelo corpo desnudo e perfeito do escorpiano, em seu próprio leito, onde ambos descansavam realizados e tranqüilos. Dormiam ternos e serenos.

Aioria explicou a Kárdia todos os acontecimentos que antecederam a Guerra Santa. Ainda durante a conversa, Aioros e Aldebaran foram até a Casa de Leão, e os quatro passaram horas tendo uma conversa agradável. Quando resolveu retornar à Casa de Escorpião, já passava da hora do almoço, o que o levou a estranhar o lugar vazio.

- Milo... Ainda está com Camus? – Perguntou para si mesmo, jogando o corpo contra o sofá.

Ele sabia qual era a resposta, e não gostava dela. Queria ter Milo por perto, para que as chances de Camus mudar de idéia aumentassem. Queria ter a certeza de que Camus não estaria com o escorpiano mais jovem, para que as chances de Milo mudar de idéia aumentassem... Queria, na verdade, entender porque não os queria perto um do outro.

Como já havia almoçado com os outros na quinta Casa, não se preocupou em preparar algo. Deixou o sono lhe tomar o corpo e adormeceu. O sono tornou-se profundo e levou-o a sonhar. Não teve, porém, um sonho agradável.

O pânico se apossava do Santuário. Os Cavaleiros da elite dourada caiam um a um. Diante do grande deus, enojava a si próprio, julgando-se inútil à Athena uma vez que fraquejava perante a perda do amado. Esperava pelo castigo do deus dos Mares, abraçando o corpo sem vida de seu amado... Milo.

Como se sentisse o poder de Poseidon cortar-lhe a alma, acordou sobressaltado, ofegante e suando frio. Descobriu então que a dor era real, mas não se tratava de um ataque, e sim de seu próprio coração.

- Outra vez...? – Não era comum que isso acontecesse com freqüência, e isso o preocupava. Tentando ignorar a dor em seu peito, voltou a se deitar no sofá após constar que havia dormido por pouco mais de duas horas, e a casa continuava vazia.

Milo acordou tranquilamente, notando rapidamente que Camus também já havia acordado. Ele, por sua vez, não notou o despertar do escorpiano. O grego não atrapalhou os pensamentos do aquariano, permanecendo em silêncio, sentindo os dedos de Camus acariciando seu cabelo, com o olhar distante.

O aquariano se perdeu em seus pensamentos confusos. Havia consumido se amor com Milo, e nada poderia deixá-lo mais feliz. Mas o beijo de Kárdia não lhe saia da mente. Seria possível que mesmo amando o escorpiano que estava ao seu lado, poderia se apaixonar pelo antigo cavaleiro? Sua linha de raciocínio perturbadora fora quebrada quando Milo se sentou, de repente, ao seu lado, com olhar preocupado.

- Milo! Que susto! Aconteceu alguma coisa?!

- Kárdia...! – Levantou-se rapidamente, tentando se vestir.

Camus se enfureceu.

- Mas que droga, Milo! Não pode parar de pensar naquele homem nem agora?! – Ainda que brigasse com o escorpiano por isso, julgava um monstro por cometer o mesmo erro de maneira ainda mais traiçoeira. Este pecado era seu.

- Me perdoa, Camye! Mas vou precisar de você outra vez... – Milo se aproximou com cara de pidão e tentou beijá-lo, mas Camus virou o rosto.

Por mais que estivesse se odiando, por mais que estivesse odiando Kárdia por envolvê-lo de tal maneira, Camus sabia que esses acontecimentos não poderiam impedi-lo de ajudar. Desviou do beijo de Milo e se levantou para se vestir.

- Já entendi.

A frase curta era para Milo entender que o clima entre os dois tinha sido estraçalhado.

- Perdão, Camus. Mas você sabe que é importante. – Tom de voz sério, mas triste.

- Sim, eu sei.

E qualquer outra palavra a mais pioraria muito a situação. Seguiram em silêncio até a Casa de Escorpião.

Milo, porém, não pretendia deixar as coisas assim, já planejava uma forma de compensar seu francês.

Chegando à oitava casa, o escorpiano seguiu o caminho que sua alma em chamas projetava indo direto à sala. Camus já manipulava seu cosmo, esfriando o ar do ambiente desde sua chegada.

Mesmo que igualmente perigosa, a febre de agora não era tão intensa, e rapidamente foi controlada. Kárdia logo despertou, e seu sentimento de culpa o fez se irritar com a presença de Camus, apenas ao sentir seu cosmo.

- Eu não pedi sua ajuda, Aquário! – Levantou-se bruscamente, surpreendendo os outros dois.

Mas a frieza de Camus era nata.

- Ainda que pedisse, não sei quanto a minha certeza de ajudá-lo. Se estou aqui, é pelo Milo. – Virou as costas e iniciou seu trajeto de retorno.

- Camus...!

- AHH! Seu arrogante egoísta!

O francês não perderia seu tempo retrucando, mas cessou seus passos e voltou seu olhar para trás, reprimindo-o, quando um forte estrondo tomou o Santuário. Kárdia e Milo, tão surpresos quanto o aquariano, apressaram-se em acompanhá-lo escada à cima.

O estrondo vinha do topo, do Salão do Mestre.

Shion estava completamente desprevenido, sendo pego de surpresa assim como Dohko que, como de costume, o estava auxiliando. Do nada, uma explosão acaba por criar uma densa cortina de fumaça; em meio à ela, uma silhueta feminina surge, acompanhada por homens com armaduras douradas. A mulher se revela bela, e portadora de um cosmo aterrorizante.

- Onde está o traidor?! Onde está o Dragão Marinho?! – Com uma voz forte e imperativa, exigiu a presença de quem estava ausente.

Diante do cosmo poderoso, dos cavaleiros ao seu lado e da exigência da mulher, o Grande Mestre teve sua certeza.

- Seraphina... Poseidon! – Imediatamente assumiu postura defensiva, e Dohko assumiu forma de ataque. – Contenha-se Dohko!

Mesmo não gostando, o libriano acatou a ordem.

- Kanon ao está aqui, Poseidon. Lamento que não encontre o que busca, mas não sairá daqui. – Com sua voz de trovão, Shion demonstrava confiança.

Um sínico sorriso se formou no rosto da mulher.

- O que te faz acreditar nisso? – Indagou provocante.

Não estava nos planos um ataque surpresa tão de repente; haviam Cavaleiros da elite ausentes e um contra-ataque deveria ser feito às pressas. Mas o Grande Mestre sabia o que falava, e o contra-ataque estava pronto.

Dez dos doze Santos Guerreiros de Athena chegaram ao local. Ainda que estivesse sem sua armadura, até mesmo Kárdia se apresentou.

Os doze Marinas de Poseidon se encarregariam dos Cavaleiros de Athena, que estavam em desvantagem mesmo com o auxílio de Kárdia, que criava preocupações devastadoras em Milo, por estar lutando sem proteção.

O Grande Mestre se encarregaria de Poseidon, mas antes que pudesse atacar, Seraphina desatou a gargalhar.

- Aquele Marina até se tornou útil, transmitindo a informação falsa de um ataque surpresa!

O coração de Shion doeu. Kanon os havia traído outra vez?

- Kanon... Como pôde nos trair novamente...? – Sussurrou.

- Idiota! – Aproveitando-se do descuido do Mestre, Seraphina acertou-lhe com um poderoso golpe, atirando-o contra o chão. – Aquele imbecil só disse à vocês o que eu queria que ele dissesse! Foi tão idiota quanto vocês!

Quando Dohko viu Shion caído, desesperou=se, ainda que o Grande Mestre já tivesse se recuperado do ataque.

- Shion! – Seu amigo estava lutando contra um deus, mas ele tinha sua própria batalha. – Agüente firme!

Tentou dar fim à sua luta mais rápido quando percebeu que o segundo ataque de Poseidon mataria seu irmão de Guerra, mas não conseguiu.

Utilizando a Execução Aurora, Camus livrou-se do Marina com quem lutava por tempo suficiente para que dirigisse o mesmo golpe a Poseidon, impedindo-o de executar seu novo ataque, e dando mais tempo a Shion.

Ao sentir-se imobilizada, congelada por tão poderoso golpe, recordou-se daquele que fizera isso a ela há tempos atrás, e procurou desesperadamente pelo cavaleiro, deixando a guarda baixa.

- Deve olhar para mim enquanto luta! – Shion usou o poder de alguns selos de Athena e atacou.

Seraphina conseguiu se esquivar, mas o golpe acertou-se o suficiente para lhe derrubar. Seus olhos ainda estavam fixos em Camus, que se preparava para atacá-la novamente quando foi surpreendido por um Marina.

- Ainda não se livrou de mim! – O aquariano passou a se concentrar mais naquele que o atacou.

Ainda que Poseidon tomasse seu corpo, Seraphina guardava parte de sua memória e de seus próprios sentimentos.

- Dégel...

Dohko venceu sua batalha, o Marina contra quem lutara já não conseguia mais se mover, foi então ao encontro de Shion para ajudá-lo com sua luta contra o deus dos Mares. Nesse instante, Kanon, Máscara da Morte e Afrodite retornam ao Santuário, auxiliando imediatamente onde precisavam.

Antes que Dohko atacasse, e que Camus aplicasse no Marina um último golpe fatal, Seraphina se recompõe rapidamente e com um único ataque leva ao chão os protetores de Athena – deixando fluir seu real poder de deus dos Mares. Não era de seu interesse matá-los, porque naquele instante, Seraphina tinha mais controle sobre seu corpo do que Poseidon.

Ela queria o Santo de Aquário.

Quando Camus se levantou, sentiu uma mão delicada, porém firme, segurar-lhe seu ombro. Uma voz quase sombria soou perto de seu ouvido.

- Venha comigo, de volta pra casa... Dégel.

O aquariano tentou se desvencilhar da mão repousada em seu ombro e corrigir a voz feminina que lhe chamara por Dégel. Mas sentiu uma forte dor em seu pescoço e sua visão escureceu completamente. Conseguiu apenas ouvir a voz preocupada e agoniada de Milo, gritando seu nome.

- CAMUS!

Seraphina não perdeu mais tempo.

- Terminaremos isso em breve, Cavaleiros.

Tão rápido quanto chegou, Poseidon e seus Marinas deixaram o Santuário, levando Camus de Aquário.

(Continua...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!