Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 7
Surpresas - Capítulo Especial




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(Continua...)

O dia logo deu lugar à noite, o Santuário mergulhou no silêncio de Nix¹.

Mesmo sem estar cansado, Kárdia logo adormeceu. Milo dormiu pensando em tudo o que estava acontecendo, em especial entre ele e Camus, notando que algo havia mudado entre os dois. Enquanto na Casa de Aquário, o francês demorou a pegar no sono, pensando no mesmo assunto que ocupava os pensamentos do escorpiano.

Mas era na Casa de Gêmeos que Hypnos² decidiu não passar, e o Santo Cavaleiro guardião desta rolava na cama, em agonia com seus medos.

Poseidon havia retornado e atacaria a qualquer hora, contando, provavelmente, com a força dos Marinas. Com a força do seu irmão. Esse pensamento o fazia concluir que brevemente estaria lutando contra seu amado irmão, e involuntariamente, Saga apertava seus olhos já fechados, tentando reprimir as lágrimas.

- Droga, Kanon! Por que tinha que ser assim?! – Irritado com o destino, levantou-se de sua cama e se dirigiu à cozinha.

Tinha esperança de que a famosa água com açúcar ajudasse, mas também não deu certo. Deitou-se no sofá da sala e colocou o braço sobre o rosto, disposto a apostar em contar carneirinhos. A claridade da lua naquele cômodo era pouca, mas incomodava.

Embora lutasse contra isso, não conseguia tirar dos pensamentos o rosto de seu irmão. Seu último encontro com o gêmeo fora quando lutaram, um contra o outro, resultando na morte do mais jovem. E era isso o que mais pesava no coração de Saga: seu irmão morrendo, pelas tuas próprias mãos. Seu irmão.

- Kanon... Poderia ter sido diferente? – Essa pergunta possuía uma possível resposta que o machucava ainda mais: sim, poderia.

E dessa vez, as lágrimas o venceram e cortaram seu belo rosto. No escuro, sob a fraca luz da lua, pareciam pequenos cristais a lhe cortarem a pele.

E foi nesse instante que sua noite mudou. Uma mão forte apertou sua perna, firmemente, como num carinho rústico.

Por impulso e susto, Saga movimentou-se rapidamente, acertando um chute poderoso naquele que estava ali, se afastando no mesmo instante.

Quando sentiu sua perna acertando o indivíduo, ouviu um gemido manhoso e não obteve o contra-ataque que esperava receber. Observou cautelosamente aquela sombra que se aproximava dele com passos calmos.

- Caramba, isso lá é jeito de receber visitas, maninho?! – A sombra ganhou forma e cor quando alcançou a claridade. Suas próprias formas e cores, como se estivesse a se olhar em um espelho. A voz dengosa e brincalhona, comumente sínica, desarmou Saga, e o sorriso bonito o deixou em estado de choque.

- Kanon...? – Saga temia que seus olhos o estivessem enganando. Teria, em fim, dormido e estava agora sonhando?

Aquele homem idêntico a ele se aproximou mais e tocou-lhe o rosto, fazendo um leve carinho. Saga fechou os olhos com um sorriso tímido, aproveitando a sensação.

- Estou sonhando? Delirando?!

- Não, Saga! Estou mesmo aqui! Deixe de ser bobo! – Kanon puxou o corpo do irmão, prendendo-o em um abraço forte. Saga logo retribuiu.

- Eu não consigo acreditar! – Comentou, segurando o rosto do irmão entre as mãos. – Sonhei tanto em te ver outra vez!

Kanon sorria diante do rosto radiante de seu irmão, acariciando-lhe os longos cabelos azuis. Mas o belo rosto se entristeceu, quando os olhos da cor do mar se fecharam e lágrimas escorreram.

- Saga...! Por que está...

- Me perdoe, Kanon! Eu não estou mais agüentando viver com essa dor, com essa culpa! Me perdoe por...

Saga fora interrompido quando Kanon lhe deu um breve beijo sobre os lábios. O Santo de Gêmeos abriu os olhos imediatamente, assustado e irritado. Kanon sorriu. Um sorriso maroto e desafiador.

- Eu sei a culpa que eu tenho, maninho, não se culpe dessa forma. Você fez o que devia ter feito.

O gêmeo mais velho se desarmava diante daquele homem. Desviou o rosto e se afastou de Kanon.

- Isso não lhe dá o direito de me beijar! Sou seu irmão, droga! – Disse, bastante irritado. Fez-se silencio por um momento, até tornar a falar. – Kanon... Poderia... Ter sido diferente?

- O que, o beijo? Bem, eu poderia tê-lo dado com mais intensida-... – Fez-se de desentendido.

- Não faça brincadeiras, idiota! Isso não á graça! – Saga ralhou com ele, voltando a olhá-lo, furioso. Logo, porém, desviou os olhos. – Sabe do que estou falando.

Kanon assumiu seriedade.

- Não. – Saga encarou o irmão, surpreso. Era não era a resposta que esperava ouvir, não era a resposta com a qual se respondia. – Pense bem, mano. Você é sempre o mais esperto, não acredito que não pense assim! O que era para ser, já foi, passado que passou! Mas o futuro é o que está pra frente, e esse sim nós podemos fazer ser diferente.

Saga se surpreendeu, porque Kanon tinha razão, e isso era óbvio. Sorriu, aliviado, quando sentiu os braços do irmão o envolvendo.

- Eu vim até aqui porque quero fazer diferente...

Foi então que Saga se deu conta de algo que estava deixando passar.

Afastou-se do irmão e o encarou preocupado.

- Kanon, e Poseidon?!

O gêmeo riu e se sentou sobre o braço do sofá, cruzando os braços.

- Escapuli de lá assim que pude! E não pretendo voltar. Saga acha que Athena me aceita de volta? – Kanon estava verdadeiramente preocupado.

Saga sorriu compreensivo, e se sentou no sofá, ao lado do irmão.

- É claro que sim! Athena é uma deusa boa e compreensiva.

- O Mestre... Será que me perdoa?

Saga deu de ombros.

- Creio que sim, afinal, ele cuidou de nós como se fôssemos filhos dele.

Kanon riu, lembrando de alguma traquinagem, chamando a atenção de Saga, que o olhou confuso. Quando se deu conta de que estava sendo observado, o grego mais jovem voltou seu olhar para baixo, para Saga. Por um instante o sorriso de menino travesso desapareceu. Em seu lugar, formou-se um sorriso perigoso, seus olhos pareciam os de um predador se preparando para atacar sua presa. E era exatamente isso.

O Marina aproximou seu rosto do de Saga, e antes que este protestasse, uniu seus lábios de pressa. Saga o empurrou, contestando.

- Pare... Com isso! Você e eu... Sou seu irmão! – Kanon deu de ombros, com o mesmo sorriso de predador.

Tomando-lhe os lábios outra vez, prendeu a nuca do Cavaleiro de Gêmeos com uma das mãos, e com a outra empurrava seu corpo esculpido, deitando-o sobre o sofá, e só encerrou o beijo quando o prendeu sob seu corpo.

- Kanon...! O que pensa... – Saga já estava sem fôlego. – Que está fazendo...?! Ficou... Louco?!

Como já esperava, Saga continuou a reagir contra as atitudes do irmão, e o porquê dessa reação era clara como água.

Kanon tornou a exibir o mesmo sorriso perigoso. Aproximou-se do ouvido de Saga e sussurrou.

- Estou fazendo o que quero fazer há tempos maninho... E não adianta tentar negar, porque estou dando o primeiro passo por nós dois... – Ele se afastou e encarou Saga, fazendo uma careta de reprovação. – Já que se eu for esperar você, isso não sai nunca!!

O gêmeo mais novo se preparou para um novo beijo, mas Saga desviou o rosto. Mesmo no escuro, era possível ver suas bochechas violentamente coradas.

- Por quê...? Isso é errado...! É muito errado, mas...

Kanon segurou o rosto do irmão entre as mãos e falou, de forma séria e carinhosa.

- Nós nascemos um para o outro. Não nos é possível amar outra pessoa dessa forma.

- Como pode saber dos meus sentimentos?!

Kanon riu.

- Sou teu irmão gêmeo, oras! – Ambos riram.

Depois disso, Saga já não ofereceu resistência, retribuindo o beijo seguinte prazerosamente. Permitiu-se ser acariciado da maneira que Kanon achasse melhor, e não fazia questão de esconder o prazer que sentia quando ele lhe beijava. Entregou-se completamente, se conter qualquer reação, desde arrepios a gemidos.

Quando o grego deu por si, a noite já havia passado, o sol lhe incomodava os olhos, e Kanon dormia serenamente sobre seu peito nu.

Saga observou o belo rosto tranqüilo e suspirou.

- Abusado...!

(Continua...)


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Notas finais do capítulo

¹ - Nix, a Noite.
² - Hypnos, o deus do sono.



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