Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 13
Não


Notas iniciais do capítulo

Resolvi postar dois capítulos de uma vez, assim fica mais fácil pra mim acompanhar a postagem, pois não me perco com a ordem dos caps.
Espero que gostem! Tá quase acabando!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/139902/chapter/13

Camus despertou quando sentiu Kárdia apertar seus ombros.

- Poseidon...?! – Indagou, falando baixo, sentando-se assim que abrira os olhos, assustado.

O escorpiano riu alto, sem se importar com descrição.

- Tá bem assustadinho, não?!

Aquário revirou os olhos, bufando enquanto se colocava de pé.

- O que é então?

- Eu só estava tentando massagear seus ombros para aliviar sua tensão...

Camus não comentou a resposta.

Aproximando-se das grades observou o lado de fora. Após constatar ninguém além dos três guardas mortos, saiu e colocou a armadura de Aquário.

- Vamos indo... – Quando se voltou para dentro da cela novamente, encontrou Kárdia sentado sobre a cama.

Descontraidamente, o escorpiano jazia sobre o colchão duro com as pernas em forma de “borboleta”, contando os pequenos gomos da “cauda” do elmo de sua armadura.

-... Camus me quer. Camus não me quer. Camus me quer... – Alcançando a ponta, fez um bico com cara triste. – Ahhh...! Camus não me quer...!

O sangue ferveu nas veias do francês. Sem perceber, o ar começou a esfriar, o que foi facilmente notado pelo grego.

- Kárdia, seu imbecil! Isso não é hora pra brincadeiras! – O Santo de Aquário perdeu o controle sobre si; gritou.

O escorpiano chegou pular da cama. No susto, colocou-se de pé imediatamente, batendo continência.

- Sim, senhor! Desculpe, senhor! – Sem conseguir manter a expressão séria, desabou rindo.

A vontade que se apossou de Camus o incentivava a quebrar o pescoço do outro Cavaleiro. Porém, dois Marinas chegaram à prisão após sentirem a elevação no cosmo de Camus.

- O que pensa que está fazendo, Aquário?! – Um deles gritou, enquanto o outro constatava os corpos no chão.

Quando ouviu as vozes estranhas, Kárdia não esperou que Camus o chamasse. Era hora de parar com as brincadeiras.

Os dois Santos de Athena iniciaram suas batalhas contra os Marinas.

No Santuário, Milo acordou sobressaltado, suava frio e ofegava, mesmo depois de um sono tranqüilo e sem sonhos.

O que o deixava ainda mais inquieto, era a ardência atormentadora de sua alma. Isso o preocupava, principalmente levando em conta a conversa com Kárdia no dia anterior. E lembrar do que aconteceu na noite anterior o fez sentir um arrepio passeando por todo seu corpo.

Levantou apressado, sem se vestir – trajava uma calça moletom de algodão larga, aconchegante, simples. Foi correndo ao quarto de Kárdia e entrou sem bater, encontrando-o vazio.

Voltou correndo ao seu quarto para colocar sua armadura e ir ao encontro do Mestre. Ao entrar em seus aposentos, foi direto ao local onde havia deixado a urna dourada, encontrando o vácuo.

Interrogou-se sobre o momento em que havia tirado-a de lá.

Varreu o quarto com olhos, vasculhou cada canto, olhou de baixo de cama, até encaixar as peças e somar dois mais dois.

- Desgraçado! – Sem perder mais tempo, saiu do templo de Escorpião.

Lançou-se escada a cima, do jeito que estava, correndo desesperado.

Na sala do Grande Mestre, sabendo de suas obrigações e compromissos para com todo o Santuário, Shion tentava se concentrar nos planejamentos para o combate com o deus dos Mares. Estava mais calmo, sem estresse. Sua expressão mantinha-se mais suave, sem abrir mão da pequena ruga na testa em virtude da preocupação permanente.

Dohko de Libra, com sempre, o auxiliava, acrescentando idéias, sugestões às decisões do ariano.

Os dois separavam bem uma coisa da outra. Apesar da relação amorosa deles, isso não interferia no trabalho.

Discutiam um método de passar pelo novo selo que Poseidon havia colocado na passagem de Bluegard para Atlântida, quando Shion, subitamente, ergueu os olhos para a porta.

- O que foi, Shion? – Indagou Dohko.

Poucos segundo depois, sem que houvesse resposta, a porta se abriu “sozinha” lentamente, enquanto Milo caía para dentro da sala, de cara no chão.

- Aiiiin!! Por que fez isso?! – Reclamou, esfregando a testa enquanto se levantava. – Machuquei!

- Isso foi para evitar que você arrancasse a minha porta. Pela brutalidade do teu cosmo, foi fácil imaginar o estrago que você faria se abrisse a porta. Eu apenas a abri pra você. – Respondeu o Grande Mestre, calmamente, voltando sua atenção para os papéis sobre a mesa.

Dohko riu baixo.

- É, né?! Me fazendo me fazer um estrago na minha própria cara! – Embaraçou-se com as palavras, tamanho lhe era o nervoso.

- Certo, mais o que trás você até aqui nesse estado assustadoramente deplorável?

Lembrando-se do que o levou até lá, o escorpiano abriu a boca para responder, mas analisou melhor as palavras do Mestre. Fez uma alto análise de cima a baixo, desde onde conseguia enxergar a si próprio. E não era necessário se ver para ter certeza da situação de seus cabelos. Era mesmo assustador, lastimável.

- Ohh... Bem... Desculpe, mas... Ah! Esquece minha aparência! O desgraçado do Kárdia pegou minha... Quero dizer, a nossa armadura de Escorpião e foi para Atlântida sozinho!

Os olhos de Shion fixaram-se em Milo assim que ouviu as palavras do escorpiano.

- Temos que ir até lá! Ele, sozinho, não vai conseguir nada! – Ajudar o companheiro, antes que fosse tarde, foi a primeira coisa que veio à mente de Dohko.

O Grande Mestre ergueu-se imediatamente, dirigindo-se à porta  que, posteriormente, o levaria ao Salão. Sem perder tempo, chamava a todos os da elite dourada telepaticamente. Assim, quanto chegou ao Salão principal, não enrolou e foi direto ao ponto, uma vez que já estavam todos reunidos.

Milo, preocupado, não se importou com o estado em que se apresentava perante aos outros. Kárdia e Camus eram de maior importância.

Batalhas extremamente difíceis chegaram ao fim: os Cavaleiros de Athena possuíam a vitória sobre mais dois Marinas.

- Kárdia... Vamos... Logo... – Exausto, Camus teimava em prosseguir.

O escorpiano segurou a mão do francês quando este deu-lhe as costas, segurando-o.

- Se enxerga, pingüim! Nem um... De nós dois... Estamos em condições... De... De continuar!

O aquariano o encarou cabisbaixo perante a calma do outro. Os Marinas eram inimigos de extrema magnitude, tão fortes quanto os próprios Cavaleiros de Ouro. Estavam sim muito cansados, mas em hipótese alguma poderiam parar para descansar.

- Perdeu o juízo?!

A reação de Kárdia era revoltante, mas irresistível: ele tomou Camus pelo pulso e o arrastou de volta para dentro da cela.

- Descansa, aquariano, descansa...

Camus se sentou sobre a cama e ficou a encarar o escorpiano, que se sentou ao seu lado.

- O que foi, Camus? – Indagou, alheio, ou fingindo-se alheio, à incredibilidade do aquariano.

- Como pode continuar tão tranqüilo e ainda arrastar-me contigo para essa loucura?!

Kárdia riu, mas falou sendo muito sincero.

- Só quero curtir de um jeito menos tenso os nossos últimos momentos juntos, Mon Cheri. – O escorpiano arriscou um francês improvisado.

O projeto do que poderia vir a ser um riso foi exibido por Camus.

- Se já sabia que nós não tínhamos chances de voltar, por que veio?!

O escorpiano olhou-o no fundo dos olhos, com um sorriso serenamente abatido. Mas nada respondeu. Tomou entre as mãos o rosto gelado de Camus e lhe roubou um longo beijo.

Algo não deixava Camus impedi-lo. Seria, outra vez, a influência da semelhança entre os dois escorpianos?

Quando se separaram, Kárdia observou o aquariano ligeiramente vermelho e sorriu.

- Eu não disse que você não sairia...

O Santo de Aquário, imediatamente, compreendeu os planos de Kárdia. Enfureceu-se.

- Não acredito que você está pensando que...

- Sabe que eu nunca penso em nada, não é? – O escorpiano o interrompeu e tentou mudar de assunto.

Enquanto falava, Kárdia deu as costas ao francês, enfurecendo-o ainda mais.

- Não vou deixar você fazer essa loucura! – Gritou, puxando o grego pelo braço. – E não há como você fazer com que eu saia sozinho sem ter que ficar e... Morrer.

Ainda que assustado com o gesto de Camus, o escorpiano exibiu-lhe um sorriso.

- Deixa isso comigo, cubo de gelo. – Sem movimentos bruscos, livrou-se da mão de Camus e se dirigiu para fora. – Vamos indo. Apenas três dos doze Marinas caíram e ainda temos Poseidon pela frente.

- Não. Eu não vou deixar...! – Correu para alcançá-lo. Estava decidido a não partir sozinho.

Assim que souberam dos fatos, os Cavaleiros de Athena partiram rumo à Bluegard resumidos à elite dourada junto ao Grande Mestre. Partiram sob um único plano que trazia consigo grande probabilidade de fracasso e muitas dúvidas.

“Em nossas atuais condições só possuo um meio para tentar passar pelo selo de Poseidon. É bastante crítico, mas caso este venha a falhar, estaremos de mãos atadas. Estou de posse de um selo de Athena muito antigo, que poderá ou não quebrar o de Poseidon. Nossas chances de entrar e sair de Atlântida estão depositadas nele.”

As palavras do Grande Mestre ecoavam na cabeça de Milo. Mesmo desprovido de sua armadura, contrariando o Mestre, o escorpiano partiu junto aos outros. A ansiedade e o medo, assomados à chama de sua alma, detonavam seu coração e faziam sua cabeça doer.

Em pouco tempo, a elite de Athena chegou à Bluegard; Milo e Kanon conduziram os demais até a biblioteca que abria caminho para a cidade de Poseidon.

O selo permanecia no mesmo lugar.

Camus logo alcançou Kárdia, que corria em direção ao local onde o “portal” que os traria de lá poderia ser aberto.

Os dois nada conversaram. Camus mantinha-se firme em sua decisão e Kárdia também. Estranharam a falta de guardas e Marinas durante todo o trajeto, mas nem isso gerou diálogo.

Um pensamento, porém, era comum aos dois.

“Não vou deixá-lo morrer por mim!”

(Continua...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!