Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 12
Amizade - Capítulo Especial


Notas iniciais do capítulo

Maiis um!!!!!



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Não eram palavras exatamente agradáveis, mas eram fáceis de aceitar: sem a armadura de Ouro, Kárdia e Milo já eram extremamente parecidos, com ela se tornavam praticamente idênticos.

Sorriu acariciando o rosto de Camus.

Quando a mão do escorpiano tocou-lhe o rosto, num impulso Camus a alcançou e segurou-a, apertando-lhe os dedos delicadamente.

- Roubou a armadura do Milo, Kárdia? – Sentindo pouco menos dor, sua voz soou mais forte.

- Peguei emprestada... Sem pedir. – Riu, divertindo-se com a expressão do outro. – E ela por direito também é minha!... O que me entregou?

Camus desviou os olhos brevemente.

- Milo é quente, mas não tanto quanto você... – Era ruim admitir, mas Camus conhecia perfeitamente o toque dos dois escorpianos.

O aquariano tentou se levantar, sem demonstrar dor pelos machucados internos. Assim que o francês fez menção de se erguer, Kárdia o impediu.

- Sossegue um pouco, Cubo de Gelo Segundo. Logo, logo Poseidon virá até aqui, e você precisa estar descansado e inteiro...

Camus encarou o belo rosto por um momento, enquanto Kárdia retirava o elmo. Sentiu-se de repente, hipnotizado, acatando, sem reclamar quando o escorpiano passou a acariciar-lhe os cabelos. Ficar ali, na companhia de Kárdia, deitado sobre as pernas dele, tornou-se aconchegante e agradável, o suficiente para fazê-lo dormir, tamanha era a segurança que passou a sentir.

No Santuário, o Grande Mestre passara a noite em claro. Estava preocupado e inquieto de mais para conseguir dormir.

Pela madrugada já não agüentava mais rolar na cama e decidiu se levantar. Não se importou em vestir os trajes de Mestre, usando de uma roupa leve e folgada. Dirigiu-se à sua sala, para dar continuidade aos seus planejamentos.

Assim que adentrou o cômodo, avistou sobre a escrivaninha o elmo que Dohko quase nunca usava. Aproximou-se e apanhou o objeto dourado.

- Tão relaxado que nem deu falta do elmo.

Encostou-se na escrivaninha, brincando com aquela pequena parte da armadura de Libra. E começou a recordar dos vários dias que viveu na companhia de Dohko.

Eram séculos de uma forte amizade. Apesar de algumas claras diferenças entre ambos, jamais chegaram ao ponto de pararem de conversar por discussões freqüentes.

A união dos dois tornou-se mais forte quando a Guerra Santa do século XIX chegou ao fim, fazendo deles os únicos sobreviventes. Mesmo quando Dohko partiu para os Cinco Picos, a amizade não diminuiu.

Chegava a ser confuso, pois Shion sentia necessidade da presença de Dohko. Afinal, não importava a situação, o libriano sempre o apoiava, sempre ao seu lado.

E pensar nessa participação do Cavaleiro em sua vida, o fez se questionar em voz alta de um fato antigo.

- O que ele fez quando Ares tomou o Santuário?

Jogando o elmo para cima com um pouco mais de força, quase o deixou cair.

Um outro pensamento que lhe ocorreu apagou a primeira interrogação e o fez sorrir, feliz.

- Acho que o que importa é o modo como ele me recebeu de volta... Aquele sorriso de menino alegre é tempos antigos!

Veio-lhe uma estranha vontade de ver aquele sorriso novamente, porque independente da crise pela qual passavam, o “sorriso de menino alegre” era a única coisa que lhe acalmava.

Ele precisava disso.

Era como um vício: depois de tantos anos usufruindo desse capricho, necessitava dele com cada vez mais freqüência.

O que lhe era mais estranho, era o fato de estar desejando a presença do amigo não por necessidade de ajuda, mas sim por insegurança. E ele sabia que essa era a verdade, só não a compreendia.

Quase que inconscientemente, dirigiu-se à saída do Templo, indo rumo à casa de Libra. Tudo o que se passava em sua mente era a estranha vontade de estar com Dohko.

Mas a brisa fria dos primeiros raios do sol despertou-lhe quando alcançou a porta de entrada do Templo.

- Por Athena! O que estou pensando?! Mal amanheceu o dia!

Chacoalhou a cabeça e voltou para dentro, massageando as têmporas.

Enquanto passava pelo Salão principal, ouviu alguns passos metálicos atrás de si, e se assustou.

- Shion?! É você?

Os únicos que o chamavam pelo nome eram Kárdia e Dohko. Com a certeza – errônea certeza – de que o escorpiano jamais pularia da cama tão cedo, concluiu que era Dohko, reconhecendo também a voz do amigo.

Voltou-se para trás, meio aturdido. Era estranho encontrá-lo, uma vez que quase fora até a casa de Libra apenas para vê-lo.

- Dohko? Por que acordado tão cedo, se ainda nem amanheceu direito?

Tentando livrar-se da pergunta, o libriano a devolveu, disfarçando. Não iria revelar seus “planos”.

- Posso te fazer a mesma pergunta...

Shion ficou desconcertado ao pensar no que quase fez. Enrubesceu levemente.

- Responda-me primeiro. – Exigiu.

Se ele respondesse o que tinha ido fazer ali, não iria estragar o sigilo de suas decisões.

- Bem... Esqueci meu elmo na sua sala e estava indo até lá para buscá-lo. Revelou.

O Grande Mestre analisou a situação. O Cavaleiro de Libra trajava a Sagrada Armadura, à noite mal dando lugar ao dia, em busca do elmo que raramente usava. Shion não fora nomeado Mestre do Santuário à toa.

Um suspiro pesado escapou-lhe os lábios. Mas ele nada comentou.

- E você, Shion? Que faz a essa hora, sem o traje?

- Não consegui dormir e ficar no meu quarto estava dando fim a minha saúde mental. Venha, vamos pegar seu elmo.

Shion saiu na frente, dirigindo-se a sua sala. Dohko o acompanhou, alguns passos atrás.

Vendo-o daquela forma, sem o traje de Grande Mestre, o libriano se perdeu em meio aos pensamentos que eram desapropriados a ele, visto que Shion, apesar de velho amigo, não deixava de ser seu Mestre e superior.

O traje usual do ariano escondia seus portes físicos. Depois de muito tempo sem vê-lo em sua antiga armadura, a de Áries, tê-lo diante de si da maneira atual era surpreendente. Shion mantinha boa forma e em nada aparentava ter a idade que tinha. “Continua... Muito bonito, Shion.” Distraído com as observações que o levaram à sua última conclusão sobre o amigo, não percebeu quando chegou à sala onde o elmo estava.

- Aqui está, Dohko. – Shion lhe estendeu a mão, entregando-lhe o objeto. Mas o libriano permanecia olhando-o, sem dar-lhe resposta. – Dohko? Dohko!

Quando a voz de Shion lhe invadiu os ouvidos chamando-lhe, ele “despertou”.

- Ah! Desculpa! ... Obrigado.

Quando, porém, o libriano estendeu a mão para alcançar o elmo, o Grande Mestre o recolheu, tirando-o de seu alcance.

- Não pense que vou deixá-lo fazer isso.

Surpreso, Dohko nada disse. Havia cometido um erro: subestimou o velho parceiro. Tentou se fazer de desentendido.

- Oras, do que está falando?

- Não se faça de bobo, Dohko! Pretendia ir sozinho à Atlântida, não é?!

O libriano o encarou, sabendo que havia perdido.

- Não quero ficar aqui, de braços cruzados, Shion! E não me importo com o que você diga... – Mentiu. – Com ou sem elmo, estou indo...!

Dohko deu-lhe as costas e ia saindo da sala quando voltou a ouvir a voz que tanto gostava. Ao contrário do que esperava, ela soou baixa e insegura.

- Você também já não está confiando em mim, não é? Teme que eu fracasse...

O Santo de Libra estancou no lugar em que estava. Ele jamais pensou que ouviria isso.

- Não seja ridículo, Shion! É lógico que confio em você!

- Então por que quer ir?

Dohko se aproximou do ariano, levando a mão ao ombro do mesmo. Não era um gesto apenas amigável, mas também carinhoso.

- Porque... Quero tentar fazer algo para impedi-lo de correr riscos.

- Correrei o risco de enlouquecer caso vá...

O libriano riu.

- Esse não é o Shion que eu conheço!

Shion virou o rosto, não conseguia mais olhar para os olhos de Dohko estando tão próximos um do outro.

- Você não vai, e ponto final. – Era sua palavra final.

Dohko suspirou fundo. Era por isso que não iria contar a ele.

Mas a preocupação de Shion com ele o alegrou. Levou a mão ao queixo dele e o puxou, delicadamente, fazendo-o olhar em seus olhos.

- Por que não vou? – O libriano se aproximou mais, a ponto de sentir a respiração descompassada de Shion. Provocou-o.  – Tem outros planos?

Estava perto de mais. Era possível sentir o doce hálito do libriano. O coração batia descompassado enquanto o rosto esquentava. Jamais imaginou que algo assim pudesse acontecer. Era impossível controlar a vontade imensa de tomar aqueles lábios. Deixando-se levar por suas vontades, sua primeira atitude foi sorrir, ficando mais a vontade com a situação.

O sorriso do ariano era significativo, e exigia outro sorriso em resposta. Quando a mão de Shion alcançou seu rosto, ele abaixou a sua que ainda segurava-lhe o queixo.

- Você não vai porque... Vai ficar aqui, comigo.

Com a resposta que queria ouvir, deu fim ao pouco espaço que jazia entre os dois, iniciando um beijo carinhoso, um beijo de uma amizade que floresce, evoluindo para algo maior.

De início, Shion sentiu-se intimidado de mais com a atitude de Dohko, mas logo percebeu que aquilo era o que ele mais desejava. Assim que Dohko retirou sua armadura, o ariano tomou-lhe novamente os lábios, enlaçando sua cintura fortemente.

Sem se importar com comodidade ou conforto, desfizeram-se das roupas que os atrapalhavam.

Nesse instante, nada lhes preocupava.

Era um tanto quanto egoísta, mas tudo o que importava para ambos eram um ao outro. Todos os dilemas, as decisões, as preocupações, foram todos esquecidos.

Cada beijo, cada abraço tornava tudo mais intenso e envolvente.

Sem mesmo saber, Shion realizava um desejo antigo, guardado para si no canto mais isolado de seu coração, aflorando com toda intensidade agora que já não conseguia escondê-lo.

A manhã havia começado intensa, mas o dia seria longo o bastante para que toda essa alegria se transformasse.

(Continua...)


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