Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 11
Iguais


Notas iniciais do capítulo

Mais um!



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Desceu sobre o Santuário uma densa nuvem de desespero.

- Mestre, perdão. Eu não imaginei que aquela era uma informação falsa! – Kanon sentia-se culpado.

- Você não tem culpa. Mais importante, conseguiram descobrir algo?

Afrodite de Peixes deu um passo à frente, destacando-se em meio aos demais Cavaleiros.

- Nós chegamos à Bluegard, Mestre. Mas não conseguimos abrir passagem para Atlântida. É como se Poseidon tivesse criado um novo selo sobre o de Athena.

Shion deu um longo suspiro. A cabeça doía e dava a sensação de que explodiria a qualquer momento. Um ataque surpresa, uma inevitável batalha mortal e o “seqüestro” de um Cavaleiro da elite, tudo bem de baixo de seus olhos e ele nada pôde fazer.

- Shion, vamos descansar um pouco e pensar com mais calma. – Dohko levou a mão ao ombro do amigo e, na esperança de reconfortá-lo, sorriu.

O Grande Mestre concordou.

- Vão e descansem. Logo os chamarei e...

- Descansar?! Como pode pedir para que descansemos enquanto Camus está nas mãos daquela louca?! – Milo não controlava seu medo, seu pânico.

Os demais Cavaleiros pararam para assistir o desfecho da possível discussão.

- Milo, estou tão preocupado quanto você, mas não há nada que possamos fazer não pudermos entrar em Atlântida.

- Mas eu entrei lá! Posso entrar novamente e-...

- Milo, se acalme. – Mu de Áries se aproximou do escorpiano, colocando as mãos sobre os ombros de Milo. – Não há espaço para precipitações. Estamos todos cansados e temerosos, e por isso não podemos tomar decisões importantes agora...

- Mas...!

- Milo, já chega. Leve-o, Mu, por favor. – Shion se levantou e deixou a sala. Tantas preocupações o deixavam ríspido.

Pouco relutante, o Santo de Escorpião deixou-se levar por Mu. Em meio a tanto nervosismo, não notaram a ausência de Kárdia.

Chegando à casa de Escorpião, Milo se dirigiu direto ao seu quarto, desculpando-se com Mu antes de sua retirada.

Assustou-se com Kárdia ao encontrá-lo sentado aos pés de sua cama.

- Kárdia...?! O que está fazendo aqui?!

O antigo Cavaleiro se levantou, notavelmente triste.

- Sei que esse já não é o meu quarto, desculpe por entrar sem permissão. Mas eu preciso falar com você...

Mesmo com toda a tensão que havia sido criada, Milo estranhou a seriedade de seu antecessor.

- Então fale...

- Eu vou até Atlântida para trazer Camus de volta. – Sem rodeios ou brincadeiras, as palavras de Kárdia chocaram o mais jovem.

O Santo de Escorpião já imagina os sentimentos de Kárdia pelo seu francês, e isso não o surpreendera, ao contrário da cena atual.

- Não, você não vai. Não ouviu o que Afrodite disse? – Retrucou, passando pelo escorpiano mais velho e se jogando sobre a cama.

- Não quer o Camus de volta, Milo?! Eu posso trazê-lo de volta!

Milo hesitou por um momento. Sentou-se bruscamente e encarou o outro.

- É lógico que eu quero! Não faz idéia do quanto... – Refletindo por um segundo, voltou seus olhos a Kárdia. – Ou talvez saiba, não é mesmo?

Nem mesmo a paixão pelo mesmo homem era capaz de interferir na excelente relação que subitamente nasceu entre os dois. Um não conseguia sentir raiva do outro, porque, além de se entenderem perfeitamente, existia, da parte de Kárdia, certo toque de amor – amor esse mais forte, talvez, que a paixão por Camus.

Kárdia sorriu, entendendo a indireta.

- Sei... Mas não tenho certeza de sei por sentir algo pelo Camus ou por... – Interrompeu-se, deixando Milo intrigado. – Milo, é por isso que quero ir... Eu vim de lá, então posso voltar e...

- Mas ainda que conseguisse entrar, sairia?

Não havia resposta certa.

Kárdia abriu a boca, mas as palavras não saíram, e ele voltou a fechá-la.

- Não vai, não... – Pediu o mais jovem, com voz suplicante. – Não quero correr o risco de perder os dois.

Mesmo sabendo que uma coisa nada tinha a ver com a outra, a imagem de seu sonho se fez em sua cabeça, e seu coração bateu mais forte ao imaginar a pequena chance de ter sua paixão correspondida por Milo.

Chacoalhou a cabeça, tentando tirar a idéia da cabeça, mas ao voltar a abrir os olhos e ver Milo sentado diante dele, não resistiu. Rapidamente, se aproximou do outro e uniu seus lábios.

Num impulso, Milo o empurrou, assustado.

- Ficou louco?! O que está fazendo?! – Soltou, ainda com ambas as mãos no tórax de Kárdia, empurrando-o.

- Posso até ser louco, mas acho que enfim compreendo... Estou sim apaixonado por Camus, e farei o que for possível para trazê-lo de volta, mas só pra ver você feliz, porque é você que estou amando...

Os olhos de Milo arregalaram-se involuntariamente, seu coração acelerou, e não mais conseguiu resistir ao beijo de Kárdia.

Em uma última tentativa, soltou, quase como gemido.

- Por favor, não vai, não...

- Eu... Já não sei mais. – Essa última frase chegou a acalmar o Santo de Escorpião, que acabou cedendo e se entregou completamente.

Notando que Milo já não resistiria, intensificou o beijo, os toques, as carícias. Livraram-se da armadura, das roupas. O calor de ambos os corpos parecia incendiar toda cama. Milo abraçava o corpo quente de Kárdia, que lhe prendia em seus braços enlaçando-o pela cintura.

Não era esse o real desejo de Milo, pois ele amava verdadeiramente a Camus de Aquário, mas era isso que Kárdia mais desejava. E conseguiu ter para si.

Abriu os olhos lentamente, sentindo a cabeça girar. A leveza de seu corpo o fez concluir que estava sem sua armadura. Sentou-se na cama em que estava deitado e analisou o lugar onde se encontrava: era uma espécie de cela. Quando olhou além das grades a sua frente, avistou sua armadura.

- Droga! Onde é que eu estou?! – Resmungou baixo.

- Prisão de Atlântida, Aquário. – A voz feminina era familiar.

- Poseidon!

Seraphina colocou-se diante dele, sendo separados pelas grades.

- O que quer de mim?! Eu não sou o Dégel e...

- Não, você não é... Eu cometi um grave engano ao pensar que era. – Interrompeu-o, ríspido e arrogante. – Quem é você, que usa a armadura de Dégel?

O aquariano hesitou por um momento.

- Camus. Camus de Aquário.

- Muito bem, Camus de Aquário. Me diga, o que vou fazer com você, já que o confundi com o Dégel?

O francês estreitou os olhos e, involuntariamente, recuou um passo, sem nada responder.

Kárdia despertou antes de Milo, que adormeceu profundamente. Observou-o dormindo serenamente e sorriu. Deu-lhe um beijo na testa, vestiu-se e saiu.

- Desculpe... Milo. Sei que não é a mim que ama.

Assim que deixou o quarto do atual portador da armadura de ouro, sentia-se perturbado, como se tudo girasse ao seu redor, embaralhando sua vida. Chegando ao seu próprio quarto, se jogou sobre a cama macia e mesmo sem realmente querer, pegou-se pensando em tudo o que aconteceu, em tudo o que estava acontecendo. De repente, viu-se curioso em saber o que viria a acontecer.

Há dois séculos via-se inteiramente apaixonado, amante e amigo daquele que lhe era mais importante em todo o mundo. E este se foi, partiu para não mais voltar. Agora, depois de um longo sono forçado, encontra-se perdido, confuso como jamais ficara – exceto quando Dégel desatava a lhe dar “aulas explicativas” sobre os mais variados assuntos, que, para ele, não passavam de banalidades.

Dormiu.

E como se o tempo tivesse passado num piscar de olhos, despertou. Sono estranho, sem descanso nem sonhos, mas esclarecedor, por despertar com o som da voz inconfundível de seu eterno enamorado.

- Preste atenção, Kárdia! Não se confunda, não se perca! Que venham Milos e Camus, poderá se apaixonar por um e ainda mais por outro, mas não confunda seus sentimentos, pois amor verdadeiro você sente por mim, não? Entenda-se de uma vez, bobo, antes que acabe ferindo ao outros...

O sorriso divertido bailava no rosto recém desperto.

- Autoritário e petulante, como sempre...

Olhando pela janela, constou o breu de uma noite nublada, pouco iluminada pela lua encoberta.

Levantou-se lentamente e foi direto ao quarto de Milo. Entrou sem fazer ruído algum e o observou por longos minutos.

O jovem escorpiano dormia tranquilamente, abraçando um dos grandes travesseiros. Na expressão serena jazia um misto de fortes emoções, ainda que dormisse profundamente: medo, angústia, saudades...

Não se contentou em apenas observar.

Milo esboçou um discreto sorriso no rosto adormecido ao sentir-se em confortáveis braços quentes. Inocentemente, rolou entre o abraço, aninhando-se mais.

Kárdia sorriu. Acariciou os longos cabelos, observando bem de perto o belo rosto após encostar sua testa à de Milo. “Dégel, não vá se zangar. Sabe, bem melhor do que eu, que amo você, assim como sabe também que quando quero algo, eu o tenho, não é mesmo?”, pensou, sorrindo novamente.

Delicadamente, encostou seus lábios nos de Milo, demoradamente, apertando-o mais contra si, tomando o devido cuidado para não acordá-lo.

Após o toque, observou-o sorrir, ainda em seu sono pesado. Acariciou o rosto do outro e sussurrou.

- Não há confusão alguma, Milo. É mesmo uma sina, amarmos aos cubos de gelo, mas cada um derrete o seu! Não é justo, nem comigo nem com você, que eu tente ter mais do que me é permitido. Desculpe se lhe causei muita dor de cabeça, juro que não queria. Na verdade, pra ser sincero, eu não fazia idéia do que queria!! Eu estava errado, mas acho que não tenho culpa. Tentei, sem querer querendo, tomar sua era, tomar o Camus de você e tomar você do Camus! Mas é sua vez de reinar como o Escorpião, Milo. Perdoe-me por toda essa bagunça, me perdi no tempo, me confundi com a ordem das coisas quando te vi... Deve ser porque... Somos iguais, não é? – De repente, sentiu-se um babaca por falar tanto para alguém que dormia pesadamente mas a sensação de leveza que tomou-lhe a alma compensava.

Não resistiu em tomar aqueles lábios outra vez, com mais intensidade, cuidando para não acordá-lo, porém. “Dorminhoco de sono pesado, hein?!” O pensamento lhe divertiu.

Levantou-se com cuidado, vasculhando cada canto do cômodo, sem demorar a encontrar o que buscava.

Caminhou lentamente até a grande e bela urna dourada jazida sobre uma cadeira. Apanhou-a com praticidade e se dirigiu à porta.

- Permita-me usar de sua proteção uma última vez, Majestade. E obrigado por tudo.

Deixou Casa de Escorpião certo da decisão que tomara, e logo todo o Santuário de Athena desapareceu atrás de si. Seguiu sabendo o que estava por vir, sem medo do destino certo.

- Será uma luta que valerá a pena morrer!

A armadura de Escorpião lhe era velha conhecida. Senti-la protegendo seu corpo novamente era maravilhoso.

Mas não poderia perder tempo; Camus estava em perigo na posse do deus dos Mares, e chegar até o aquariano só era possível a quem saíra de lá. Só era possível a Kárdia de Escorpião.

A pressa era mais do que necessária, sendo vital. A armadura tinha aquilo que lhe ajudaria muito.

Quando o primeiro raio de sol brotou nos céus, Kárdia já estava dentro do templo de Poseidon, rastreando Camus por meio de seu cosmo gelado. Sem se importar com os vestígios de sua entrada, deixava para trás os corpos dos que tentaram lhe parar.

Sem dificuldades demasiadas grandes – o que chegava a preocupá-lo – encontrou a armadura de Aquário, velando a cela onde Camus se encontrava desacordado.

Extremamente preocupado e apressado, adentrou a cela e agachou ao lado de Camus, aconchegando-o sobre seu colo.

- Camus! Camus, acorde!

Dolorosamente, o aquariano abre os olhos.

- Você... Você veio... Milo.

(Continua...)


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