O Julgamento dos Dourados escrita por Danda


Capítulo 3
Injuria dos Eternos




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Era um dia ensolarado, mas com uma brisa fria, que fazia as folhas caídas no chão, rolarem de mansinho pelo jardim. Athena estava na janela, olhando o vento brincando com as folhas.

Deu um suspiro.

“É hoje” – pensou com temor.

No dia anterior, ao entardecer, Hermes tinha chegado sem ser percebido por de trás da cadeira de rodas onde sentado, imóvel, estava um rapaz moreno, no qual não devia ter mais que 15 anos. Viera avisar que o dia seguinte, iria começar a Assembleia.


Athena se encontrava na frente de uma porta pesada, bem trabalhada, com ilustrações de uma guerra que decorrera a muito tempo e, que no final, dera o título de Deus Supremo ao seu pai.

Sem lhe tocar, fizera com que a porta abrisse lentamente.

Os presentes na sala pararam de conversar e, olharam para a silhueta de uma bela moça de cabelos roxos e olhos glaucos que entrava sem pressa.

Athena, sobre a forma de Saori, respirou fundo e entrou na sala de cabeça erguida e passos lentos, reparando que olhares reprovadores a seguiam.

A sua frente, jazia um trono no ponto mais alto do recinto, uma escada antecedia este. Em pontos mais baixos, percorrendo as paredes laterais, estavam outros tronos, virados para o centro vazio, formando assim um “U”.

Olhou para seu lado direito e, reverenciou os olhos frios que lhe secavam. Estes retribuíram. Olhou para seu lado esquerdo e viu o Deus dos Mares sozinho, sentado em um dos tronos. Dirigiu-se para ele e o reverenciou, recebendo um pequeno sorriso em troca.

Imaginava que Poseidon só estivesse ali, daquele lado, para justificar sua intromissão na guerra contra Hades. Sorriu ao pensar isso.

Percorreu os olhos pelos que estavam do outro lado da sala. Era claro, que o rapaz de cabelos vermelhos, porte imponente, mão finas e olhos grandes cinzas, e, a mulher de cabelos cacheados, pele branca e olhos bovinos, comandavam o grupo. Apollo e Hera eram os que mais queriam a destruição dos mortais; tinham ganhado sem motivo aparente, ódio a eles. E provavelmente era com eles que teria que debater e fazer valer seus argumentos.

Depois de um minuto, entra Zeus Imponente na sala, seguido de uma mulher alta, de cabelos escuros, encaracolados, um pouco abaixo dos ombros. “Themis”- de um salto pensou.

Todos se levantaram e, fizeram reverencias ao Grande Deus e a mulher que o acompanhava. Zeus sentou em seu trono que jazia no alto, e os restantes deuses puderam fazer o mesmo.

Athena observava nervosa, a mulher que permanecia de pé ao lado do trono de seu pai. Themis! Dela surgia as leis entre os Eternos, nas quais Zeus tratava de fazer cumprir. Sentiu seu corpo estremecer. Aquela mulher causava calafrios até no mais valente dentre os Olímpicos.

- Não mostres aflição perante o preceito – Disse Poseidon, notando o nervosismo de Athena perante Themis. – Que nem de ti, nem dos Eternos que se opões, ela tomará partido. Cuida de afagar o coração do Deus Supremo, que das leis faz cumprir perante Deuses e Humanos, e desta forma, retornar ao grande templo de porte imponente com os teus.

Athena olhava Poseidon, que ao falar aquilo, nem se dera o trabalho de lhe olhar e, agradeceu mentalmente o facto de tê-lo ali do seu lado.

Após alguns minutos de olhares inquietos, Zeus resolveu se pronunciar:

- Deuses e Deusas, prestem atenção ao que digo, pois desta forma só vos falo uma vez – Dizia com uma voz troante e imperiosa – Sei que de muitos desagradará o que de presto resolvi fazer, mas uma vez ordenado, não volto atrás. Neste solo celeste, nunca os pés mortais pisaram, pois apenas os que de vida eterna gozam, é lhes permitido. Mas hoje é decidido que os que foram condenados ao sofrimento, compartilhem o recinto com os Eternos.

Um balburdio começou na sala, e foi ficando mais alto. Olhares, cochichos…

Enquanto isso, Themis desceu as escadas, que antecedia o trono de Zeus e se dirigiu para o centro da sala, sem ser notada pelos de mais, que agora, se encontravam e alvoroço.

- Sem objecções, dissera o Deus Supremo – Começou a Deusa da Justiça em uma voz calma e sem emoção, chamando a atenção de todos os presentes, que se calaram para ouvi-la. – De bom grado deveis lhe acatar as ordens, pois teve para com vocês consideração em lhes avisar o que de presto irá suceder.

Dito isso, Hera, de pele clara, fez um sinal e, todos de súbito se aquietaram. Sabiam que não adiantava de nada levantar a voz, pois a ordem já estava dada. De modo que os que haviam se levantado para reivindicar, sentaram novamente em seus tronos com um ar descontente.

Acabada a bagunça, Zeus, satisfeito, fez um sinal à deusa alada, de cabelos lisos, loiro e silhueta vistosa, que se encontrava ao lado da porta principal. Esta, mensageira dos deuses, saí da sala no mesmo instante, para minutos depois voltar a entrar acompanhada de uma figura “estranha”, como definira Athena, em seu pensamento.

A mulher que acompanhava Isis, tinha o rosto coberto por um véu negro. Em suas costas, saíam asas enormes, também escuras como a noite, vestida de uma túnica que se alongava até os pés, sem deixar ver o contorno de seu corpo e, um chicote na mão.

Seguida desta, e para o espanto de Athena, seguiam como almas penadas, de cabeça baixa e olhos sem reflexos, cinco daqueles que as divindades eternas queriam condenar: Aldebaran, seguido de Shaka, Aioria, Miro, Mu e Dohko. Entravam em fila indiana, atrás da mulher do rosto coberto, como crianças de primário que andam pela rua atrás de sua tutora.

Entre olhares que se seguiram a Zeus, este resolveu se pronunciar mais uma vez, antes que alguém, com o impulso e ousadia, votasse a reivindicar o ocorrido.

- Das vossas bocas não quero ouvir mais palavras a respeito. – E olhando para Hera com olhar fulminante – Hera Grandiosa, que instiga os Eternos a irem contra minhas ordens. Grande falta cometes para comigo, que sou teu marido e irmão. Pois digo que aquele que a voz voltar a erguer com o intuito de me persuadir, irá perecer fulminado com meu golpe.

Hera e os restantes deuses assentiram, indignados, com a reação do Pai dos Deuses.

Themis, que encontrava-se no centro da sala, virada para os cinco Cavaleiros, que agora estavam lado a lado, voltados para o centro, começou:

- Aqueles que por malícia não erram, e morrem injustiçados, nos campos Elisios podem caminhar tranquilamente – dizia com um tom técnico – Mas aqueles, que enquanto na terra viveram, gozaram de boa vida sobre o sofrimento alheio, para o Hades deve ser mandado e, pelos juízes que presidem este ao comando do Deus dos Mortos, ser devidamente castigados.

Parou por instastes e voltou a se pronunciar:

- Aqueles que contra os deuses levantam o punho infame, deve perecer nas mãos daquela que é nascida da noite, para vingar os Eternos. Até que o deus que rege sobre os Céus e a Terra se convalesça de seu sofrimento.

Zeus permanecia calado, observando a cena e ouvindo Themis. Quando constatou que esta não tinha mais nada a dizer, fez um sinal desleixado na direcção de Nemesis. A Deusa da Vingança assentiu com um sinal e se dirigiu para a saída.

Ao bater da porta, após a saída da deusa, os Cavaleiros arregalaram de leve os olhos, como se acordados de uma hipnose. O que fez Athena constatar que era a presença de Nemesis que os deixava naquele estado.

Perceberam que estavam nus e sentiam seus corpos pesados. Não conseguiam se mover, apenas levantar a cabeça com alguma dificuldade. Percorreram os olhos pela enorme sala, e ao encontrar a imagem da Deusa da Sabedoria, exclamaram em conjunto:

- Athena!?

Continua...


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