Capítulo 18

POV Demi Adams

Cheguei a casa, coloquei comida na tigela do Buddy e subi para telefonar à Sarah. Ela atendeu quando eu estava prestes a desligar.

-Demi! – gritou ela.

-Oi amiga! Como estás?

-Bem, e tu?

-Também – respondi contente por ouvir a voz dela. – Com muitas saudades. Ainda não me enviaste os CupCakes!

-Enviei ontem em correio azul. Devem de chegar amanhã. E então, o que tens feito?

-Estudado, divertindo-me muito.

-Hum, esse divertimento inclui algum rapaz?

-Dois, na verdade – falei e sorri, prevendo o que ela iria dizer.

-Dás-me um, para também me divertir?

-Ahahahahah, pode ser. Se ele quiser. Qual deles é que queres?

-Como é que eles são?

-Um é loiro, outro é moreno. Um tem olhos cinzentos, o outro tem os olhos azuis, um pouco esverdeados.

-Acho que vou preferir o loiro – falou ela, passados dois segundos.

-Perfeito! Quando é que queres vir cá passar algum tempo?

-Pode ser… este fim-de-semana. Nova Iorque não tem diversão nenhuma sem ti.

Gargalhei. Ela era tão fofa! Eu até imaginava o beicinho que ela devia de estar a fazer.

-Pois, acredito que sim!

-É verdade, Demi! Todos sentimos saudades tuas!

-Oh, eu também tenho imensas saúdes vossas. Manda beijos a todos, OK?

-OK. Eu mando.

-Olha, tens visto a namorada do meu irmão, a Tess?

-Não, porquê? – indagou ela, curiosa.

-Tenho pensado nela, ultimamente.

-Hum, se quiseres eu investigo.

-Agradecia-te muito. Depois manda-me notícias, OK?

-OK. Beijos.

-Beijos – despedi-me e desliguei o telemóvel logo de seguida.

Óptimo, o que eu faria agora? Deitei-me na minha cama e fechei os olhos por momentos. Quando acordei, já estava noite, e olhei para o relógio. Ele indicou três da manhã. Gosh, eu tinha dormido assim tanto?

-Precisavas – disse alguém do escuro.

Sobressaltada, liguei a luz que se encontrava ao meu lado, deitando qualquer coisa ao chão. Olhei para onde tinha vindo o som e encontro Damon, sentado na minha cadeira da secretária.

-Que estás aqui a fazer?

-A ver-te dormir. E a ouvir os teus pensamentos. Sabes, não é que me queixe, mas devias de usar o teu colar que tem verbena. Só para não me sentir tentado a ler-te.

-Estás zangado – observei. Ele tinha o rosto duro, com o queixo erguido e mostrava frustração e raiva.

-Os planos não me correram como desejava – falou ele e depois desviou a conversa. – Não foste ver o cometa.

-Pois não. Estava demasiado cansada para isso – disse e levantei-me. Aproximei-me dele e ele agarrou a minha cintura, fazendo sentar no seu colo.

-Eu telefonei-te – falou e tirou uma madeixa do meu cabelo que estava na minha cara. Ele observava-me atentamente, e quando chegou aos meus olhos, ficámos hipnotizados um pelo outro.

Baixei os olhos por um instante e afastei-me, correndo para a casa de banho para vestir o pijama. Quando acabei de me vestir, olhei-me ao espelho e pensei: mas que raio se passa comigo? Nunca cá estive, e já namorei com um dos rapazes mais giros de Mystic Falls, partindo logo a seguir para o Damon, que é um vampiro e sem dúvida, mete o meu coração aos saltos. Nem em Nova Iorque a minha vida era tão agitada.

O meu telemóvel tocou no meu quarto e eu corri até ele, já com o meu coração mais calmo. Nem sequer vi quem era.

-Demi! Olha, descobri o paradeiro da Tess!

-Oi para ti também – falei para Sarah.

-Ah, oi. Foi mau, não foi? Desculpa.

-Tudo bem – tranquilizei-a. Olhei para o espelho que estava à minha frente e vejo Damon muito atento a tudo o que ouvia. Baixei os olhos imediatamente, com medo que ele me apanhasse a observá-lo. – Fala.

-OK. Ela foi passar uns tempos ao Alasca, onde os pais dela têm uma casa. Sinceramente, é bastante longe e frio. Eu não conseguiria sobreviver lá!

-Próximo! – exclamei. Eu sabia que havia mais.

-OK. Sabias que os pais dela são riquíssimos? Estou chocada! Ela vestia-se de forma tão simples!

-Ei, eu sou rica, mas nunca andei todos os dias com roupas provocantes! Já tu, não tens nem metade da minha fortuna e vestes-te como se fosses de um bar!

-OK. Desculpa. Foi mal. Outra vez.

-Pois… mais alguma notícia?

-Ah, sim! Consegui saber quando é que ela vinha! Chega a Nova Iorque lá para Dezembro.

-Hum, OK. Então, boa noite, Sarah.

-Meu Deus, já é tão tarde aí? Aqui é… meia-noite?

-Nada tarde, suponho – falei irónica. – Agora a sério, boa noite, Sarah.

-OK. Beijos!

-Beijos!

-Espera! – gritou ela. – Em vez do loiro posso ficar com o moreno? As nossas cores iriam contrastar.

Gargalhei e respondi-lhe:

-Lamento, mas acho que o cinzento e o loiro ficam melhor. Beijos!

-Oh, já percebi, tu preferes o moreno, se é que não estavas a fazer algo com ele antes de eu te telefonar.

-Sarah! – repreendi-a. Meu Deus, o Damon estava a ouvir tudo! Eu sabia! OMG, o que ele iria dizer de mim?!

-OK, OK, mensagem recebida. Dorme sobre o assunto. Tchau!

Ela desligou o telemóvel sem sequer me dar uma hipótese de responder. Virei-me e ele estava a sorrir para mim, com um olhar curioso e presunçoso.

-Já andas a falar de mim ás tuas amigas, é? Eu sempre gostei de nova iorquinas.

-Bem, a percentagem de mulheres em Nova Iorque é gigante. Queres reduzir isso, por favor?

-Gosto de ti – afirmou ele, sério, e depois voltou àquele brilho nos olhos que indicava estar a ser vaidoso. – Gosto de saber que falas muito bem de mim!

-Não sabes isso.

-Bem, se a tua amiga coloca segundos sentidos nas conversas, então sei que falas muito bem de mim.

-Ela vem cá este fim de semana.

-Prometo que me vou comportar – prometeu ele e depois olhou para a cama. – Não devias de estar a dormir?

-Dormes comigo?

-Só se quiseres – falou ele e rodeou a minha cintura com os braços. – Vamos para a caminha.

-Ei, eu não sou uma criança!

-Oh, acredita, para mim és. Tenho mais de um século; tu ainda não chegaste a duas décadas.

-Estou quase lá. Faltam só quatro anos. Passa rápido!

Entrei dentro dos lençóis e ele tirou o casaco dele, os sapatos e a camisa. Pela primeira vez, tive oportunidade de ver aquele tanquinho maravilhoso. É claro que não eram os músculos do Taylor Lautner, mas eram tão definidos e perfeitos! Senti as minhas bochechas a corarem por perceber que ele estava a observar a minha reacção.

-Fala a sério! Eu sou maravilhoso, não é?

-E convencido, também! – exclamei e ele deitou-se ao meu lado. Eu apaguei a luz e encostei-me ao seu peito.

POV Damon Salvatore

Ela adormeceu rapidamente e eu voltei a vasculhar os sonhos dela. O jardim onde ela estava, fez-me lembrar Katherine, e apercebi-me que ele estava a sonhar com o pensamento que, sem intenção, lhe tinha mostrado. Mas Katherine era diferente pelos olhos dela: era mais esbelta e mais delicada. Sedutora e tinha aqueles olhos ainda mais bonitos. Senti que ela observava a cena com uma pontada de inveja. Ela desejava ser Katherine para me ter a mim, parecia que era um pensamento de derrota: Katherine tinha os Salvatore, e ela não me tinha a mim.

Meu Deus, eu nunca pensei que ela pensasse daquela forma, senão teria dito que Katherine tinha sido uma bitch, e que não precisava de se preocupar com isso! Eu adorava-a!

O seu sono foi só sobre isso e sobre imagens minhas, a luta entre mim e Riley, e senti naquele momento que ela começava a ficar gelada. Ela estava a sonhar que bebia o meu sangue, mas que depois Katherine vinha cá e matava-a para sempre e ela nunca sobreviveria e nunca mais me veria. Depois, apareceu um rapaz com cabelos castanho-claros e olhos azuis. Ela estava a chorar nos braços dele e ele abraçava-a de forma protectora. Quem era ele?

Deixei-a a dormir e vasculhei nas suas coisas. Encontrei algumas recordações e vi fotografias deles os dois juntos, abraçados, junto à Estátua da Liberdade. Ambos tinham expressões sorridentes. Vi mais algumas fotos no albúm e encontrei uma mulher, parecida com a Demi, só que com cabelos castanho-claros como os do rapaz. Então, talvez aquele rapaz fosse o irmão dela, ou algo assim do género, mas aquela mulher fez-me recordar os anos setenta, quando eu estava na Califórnia.

Flashback ON

-Vem, vem cá! – exclamou ela e eu corri até ao seu pescoço. – Se beberes o meu sangue, vais morrer!

O seu olhar era demoníaco e sádico.

-Que estás para aí a falar? Quem vai morrer és tu!

-Não, estás errado!

-Olá, vampiro! – exclamou alguém atrás de mim e eu só tive tempo de me desviar e olhar para os dois chocados.

-Caíste na armadilha das ninfas terrestres! Atraem figuras do demónio para depois alguém os matar! – falou o homem, que ainda possuía a estaca de madeira na mão.

Fiquei com tanta raiva que a primeira coisa que fiz foi partir-lhe o pescoço e depois atirei-me à mulher, que supostamente devia de morrer em segundos por lhe sugar o sangue com tanta vontade, mas já estava naquilo à dois minutos e ela não parava de sangrar.

Flashback OFF

OMG, podia ser possível?

-Damon… - falou Demi, virando-se para o outro lado, a dormir. Aquela foi a sensação mais reconfortante de toda a eternidade: ela dizer o meu nome.