POV Felipe

Eu e a... Amélie estávamos indo para a minha casa, ela parecia confusa, como se visse tudo pela primeira vez.

-Como se chama aqui? –Perguntou ela olhando ao redor.

-Estamos em Houston, Texas, se for isso que você está perguntando. –Falei sem entender direito, pareceu que ela vivia em outro mundo antes da explosão acontecer.

-Qual a serventia das criaturas desse tal... Houston?

-Serventia?

-Sim, qual a missão deles? –Perguntou ela como se fosse uma coisa normal.

-Como assim?

-Bom... –Falou ela e parou de andar.

-Bom... –Falei para incentivá-la.

-Deixa para lá. – Disse ela e voltou a andar.

Eu estava ficando meio confuso com as frases da Amélie. No resto da trajetória nós ficamos calados, nenhuma palavra foi dita, deixando um silêncio constrangedor no ar, quando chegamos ao meu prédio e fomos até o elevador, quando eu apertei  o botão do elevador e ele começou a subir, só deu de ouvir uma coisa:

-AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH. –Gritou Amélie.

-Amélie, o que houve? –Perguntei preocupado.

-Que coisa é essa? Parece que está se mexendo. –Falou ela com medo.

-O que? O elevador? Claro que está se mexendo, ele está subindo...

-Ai que bom que não é nada de mais, mas eu vou te falar uma coisa, os seres dessa tal Houston são muito esquisitos.

-Ata... Claro que NÓS somos estranhos.

Amélie fez uma expressão de concordância, acho que ela não está familiarizada com sarcasmo. Bem em fim nós chegamos ao meu apartamento, eu toquei a campainha e não demorou muito para minha mãe atender, ela usava um avental de cozinhar, o que significa que provavelmente ela está fazendo o almoço.

-Filho? O que faz aqui? Não deveria estar na escola?

-Mãe, sente-se, temos muito que conversar...

POV Amélie

Isso ta ficando cada vez mais difícil, eu me lembro de tudo, não estou com amnésia coisa nenhuma, eu sou uma anja, eu fui expulsa do céu por cometer o pecado da inveja, desde que eu era uma anjinha pequena tive inveja dos outros, nunca gostei de ter inveja, sempre tentava esconder, mas Deus descobriu e me mando para cá para me redimir de alguma forma, eu cai e formei aquela cratera, eu realmente estava estranhando este mundo, ele é diferente, mas eu tive que dizer que não me lembrava de nada para não me fazerem perguntas, quando Felipe foi falar comigo eu achei ele bem bonito, mas anjos não podem se apaixonar, essa é a regra numero um, então estou tentando deixar para lá, quando ele terminou de explicar o que havia acontecido para a sua mãe, ela concordou em me deixar morar lá por algum tempo.

-Eu agradeço senhora, serei eternamente grata. –Falei e fiz uma reverencia, mas só me lembrei agora que isso não é comum na terra.

-Nossa minha querida, você deve ter batido a cabeça muito forte, espere um minuto, vou te preparar algo para melhorar. –A Sr.Campos foi para a cozinha me deixando sozinha com o Felipe.

-Então Amélie, não se preocupe, você vai recuperar a memória, o que você gosta de fazer? –Perguntou ele com aqueles lindos olhos azuis.

-Eu fico satisfeita com um passeio, existe algum lugar bonito nessa tal Houston? –Perguntei.

-Bom, tem um parque por aqui perto, quer ir lá comigo? –Perguntou ele dando um sorriso maravilhoso que mostrou todos os seus dentes.

-Claro, eu adoraria ir neste tal de parque, nós chegamos lá como?

-Bem o lugar é aqui perto, vamos a pé mesmo.

-Mas é muito mais eficiente vo... Ah claro, a pé é melhor. –Nossa esse foi um belo escorregão. –Mas antes de irmos, existe algum lugar no qual eu possa... ficar a só um pouco?

-Claro, pode ir para o meu quarto, eu te espero aqui.

-Fico agradecida.

Fui em direção ao quarto dele, quando cheguei lá abri minhas asas e fiz minha auréola aparecer, nossa é horrível fazê-los ter que desaparecerem, eu só preciso alongá-los um pouco, comecei e fazer minhas asas se mexerem, pois estavam doloridas, comecei a fechar os olhos para poder relaxar um pouco, mas infelizmente ouvi a coisa que menos queria ouvir:

-A-Amélie? O que é isso nas suas costas? E isso na sua cabeça... –Vi Felipe entrando no quarto e fiz minhas asas e auréola desaparecerem.

-Felipe, não... Quer dizer, não é o que parece. –Falei assustada, isso agora só vai piorar meu castigo, ele não podia descobrir isso.

-Você é um anjo... Isso explicaria tudo, foi por isso que você não morreu naquela queda, é por isso que você fala de um jeito tão formal, isso é incrível, eu conheço um anjo...

-Eu prefiro ser chamada de anja por favor, e não conte está informação para ninguém, isso deve ser mantido eu extremo sigilo, por favor. –Falei preocupada.

-Não, eu entendo, mas isso é muito emocionante, uma anja, nossa... Espera, então Deus existe mesmo? –Perguntou ele.

-Sim, se você duvidava disso vai ter que fazer muita coisa para se redimir, bom, mas nós não tínhamos combinado que iríamos para o parque? Eu te conto tudo lá.

-Certo... Certo, só vim aqui pegar me casaco antes de saber que você é uma anja, nossa isso é incrível. –Ele foi até a cama e pegou um casaco jogado nela. –Vamos, eu quero saber de tudo, tudo mesmo, vamos, vamos. –Falou ele exitado para saber de tudo, eu achei aquilo muito fofo.

...

-Então você foi mandada para a terra para ser redimir da inveja? –Perguntou ele depois de eu explicar toda a história para ele.

-Certamente.

-Isso não é meio errado? Quer dizer, você não sente inveja por que quer sentir, você simplesmente sente.

-Não Felipe, ninguém é obrigado a pecar, todos temos escolhas, temos que tomar as escolhas certas, se não temos que nos redimir das erradas, você não é obrigado a ser ganancioso por exemplo, que é outro pecado, se você for, terá de se redimir com muita bondade, ganância é um dos pecados mais graves, é como uma droga, o quanto mais você pratica mais difícil é parar, mas o mais horroroso é a inveja. –Falei e senti meus olhos lacrimejarem. –Você prova esse pecado uma vez e quer sempre mais, eu me sinto um diabinho quando lembro que já tive inveja, você me acha má por isso?

-Má? Não, só uma anja diferente, eu gosto de coisas diferentes, nem todos podem ser iguais...

CONTINUA...