Argh, que irônico. Eu estou aqui, no shopping, vendo a minha melhor amiga totalmente feliz por estar apaixonada. Não, que isso, nem fiquei chateada por ela não ter me contado. Afinal, ela mesma não sabia disso, eu tive que ajudá-la a perceber mais ou menos que ela morreria nesse momento pelo Chaz. Mas se vocês estão se perguntando aonde está a ironia nessa história toda, eu conto: eu lhe disse que o Chaz não brincaria com ela de uma maneira tão envolvente. Então, porque mesmo eu acredito que o Justin faz isso comigo?

Às vezes sinto vontade de esquecer de mim, do meu orgulho, das nossas brigas, da minha raiva, da vergonha de ter dito que o amava e não ter recebido a mesma declaração de volta. Aliás, eu disse que o amava antes dele me dizer isso, não é? Que triste, minha vida inteira eu fui crente que quem se declara primeiro é o garoto! Quer dizer, eu lembro que ele já disse que gostava de mim. Mas gostar parece uma coisa tão pequena comparada ao que sinto pelo Justin!Eu me sinto chateada e humilhada por ter dito que o amava e ele não ter me impedido de fugir, ter me segurado nos braços e dizer “Eu te amo mais, minha Anne” e ter me beijado. Tudo bem, ele estava no hospital, não podia se levantar, mas... Argh, eu disse que o AMAVA! É amor, droga!

Hun, mas deixa pra lá. Não quero pensar nisso agora e acabar estragando – mais – meu passeio.

Chegamos em casa. Carol se virou para mim, pelo visto, disposta a falar sobre o passeio e como aquilo me faria um bem danado, que eu tinha que ir mais e blá, blá, blá, já que ela disse:

–-Não matou, não é? – encarei-a com a cara amarrada. Eu tinha realmente que responder isso? – Ah, Anne, você e o seu bom humor. Haha. – já falei que odeio essas risadinhas?

–Tá. Quer que eu fique de bom humor? Volta uns três meses atrás, e não me deixa ficar com o Rafael, só pra começar. Aí, um dia antes da idéia da minha mãe de viajar pra cá, cozinhe para mim, mas faça a pior comida da sua vida. Uma que vai me deixar doente, com diarréia, vômitos horríveis. Qualquer coisa, desde que não viaje. Desse jeito, me impeça de conhecer Justin Bieber, o macaco mal-educado por quem eu me apaixonei. Aí eu fico de bom humor. – respondi, adentrando a casa e subindo até meu quarto. Cantarolei – diferentemente das pessoas normais, eu canto quando fico irritada e quando estou de mau-humor – alto até o banheiro, tranquei a porta atrás de mim e liguei o registro. Vou dormir um pouco, tomando banho e ouvindo música. Não tenho uma banheira no meu quarto de verdade lá no Brasil, preciso aproveitar enquanto posso dormir aqui.

Retomei minha rotina nos próximos dois dias: fazia nada, nada e depois, pra variar, nada. Dois dias. Dois dias haviam se passado desde o shopping. Era hoje que o Bieber voltava. Suspira.

POV Justin

–Hey, cuidado! – falei, enquanto saia do carro e todo mundo vinha para cima de mim me ajudar, mas estavam atrapalhando – Eu sei andar, ok? Minha perna ainda está aqui, quebrada, mas eu consigo andar. Estão vendo as muletas? Servem pra isso! – reclamei.

–Hun, olha só quem está estressadinho por que vai rever a Anne hoje.. – Ryan zoou, mas era verdade. Estava nervoso porque iria revê-la, e sabia que iria querer pedir desculpa. Mas eu não podia, lembram da história de ser orgulhoso? Então, como eu queria mas meu orgulho não me deixava, eu estava discutindo comigo mesmo, mentalmente. Discussões me deixam estressado.

–Ok, obrigado Scooter. Volta depois, pode ser? – eu disse, assim que entrei no meu quarto. – Quero descansar um pouco. – eu falei.

–Tudo bem. – ele disse e fechou a porta após sair.

Me joguei na cama, suspirando longa e pesadamente.

Todo o meu corpo estava quente, me implorando pra ir no quarto dela. Vê-la mais uma vez, olhá-la nos olhos, tocá-la e ouvir a sua voz.

Eu não podia mais lutar contra isso. Não podia mais me segurar. Eu precisava dela. Ela pode estar magoada. Como o Scott disse, às vezes as garotas não nos entendem, elas são delicadas. E, se fosse assim, ela voltaria pra mim se eu a pedisse desculpas. Ela me ama, não ama?

Ah, mal posso me lembrar disso. Ela dizendo que me ama. Foi mágico, nem sei explicar. Meu coração acelerou, eu fiquei pasmo. Eu explodiria de felicidade, se ela não tivesse cuspido aquilo com repulsa. Eu me sentiria feito, me sentiria nas nuves, se ela não se arrependesse de se apaixonar por mim. Pelo menos foi isso que pareceu.

Mas, voltando ao assunto incial. Se ela estivesse magoada e me amasse realmente, me perdoaria se soubesse que eu também a amo. Sim, eu amo. Mais do que tudo. Ainda não tive a chance de dizer isso a ela, mas não sei se ela ainda não percebeu. Creio que não, do jeito que a Anne é meio cabeça-dura. “Hã, olha só quem fala”, pensei comigo mesmo. Mas eu amo, do fundo do meu coração. Quer dizer, não se é exatamente amor, mas eu acredito que deva ser, porque é algo que nunca senti na vida, uma coisa quente, uma coisa incrível, me faz sorrir, me faz feliz. É, deve ser amor.

Hã, voltando de novo. Me perdoem por me desviar todo santo segundo, ok? Me perdoaria se soubesse que eu também a amo... E se pedir desculpas fosse tudo que eu precisava pra tê-la de volta pra mim, eu o faria sem hesitar.

Ok, eu enrolei de mais, então deixa eu resumir: ela falou que me ama, e quem ama perdoa. Eu também a amo, e não posso mais ficar sem ela, ela é a razão da minha vida. Eu só preciso pedir desculpas pra ela ser minha, então, que se dane meu orgulho!

–Boa sorte pra mim! – falei, me dirigindo à porta, decidido.

Assim que a abri, dei de cara com uma garota linda e loira parada na minha frente, pronta para bater na porta, eu acredito, mas ela parecia receosa.

–Justin... – ela falou – Eu não queria incomodar. Scott disse que você havia acabado de chegar, que estava descansando, mas me disse pra vir vê-lo mesmo assim porque estava um pouco mal-humorado. Ele acha que posso mudar o seu humor. – riu levemente enquanto se explicava – Então, eu vim. Estou atrapalhando algo?