POV Anne

–Justin, eu realmente não quero falar sobre isso. – eu disse o encarando.

–Porque? Tem medo de acabar descobrindo uma verdade?

–Não. Tenho medo de acabar revelando coisas que não sei se deveria. Coisas que só trariam mais problemas.

Ele ficou um tempo em silêncio. Talvez por não saber o que responder, ou por ter percebido que eu realmente não iria dizer nada.

–Eu acredito que tudo causa mais problemas se você não contar à ninguém. Suas verdades só vão parar de causar problemas quando forem reveladas e os problemas resolvidos.

–Argh, como você e chato e insistente! – eu resmunguei. – Justin, eu já vi que ta rolando algo entre você e a Lilian! Que merda! Para de tentar negar e de tentar me tratar como amiguinha. O que você quer afinal? Eu tenho cara de brinquedo? Você brinca e engana quando quer. Depois, troca por uma Lilian qualquer! – eu gritei.

–Anne... – ele falou calmamente. Pelo visto, estava disposto a conversar sem brigar. Mas eu não. – A Li e eu não temos exatamente nada!

–A “Li” e você vivem juntos. Ela te visita sempre e sempre sai quando eu chego. E você sempre fica feliz quando conversa com ela. Eu não sou burra Justin, nem tenta me enganar.

–Ela é só uma amiga, Anne. Para de ciúmes.

–Ciúmes? – eu falei, erguendo a sobrancelha.

–É claro! – ele riu, debochando de mim. Ele estava tranqüilo de mais. – Porque outro motivo ficaria tão zangada com ela?

–Porque... – engoli em seco. Ah, já chega! Cansei de mentir. Ele quer saber a verdade? Lá vai ela! – Quer saber, Jus? É ciúme sim. E muito. Não gosto de pensar que você gosta dela. Porque? Porque eu gosto de você, e muito. Mas pelo visto, você nem liga, não é? Já arruma mais companhia quando eu não posso ficar com você. Você só tenta me enganar e eu sei disso. Mas foda-se. Eu amo você muito, Bieber. Satisfeito? – falei, como se não ligasse. Mas tive que pegar minhas coisas e sair correndo, porque ele não poderia me ver chorar, e as lagrimas já começavam a embaçar minha visão.

Depois daquilo, fiquei me xingando mentalmente por horas e horas por ter contado a ele. Eu não deveria, eu sei. Mas ele não queria saber da verdade? Pronto, agora sabia. Eu acabei me decidindo, depois de chorar por séculos no banheiro de um hospital, que vou superar essa paixãozinha de merda e o Justin vai se fuder. Nem quero saber dele...

Tá, essa foi a pior mentira da minha vida.

POV Justin

Ela ia se levantar, pra fugir de novo desse assunto.

–Não, não. Dessa vez você não foge, Anne. Há três semanas atrás você fugiu, e olha no que deu. – apontei para mi mesmo – Vai querer fazer algo pior?

–Justin. O acidente NÃO foi culpa minha! – ela quase gritou.

Essa garota gosta de entender as coisas do jeito errado, só pode.

–Eu sei que não foi. Foi minha, quer dizer, eu que saí correndo igual um retardado naquelas escadas pequenas. – eu disse pra ver se ela parava de se culpar e de falar que eu estava a culpando.

–É. – se formou um biquinho e ela cruzou os braços. Essa manha toda me faz rir, sempre.

–Você é pirracenta de mais.

–Que droga, vai ficar humilhando?

–Não. Vamos ao assunto que interessa... Onde eu tinha parado naquele dia?

–No chão, com uma poça de sangue em volta da tua cabeça. – ela falou. Haha, engraçadinha.

–Não. A última coisa que eu disse?

–Anne, espera! Volta aqui... – ela falou, ainda tentando fugir do assunto principal.

–Haha. Sério, sobre a nossa conversa?

Ela me pareceu nervos quando eu disse isso.

–A nossa conversa – pausa – terminou assim que você me chamou de bipolar, gritou comigo, e eu me irritei e saí correndo. Nossa conversa durou até quando você jogou a culpa de todas as nossas brigas em cima de mim e ficou gritando, e eu não quis ouvir aquilo e saí. Depois, hã... você sabe. O Mané foi correr atrás de mim naquelas escadas minúsculas e quase morreu.

O mané?

–Ah. Você ainda acha que eu estava te culpando?

–Foi o que pareceu. – ela falou completa e extremamente fria.

–Mas não era minha intenção.

Não tive resposta. A não ser que virar a cara seja uma resposta.

–Anne. – segurei sua mão.

–Hum? – ela ainda não tinha se virado.

–Eu... Ah, me desculpa, tá? Eu fui um idiota. Não devia ter sido mal educado com você naquele primeiro dia.

Eu disse tomando cuidado com as palavras. Esse era um assunto delicado, mas não poderíamos mais evitá-lo.

–Justin, eu realmente não quero falar sobre isso. – ela falou decidida.

–Porque? Tem medo de acabar descobrindo uma verdade?

–Não. Tenho medo de acabar revelando coisas que não sei se deveria. Coisas que só trariam mais problemas.

Parei um pouco pra pensar. Talvez ela tivesse razão. Não, ela não tinha.

–Eu acredito que tudo causa mais problemas se você não contar à ninguém. Suas verdades só vão parar de causar problemas quando forem reveladas e os problemas resolvidos. – expliquei calmamente.

–Argh, como você e chato e insistente! Justin, eu já vi que ta rolando algo entre você e a Lilian! Que merda! Para de tentar negar e de tentar me tratar como amiguinha. O que você quer afinal? Eu tenho cara de brinquedo? Você brinca e engana quando quer, né. Depois, troca por uma Lilian qualquer! – ela se irritou.

–Anne... – manti i tom calmo para evitar brigas. – A Li e eu não temos exatamente nada!

–A “Li” e você vivem juntos. Ela te visita sempre e sempre sai quando eu chego. E você sempre fica feliz quando conversa com ela. Eu não sou burra Justin, nem tenta me enganar.

Isso era verdade, mas o motivo da Li me visitar tanto não tem nada a ver comigo. A Lilian vem aqui resolver uns problemas dela que só eu posso ajudar, eu acho. Mas ela é uma garota legal. Não entendo porque a Anne odeia ela tanto. Espera... Ah, é claro. Ciúmes.

–Ela é só uma amiga, Anne. Para de ciúmes. – falei brincando.

–Ciúmes? –me olhou incrédula. Mas dava pra ver que eu tinha acertado.

–É claro! – eu ri – Porque outro motivo ficaria tão zangada com ela?

–Porque... – pausa – Quer saber, Jus? É ciúme sim. E muito. Não gosto de pensar que você gosta dela. Por quê? Porque eu gosto de você, e muito. Mas pelo visto, você nem liga, não é? Já arruma mais companhia quando eu não posso ficar com você. Você só tenta me enganar e eu sei disso. Mas foda-se. Eu amo você muito, Bieber. Satisfeito? – ela disse com o tom de voz mais desprezível do mundo, como se cuspisse aquelas palavras. Disse como se fosse a pessoa mais infeliz do mundo por ter a verdade dentro daquilo. E, de uma forma irônica, aquilo era tudo que eu mais queria ouvir, mas era tudo que eu não queria que ela dissesse. Bom, pelo menos, não queria que ela dissesse aquilo daquele jeito!

Depois disso, ela saiu e eu pude ver que estava começando a chorar.

Então ela pensa que eu não a amo de verdade e que eu só a uso? Ela pensa que eu e a Lilian estamos ficando? Eu disse que ela gostava de entender as coisas do jeito errado!

Eu deveria estar me sentindo o cara mais feliz do mundo por ter ouvido aquela voz linda dizer que me ama. Mas felicidade era a ultima coisa que eu poderia sentir naquele momento.