–Eu tenho péssimas notícias. – ele disse e meu mundo desabou. Comecei a ficar angustiada, mas a agonia não durou muito tempo, porque ele logo finalizou a frase – Mas não para vocês. O Justin está bem. Mas eu vou me divorciar. – ele falou e parecia que ia desabar no chão e começar a chorar a qualquer momento.

–Ah, que se dane. Posso ir ver o Jus? – eu perguntei.

–Hm, pode. Cuidado com ele. Não fiquem o abraçando ou apertando muito. Ele precisa de repouso agora. – falou totalmente indiferente.

–Ele está acordado? – Pattie perguntou.

-Ainda não. – respondeu tristemente e se retirou curvado, triste e decepcionado.

Mas eu não estou nem aí pra ele. Vai se separar? Oh, que dozinha.

Pattie se apressou para ir até o quarto do Jus e eu resolvi esperá-la sair. Íamos um de cada vez; cada um queria ficar sozinho com ele. E eu acima de todo mundo precisava ver aquele rosto lindo.

Cerca de dez minutos depois de ter entrado, a Pat saiu. O nosso combinado era que cada um ficasse de cinco a dez minutos lá, para dar tempo de todos o vermos.

Entrei calmamente, uma onda de tranquilidade me envolvendo. Ele estava bem. Já não corria mais risco, eu acho. Todo o mundo estava feliz em saber que Justin Bieber estava vivo. As emissoras de TV noticiando o quadro de saúde estável dele; o twitter abarrotado de mensagens das fãs, agradecendo a Deus pela melhora; famosos de todos os lugares dando sua opinião; o mundo estava tranquilo novamente, assim como eu.

Surpreendente esse poder do Justin de fazer todos pirarem. Um bilhão de garotas choraram angustiadas, nervosas, vendo seu mundo se acabando. Muitas delas já estavam a ponto de enlouquecer, eu aposto. E agora, de repente, com a notícia de sua melhora, o mundo estava calmo, aliviado. E eu também.

–Jus? – eu sussurrei me aproximando. Foi em vão chamar pelo seu nome. Eu sabia que ele não iria me responder.

Olhei para ele. O rosto mais pálido do que nunca. As bochechas não estavam mais rosadas. Estava mais magro. Eu queria poder ver seus olhos cor-de-mel mais uma vez, antes de ir. Mas o tempo que eu tinha era pouco. E ele não os abriria tão rapidamente.

–Ah, Justin. – eu disse, minha voz falhava. Toda a tranquilidade que eu senti minutos atrás havia sumido. A sensação que me deixava aliviada, que me fazia pensar que minha preocupação havia ido em bora, desapareceu. Pensar que tudo tinha acabado, que tinha chegado onde deveria, que eu não teria mais aquela angustia de saber se ele estava vivo ou morto, era uma coisa vaga, inútil. Encarar seu rosto assim, imóvel, sem vida, sem cor.

Eu quis chorar, não sei bem por que. Parecia que, a qualquer minuto minhas pernas cederiam e eu cairia no chão.

Olhei para seus lábios que estavam ressecados e lívidos. Me aproximei e lhe dei um selinho breve. Talvez, como nos contos de fada ele despertasse.

Ok, agora já ta virando paranóia! Ele não vai acordar com um selinho, né.

–Anne! – ouvi o Chaz falando. Ok, já estava na hora dele, agora ele teria uns minutinhos a sós com o Justin.

–To indo. – eu disse. –Te amo. – falei e o olhei mais uma vez, tentando deixar sua imagem gravada na minha mente. A vontade de chorar estava chegando de novo, então eu me apressei e saí da sala.

***

–Não vai comer? – perguntou-me Scoot, encarando meu prato cheio de comida.

–Não. Estou sem fome. – eu falei automaticamente, sem prestar atenção.

–Anne. – ele falou firme. Ergui os olhos para ele com a maior cara de tacho possível.

–Que foi?

–Coma alguma coisa.

–Não to com fome, que droga.

–O Justin está bem. Não se preocupe com ele. Ele está vivo e vai receber alta em breve. Mas se você continuar assim, quando ele sair, você é quem vai pro hospital.

–Urgh, como você é chato! – eu esbravejei. – Quero ir vê-lo. – falei mais calma, mansa até.

–Nós já vamos. Saímos daqui quando esse prato de comida estiver vazio.

–Ah, é? – ergui uma sobrancelha. Me levantei e caminhei até a cozinha. Chegando lá, despejei toda comida em uma panela. Não sobrou um grão de arroz no prato. – Está vazio. – mostrei ao Scooter.

–Você não presta. Anda, pega as chaves do carro pra mim. – ele falou se levantando. – E quando nós voltarmos, você vai comer algo.

***

Já fazia dois dias que o Bieber tinha sofrido o acidente. Ele já havia acordado, mas passava o dia todo deitado naquela cama recebendo remédios para dormir. A comida que davam pra ele era horrível, por isso eu sempre dava um jeito de levar alguma coisa que preste para ele, escondida na minha bolsa.

Fomos caminhando lentamente. Eu o visitava três vezes ao dia. E quando ia até lá, ficávamos cerca de duas horas conversando.

Nós não tocávamos no assunto romance. Nenhum de nós sequer comentava sobre o motivo de ele estar aqui. Ambos só queríamos relaxar, esquecer os problemas. Ninguém queria estragar toda nossa felicidade de poder estar juntos sem dificuldades ou brigas. Não queríamos assumir, o ego era grande de mais para confessarmos, mas nós adorávamos ficar juntos sem gritar ou ter que se preocupar com algo.

Enquanto me aproximava do quarto do Jus, ouvi vozes femininas. Não conhecia aquela voz, mas tinha certeza que estava saindo do quarto dele.

“Talvez seja só uma enfermeira”, pensei. A voz começou a rir e eu pude distinguir a voz do Jus se misturando com as risadas dela.

Não vou dizer que fiquei com ciúmes... porque é óbvio que fiquei.

Entrei sem bater. Quando ele olhou para mim, abriu um sorriso lindo, que me deu vontade de rir também. Até ela estragar tudo.

Ela era bonita. Tinha cabelos loiros com mechas rosa. A pele clara e os olhos verdes penetrantes. Magra e alta. Acho que é uma boa descrição. Na verdade, ela é linda. Mas eu não vou assumir isso para uma garota que está flertando com o meu Justin.

–Ah, oi. Você deve ser a Anne. – falou a garota estendendo a não para mim. Não apertei, só a encarei com as sobrancelhas erguidas – O J fala muito de você. – ela falou sorrindo.

O J? ANH? COMO ASSIM QUE ESSA VADIA ESTÁ CHAMANDO O MEU JUS DE “J”?

–Ah, fala. Que ótimo. – falei seca. – Quem é você?

–Anne, essa é Lilian. – Justin disse, tentando amenizar as coisas.

Ele ainda não sabe que eu gosto dele, mas desconfia. Como eu já falei, nós decidimos esquecer esse assunto, pelo menos enquanto ele ainda está no hospital.

–Hm.

–Ah, Justin. Já estou indo. Foi um prazer conhecer você, Anne. – Lilian disse abraçando o Justin e saindo. Se eu não estivesse com muito ciúme, eu a acharia ela legal e simpática.

Ela. Abraçou. Ele.

–Lilian. Que interessante. – eu disse irritada, assim que ela saiu.

–Isso é ciúme? – Justin disse com um sorriso malicioso em seus lábios.

–Cala essa boca, Bieber. – eu disse me sentando ao seu lado.

–Então, o que você trouxe hoje? – ele perguntou depois de rir de mim. Abri um sorriso e tirei da bolsa um Big Mac.

–Ah, Anne, já falei que te amo?

–Não. – eu disse rindo.

–Então, eu te amo. – ele falou brincando, mas ainda assim fiquei nervosa.

–É, eu sei. Seu interesseiro. – falei controlando a minha voz e mantendo o tom de brincadeira.

–Anda, me dá. – ele falou esticando as mãos para o hambúrguer.

–Ô, garoto, quem você acha que é?

–Hm... Justin Bieber.

–Justin Bieber? Ah... Não, não conheço. Então, só te dou quando pedir por favor e com educação, estranho desconhecido.

–Ah, Anne. Não zoa com a minha cara, né. - ele disse rindo da minha idiotice.

–Você tá mimadinho de mais. Quer o hambúrguer? Pede por favor.

Ele suspirou se rendendo.

–Ok. Anne, sua coisa linda, amor da minha vida... – veio cheio de manha – me dá a droga do Big Mac?

Meu coração foi na boca, voltou, eu me controlei, falei comigo mesma que era zuera e abri um sorriso lindo.

–Você nem é chato, Biebs. – e joguei o Big Mac em cima dele.