Acordei. Puf! Foi de repente... Quer dizer, há dois segundos atrás eu estava no Zoológico, e tinha um macaco azul me agarrando, enquanto aquela miniatura de girafa – que era verde com coraçõezinhos no lugar de pintinhas – comia algum tipo de grama... roxa. E aí uma luz invade tudo, o macaco grita e tudo gira e eu acordo. Assim, do nada.

–Obrigada! - sussurrei, tão baixinho que mal pude ouvir minha voz.

Porque eu agradeci? Porque eu consegui me livrar daquele sonho maluco... E depois eu sonhei com o Justin, acreditam?

É, ele meio que entrou no meu quarto no meio da noite, pela janela eu acho. E depois ficou conversando comigo, meio tímido. No final, ele me beijou e foi embora. E aí eu tive outro sonho depois desse. Mas, sabe, tem aquela parte de mim que teima em dizer que não foi um sonho... Parecia tão real! E, ao mesmo tempo, surreal. Quer dizer, ele estava ali e todos os detalhes eram perfeitos - a boca que dá vontade de morder e os olhos caramelados que te fazem perder a cabeça - mas era impossível que Justin Bieber invadisse meu quarto no meio da noite, entrando pela janela, com a desculpa ridícula de falar da minha mãe e me desse um selinho, sendo que eu e ele nos odiamos.

Nos odiamos, não é?

...

–Bom dia flor do dia!

–Olha só quem acordou animadinha! - ri pelo nariz - Fugiu pra caminha do Chaz hoje à noite? - zuei com ela.

–Como você sabe? - Carol se fingiu espantada, e riu da minha cara em seguida.

–Idiota. - falei, bufando.

Me sentei e cruzei as pernas, tomando lentamente aquele leitinho. Adoro tomar Toddy de manhã! Quentinho, no microondas... é tão bom.

–Bom dia garotas. – uma voz veio seguida de passos. Estava bem perto.

"Ops, essa vozinha. Argh, viu? Estou suando! Droga, como ele faz isso? Nem o olhei ainda e já fico nervosa assim? Ai, ele me deixa nervosa... e envergonhada. Se controla..." minha cabeça estava uma confusão: isso não é bom sinal. Me conhecendo bem, posso afirmar que minha cabeça à mil é sinônimo de estresse e falta de educação, porque me irrita pensar muita coisa.

–Bom dia, Bieber. - falei seca e ao mesmo tempo que eu, Carol falou "Bom dia" baixinho também.

–Hã, Anne. Tá linda hoje. - Justin falou chegando perto e me analisando: desde o dedinho do pé até o último fiozinho do cabelo.

"Ai, ele me disse que to linda... aww... Eu to corando? Não! Controla! Respira, 1,2,3... Será que eu to bonita mesmo? E se ele tiver zuando? Não parece... Se não estiver, acho que vou surtar! Ele me deixa louca! A voz dele... dá vontade de agarrar!! É melhor fazê-lo parar de falar, antes que eu perca a droga do controle!" eu disse, cabeça agitada...

–Eu não estou linda, eu sou linda. E cala a boca que não é da tua conta. - cortei, virando a cara e pegando um cupcake na bandeja.

Dei uma mordida pequena, nervosa e constrangida por estar sendo observada.

–É, é linda. - falou baixinho, acho que ele não sabe que eu ouvi. - Tenho uma surpresinha para vocês. - disse, elevando o tom de voz.

–Qual? - Carol perguntou, toda animadinha. - E, hun, aliás, onde estão Chaz e Ryan?

Para vocês, inocentes que não entenderam a pergunta dela, deixa eu traduzir:

"Surpresa? Eu espero que seja o Chaz, cadê ele?"

–Ah, estão dormindo. - Justin deu de ombros e roubou meu cupcake.

–Hey, imbecil, devolve. - ele deu uma mordida enorme, e levou a metade do meu cupcake junto com aquela boca nojenta. - Argh, que nojo! Bieber, você é muito estranho!

–Eu sei. E às vezes eu acho que você gosta. - ele sorriu, malicioso.

"O quê? Anh? Eu ouvi direito? Ele disse isso... Ah, não! É melhor desmentir. É mentira mesmo. Eu nem gosto dele... Tá, já pensei sobre isso antes. Conclusão? Gosto, só tenho raiva e meu ego é grande de mais pra admitir. O quê? Eu pensei isso? Não, claro que não... Eu nem gosto dele! E que história é essa de 'ego grande'? Ah, nada a ver! Ah, espera... Ele ta me olhando e sorrindo... Desmente logo, Anne!!" ai, minha cabeça ta começando a doer, to confusa!

–Nem vem. Eu te odeio, você sabe! - falei, um pouco insegura, pegando de volta meu cupcake.

–Gosta sim. E eu tenho certeza. - ele sussurrou se aproximando.

–Ah, Justin, cai fora. Não gosto de você, droga - falei, suando. Não gagueje, não gagueje...

–Ah, não? Então prova!

E ele veio chegando mais perto, mais perto, mais perto. E eu podia sentir sua respiração acelerada bem pertinho. A minha respiração também estava acelerada, mas eu estava me controlando. Ele já ia fechando os olhos bem devagarinho, se aproximando mais, e eu continuava paralisada, minha mente travando uma guerra: o sentimento e o ego. Cada um queria uma coisa oposta, um lutava para ceder, o outro tentava achar defeitos nele para eu me distanciar.

Seus lábios tocaram os meus. Um selinho. Meus olhos continuavam abertos, eu não fazia nada. Totalmente tomada pela indecisão.

Não foi um sonho ontem, não é? Acho que não... O Bieber parece bem capaz de fazer aquilo. Pelo menos, esse Bieber que esta encostando seus lábios nos meus parece. E eu estou cedendo... Não posso, posso?

Não. E o meu ego ganha, droga.

Ele tentou selar nossos lábios novamente, estava se sentindo vitorioso por eu não ter lutado contra ele. E está errado! Cuspi na cara dele quando ele estava bem perto.

–Eu já disse: cai-fora! - falei e saí dali, indo para perto da piscina pensar um pouco. Relaxar, qualquer coisa. Se não me acalmar, minha cabeça vai explodir!

POV Justin

Eu tenho que contar uma coisa. Mas a historia começa na noite em que eu fui ao quarto da Anne.

Estávamos conversando, e eu tinha acabado de inventar uma mentira sobre a mãe dela – na verdade, era meia mentira, porque eu realmente ouvi uma conversa do Scooter, mas esse não era o real motivo de eu estar ali – e estava esperando sua reação.

–Ah, sai daqui. Não acredito nisso. Vai embora, vai. – ela deu uma risadinha e eu fiquei admirando seu sorriso lindo, ela ficava perfeita quando sorria. - Por favor, me poupe de mentiras. Boa noite, Jus.

O que? Boa noite Jus? Jus? Ah, meu Deus. Ela é tão linda... me chamou de Jus.

Nesse momento, meu coração acelerou, uma sensação calorosa me invadiu por completo e eu não sei exatamente, mas o que fiz a seguir foi simplesmente por impulso.

–Boa noite, Anne. – eu disse baixinho, estava calmo, não sei porque. Algo me fez relaxar. Ouvir meu nome de uma forma tão carinhosa saindo dos lábios perfeitos dela me deixava tranquilo. Ouvir sua voz falando Jus me fazia sentir no paraíso. Por isso, eu a beijei. Não, beijei não... dei um selinho.

E foi perfeito. Apesar de que ela nem se moveu, mas eu não esperei pela sua reação. Eu saí do quarto.

–Hey, Biebs, o que tá fazendo? – ops... É, quando eu tava voltando o Ryan me viu passando na janela (ele e o Chaz estão dormindo no mesmo quarto que eu, então ele deve ter me ouvido entrando pela janela!)

–Fui beber água? – foi uma pergunta. Eu não afirmei, mas esperei que ele estivesse com tanto sono, que aceitasse minha sugestão e fosse dormir de novo.

–Não foi.

–Droga. Como você sabe?

–Ah, pelo amor! Quem sai pela janela pra ir beber água? A porta esta bem ali e é muito mais fácil usá-la.

–Ah, é...

–Onde você foi?

–Eu... hã, lugar nenhum. – me deitei e virei a cara. Eu não ia contá-lo!

–Quarto da Anne. – ele falou.

–Que merda Ryan, como você sabe?

–É obvio. Onde mais você teria ido? O quarto dela é do lado do nosso e tu é caidinho por ela. Claro que quis vê-la.

–Ok. Vamos abrir o jogo. Você, seu ET adivinhador, me devolve o meu amigo e eu não chamo a policia.

–Haha, muito engraçado. Cara, você não consegue mais esconder.

–O que?

–Que está apaixonado pela Anne.

Hã?

–Ah, Ryan, se liga. – engoli em seco. “Disfarça Justin, ele não pode descobrir!”

–Pára Justin. Todo mundo sabe, tá na cara que você gosta dela e ela de você!

A Anne gosta de mim? Com essa eu tive que rir!

–Ok, eu gosto dela. Admito. Mas ela... ela me odeia! – que idiota o Ryan pensar uma bobeira dessas... onde ele tirou isso?

–É, claro. Quando vocês dormiram jutnos...

–Nós nunca dormimos juntos! – interrompi. Que merda, ele já ta fazendo suposições idiotas.

–Não? E na noite do Eu Nunca?

–Ah, é. Continua.

–Enfim... quando vocês dormiram juntos, ela estava toda felizinha e eu sei que ficaram abraçados. Ela gostou, é claro. Estava sorrindo igual a uma idiota quando dormiu, eu suponho.

Era verdade. Ela dormiu sorrindo. Nos meus braços.

–E, depois chorou porque pensou que você a tinha magoado. Não ficaria triste se não gostasse de você. Ela nem ligaria. Mas, gostando de você, pensar que tinha mandado acordá-la daquele jeito a deixou triste. Justin, a Anne dá uma de durona e tals, mas ela é igual à todas as garotas. Só não gosta de se expor, então essa historia de ser durona é uma máscara para afastar que ela fique magoada.

–Wow, Ryan... É um psicólogo agora?

–Não Justin. Tu não enxerga que ela é doidinha com você? Fez topless umas duas vezes já e brincou com você, que eu sei. Ela só é vingativa. Não gosta das suas brincadeirinhas com ela, e acima de tudo, venera o cabelo. Está se vingando, mas não muda o que sente por você.

–Hun, e daí? O que isso muda? O que é que eu posso fazer?

–Pode aproveitar que sabe que ela gosta de você, e pode se desculpar e fazer as pazes. Assim ela vai parar de te irritar e você vai ver que eu to falando a verdade. Vocês vão ficar juntos e serão felizes para sempre. – ah, que clichê!

–Para sempre o caralho. Ela só fica aqui mais... 11 dias.

–Viu? Mais um motivo pra você ir atrás dela. Ela vai embora logo. Aproveita enquanto dá Biebs. E, aliás, a Anne você aproveitar mesmo porque... wow, ela é uma gata, mano.

–Cala a boca, imbecil. – me virei e fui dormir. Não pensei muito no assunto, mas resolvi fazer o que Ryan disse: me desculpar e dar um jeito de ficar com a Anne. Afinal, ele parecia ter razão. Eu gostava dela, e já sei disso há um tempo. Mas ela gosta de mim. Isso é novidade. E eu não vou deixá-la escapar.

Tá, melhor parar com essa frescura aqui e ir fazer alguma coisa.

...

Quando eu acordei, parecia que um caminhão de uma tonelada havia passado em cima de mim. Estava tudo doendo, mas eu nem sabia exatamente por que. Eu nem importei muito e me levantei, vesti alguma coisa simples e fui até o banheiro. Não vou contar para vocês o que fiz lá dentro por que... ah, é pessoal, ok?

Ouvi meu celular apitar e fui correndo atrás dele. Onde estava? De baixo da minha cueca que a Anne tinha jogado pó-de-mico. Anne... melhor nem pensar nela agora.

Era uma mensagem:

“Hey, cara! Hoje, umas tres da tarde, ok?”

Wow, era do Chris. Três da tarde? Hm, isso é bom. Agora são... Meio dia. Então eu tenho três horas.

Respondi a mensagem e desci.

–Bom dia garotas! – falei notando a Anne e a Carol na cozinha.

–Bom dia. – Carol basicamente sussurrou isso, de tão baixo que foi. A Anne foi mais seca, como se estivesse me evitando. Não liguei.

–Hã, Anne. Tá linda hoje. – Falei notando como ela ficava perfeita com aquela sainha curtíssima e aquela meia calça preta desfiada.

Por um segundo, ela não disse nada. Nem sorriu.

–Eu não estou linda, eu sou linda. E cala a boca que não é da tua conta. – falou seca após um tempo, virando a cara e pegando um cupcake.

“Ah, Anne. Eu notei que sua voz estava um pouco trêmula. Nervosismo, talvez?”

Eu não iria dizer isso. Ela iria se irritar. Normalmente, eu iria amar estressá-la, mas o Ryan realmente me fez entender uma coisa: eu a amo e ela só vai ficar comigo quando eu não agir feito um idiota.

–É, é linda. – falei bem baixo, mas eu quis que ela ouvisse. Vejam a lógica: ela vai pensar que falei pra ela não ouvir, que eu falei pra mim mesmo e não que forcei só pra ser gentil. Eu sou foda! - Tenho uma surpresinha para vocês. – falei mais alto dessa vez.

–Qual? E, hun, aliás, onde estão Chaz e Ryan? – ah, tá. Ate parece que ela vai ligar pro Ryan. Todo mundo entendeu a pergunta que ela quis realmente fazer, não é?

–Ah, estão dormindo. – dei de ombros. Estavam mesmo. Meio dia e dez, e os dois roncando, feito uns putos. Ah, que se danem!

–Hey, imbecil, devolve. – Anne disse. Dei uma mordida no cupcake, nem sei porque. Ela estava tão fria, queria ouvi-la falar comigo. - Argh, que nojo! Bieber, você é muito estranho! – queria ouvi-la, mas não precisava ouvir isso!

Ok, calma.

–Eu sei. E às vezes eu acho que você gosta. – sorri. Meu lado infantil me domina às vezes.

–Nem vem. Eu te odeio, você sabe! – ela disse. Voz tremula de novo. Era mentira, eu sabia.

–Gosta sim. E eu tenho certeza. – sussurrei, forçando minha voz a sair mais, hã, sexy. Me aproximei dela.

Tive uma idéia. Ela vai ficar com raiva. Mas vai ser um jeito de saber se ela gosta mesmo de mim. E alias, tentar não mata!

–Ah, Justin, cai fora. Não gosto de você, droga – ela estava se segurando, hiper nervosa

–Ah, não? Então prova!

Feita a segunda provocação – terceira, se o cupcake contar – eu me aproximei e dei um selinho. Ela não fez nada, mas imaginei que estivesse surpresa. Resolvi beijá-la mesmo, queria saber sua reação: iria lutar contra ou se entregar?

Nenhum dos dois, ela cuspiu em mim!

–Eu já disse: cai-fora! – falou insegura e foi embora.

O que? Eu... eu... ah, droga, agora ficou difícil. Ela não gostava de mim? Então porque não quis me beijar? Urgh!

Melhor conversar com ela. Quem sabe se eu pedir desculpas ela se explica?

Fui caminhando atrás dela, sem fazer barulho.

Ela foi para a piscina, mais exatamente pra um cantinho perto da piscina, mas um lugar onde seria difícil encontrar alguém. Como ela descobriu? É o MEU esconderijo secreto!