Oi, aqui é Anne falando. Está um tédio. Não tenho nada para fazer. Sugestões?

Ah! Que saco! Eu e Carol já tentamos tudo: tudinho pra passar o tédio. Não acredita? Segue a lista de novas atividades super educativas, que não ajudaram em nada pra passar o tempo.

Guerrinha de travesseiros, filmes – eu assisti todos os filmes que ainda não havia visto nos últimos dez anos, ok? –, já entramos em todas as redes sociais possíveis – nisso eu vou desde twitter até o Club Penguin, se é do seu interesse –, lemos, estudamos – parece mentira, mas fique trancado dentro do seu quarto sem nada pra fazer, e com uns macacos do lado de fora impedindo você de sair e vejamos o que você iria fazer –, jogamos aqueles joguinhos de tabuleiro, tipo damas, ludo – é, eu joguei essas coisas, apesar de odiar jogos – e tentamos ate xadrez!Hm... e nós também brincamos – com muita animação, parecia ate um velório – de Sai da Localização e Adedanha – eu perdi tudo, sabe... porque eu também nem tava querendo jogar, é... sabe aqueles livrinhos esquisitos que vem com Caça Palavras, Cruzadinhas, Jogo dos Sete Erros e outros? Então, a gente fez uns dez.

Enfim, já deu pra entender que nós tentamos. Eu ate acho que acabei de engordar dez quilos, porque a gente pediu pizza, tomamos toneladas de sorvete e nós nem bebemos, ah não.

Ai vocês perguntam: “Mas porque fizeram tudo isso e não deram uma saidinha, ou sei lá?”

E a gente, olha pra vocês com cara de quem quer te bater muito – ou te olhamos com pena, por você não entender essa simplicidade – e simplesmente te dizemos: “Por que nos não queríamos.”

Ai vocês nem dizem nada, só resolvem ter do da gente e nos internar em algum tipo de hospício. Ou, as mais espertinhas ai, percebem que nós estávamos mentindo. Parabéns para as que tiveram capacidade de entender isso!

Se querem saber por que não vamos sair, eu digo: castigo! Pelo visto Tio Scoot não é muito fã de pó de mico, mesmo que não tenha sido nele. Muito menos quando nós estávamos numa situação tão importante quanto aquela.

Eu vou explicar a historia inteirinha.

Eu tinha acabado de sair do quarto dos meninos e eu e Carol fomos pensar no maior jeito de fazer eles pagarem, tipo, aquele mico sabe. Porque, fala sério, só o pó de mico não é suficiente. Tem que vir acompanhado de algo grande.

Mas nenhuma de nos fazia a mínima idéia do que seria, ou viria a ser, essa grandiosa coisa.

Mas nós nem precisamos pensar muito, não. Porque o Scooter fez esse favorzinho para a gente. Sem nem mesmo saber, é.

Quer dizer, a gente tava quebrando a cabeça pra imaginar a pior forma de constrangê-los – pra ser sincera, eu nem tava mais fazendo isso por causa do meu cabelo, mas já tava virando uma guerrinha bem infantil, e bem divertida. Quebrando mesmo a cabeça. Carol tava batendo a cabeça dela na parede, é, ela é meio doida. Mas ela disse que isso a ajudava a pensar... enquanto eu ria disso, o Scooter chegou. Aí ele tava com o maior sorriso do mundo na cara.

–Se arrumem. São seis horas agora. Quero vocês prontinhas, lindas e apresentáveis – não sei por que a ênfase na ultima palavra. Talvez, ele quisesse dizer: nada de shorts curtos, ou decotes. – às sete e meia, ok? Conseguem fazer isso? Por mim? – a cara que ele fez naquele momento, foi uma imitação fajuta de gatinho do Shrek. Im-pa-gá-vel!E, com toda a certeza, eu ri muito dele.

–Para...? – perguntou a pessoa estranha ao meu lado, enquanto eu ainda me dobrava no chão de rir do Scooter juntando as mãozinhas, como se fosse rezar, fazendo biquinho e arregalando os olhinhos. Sério, foi muito engraçado. Só imagine isso. Imagine.

– Temos uma visita super importante hoje. Uma pessoa muito especial. Que vocês irão amar conhecer. Mas quero vocês comportadas.

–Scooter! Da pra parar de fazer mistério e falar de uma vez quem é?

Assim que eu disse isso, um pouco estressada por ele fazer gracinha, ele parou alguns instantes. Acho que decidindo se contava. Abriu a boca, hesitou e por fim, soltou:

–Beyoncé. – deu de ombros e saiu, fechando a porta.

Vamos pular a parte que seguiu? Porque, tipo, o numero de gritos que nós duas demos foi... incontável. E minha garganta ainda esta um pouco seca.

Eu vou conhecer a Beyoncé! Morra de inveja, ser inferior!

Ta, nós duas gritamos, gritamos, gritamos. Minha cabeça dói só de lembrar.

Então começou o desespero: tínhamos uma hora mais ou menos pra nos arrumar. Também, quem mandou ficar meia hora gritando: “Beyoncé! Ah!” e pulando como loucas?

Carol foi primeiro e nem demorou. Uns quinze minutos, talvez. Como ela consegue tomar banho nesse tempo? Não sei.

Eu fui logo em seguida, mas ela também não me deixou demorar. Quando tava dando vinte minutos que havia entrado no banheiro, ela começou a socar – socar mesmo, pensei que ia quebrar – a porta e gritar pra eu sair. Eu quis matá-la, mas sou boazinha. Saí do banheiro e fui escolher uma roupa.

Apresentável, Scooter tinha dito. Isso significava?

a- Um vestido gigante colado, que cobria meus pés;

b- Um daqueles vestidos cheios de babados, com lacinhos, detalhes e tals;

c- Uma roupa de muçulmanos: cobrindo dos pés à cabeça, até os olhos.

Não. Definitivamente, não.

Eu não faço a mínima idéia do que isso quer dizer. Eu nunca fui do tipo apresentável.

Pensei em ir de calça jeans e regata, mas não era o suficiente pra encontrar a Beyoncé, né.

Daí, quando Carol saiu do closet eu me senti ate inspirada.

Ela usava um vestido azul marinho curto, mais ou menos nas coxas, e ele era bem colado. Muito colado mesmo. Era tomara-que-caia e realçava completamente o corpo dela. Ela usava um Scarpin preto lindo. O cabelo estava preso em um coque meio desarrumado.

–Wow. Onde você arrumou esse vestido? – perguntei.

–Ah, eu encontrei lá dentro. Alguém encheu nosso closet. Tem uns pra você também. Dá uma olhadinha. – ela deu de ombros e pegou o notebook. Ela falava naturalmente, como se usar vestidos extraordinários fosse normal. E pra ela era. A mãe dela era um empresária que se importava de mais com a vida social, então vivia dando festas e em todas elas Carol usava roupas como essas. Ela não se importava muito, estava acostumada.

Acho que ela foi direto pro Twitter, mas eu não fiquei ali para conferir. Corri para dentro daquela sala enorme lotada de roupas, sapatos, bolsas e assessórios.

Fui analisando as roupas, mas nada parecia me agradar. Nada dizia “Hey, Beyoncé eu te amo de mais!”

Tinha um trilhão de vestidos ali. Todos lindo, é claro, mas nenhum que fizesse pensar “é esse.”

Até que eu vi um que me fez parar de respirar. Peguei-o e o vesti. Quando me olhei no espelho eu quase desmaiei.

Era perfeito. Simplesmente perfeito. Perfeito para conhecer a Beyoncé e para ver o Justin pagar um mico.

Era O vestido.

POV Justin

–Ah, cara! Eu não posso acreditar nisso.

Eu vou estrangular o Chaz. Se ele repetir mais uma vez essa frase, eu juro que mato ele.

–Cala a boca, Chaz! Você já falou. “Ah, vou conhecer ela. Ah, Beyoncé! Ah, isso. Ah, aquilo!” Eu sei que é inacreditável e que ela é a Beyoncé. Mas você não precisa me lembrar disso a cada dez segundos.

–Hm... O Bieber ta estressadinho. Você ainda é doidinho por ela. – ele falou e começou a rir.

–Há-há. Eu só a acho linda e incrível. Só isso. – tentei me defender e olhei para o espelho novamente, tentando esconder as bochechas rosadas.

É, eu ainda tenho uma quedinha por ela. Mas ela não é pra mim, então eu to tentando esquecer.

–Só acha ela linda, incrível, magnífica, especial, perfeita e é apaixonado por ela. – o Ryan completou minha frase e começou a rir junto ao Chaz.

–Seus idiotas. – falei. – Vamos desces, ela já deve estar chegando e o Scooter vai nos matar se nos atrasarmos.

–Ah, Biebs!! Nem vem culpar o Scooter. Todo mundo sabe que você só quer descer logo pra ver o amorzinho da sua vida.

Anne estava parada na porta me encarando. Eu tinha deixado a porta aberta? Não me lembro disso. Mas também não me lembro de ter ouvido a porta ser aberta.

Ela tinha zuado com minha cara de novo, mas eu não pude ficar com raiva dela. Não olhando para ela daquele jeito. Daquele jeito lindo.

O vestido vermelho sangue que ela usava contornava suas curvas – e que curvas! Era de um ombro só e tampava sua bunda. Só a bunda. As coxas estavam de fora, e eu estava babando.

–Psiu. Perdeu alguma coisa? – ela perguntou rindo e estalando os dedos na minha frente.

–Urrum... – respondi automaticamente, totalmente hipnotizado.

–Sério? O quê? – Carol entrou rindo também.

Ela também estava linda, mas a Anne estava bem mais. O vestido dela era azul e tomara-que-caia – e eu adoraria se caísse – e era curto, mas não tanto quanto o da Anne. Pelo menos Carol tinha um pouco de decência e tampava um pedacinho das coxas. A Anne tava pouco se fudendo. E eu adorava isso.

–Minha dignidade... – falei, um pouco mais desperto, mas ainda assim babando.

–Wow! Vocês estão lindas! – Chaz falou e Ryan concordou com a cabeça.

–É, eu sei disso. – Anne falou. Foi só então que eu olhei para o rosto dela.

Olhei para o rosto e morri de novo, é.

O cabelo preto estava com as pontas vermelhas. Um vermelho muito forte que até doía os olhos se olhasse por muito tempo. Ele caía suavemente, um pouco ondulado, sobre o rosto, emoldurando-o. Os olhos tinham um contorno preto exagerado e os cílios estavam bem maiores. Como as garotas fazem isso? As bochechas, levemente avermelhadas e a boca... Meu Deus! Depois do corpo dela, era a maior tentação. Eu tive que me segurar para não pular em cima dela e agarrá-la. A boca estava com um batom super vermelho – notaram que hoje ela se inspirou no vermelho? Os lábios cheios tão lindos... eu tive vontade de beijá-la.

Vermelho era minha segunda cor favorita. Depois de ver a Anne assim, acho que vais e tornar a primeira!

–Crianças, desçam. – Scooter gritou. Odeio quando ele me chama de criança! – AGORA! – ele finalizou.

–Vamos? – Anne perguntou e saiu do quarto.

Ok. Beyoncé. Anne. Jantar. Concentração. Foco. E minhas mãos estão suando.