–E aí pessoas. Curtindo muito a vida sem mim? – perguntei à Ryan, Chaz e Carol, que – tentavam – fazer algo na cozinha.

–Claro que não Anne, não tem como curtir a vida sem você né. – Carol falou rindo, e me olhou. Seu rosto estava com algumas manchinhas marrons escuras e ela segurava uma colher na mão, toda suja também, qual ela levava a boca e lambia a todo instante.

–Então, o que vocês estão fazendo? – perguntei encarando a colher da Carol – Isso não é para ser feito no banheiro não?

–Ah, que linda você. Agente não ta fazendo c...

–Argh, Chaz! Não fala essa palavra, to comendo! – Carol falou interrompendo Chaz.

–Nós não estamos fazendo... o número dois Anne. – Chaz corrigiu, olhou para Carol: – Satisfeita?

–Agora sim. – ela riu.

–O que estavam fazendo? – repeti.

–Brigadeiro. – Ryan se pronunciou pela primeira vez.

–Ah. Não parece. – olhei para a meleca marrom na colher de Carol. – Como vocês conseguiram fazer toda essa bagunça para fazer um brigadeiro? – falei analisando a bancada e o fogão: imundos.

–Pois é, somos incríveis. – Chaz se gabou.

Deus, ele ta orgulhoso por não saber fazer brigadeiro... É, o mundo ta acabando.

Olhei para a cópia do Bieber com cara de tacho.

Aliás, cadê o Bieber? Será que ele ficou tentando disfarçar os efeitos da minha brincadeirinha?

Ri internamente por pensar nisso.

–Que bagunça toda é essa? - falando no palhacinho do nosso circo...

–Oi Justin! Porque demorou tanto pra entrar? O que você tava fazendo lá fora? - Carol perguntou sorridente. Ela já devia saber que eu aprontei alguma. Ou então, eu estou ouvindo de mais e pude notar algumas pontadas de sarcasmo nas vezes que ela se referiu ao Justin sozinho lá fora, fazendo algo - tipo, disfarçando, hm, evidências.

Olhei para ela, que riu notando meu olhar malicioso. Pisquei e abafei uma risada.

–Eu... - o Bieber parou um segundo, provavelmente inventando uma desculpa - estava dando um mergulho, só isso. Já repararam como a água está gostosa hoje? - a última parte ele falou me analisando pervertidamente.

–Sei. A água. Urrum. - Chaz concordou. Ah, quê isso, ele nem foi sarcástico agora. Que nada...

–Chaz! - o repreendi. - Pobrezinho do Justin! - falei como se estivesse magoada e me dependurei no pescoço do coitado. - Claro que para ele, a água estava gostosa. O que estaria gostoso para ele? Eu? Ah, ele não se importa com mulheres, né Jus? Muito menos comigo! A vida dele se resume à joguinhos infantis no PS3, eu acho, e à tintas azuis, de preferência. Em suma, a vida dele é uma grande merda, quer dizer, brincadeira de criança. - falei, meio que jogando algumas coisas para fora. Só queria deixar bem claro para ele o porquê das minhas futuras maldades.

–Wow. - Chaz e Ryan exclamaram juntos. - Foi só eu, ou todo mundo sentiu o clima esquentar por aqui? - Chaz completou e levou uma cotovelada nas costelas de Carol.

–Ah, gente, o papo ta muito bom, cof cof, mas eu e a Anne temos que ver umas coisas lá em cima... arrumar umas malas, e etc.

Carol e suas tentativas - frustradas - de ser sutil.

–Eu não aguentei e explodi: comecei a rir.

–Anda, para de mentir. Fala logo que você não me quer xingando o Justin aqui e vamos subir pra você passar sermão, vamos. - eu falei rindo da cara dela.

A puxei escada a cima, rindo ainda.

Entramos no nosso quarto e ela fechou a porta.

Me olhou. Com pena. Depois espantada - possivelmente por eu ter me aberto, porque ela bem sabe que eu não gosto muito de me expor. Finalmente, me olhou como se eu não tivesse jeito, sacudiu lentamente a cabeça, e riu comigo.

Ficamos rindo alguns minutos.

Peguei um travesseiro e joguei na cara dela.

–Sua certinha! - falei rindo.

Ela parou imediatamente, pegou o travesseiro e jogou em mim.

–Sua louca, descontrolada! - devolveu.

E quando eu revidei novamente, iniciamos uma guerrinha de travesseiros que eu sentia saudade, porque foi tão infantil. E ser criança em algumas situações é até bom... e eu gosto!

***

-E agora você vai acabar com o coitado? – perguntou e depois enfiou mais pipoca na boca.

Que nojo, a boca dela tava estourando de tanta pipoca.

-É. Mais ou menos isso, porque você sabe que eu sou muito boazinha. – falei com a boca cheia de pipoca.

Se ela pode fazer coisas nojentas, eu também posso. Direitos iguais.

Eu tinha acabado de por para fora tudo que eu senti pelo Justin, acabei com dois potes de sorvete contando como eu tava magoada. Agora estou contando pra Carol porque vou me vingar dele.

–Tudo bem, então vamos começar a operação pó de mico quando exatamente? – sorriu.

–Agora. Vai lá e distrai os meninos que eu faço o resto, ta?

–Ok. – falou e se levantou.

Respirou fundo umas três vezes. Puxou todo o ar que podia e gritou.

E estourou meus tímpanos também. Já ate sei o que ela vai fazer.

Sabendo a brincadeira, gritei também e saímos as duas correndo para o quarto dos meninos. Gritando. Muito. Muito mesmo.

Batemos na porta, ansiosas, e quando eles abriram, ela estava quase chorando. Minha amiga é uma ótima atriz, não acha?

–O que foi? – Chaz perguntou preocupado.

–Tira! Tira! – Carol falava, pulando.

–Tirar o que?- o Bieber apareceu e logo me olhou.

–Tem uma barata ENORME no meu quarto! – eu falei, fingindo morrer de nojo.

–Ahhh só uma baratinha? – Chaz respondeu, entediado.

–Não é só uma baratinha. É uma barata enorme. – Carol quase morreu. Ele encena muito bem.

Chaz abraçou Carol e sussurrou algo no ouvido dela. Ela sorriu.

–Então vai lá, anjinho. – ela lhe respondeu apontando para o nosso quarto. Ele foi e o Bieber foi logo atrás.

–Ryan, você também. – Carol falou e o arrastou ate lá.

Foi até no quarto com eles e eu só pude ouvir mais alguns gritos, algo como: Debaixo da cama!

Entrei no quarto deles e fui direto ao guarda roupas.

Tirei o pó que estava num saquinho no meu bolso. Sorri com malicia. Eu não sabia o que era do Justin e o que era dos meninos, mas imaginei que as roupas do Justin ficassem no guarda roupas e os garotos ainda não tivessem desfeito as malas. Mesmo assim, resolvi jogar em todas as roupas que pudesse, só por precaução.

Saí do quarto e voltei ao meu, com a maior cara de tacho.

Quando me viu, Carol resolveu encerrar a brincadeira.

Se abaixou, olhou debaixo da cama, e tirou de lá alguma coisa.

–Aaah... não era barata. Era só minha presilha que eu havia perdido. – piscou para mim.

Os meninos fecharam a cara e voltaram ao seu quarto.

–Você é incrível! – falei e abracei minha amiga super fofa. Ficamos rindo por um bom tempo.

–Agora só temos que dar um jeito de fazê-los trocar de roupa bem depressa, estou super curiosa pra vê-los se matando de agonia. – falei.

–Eles? Não era só no Bieber? – ela me perguntou seria.

–Era, mas eu não sei qual roupa é de quem, então joguei em todas que pude. - falei dando de ombros.

–E o Chaz? – ela falou cheia de pena.

Não aguentei. Tive que rir.

Parece que temos um casalsinho formado, Carol e Chaz, que tal?

Não gostei disso. Minah melhor amiga, com o melhor amigo dele.

Eu ri mais um pouco para disfarçar o desgosto de pensar nela com ele, e talvez o Bieber por perto.

Quer dizer.... nada contra o Chaz, mas o Chaz e o Justin são muito amigos e se ela e o Chaz ficassem, o Justin iria acabar ficando mais próximo. E proximidade com ele é algo que estou tentando evitar.

Olhei para sua carinha manhosa. Retirei o sorriso falso dos meus lábios e imediatamente deixei um sorriso malicioso escapar. De repente, eu quis me vingar do Chaz também. Por que, aliás, eu não duvido nada que ele ajudou com o planinho da tinta. E ele estava lá, rindo da minha cara.

Eu sou muito vingativa, e me vingo por qualquer coisinha. E esses garotos estão fazendo "coisinhas" de mais pro meu gosto.

–Ele vai sobreviver. – falei por fim.