O Continente das Trevas escrita por Narsha


Capítulo 7
Confronto em Solo Sagrado


Notas iniciais do capítulo

Desde que comecei a jogar Grand Chase tinha algo que me chamava a atenção: a Comandante Lothos sempre ali enviando a galera nas missões, e nada de se envolver diretamente no combate. E eu pensava, se um dia eu escrever uma fic de GC vou ter de tomar uma atitude nesse sentido!

E aqui está, esse dia chegou! E neste episódio vocês poderão vê-la finalmente em ação! Afinal, estava mais que na hora dela dar o exemplo, não é mesmo?!

Além de que a trama, a partir deste episódio amadurece bem mais, e muitos pontos importantes do enredo começam a ser inseridos. Espero que gostem!

Boa Leitura!



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Sob o olhar apreensivo da Comandante Luryen Lothos se expandia o campo de batalha, e, diante dele, a destruição avassaladora que tomara conta do Solo Sagrado de Xênia.

Seu regimento, formado por pelotões oriundos do Exército Intercontinental de Vermécia, estava posicionado e aguardando apenas um sinal para reiniciarem a investida contra as tropas de Astrynat, que se reagruparam hostilmente para mais um embate.

Mas era evidente sua supremacia, e, em três dias de combate incessante, o desgaste dos pelotões de Vermécia se fazia cada vez mais notório. As baixas eram incontáveis, sem falar no número crescente de feridos.

— Precisamos reverter essa situação! Precisamos avançar por essa neblina e alcançar o Templo da Luz!! — disse Lothos ao General ao seu lado.

— Se nosso contingente conseguir romper o bloqueio que se dá além daquele vale ainda poderemos ter alguma esperança, mas o Exército deles está muito bem articulado e temos baixas demais! — retrucou o homem alto, claro e de olhos e cabelos escuros, cujo olhar sério combinava com sua aparência severa.

— Não temos escolha. Precisamos ir adiante! — disse a Suprema Oficial com determinação.

— Quais suas ordens Comandante? — o General indagou com seriedade.

Lothos franziu o cenho. E, montada em seu alazão branco, percorreu de um lado a outro, à frente do regimento. Seus cabelos louros, esvoaçando ao vento.

— Eu vejo o medo refletido no olhar de vocês. Mas digo que de nada vale o medo se, por causa dele, deixarmos que hoje essas criaturas destruam esse Solo Sagrado, e, depois, venham destruir amanhã nossa amada Vermécia! — ela fitou seu regimento, antes de prosseguir.

— Me digam, que futuro para seus filhos se não fizermos nada agora?! Não esmoreçamos diante do temor da morte. E se morrermos, que nosso sangue tenha se derramado pela grandiosidade de nossos objetivos! Que não seja em vão nossa morte! Lutemos, soldados de Vermécia! E demos a esses malditos o fim que merecem!!!

Gritos de apoio, diante das palavras da Suprema Comandante, ecoaram uníssonos ao ar.

Ao longe, por sua vez, urros bestiais indicavam a proximidade do Inimigo. Enquanto dragões negros, de três cabeças, mergulhavam rasgando o céu e lançavam labaredas incandescentes que deixavam tudo em chamas.

Um gigantesco batalhão formado por soldados, Orcs e Yunglus — seres robustos, com pele rugosa e olhos cor de fogo, segurando machados envoltos por uma energia arroxeada, naturais do Continente de Astrynat — começavam a abrir caminho na direção das tropas. Junto deles muitos Trolls, de tez marrom acinzentada, arrastavam enormes tacapes.

E à frente desse imenso Exército, a General Narsha — uma mulher de cabelos louros muito curtos, montando um lobo negro de duas cabeças, com presas que se distinguiam reluzentes em meio a neblina, empunhava uma lança envolta em chamas negras na direção de seus oponentes. Seu olhar frio parecia não exprimir nenhuma emoção, e sua voz firme fez-se ouvir nas sombras ao iniciar mais um combate: — Ataquem!!!

— Preparem-se!!!— exclamou Lothos erguendo seu florete. — Arqueiros! Agora!!! — Gritou com firmeza, enquanto uma rajada de flechas incandescentes alçou altura e caiu certeira por sobre o Exército de Astrynat, fulminando um considerável número de monstros e soldados.

Mas não houve tempo para comemorações, e o contra-ataque inimigo foi avassalador. E nem mesmo os escudos conseguiram deter as chamas ardentes que desceram dos céus pela fúria dos dragões do exército oponente.

Gritos ecoaram pela dor, e um combate corpo a corpo começou a desenrolar-se na paisagem caótica do campo de batalha.

Atingido por uma flecha inimiga, o cavalo de Lothos empinou fazendo com que a Militar acabasse por cair ao solo e, neste momento, não fosse por seu rigoroso treinamento e por toda sua experiência combativa, certamente teria sido perfurada pela lança feroz que de forma impiedosa a ela fora dirigida.  Mesmo assim, ainda podia sentir a sensação quente provocada pelo movimento rápido da arma inimiga, a cuja tétrica energia trazia algo sufocante. Havia escapado por um triz, sabia, e não fosse pela precisão e rapidez com que se movimentara por certo não mais sentiria o ar a preencher seus pulmões naquele instante; teria com certeza perdido à vida, tinha plena certeza disso.  Contudo, com a dura queda de sua montaria feriu-se, e seu braço esquerdo estava fraturado acarretando-lhe uma dor lancinante, quase que insuportável.  De modo que foi com uma expressão de dor que voltou seu rosto para a Guerreira que estava diante de si, montada no grande lobo de duas cabeças, fitando-a com profundo desprezo.

— Você não passa de um inseto! Admita sua derrota, Comandante, e morra com o mínimo de dignidade! – ironizou Narsha, encostando sua lança no peito de Lothos.

— Isso nunca! — rebateu com ímpeto desviando a lança inimiga e cravando seu florete no peito do bizarro animal pertencente a bela Guerreira de Astrynat. Este, com o ferimento, contorceu-se, e a mulher caiu ao chão, surpreendida pela destreza de Lothos.

Uma flecha atravessou seu ombro nessa hora, e Narsha gritou pela dor imensa que o ferimento lhe causou. Mas, com impressionante fibra, parecendo ignorar a própria dor, arrancou a flecha que a havia perfurado, num movimento brusco, e empunhou firme sua lança partindo para cima da Oficial de Vermécia sedenta de ódio. Lothos preparou-se para a investida e as duas mergulharam, obstinadas, no enfrentamento.

Um terrível combate que perdurou por longo tempo entre ambas. No entanto, a sagacidade e juventude de Narsha, assim como sua incrível agilidade, acabaram por mostrar supremacia e fizeram com que a Suprema Comandante do Exército Intercontinental de Vermécia sentisse a dor da derrota ao ter o abdômen atingido, de modo cruel, pela afiada lança de sua inimiga.  E totalmente a mercê de sua perversidade, ela se contorceu caída ao chão, enquanto uma pequena poça avermelhada começava a se acumular junto a seu corpo ferido.

— Lothos!!! Não!!! — gritou o General que acompanhava o regimento de Vermécia ao vê-la caída, e que a Oficial das Tropas Inimigas estava prestes a lhe desferir o golpe fatal.

Com rapidez e impulsionando grande força, atirou, em um ato desesperado, sua espada na direção da Guerreira de Astrynat, que — totalmente focada em seus propósitos de dar cabo à vida de Lothos — acabou não percebendo a aproximação da arma e foi atingida, de raspão, em seu braço direito. Isso fez com que detivesse seu ataque e soltasse sua imponente lança, a qual caiu ao solo arenoso do campo de batalha emitindo um ruído seco

O General correu em direção da Líder Inimiga, tendo uma adaga nas mãos; um grupo de soldados aliados acompanhava-o, o que fez com que Narsha hesitasse um pouco. Porém, com frieza no olhar, tomou novamente sua lança em mãos e posicionou-se de modo a aguardar pelos novos oponentes, enquanto Lothos jazia a seus pés, agonizante.

Uma estranha trombeta ecoou repentinamente, e na direção do Altar da Destruição uma estranha luz arroxeada reluziu, emanando um sombrio e misterioso brilho. Narsha, ouvindo o som pesado e retumbante, imediatamente mudou sua expressão e seu rosto adquiriu um ar ainda mais passional e irônico.

Com um movimento de braço, então fez um sinal com um objeto no formato de uma estrela, o qual emitiu pequenos feixes de luz e um estranho zumbido, que se fez ensurdecedor aos ouvidos dos soldados de Vermécia.

— O fim de vocês está mais perto do que imaginam! Mas ainda não o será agora, infelizmente. — falou a Oficial GCA, de modo seco e frio.  O General, a serviço do Exército Intercontinental de Verrmécia, estreitou os olhos e franziu o cenho ao ouvi-la. Estava a poucos metros da General inimiga. E, indiferente à sua aproximação, sem se mover, ela prosseguiu:

— Vocês são tão patéticos que nem precisei usar meu verdadeiro poder. Por mim eu acabaria com tudo já aqui, mas este não é o desejo do Imperador Atron!

 Profundamente enfurecido com os dizeres da General, e temendo pela vida de Lothos, o Oficial partiu para um confronto direto com a Guerreira de Astrynat e atacou-a violentamente com sua adaga.

— A farei engolir suas palavras, maldita!  — vociferou, mas Narsha impassível, apenas movimentou levemente sua lança e, ao fazê-lo, uma barreira invisível, porém poderosa formou-se em torno dela impedindo o avanço do General, retendo-o numa repentina e intensa paralisia. Os soldados aliados a seu derredor pararam e olharam a cena um tanto atordoados, enquanto Narsha, tendo a situação totalmente sob controle, com um forte coice, jogou o Militar ao chão.   Lançou lhe um olhar gélido e, após, juntamente com seu Exército, afastou-se e desapareceu em meio à densa neblina e às chamas que incendiavam ao local.

Não obstante, apesar da retirada do Inimigo, não havia dúvida de quem havia sido o vencedor. Centenas de soldados do Exército Intercontinental jaziam sem vida ao chão – em meio aos corpos de soldados e de criaturas inimigas. Muitos gritos e gemidos de dor ecoavam por todos os lados, e a Grande Líder Militar de Vermécia, Luryen Lothos, encontrava-se gravemente ferida e tinha a vida em risco.

Nas proximidades de Aton, Sieghart e Mari haviam chegado a um vilarejo abandonado. Era evidente que a população local abandonara o mesmo, às pressas — muito do provavelmente pelo temor da guerra iminente —, sendo eles as únicas pessoas a estarem ali.

Haviam adentrado numa das casas do singular vilarejo, as quais eram encrustadas nas paredes da base de um imenso desfiladeiro, que erguia-se imponente, sob a forma de inúmeras cristas rochosas que apontavam o céu como verdadeiras agulhas.

E para surpresa do casal, o ambiente interno da residência, em contradição com sua simplicidade extremada, era de relativo e acolhedor conforto.  De modo que, apesar de não tão espaçosa, possuía uma distribuição até harmônica da rústica mobília — toda feita em madeira de lei grossa —, além de ter o chão ornado por tapetes confeccionados a partir de lã de ovelha.

Já a divisão dos cômodos — três, no total — era feita por pesadas cortinas de um tecido em tom vinho, com bordados em dourado, os quais davam ao local um ar de aconchego.

Na cozinha simples, havia apenas uma espécie de fogão artesanal a lenha, uma mesa com quatro bancos dispostos em torno de si e um armário com mantimentos.

E o que seria o quarto, continha apenas um grande colchão disposto ao centro do mesmo. E, próximo a ele, uma espécie de baú — onde provavelmente os moradores guardavam suas roupas. A outra peça, por sua vez, era o banheiro da habitação, e situava-se praticamente junto ao quarto; e, muito simples, possuía apenas um sanitário, uma pia, e uma velha banheira redonda e grande, feita de madeira de lei, perto da qual alguns itens de higiene estavam dispostos.

O casal ali se encontrava, e Sieghart tinha um olhar preocupado, enquanto Mari passava a mão pela água da banheira, analisando-a.

— Sais dentro dos padrões, temperatura em torno dos vinte e cinco graus... Acho que está apropriado.

— Você fala cada coisa estranha Mari. Estou com você todos esses anos, e ainda acho graça disso...

— Você sorriu Sieg, mas percebo que você ainda está tenso.

— Não vou negar, estou um pouco. Acho que esse banho vai resolver isso.

— Claro. E vou ver depois algo para comermos... Pelo que analisei, quem morava nesta casa deve ter partido fazem no máximo dois dias... Os alimentos ainda são consumíveis.

— Com a fome que estou, mesmo que não estivessem assim tão “consumíveis”, como você diz, eu não me faria de rogado. — ela esboçou um sorriso.

— Venha. Vamos nos banhar… — chamou-o, e, deixando deslizar ao chão suas roupas, adentrou na banheira cobrindo-se pela água até a altura de seu pescoço. Sieg a fitou maravilhado, jogou longe suas roupas, e foi para junto dela.

Apossou-se então de seus lábios e a beijou longamente. Mari correspondeu ao beijo, e o abraçou com ternura. Depois, pôs-se a lhe massagear os ombros, de modo a relaxá-lo.

— Me diga Sieg, afinal o que o está incomodando?  Conheço bem você, sei que algo te preocupa...

— Não sei dizer o que é, Mari, mas sinto algo sombrio... Algo que me perturba. E toda vez que senti isso, nessa minha longa vida, não foi bom presságio.

— Acho que compreendo o que você quer dizer... Isso deve ser como as sensações que tive quando tinha aquele sonho repetido... E, no fim, você estava aprisionado, passando por torturas, e o Mal já tão perto…

— Deve ser isso sim. Tudo nisso... esse seu sonho, e a guerra que estamos adentrando. Tudo pelo que passei em Narazy… Temo por Vermécia Mari.

— Sim, as condições estão se mostrando muito desfavoráveis, mas eu acredito que, de algum modo, vamos conseguir impedir o pior. — ela retrucou, pensativa.

— Vamos sim, querida. Mas por hora quero esquecer um pouco isso… Você me ajuda? — ele disse a fitando de um modo, que sempre conseguia provocar nela reações que faziam com que a própria jovem se surpreendesse consigo mesma.

— Claro, Sieg… Tudo aqui está propício a isso… — disse, sem alterações em seu tom de voz, mas havia um brilho diferente em seus belos olhos bicolores.

— Sabe Mari, esses meses que passei longe de você, senti muito a sua falta... E, mesmo tendo de suportar a violência de meus algozes, eu não sucumbia... Primeiro, porque eu não sou homem de fraquejar e, Segundo, porque sabia que tinha seu amor e isso me fortalecia...

— Também senti muito sua falta... — ela o fitou, porém uma sombra pareceu envolver seus olhos nesse instante. — Mas não imaginei que fosse algo tão grave o motivo da sua ausência... Eu tive um outro receio...

— Você pensou que eu estivesse com outra mulher? — disse o Imortal, de modo direto.

Ela hesitou um pouco, e desviou o olhar, antes de responder.

— E se estivesse? Eu não poderia cobrar nada de você… Você é livre, e.... eu... também, não?

Ele tocou-a no rosto, e seus olhos claros encontraram os dela.

— Eu não vejo mais assim tão desse modo Mari… — disse, também hesitante.

— Como assim? Não foi o que você mesmo me propôs, quando começamos? …

— Foi... Mas eu não sou mais o mesmo Sieghart daquele momento… E nem você é mais pra mim a mesma garota com quem eu apenas queria… Somos mais que isso hoje, você sabe…

— Também sinto assim…

Os dois trocaram um olhar, que falou mais que mil palavras, e ele a envolveu em seus braços e pôs-se a beijá-la de modo cálido, enquanto suas mãos atrevidas deslizavam pelas curvas do corpo da jovem, em carícias ardentes que faziam-na estremecer em seus braços pelo desejo que a consumia, e que envolvia-os de modo intenso e incomensurável.

O casal dormia, e Mari estava aconchegada nos braços de Sieghart, quando um ruído estridente invadiu o quarto de modo repentino. Era alta madrugada, e eles acordaram sobressaltados.

— Que será isso? — disse Sieghart, levantando-se abruptamente, olhando para todos os lados do cômodo, que se encontrava à meia luz, iluminado pelo brilho pálido de estranhos cristais aderidos as paredes da construção em que estavam. — Acho que é aquele seu robô. Será que deu curto naquela joça?!

— Não, Sieg. Esse ruído não é o Dk. Esse ruído é do Dispositivo Comunicador que criei. Algo deve ter ocorrido.

— É isso aqui, não? – disse ele pegando o objeto, a cuja forma mais lembrava um relógio de bolso, e que estava envolto numa estranha energia azulada.

— Sim. Deixe-me ver. — ele entregou-o a ela, e Mari leu a mensagem nele contida, sob a forma de um código. — Vem da Base Militar Provisória estabelecida em Xênia. — disse a jovem de olhos bicolores com seriedade na voz. — Eles fracassaram na missão e Lothos foi ferida. Segundo está aqui, devemos rumar para lá imediatamente.

— Lothos ferida?! Isso é muito ruim...  — falou o Imortal colocando a mão esquerda na altura do queixo, adquirindo uma expressão profundamente grave.  — Não percamos mais tempo, Mari. Vamos nos vestir, e partir no Grifo o mais rápido possível! Quero chegar o quanto antes em Xênia!

— Claro. — assentiu a jovem, deixando o leito em que haviam dormido algumas horas e seguindo na direção do cômodo de banho onde as roupas do casal haviam ficado caídas ao chão. Sieghart a seguiu. E os dois começaram a vestirem-se com rapidez.

— Essa mensagem também foi enviada aos demais, Mari? Havia algo sobre isso no que você leu no Comunicador? – falou ele com evidente aflição na voz.

 — Sim, todos a receberam. A essa altura também já devem estar seguindo para lá.

— Foi um erro a Lothos rumar pra Xênia sem nosso apoio! Eu quis argumentar com ela, mas ela insistiu! Bem que eu te disse que, quando sinto aquela sensação, bom presságio não é… Que diabos, por que nunca me ouvem?!

— Isso de nada adianta agora, Sieg. Precisamos reverter essa situação por mais que tudo esteja conspirando em contrário.

— Eu sei querida, e garanto a você que vamos conseguir isso! Mas estou preocupado com a Lothos! Ela não pode morrer... Ela passa confiança a essas “crianças” da Grand Chase. Eu vi o modo como se apegam às orientações dela!

— Também vi. Torçamos que não seja tão grave assim o ferimento dela.

— É... Vamos torcer…Tomara que realmente não seja...

A febre alta começava a agravar o estado da Suprema Comandante Luryen Lothos — a cuja precariedade dos recursos médicos na Base Militar Provisória dificultavam um melhor socorro. E o Oficial Médico ali presente observava-a, com olhar profundamente apreensivo.

Foi quando Ryan e Lire chegaram ao local, imensamente angustiados. Haviam recebido a mensagem sobre o fatídico incidente pelo Dispositivo Comunicador, mas muito antes disso já rumavam para Xênia, pois, inquietos, sentiam que não deviam ficar em Ellia — como originalmente havia sido estabelecido pela própria Comandante. E por pertencerem a um povo, cuja significação dos sinais ocultos estava intrínseco na genuína sensibilidade de suas almas, deram total importância a esse alerta sutil e não esquivaram-se em dar ouvidos ao que seus corações diziam que deviam fazer.

— Como ela está? — Indagou Ryan bastante preocupado.

— Não vou omitir a verdade. — retrucou o Oficial Médico em tom sério. – O ferimento foi profundo, e o estado dela é muito grave. Sem falar que perdeu muito sangue. Não tenho boas notícias para dar-lhes…

— Como assim? – indagou Lire, com receio.

— Talvez ela não passe desta noite. Sinto muito.

— Pelos deuses! ... Não pode ser! — disse a jovem Elfa com tristeza e desespero.

— Eu não permitirei que ela morra! – disse Ryan, e voltou-se para Lire – a quem se dirigiu em élfico:

— Vou usar a sabedoria de nosso povo e salvá-la!

— Faça isso amor, ajude-a! — retrucou, também em élfico. — Ela não tem muito tempo! Veja, a vida dela está se esvaindo...

Ryan, sem hesitar, puxou um pequeno recipiente e, com cuidado, fez com que a Comandante bebesse um gole do mesmo. Depois, retirou a bandagem que cobria o ferimento e derramou mais uma pequena quantidade do líquido cristalino por sobre este, enquanto pronunciava palavras no idioma dos Elfos.

E usando seu Totem, fez com que a energia oriunda deste envolvesse Lothos por três vezes. O Oficial Médico o observava sem entender nada.  Longos minutos se passaram até que Ryan relaxou a tensão evidente em seu rosto e, de modo aliviado sorriu.

— Ela vai ficar bem. Precisa repousar.

— Da onde essa certeza, rapaz? O que foi isso tudo aqui? — indagou o Oficial Médico, com um olhar incrédulo.

— Algo além da compreensão da sua ciência, caro doutor.

O homem, ainda com um ar cético, aproximou-se de Lothos e, tomado de grande surpresa, viu que ela não possuía nenhum sinal mais da febre mortal que há poucos minutos perecia. Além de que, de maneira impressionante, o ferimento provocado pela lança em seu abdômen estava se reduzindo velozmente, de um modo realmente muito além de seus conhecimentos médicos.

Prestativo, Ryan, então pôs-se a seguir pelo improvisado hospital a prestar socorro as incontáveis vítimas do combate. Mas precisou priorizar seus esforços aos casos mais graves, uma vez que não possuía poções o suficiente para curar a todos. E para compensar tal carência concentrou-se o máximo possível, e por onde havia alguém ferido lançou mão do uso de seu Totem de forma irrestrita. Para ele só algo importava, e isto significava, de algum modo, amenizar o sofrimento dos bravos soldados de Vermécia.

Enquanto isso, em Narazy, — no grandioso Forte, situado na antiga edificação do que um dia fora um mosteiro, e que servia de Base Militar Provisória aos Oficiais de Elite leais ao Deus Imperador Atron — o clima era de descontração, pois o Comandante Supremo do Grupamento Continental Astrynat, o Duque Feryus Vonsheys, estava, com grande satisfação, promovendo uma festividade com o intuito de celebrar as conquistas obtidas pelo referido Império em Aton e Xênia.

E por toda extensão do grandioso pátio interno da construção, situado à céu aberto por entre as dependências do Forte, archotes haviam sido dispostos, e suas chamas iluminavam plenamente toda extensão do mesmo.  Longas mesas recobertas por alvas toalhas, talheres feitos de cobre e rústica louça exibiam variedade imensa de pratos à base de carnes, frutos do mar, frutas e diversas saladas, além de jarras, também feitas de cobre, contendo água, hidromel e, especialmente, vinho. Longos bancos as ladeavam, e inúmeros soldados ali se encontravam sentados conversando animadamente. 

Formando um largo espaço de forma retangular ao centro do pátio, havia sido erguido uma espécie de piso de madeira com o propósito de ser utilizado para dança. Próximo a este local, em sua parte lateral direita uma pequena orquestra formada por alguns renomados músicos do Império Astrynat haviam sido chamados, para, com suas melodias, trazerem ao ambiente a graciosidade festiva que a noite clamava.

Uma tanto afastado das mesas destinas aos soldados de baixa patente, na parte mais central, próximo de onde havia se posicionado o grupo de músicos, uma outra mesa estava disposta; era relativamente longa como as demais, mas muito mais solene que estas. Estava coberta por uma toalha de seda fina em tom carmesim e, por sobre esta, delicada e requintada louça de porcelana havia sido disposta, sendo que os talheres e as jarras contendo vinho, hidromel e água eram feitos em prata reluzente — o que dava um ar elegante ao farto banquete que também ali era servido. Sentados junto à mesa, em cadeiras de forração aveludada e de tez também carmesim, estavam o Supremo Comandante Feryus Vonsheys, sua esposa Vikka e os Generais do GCA sob seu Comando direto: Yavos, Alryn, Venon, Elyor, Keran, Lyran e seu marido Pheratz, o Grande Mestre Shinobi, um homem em torno dos trinta e poucos anos, de pele dourada, com olhos enigmáticos e, ao mesmo tempo muito sombrios, que eram tão negros quanto seus cabelos, os quais eram extremamente lisos e  lhe caíam  navalhados até aproximadamente a altura de seus ombros.

Havia sido Pheratz o General a trazer as Boas Novas para o Comandante Supremo, após ter regressado de Aton, com total êxito na missão que este o havia confiado executar naquele Continente.

Feryus levantou-se, e descansando ambas as mãos na mesa, de modo que todos os ali presentes podiam vê-lo, pôs-se a falar aos soldados e Altos Oficiais de seu Regimento.

— Meus caros, espero que estejam satisfeitos com nossa celebração, e que tudo esteja ao vosso agrado! – principiou ele com voz animada. — Acontecimentos como os que levaram a bandeira de nosso Império além destas fronteiras, não poderiam ser deixados em branco! Ainda mais que sobrepujamos o poderio dos tão assustadores e temidos Deuses de Xênia! Não concordam?  Ele exibiu um sorriso, cheio de orgulho.

Todos elevaram as taças, e assentiram com sorrisos vitoriosos.

— Bem, esse foi nosso primeiro passo rumo à Glória de Atron por sobre todos Continentes! E faremos com que essa meta, de nosso Divino Imperador, se concretize com a maior brevidade possível e assim possamos vivenciar em nossa grandiosa Nação as venturas de Sua conquista e de Seu triunfo!!!

 Exclamações em rejubilo se fizeram ouvir alto e ele movimentou levemente o braço direito ao alto, e novamente o silêncio se fez presente entre seus subordinados.

— Contudo, peço que não menosprezem ao poder das forças de Vermécia representadas pela Grand Chase! Lutem, levando em conta esse pequeno detalhe, e destruam nosso Inimigo com Sabedoria e Honra!!!

A voz dele denotava sobriedade neste momento, mas atenuou-se ao prosseguir.

— Por hoje, esqueçamos as batalhas e o futuro de lutas que nos espera! Façamos desta noite um oásis de celebração!  Ele olhou lentamente para cada um dos que ali estavam e com uma expressão descontraída disse:

— Apreciem a bebida! Apreciem a gastronomia! E amem! Amem muito suas mulheres!!! E, no caso destas, a seus homens, naturalmente! — ele riu, assim como todos que o escutavam.

— Um Brinde ao Nosso Imperador, o Deus Atron e às Forças de Astrynat!!! — ele exclamou, erguendo sua taça de vinho.

— Ao Deus Atron!!!!!! – gritaram todos, em uníssono, enquanto erguiam com solenidade suas taças, para após, beberem de modo prazeroso ao tinto vinho nelas contido.

Uma música típica da região do Ducado de Shalay começou a ser tocada em homenagem ao Supremo Comandante Feryus e à sua esposa —cuja terra Natal era exatamente Shalay.

Com um olhar significativo, O Grande Líder do GCA aproximou-se de Vikka, que o observava com olhos tomados por um misterioso e lascivo brilho. E havia fascínio no modo como ele a fitou, tamanha era a beleza daquela a quem tanto amava.

O belo cabelo ruivo e cacheado estava livre de presilhas e descia solto e macio às costas da Duquesa, sendo que delicadas flores silvestres multicoloridas o ornavam. Seu vestido era vermelho e longo, porém, sensual, realçava suas perfeitas curvas.

Ele tocou com suavidade seu rosto e, depois, com elegância recuou um passo e estendendo sua mão direita a ela, que imediatamente aceitou ao convite de seu esposo, a conduziu para o centro do amplo local, sob os olhares atentos de todos. Em torno do casal uma intensa energia cor azul anil envolvia-os e seus anéis brilhavam sob o mesmo feixe.

Círculos de luzes e coloridas Mandalas — formadas por magia — surgiam ao seu redor enquanto dançavam, assim como imagens de pequeninas fadas e feixes de energia sob a forma de dragões, que elevavam-se ao céu e perdiam-se na imensidão daquela noite estrelada.

O poder da magia que os unia chegava a fazer com que os Generais e soldados ali presentes ficassem sentindo-se enlevados de um modo inexplicável – ao passo que o ritmo da música aumentava tornando-se estonteante.

Era evidente a força mágica que provinha de tal melodia, assim como a grandiosidade daqueles que detinham seu poder. E todos sentiam-se impregnar por ela, à medida que os Magos dançavam como se estivessem em transe.

Totalmente embevecidos, imersos na grandiosidade do sentimento que os unia e do imenso poder que detinham, o casal elevou-se ao alto — flutuantes em meio ao próprio bailar —, e, indiferentes a tudo em torno de si, de modo um tanto licencioso, trocaram um longo, profundo e ardoroso beijo.

A noite era de festa, e todos foram deixando-se envolver pela cativante melodia executada pelo grupo de músicos ali presentes — e conduziram-se pelas arrebatadoras notas que desciam e elevavam-se ao toque de violinos, flautas, cítolas, tamboris ... — e com naturalidade também começaram a dançar. Permitindo-se, assim, cativar pela celebração, como se não mais houvesse nada além daquele instante, e o amanhã realmente jamais fosse chegar.

Totalmente indiferentes a dor e a qualquer sofrimento que, longe dali, os povos sobrepujados, perdidos, desesperados, e convertidos em miséria, estavam a vivenciar.

 A Grand Chase seguia apressadamente por entre a vegetação baixa e a longa planície que se estendia rumo à floresta próxima ao Templo da Luz. Andavam de modo cauteloso e mantinham os olhos atentos, assim como os ouvidos aguçados para qualquer ruído suspeito. Afinal, o Inimigo havia se deslocado na direção daquele Templo, e onde, segundo Lenacien informara, haviam se posicionado em grande número. Mas, apesar disso já haviam se deparado com alguns grupos inimigos pelo caminho, o que tornou inevitável o combate com soldados de Astrynat, bem como com as criaturas malignas leias àquele Império.

Traziam, de modo ávido, em suas lembranças o olhar preocupado de Lothos, que recostada ao leito improvisado, falou-lhes tão logo todos haviam, enfim chegado à Base Militar Provisória e se encontravam finalmente reunidos.  Algo que somente ocorreu após Ronan, Arme, Elesis e Lass chagarem ao local, quase no início da manhã – uma vez que os mesmos já estavam a bordo de uma pequena nau rumo a Frosland, quando receberam a mensagem que havia sido enviada para seus Dispositivos Comunicadores.

A aparência da Suprema Comandante era boa, mas era perceptível que ainda sentia-se um tanto fraca, e por isso pedira a todos que se reunissem junto a seu leito. E, ao lado dela, a figura familiar de um rapaz, não muito alto, robusto e de cabelos e olhos avermelhados, vestindo uma longa túnica, estava ali a fitá-los de modo soturno.

— Lenacien! Você aqui? — disse Elesis um tanto surpresa.

— Lenacien veio nos passar informações sobre o Exército Inimigo que, após ter-nos destruído e praticamente dizimado neste último embate, rumou suas tropas para o Templo da Luz.

— Templo da Luz? Então não estão longe — analisou Ronan.

— Não, meu jovem, eles estão muito perto. Porém, o Exército deles é grandioso, e junto deles há muitas criaturas vindas das trevas, que estão trazendo novamente o caos para estas Terras Sagradas. – disse o Guardião.

— Mas e os Deuses? Não vá me dizer que se deixaram novamente corromper pelo mal? — indagou Lass, sentindo certo receio pela resposta que viria.

— Eu não creio que isso ocorreu — disse Lenacien, pensativo. Mas, estranhamente, não sinto a força deles, e o Inimigo, envolto nessa energia repleta de ódio, já percorre toda Xênia. Sendo que uma bandeira de Astrynat, segundo me chegou pelo lamento do vento, foi hasteada no topo do Templo da Sintonia... E fora isso nada mais sei.

— Templo da Sintonia?!! Mas que ultraje!!! — exclamou Sieghart, evidentemente contrariado e surpreso. — Thanatos não permitiria isso!

— São os rumores que ouvi.

— Também ouvi falar sobre isso — completou Lothos.  — E como disse Lenacien, tenho também a estranha impressão de não sentir a presença dos Deuses aqui em Xênia.

 Todos entreolharam-se.

— E o que estamos fazendo perdendo tempo aqui parados enquanto esses cretinos estão destruindo tudo por aqui?! Vamos de uma vez acabar com a festinha deles! –— explodiu, a garota de cabelos vermelhos, evidentemente irritada.

— Acho que Elesis está certa, precisamos agir logo! Antes que seja tarde! — concordou Lass.

— Não tiro a razão de vocês, mas peço que acalmem-se! — interveio Lothos. – O Inimigo é um oponente que deve ser respeitado, e não subestimado. E o mais importante agora é desarticular as tropas inimigas e tentar descobrir-se o que de fato ocorreu aos Deuses!

— A comandante Lothos tem razão, Ruivinha, tente aquietar seu espírito um pouco, e raciocinar de vez em quando! — disse Sieghart com seu jeito irônico.

— Ora quem vem me falar de aquietar o espírito! Logo você que não tem o mínimo de senso! — disse, fuzilando-o com os olhos.

 Ele deu de ombros. E Ronan voltou-se para Lothos.

— O que devemos então fazer, Comandante?

— Eu quero que vocês avancem rumo ao Templo da Luz, e de lá verifiquem o que de fato está ocorrendo. Mas temo por suas vidas, o Exército Inimigo é poderoso. Não recomendo um confronto direto, e sim ações bem articuladas de combate.

— Não se preocupe. Nós não vamos decepcioná-la. — disse Arme, com voz muito séria.

— E uma coisa, tenham muito cuidado com os Generais do GCA. Nenhum monstro que já tenham enfrentado se compara ao poder desses guerreiros.

— Confie em nós. Vamos reverter isso. — disse Jin, que havia deixado, junto de Amy, a Ordem dos Cavaleiros de Prata para unir-se ao Grupo, após o chamado da Base Militar na madrugada.

— Eu confio. E de minha parte vou aguardar a chegada de mais reforços. Já contatei Elyedre, e ela está tratando disso. Acredito que no máximo até o fim do dia estes já estarão chegando.

— Mas Comandante, a Senhora ainda está convalescendo. Não sei se seria prudente já retomar sua s atividades. — disse Ryan, com preocupação em sua voz.

— Eu vou me cuidar. Não se preocupe. — retrucou, fitando o jovem Elfo com olhar de agradecimento. — Seu esforço em salvar minha vida não será em vão, meu caro Ryan. Ele sorriu.

— E eu vou continuar atento a tudo, e em caso de novidade direi a vocês. – disse Lenacien. — Mas como vocês bem sabem, não posso ir muito além daqui.

 Eles assentiram com a cabeça.

— Obrigado Lenacien. Agora deixe conosco. Vamos reverter isso, eu lhe asseguro. — disse Ronan com seriedade.

E assim foi feito, de modo que, após quase duas horas de caminhada, a Grand Chase finalmente se aproximava da floresta onde, sob sua proteção, o Templo da Luz se erguia imponente com seu formato gótico e sua imensa torre que parecia apontar na direção do céu.

Porém, o ruído abafado de vozes guturais que vinha cada vez mais alto, trazido pelo vento que tocava suave seus rostos, evidenciava a presença do Inimigo naquele local onde outrora o silêncio costumava se fazer presente.

— Eles estão perto! — disse Ronan. — Fiquem alertas!

— Deixem comigo agora, eu vou dar uma olhada e tirar saber o que nos espera adiante. — disse Lass, de modo frio.

— Lass, isso pode ser muito arriscado pra você! – retrucou Elesis. — Deixe-me ir junto!

— Não se preocupe — falou, com certa satisfação, ao ver que ela se importava com ele —, eles nem notarão minha presença; só vou observar, não os atacarei ainda. Usarei minha técnica Shinobi para me ocultar. Se você for comigo, estará em perigo. Melhor que eu vá só.

— Ele está certo, Elesis — concordou Arme. — Lass com a arte Shinobi pode passar desapercebido e, assim, nos trazer informações mais precisas de nosso inimigo.

— Está bem. — assentiu a Guerreira de cabelos vermelhos. — Mas se cuide! Não quero perder minha Dupla assim de cara! — ela disse, em tom de brincadeira. Ele deu um leve sorriso.

— Mesmo que você queira, você não vai se livrar de mim assim tão fácil, Elesis. Eu volto logo. — disse ele em resposta, desaparecendo, após, em meio a uma espécie de fumaça sombria.

O Grupo se posicionou por detrás de uma árvore e, em silêncio, puseram-se a aguardar pelo retorno de Lass.

O rapaz, por sua vez, como dissera, foi aproximando-se da edificação do solene Templo. E com ar tenso, vislumbrou que o Inimigo ocupava toda extensão externa à entrada do mesmo e ao seu derredor. Com agilidade, esgueirou-se oculto por sua invisibilidade, e adentrou na construção tentando ver até que ponto o Inimigo também ali se encontrava.

Inúmeros Orcs mantinham igualmente vigília em seu interior, assim como alguns Sacerdotes das Trevas.

Caminhou, sorrateiro, mais um pouco e, com um nó na garganta, reconheceu a mulher caída a poucos metros de onde se encontrava. No entanto, apesar da inquietação que o acometeu momentaneamente, procurou manter a calma e aguardou alguns minutos até poder seguir até onde esta se encontrava. E foi tomado por uma forte sensação de alívio quando certificou-se de que ela ainda estava viva.

— Venese! Venese! — disse em voz baixa, tornando-se visível por um breve instante.

— Lass…  — murmurou a jovem quase inaudivelmente; seus ferimentos eram evidentes.

— Eu vou tirar você daqui. Fique calma.

— Não... Me deixe…. São muitos…

— Confie em mim.

— Las...s.... — ela tentou dizer, mas perdeu os sentidos. E ele, vendo a aproximação de mais um grupo de Orcs, tornou a ocultar-se na invisibilidade. Enquanto, com rapidez, escreveu uma mensagem em seu Dispositivo Comunicador.

Um Orc aproximou-se perigosamente de Venese, e, após observá-la longamente com seu rosto disforme, adquirindo um ar cruel, começou a erguer seu tacape com intenção de atacá-la e esmagar seu crânio. Mas a arma caiu ao lado da jovem, muito antes da horrível criatura consolidar seus intentos, enquanto que, sob o olhar cheio de ódio do Shinobi, o Orc tombou já sem vida para trás, tendo no corpo disforme as marcas da afiada Catana. — que o havia retalhado antes mesmo que pudesse reagir

Enquanto isso, com ar sério, Elesis lia a mensagem de sua Dupla pelo Dispositivo Comunicador. Ao redor dela, os demais amigos, em expectativa, a observavam. Ela franziu o cenho, e segurou firme seus sabres. Em suas costas, protegida pela bainha, sua Alabarda Naginata Saikoukyuu (uma espada em estilo oriental onde o estilo alabarda e Catana se fundiam de modo harmônico, e que era sua arma Classe Cinco: Revolucionária) aguardava o momento para também entrar em combate.

— Vamos entrar! Há alguém ferido! Precisamos cobrir o Lass!

— Mas e quanto ao Inimigo, Ruivinha? — disse Sieghart, e Elesis o fitou contrariada. Odiava o fato dele a chamar assim. Porém conteve sua raiva, e se limitou a responder, de modo seco.

— Código Dez. Estejam preparados!

— Maravilha.... Tem um exército aí na frente com mais de trezentos Orcs… — disse, Amy com certo desânimo, ao reconhecer o significado daquele código de comunicação criado por Mari.

— A gente dá conta. — retrucou Jin, cerrando os punhos

— E quanto a presença de soldados e de Generais de Atron? – inquiriu Sieghart, sério.

— Ele não menciona. Acredito que sejam apenas Orcs e bichos do tipo… — respondeu Elesis.

— Menos mal… — disse Lire. — Assim entraremos no Templo da Luz sem mais empecilhos...

— Não percamos mais tempo pessoal! — exclamou, por sua vez, Ronan que, assim como Elesis, de espada em punho, já preparava-se para a batalha. O Grupo assentiu, e todos correram rumo ao combate.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler este capítulo!



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