Closer: perto Demais escrita por Anny Taisho


Capítulo 9
Constance Culmington




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 Cap. IX - Constance Culmington

Chegaram a mansão Kostova e cada um foi para um lado. Ivan não conseguia parar de pensar nas palavras daqueles dois. Entrou no quarto que estava ocupando e se jogou na poltrona perto da janela. O que aquelas palavras queriam dizer? Qual era o sentido daquelas frases desconexas?

A velha senhora entrou e sem notar Integra começou a falar com o filho sobre problemas domésticos, ao notar que havia clientes ficou sem graça e desculpou-se, mas ao ver Integra foi como se o sangue em suas veias congelasse, olhou nervosa para o filho que parecia compreender o motivo daquilo tudo. E antes que notasse já estavam discutindo, dizendo que ela era ela, que estava de volta e que a maldição novamente pairava sobre Tigorviste.

Começaram a gritar e muitas vezes se perdeu naquele romeno antigo, mas conseguiu ouvir perfeitamente quando a velha dissera que a mulher ali era a que tinha o nome de Catherinne, ou pelo menos era a tradução mais próxima do nome romeno, e que se novamente ela voltava para eles era porque o príncipe estava de volta. O inicio da maldição também era o seu final. Somente ela com seu sangue poderia pôr fim aquela epopéia de sofrimento de um coração atormentado.

Aquele nome não lhe era estranho, já o tinha ouvido em contextos históricos, trabalhe mente, trabalhe mente, trabalhe mente... Passou as mãos nos longos fios negros e de repente uma luz se acendeu em sua mente. Catherinne era a tradução de um nome antigo da plebéia que quase se tornou princesa, quase se tornou a rainha da Wallachia, no entanto, morreu antes do casamento de maneira misteriosa. Haviam muitas lendas ao redor disso, alguns historiadores dizem que fugiu porque não queria o casamento, outros dizem que morreu de tristeza esperando que seu príncipe voltasse, alguns apenas falavam que foi apenas acometida de alguma doença.

Mas isso não importava, o que uma figura histórica de séculos atrás tinha a ver com uma burguesa inglesa que nada tinha a ver com a Romênia?? Isso não fazia sentido algum e por que isso lhe afligia tanto? Bem que havia notado uma coisa estranha quando viu aqueles dois estranhos... Isso era bobagem, só devaneios de uma velha louca.

***

Entrou no escritório de Elizabeth e começou a procurar nas gavetas dela uma imagem, sabia que havia uma imagem da plebéia em algum lugar. Não sabia o motivo de estar fazendo isso, só queria ver aquela imagem de novo, não deu muito importância quando quase um ano atrás a amiga lhe mostrara a xilogravura.

Que tipo de coisa rondava aquela mulher e seu empregado? Integra Hellsing claramente não estava ali para ver analises históricas de um diário, alguma coisa mais importante fazia com que estivesse ali e aquele Jonathan... Não o engolia nem um pouquinho. Parecia um cão de guarda sempre atrás da dona e pronto para pular em cima de qualquer um que se aproximasse. Não gostava daquele tipo de gente... Aquele homem de alguma maneira o irritava profundamente e aquela mulher o atraia de maneira sobrenatural.

Depois de longos minutos finalmente achou uma cópia do desenho dentro de uma pasta, não era exatamente um retrato fiel, nenhuma pintura é, mas os traços principais eram inconfundíveis. Era uma versão da Idade média de Integra Hellsing. Não idêntica, não era uma cópia, mas era uma versão muito parecida. Uma figura tirada da escuridão.

A semelhança entre as duas era tétrica...

- O que é você, Integra Hellsing? Por que me atraí tanto e ao mesmo tempo não me interessa?

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Integra se enfiou em seu quarto e jogou aquele colar dentro de uma caixa, não queria olhar para ele, aquela coisa lhe deixava inquieta. Fazia se lembrar daquele sonho, daquele maldito sonho onde a condessa o recebia para não se esquecer de seu conde... Não, não... Quem recebia era a plebéia que viria a ser a rainha da Wallachia. Não podia confundir as coisas.

Se jogou na cama e cobriu o rosto com um travesseiro. Aquele maldito lugar só servia para fazer com que seus neurônios fervessem ainda mais. Chegava a sentir falta de toda aquela vida que tinha na Hellsing antes de encontrar esses malditos diários.

- O que houve, Integra? Aquele humano te fez alguma coisa? – Alucard apareceu sem ser chamado, como sempre –

- Desapareça, Alucard! – jogou um travesseiro nele que o pegou no ar –

- O que aconteceu? – perguntou ele caminhando pelo quarto –

- Não deveria estar dormindo dentro de seu caixão?

- Eu acordei com a entrada intempestiva de você e daquele Conde... – o vampiro sentou-se na beirada da cama – Ele te fez alguma coisa, Integra?

A Hellsing estava de bruços na cama, estava muito irritada, mais do que de costume. Tanto que sua vontade nem era de acertar o centro da testa do vampiro com uma bala de mercúrio, ignorá-lo era o que melhor cabia naquela situação.

- Vá plantar favas, vampiro, eu quero ficar sozinha!

- Se ele tivesse feito algo, duvido que ainda teria uma cartilagem nasal completa, então você simplesmente está irritada... Olha, se isso te consola, eu também não estou me divertindo muito.

A gargalhada dele ecoou nos ouvidos de Integra fazendo-a tremer de raiva, aquele vampiro maldito!! Todos seus problemas eram culpa dele, dele e de seu maldito sarcasmo, sem contar que tinha quase certeza de predileções masoquistas, ele adorava levar um tiro no meio daquela cara sínica.

- Sa-ia-da-qui!! – disse mordendo os dentes –

- Vamos, mestra, você é capaz de mais... Sabe que não vou sair daqui assim tão fácil! Vai me deixar mal acostumado sendo tão boazinha. – Alucard jogou seu corpo atlético na cama fazendo com que a mesma balançasse –

Integra tirou o rosto dos travesseiros e olhou assassinamente para a face debochada do vampiro, não sabia como ele conseguia, mas se antes estava levemente incomodada com o que tinha lhe acontecido durante a tarde, agora estava completamente furiosa com a insubordinação dele, tanto que quase já nem se lembrava do que a incomodava antes da aparição.

- Não deveria franzir assim o rosto, dá rugas... – ele começou a rir e Integra retirou uma pequena arma automática e a engatilhou bem no meio da testa do vampiro –

- Seu vampiro impertinente, desapareça da minha vista, ou eu estouro seus neurônios sem me importar com o barulho que pode vir a fazer!

Alucard riu mais intensamente fazendo com que todos os pêlos do corpo de Integra se eriçassem, para o deleite do Nosferatu, ele não sabia o que tinha deixado-a irritada, mas sabia que isso agora não importava mais, a velha e boa Integra estava de volta.

- Eu adoraria levar um ou dois tiros para não perder o hábito, mas infelizmente temos que manter as aparências, mestra...

Antes que os olhos azuis pudessem acompanhar, o vampiro tinha desaparecido e reaparecido em cima de si jogando sua pistola para longe e a jogado contra o colchão para depois sumir nas sombras do quarto deixando a loira espumando de raiva.

- “Vá para o inferno, Alucard!” – ela berrou em sua mente para depois ouvir aquela risada zombeteira dentro de seu crânio –

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Elizabeth chegou ao cair da noite e após um jantar ameno todos foram para o laboratório, a morena continuava debruçada sobre os livros antigos. Integra estava mais afastada com Alucard ao seu lado lendo e fazendo anotações. Ele ria muito de algumas coisas que lia e ficava espantado com outras.

O dragão desceu ao nosso vale

E queimou as colheitas e tomou as donzelas,

E assustou o turco infiel e protegeu as nossas aldeias

O seu sopro secou os rios e nós atravessámo-los a pé

Agora, temos de nos defender.

O dragão era o nosso protector,

Mas agora defendemo-nos dele.

- Isso é do século XV, algo a declarar, Alucard? – sussurrou Integra sobre o fôlego –

- Eu era um homem muito multifacetado, eu realmente combati os turcos com afinco, mas também nunca fui santo...

- Por que dragão?

- O símbolo da Ordem Dracul, uma seita católica ortodoxa, meu pai fez parte dela e eu também. Ela desapareceu algumas décadas após minha morte, não resistiu a investida Otomana...

- Meu avô realmente estudou a fundo sua história...

- Seu avô era um homem de honra, Integra, lutava por um ideal, pena que isso tornou-se uma obsessão, ele podia ter tido uma vida muito mais longa e saudável se tivesse me ouvido.

- Te ouvido? – Integra levantou uma das sobrancelhas louras –

- Esqueça isso, eu falei demais, não é nada importante.

- Sei... – disse desconfiada, mas sabia que o vampiro não falaria mais nada – Às vezes eu acho que deveria começar a te fazer falar.

- Nunca me perguntou nada, Integra.

- Você nunca pareceu ter vontade de falar sobre essas coisas.

Alucard por alguns instantes teve a impressão de que sua mestra importava-se com seus sentimentos, não queria tocar no assunto para não fazê-lo lembrar de coisas de seu passado. Realmente não gostava de ficar desenterrando esqueletos, mas isso também não o machucava mais tanto assim... Não desde que abriu os olhos e viu a pequena Hellsing naquele porão.

- Minha existência pertence a você Integra, tudo o que quiser saber é só me perguntar, apenas acho que existem coisas que não são mais relevantes.

A loira não teve tempo de responder, Elizabeth apareceu as suas costas trazendo um bloco de anotações, Ivan vinha a tira colo, estava um pouco reticente, estava observando tudo, estava realmente com a pulga atrás da orelha em relação aqueles dois. Sabia que alguma coisa muito estranha acontecia entre eles e era bem mais do que um romance... Era algo quase doentio(?).

- Integra-san, estava revendo algumas anotações minhas e notei uma coisa que nunca realmente me chamou atenção.

- Sim? – Integra olhava para cima, visto que estava sentada e a outra em pé – Um nome de mulher aparece algumas vezes entre as anotações, são quase que cartas, dedicatórias a uma certa mulher... Algumas vezes nem tem o nome, mas imagino eu que todas sejam para a mesma mulher.

- Pode ser minha avó. – disse calmamente –

- Constance Culmington.

- Impossível, minha avó chamava-se Brigitte Brent quando solteira. – disse Integra séria –

- Bem, Integra-san, o nome que aparece é Constance... E me parece que seu avô tinha muito apreço por ela. Veja está passagem. – a mulher entregou um dos cadernos de couro –

Bucareste, 21 de agosto de 1895

Hoje o dia foi quente, na verdade, muito mais quente do que qualquer um dos terríveis dias anormais do verão Londrino. Não consigo acostumar-me com isso, o que não importa no momento, consegui informações valiosas conversando com um velho bibliotecário. Ele não me disse muita coisa e mesmo assim tenho certeza de estar no caminho certo... Já percebi uma coisa muito interessante nesta minha busca, quando encontro pessoas muito propensas a falar posso estar certo de que este não é o caminho.

Em contrapartida, minha cara, quando ouço que esse é um assunto proibido e que devo afastar-me para meu próprio bem sei que estou na pista certa. Já faz quase um ano desde minha partida e nem sei como realmente estas. Em tuas cartas, sempre consola minha solidão e falar sobre assuntos amenos, mas não me conta como realmente está se sentindo. Sei que este caminho não tem volta, pois se não conseguir encontrar o que procuro... Não quero pensar nisso. Eu vou conseguir e voltarei para que possamos viver nosso tão almejado sonho.

Sinceramente, não sei se enviarei está carta, estou usando esse pedaço de papel mais como um desabafo. Pois mais um dia chegou ao fim, um dia a menos, um dia que pode me custar muito caro. Preciso encontrar logo o que procuro.

Mesmo que não chegue a enviar-lhe está carta, sinto-me infinitamente mais perto de ti...

Integra ficou em silêncio por longos segundos, não havia um nome nesta passagem especifica, mas se em outras o nome citado não era o de sua avó, provavelmente aquela pequena carta também não era para ela. Mas quem era Constance? E o que queria dizer essa procura? Seu avô não perseguiu Alucard porque ele era o mal, para livrar o mundo da praga do Conde...

- Integra-san...

- Meu avô só se casou perto de 1920, é possível que estivesse comprometido com outra mulher antes. – disse Integra sem realmente conseguir acreditar nisso –

- É plausível. Mas o que me intriga é o que ele tanto procurava, isso não tem nada a ver com minha tese, o que realmente me interessa são as pesquisas que ele fez, muitas das coisas que ele tem aqui, confesso que não encontrei e provavelmente se perderam no tempo... Mas ele procurava por alguma coisa.

- Entendo o que quer dizer. – disse Integra que levou seu olhar levemente para Alucard –

- Bem isso não importa tanto, não é? É só curiosidade de historiadora, daqui uma semana no máximo terminarei os exames dos diários e então poderá levá-los embora.

- Isso é ótimo, espero que tenham ajudado. – Integra não prestava tanta atenção assim no que aquela mulher falava –

- Antes de ir, fará uma visita ao castelo Poenari e a universidade de Bucareste está organizando um baile em comemoração aos 500 anos de Vlad Tsepesh Aka Drakula, depois de minhas pesquisas, alguns mitos caíram, esperamos que compareça.

- Com prazer. – Integra levantou-se – Vou me retirar, minha cabeça dói um pouco, com licença.

A Helsing saiu do recinto sob os olhares de Ivan, alguma coisa naquela mulher o fascinava, não sabia explicar muito bem o que era, simplesmente sentiu-se infinitamente atraído quando a viu. Era como se já a conhecesse há muito tempo, a imagem dela lhe era familiar de alguma maneira.

Hellsing----0-----Hellsing----0---Hellsing----0-----Hellsing----0-----Hellsing

A loira entrou em seu quarto muito quieta, sabia que seu servo tinha a resposta que almejava, mas não sabia, naquele instante, se queria saber qual era. Nunca tinha dado muita atenção aquelas anotações pessoais, sempre achou que não eram relevantes, como podia ter deixado passar o nome Constance despercebido?

Sentou-se na poltrona que dava para a janela e acendeu um de seus charutos, tanta coisa estava acontecendo. Aqueles sonhos, aquele lugar, aquele maldito vampiro... Não era burra, sabia que existia uma ligação entre si e aquele ser das trevas. Talvez fosse parecida com a noiva dela que a muito morrera, Alucard deveria ter realmente amado muito aquela mulher.

Já tinha sonhado com lembranças dele antes e os olhos que sempre vinham não eram vermelhos e zombeteiros. Eram olhos de devoção, olhos de alguém que não conseguia olhar para o lado.

Era tão estranho pensar nele daquela maneira, Alucard, pelo menos o que conhecia não parecia o tipo de criatura capaz de amar.

- Integra... – a voz dele ecoou em seus ouvidos, ele não tinha usado a porta, afinal, ele nunca usava –

- O que quer, Alucard?

- Quer saber quem era Constance, não quer?

- Quero. – disse sem olhá-lo e ainda vendo a noite do lado de fora –

- Não precisa disso, mestra, esqueça isso... Vamos embora para Inglaterra.

- Alucard, eu não preciso... – ela se virou para avistar sua figura na penumbra – Mas quero saber.

- Constance Culmington era a noiva de seu avô, eu não a conheci, mas sei que ele a amava muito. Mais do que pode imaginar e que fez loucuras por causa dela.

- E o que houve com ela? Se ele a amava tanto, por que não se casaram?

- Ela era uma mulher doente, de saúde muito frágil, e Londres naquela época não era exatamente o lugar mais saudável do mundo para se viver. Morreu antes que pudessem se casar, morreu logo depois da primeira vez que tive contato com Abraahan.

- O que exatamente isso quer dizer, Alucard? – disse séria soltando a fumaça opaca pelos lábios –

- Quer dizer que seu avô, ouvindo as histórias sobre minha vida longa que rodavam o mundo, e sem saber o que exatamente isso significava foi me procurar para que eu pudesse salvar a vida dela.

- Isso não faz sentido...

- Nessa época ele não sabia muito sobre ou sobre vampiros, estava apenas querendo salvar sua noiva. Eu estava em uma boa fase da minha ‘vida’ por assim dizer... Eu viajava o mundo, participava de festas, vivia uma vida letárgica depois de séculos de fúria descompensada.

- E você não salvou, não é?

- Salvar? – o vampiro riu – Eu acho que não é bem isso o que aconteceria. Humanos têm seu tempo de vida, não devem almejar mais que isso, ele não sabia o que estava me pedindo e não aceitou bem minha recusa quando a viu morrer.

- Você está dizendo...?

- Isso mesmo, eu fui perseguido não porque era um monstro que negava Deus, fui perseguido porque Van Hellsing achava que a culpa de sua noiva estar morta era minha.

- Alucard...

Os olhos azuis de Integra estavam vazios, ela não sabia muito bem o que pensar, todas aquelas informações demorariam um pouco para ser assimiladas porque destruíam tudo o que acreditava.

Era claro que haviam muitos detalhes que o vampiro estava omitindo e que não deveriam ser realmente importantes ou talvez fossem, mas não queria pensar nisso agora.

- Os detalhes não mudam nada, mas posso lhe contar tudo se assim desejar...

- Saia daqui. Eu quero ficar sozinha.

- Tudo bem,mestra.

E assim o vampiro desapareceu na escuridão que cobria o quarto, deixando-a sozinha com seus pensamentos e dúvidas, não era exatamente agradável descobrir que todas as suas convicções vinham de uma mentira. Abraahan odiou os vampiros não porque eles eram uma praga para a humanidade, mas sim porque sua noiva morreu.

O que se parasse para pensar não fazia sentindo, afinal, ela estaria morta de qualquer maneira mesmo se Alucard tivesse mordido-a. Só que esse conceito de vida e morte deveria estar deturpado em sua mente obsessiva... Se ele a amava tanto ao ponto de sair pelo mundo a procura de um homem que supostamente poderia de maneira sobrenatural salvar-lhe a vida.

Integra não tinha grandes conhecimentos sobre sentimentos, quanto mais sobre amor, mas pelo que a rodeava começava a notar ele poderia ser realmente devastador. Era absoluto ao ponto de outra pessoa, além da amada, existir. Intenso ao ponto de se fazer esquecer todo o resto. Raivoso quando não correspondido... E completamente devastador quando arrancado de maneira abruta.

Passou a mão direita sobre o cabelo louro e o puxou levemente fechando os olhos, no final, a organização Hellsing se tornou algo acima de qualquer suspeita com a função de proteger a Grã-Bretanha e a família real. Será que nesse caso o fim justificava os meios? Era justificável todas as mortes que aconteceram para que o Conde fosse capturado?

Toda sua história estava pautada em sentimentos ruins: ódio, vingança, desprezo, dor... Será que nenhum Hellsing tinha o direito a felicidade? Seu avô perdeu a mulher amada e quase enlouqueceu. Seu pai amou uma mulher sem escrúpulos que só se interessava por dinheiro e que lhe vendera a filha por uma pequena fortuna e desapareceu no mundo. E ela... Bem, Integra anda não conhecia o amor, pelo menos não de maneira consciente. Mas ao que tudo indicava, sua história não parecia que terminaria feliz...

Retirou os óculos da face e massageou as têmporas doloridas fechando os olhos. Um ato que se repete a muitos anos e que se repetirá muitos anos a perder a conta. Agora estava em jogo a fé de Integra Faibrook Wingates Hellsing e também aquilo que definiria suas futuras decisões em relação aos seus tabus.

A jovem mulher fechou os olhos e da mesma maneira que bateu sobre os tecidos finos da cama, fechou os olhos para novamente começar a sonhar, mas desta vez era uma memória de Alucard...

Uma valsa tocava ao fundo, o lugar mais parecia uma representação de Versalhes no auge de seu florescer. Vestidos longos de tecidos caros e muito coloridos rodopiavam pelo grande salão de chão preto e branco. Muita comida e bebida se misturavam ao sangue tomado por alguns poucos de olhos vermelhos e seu anfitrião.

O homem de cabelos escuros e sentado na cadeira de espaldar alto como um trono trazia em sua mão direita uma taça com liquido rubro que sorvia como se fosse a melhor das bebidas, um sorriso brincava em seus lábios. Quanto mais os minutos passavam, mais animadas ficavam as risadas, mais altos os sons dos brindes e mais pessoas se perdiam pelos corredores da mansão onde sons languidos eram ouvidos.

Mas aquela noite tinha algo diferente, alguma coisa na lua dizia ao anfitrião que algo mudaria que aquela letargia chegaria ao fim depois de quase um século... E com sua soberba e tédio, o homem apenas sorriu e entoou um mais um brinde enquanto uma humana olhava-o de maneira sugestiva. Será que esse pobres seres não notavam a arapuca que era aquele lugar e aqueles olhos vermelhos? Passou a língua pelos caninos e mais alguns minutos de troca de olhares se seguiram antes que o homem levantasse e começasse a caminhar na direção daquela dama, mas então uma presença o fez desviar o olhar para porta.

Um homem louro, com olhos claros de olhar determinado e roupas um pouco surradas adentrou o recinto, trocou algumas palavras com pouco, aparentemente procurava alguém e certamente não era um de seus convidados habituais. De maneira cortês fez uma reverencia a dama e afastou-se para receber seu ilustre convidado.

O homem de sobrancelhas atípicas permaneceu olhando a figura sombria que se aproximava, não parecia nada com os desenhos das xilogravuras ou relatos que lera, na verdade, parecia muito com um humano comum... Apesar de algo estranho rodeá-lo, não sabia se era aquele clima vulgar de baile vitoriano, ou algo além da compreensão.

- Boa noite, visitante. – disse em um inglês polido –

- Pensei que teria de falar em romeno... – disse com aquele tom soberbo que só os ingleses têm – É o anfitrião desta festa?

- Sim, sou eu. Me procuravas?

- Sim, preciso falar com o senhor, é urgente.

- Não quer sentar e tomar alguma coisa antes...? – disse o vampiro sugestivo –

Aquele clima vulgar irritava Van Hellsing, era óbvio o tipo de coisas que acontecia no interior daquela mansão, só esperava que isso não significasse que toda sua procura fora em vão.

- Não, apenas quero falar com o senhor... Drácula.

O homem de olhos vermelhos arregalou seus olhos cor carmesim, há quanto tempo não era chamado assim? Talvez um ou dois séculos...Ou um pouco menos, tanto fazia, já tinha parado de contar os anos a um bom tempo. O que aquela criatura sabia? Ou melhor, o quanto sabia? No que isso daria? Realmente aquela noite lhe traria grandes surpresas.

Integra abriu os olhos de uma única vez e suspirou, olhando para os lados do quarto tentando se localizar. Com a respiração alterada e o coração batendo forte contra as costelas... A Hellsing deixou o corpo cair contra o colchão numa tentativa frustrada de relaxar. Não agüentava mais tudo aquilo, agora até mesmo seu avô estava entrando em seus sonhos malucos.

Estava quase chegando a conclusão de que jamais deveria ter saído de sua mansão... Sentia falta de não ter que pensar em coisas que não compreendia. Alucard não passava de um servo, uma arma que era usada para combater os monstros semelhantes a ele. Não era como se ele fosse da família ou como se sentisse algo por ele... Até porque ele já estava morto. Em seu peito já não mais havia um coração para bater e todo amor que um dia ele sentiu era por uma mulher que estava morta há muito mais tempo do que se podia contar. A noiva que jamais chegou a ser esposa, aquela que tinha toda a devoção do vampiro que um fora homem... E céus, por que isso parecia incomodar-lhe tanto?

Ela era Integra Hellsing, a dama de ferro, não precisava desse tipo de coisa... Não precisava, não precisava...

“Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead...”

Continua...


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Notas finais do capítulo

Oie gente, como vcs estao?? tudo bem? Eu sei que andei meio, extremamente sumida, mas não me matem, eu juro que não fiz por mal, foi sóh problemas de percurso, mas fiz um cap bem grande para compensar meu sumisso. Estou muito feliz porque tenho uma leitora nova *-* YUPIIIIIIIII!!!! Espero que ela continue acompanhando!!!!
Sobre a frase no final, ela é da musica da Adele, Someone like you, eu realmente achei muito propícia para aquele momento, vocês não sei o que vão achar!!!
kiss kiss, comentem e até a próxima!!!!
Att, Anny Taisho (Riizinha)



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