Closer: perto Demais escrita por Anny Taisho


Capítulo 10
Pecador


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Eu não sou Anti-cristo, sem religião, ou defendo qualquer força do submundo. Então, para aqueles que lerem este cap espero que compreendam que isto é uma obra de ficção e que por isso eu não sou louca, nem nada pior. Espero que gostem, kiss kiss



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/135251/chapter/10

Cap. X –  Pecador
Old loves they die hard...    

O alazão negro caminhava pata ante pata para dentro do castelo do príncipe Vlad, esse que em seu dorso cavalgava sentindo as dores das feridas de sua última batalha, mas que mesmo assim mantinha seu porte, afinal, era um guerreiro, um nobre, um líder. Os cabelos cacheados estavam embaraçados e sujos, a armadura antes reluzente, agora estava toda riscada e capa escarlate em frangalhos. E por mais incrível que parecesse, isso não diminuía em nada sua grandeza.
Os olhos dos servos o seguiam de esgueira, alguns até corriam, a notícia que chegara era a de que ele tinha perecido em batalha com seu exército... Mas ele estava ali, inteiro... Ou quase isso. Só que não era isso que mais os assustava e sim o que encontraria mais adiante, ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido, só sabiam que não seria nada feliz o desfecho daquela batalha.
Não que este final, em si, fosse feliz. Vlad fora o único a voltar daquela batalha, nenhum dos mais de cinco mil homens que o seguiram logo após aquela declaração de guerra tinha voltado vivo do campo de batalha, o mensageiro morrera após dar a noticia da morte de seu general com a cabeça decepada.
Aquela fora sem dúvida a mais terrível das batalhas já travadas, a mais sangrenta, a mais violenta... A linha tênue entre a sanidade e a loucura havia sido atravessada, Vlad vira algo além da imaginação, além da humanidade, além da fé ou de qualquer Deus. E era por isso que estava vivo, era por isso que estava sobre aquele cavalo, tinha prometido voltar para sua esposa... Isso mesmo, esposa. Haviam se casado, mas durante os festejos a guerra o impediu de ter o que mais desejava: a mulher que amava.
No meio do fervor da batalha, subiu em um pequeno monte para ver do alto o campo onde o sangue era derramado. Mais de dez mil homens lutavam, arcos e bestas atiravam flechas, o tilitar das espadas que se chocavam nas batalhas corpo a corpo, o sangue jorrava, o fogo usava-o como combustível e o cheiro de morte estava no ar. Ali não haveria ganhadores ou perdedores, apenas a morte. Aquele lugar era o verdadeiro inferno.
E tudo o que podia fazer era rir ao assistir do alto aquela cena, o som da fúria e das carnes dilaceradas eram melodias aos seus ouvidos. Sua gargalhada zombeteira e insana era levada junto com o vento que soprava nas estepes... Inimigos e aliados não mais existiam, era só a mais pura e perfeita carnificina. Todos estavam loucos. Tão loucos quanto seu príncipe, tão loucos como o inimigo...
E foi então que aquela figura sem forma, feita de sombras apareceu... Um arrepio lhe correu a pele e por alguns segundos foi como se o tempo tivesse parado. O vento parou de soprar, o capim verde de se dobrar e a batalha de ocorrer, o tempo tinha parado.
- Gosta do que vê, humano? – aquela voz indagou-lhe –
- É muito engraçado... – disse em meio a sua risada –
- Engraçado? Só a morte e destruição. Não temes a morte?
- Temer algo que é inevitável a todos que estão vivos é besteira, eu escolhi arriscar minha vida e vivo cada momento neste campo como o último que viverei. Por isso a morte não me procura, ela prefere aqueles que a temem...
- Não pensas naquilo que perderá se esse for realmente seu último minuto? Seu reino, seu povo, sua promessa de combater os infiéis... Aquela para quem jurou que voltaria...
Por um ínfimo instante sentiu-se enrijecer, quando saia para as batalhas tinha ideais, quando estava no campo com a morte em seu encalço só existia a morte, pura e simplesmente. Era temido, era tido como louco, era o maior general de sua linhagem, não, era o maior de seu tempo!!
E só isso importava... O humano tinha ultrapassado a linha da humanidade.
- Humano idiota, sua simples existência contraria as forças que regem a natureza, és louco e não te importa. A morte não temes... E matar é sua diversão. Alguém como você está além da humanidade...
- O que é você? Deus? O Demônio? – os olhos verdes o encararam –
Uma risada de escárnio foi ouvida.
- Humano tolo... Acha mesmo que Deus ou o Demônio perderiam tempo com um reles mortal? Não seja idiota... Eu sou a morte, aquela que não temes, aquela que te espera, aquela que te observa, aquela que se diverte as tuas custas.
- E por que fala comigo? Como não cansa de repetir, sou apenas um humano sujo...
- Eu existo desde que algo tem vida, eu decido quem vai e quem fica, eu rio das idiotices... Eu caminho entre os humanos trazendo tragédia e milagre. Estou além de simplesmente matar, sou a natureza e a natureza sou eu. O bem e o mal residem em mim... Brinco com meus fantoches assim como sou uma marionete daqueles que apenas jogam...
- O que quer de mim? Matar-me? – o romeno riu, não temia morrer, mas não o queria –
- Sua hora chegou, vais morrer aqui, um de teus inimigos que se livra da insanidade daquela carnificina e atira uma fecha. Perdes a cabeça e em uma bandeja de prata chegará até o sultão... Tua morte trará a honra a um homem.
- Sempre imaginei minha morte, mas esperava cair no meio do campo com uma espada no coração. – deu os ombros – Enfim... Pelo menos infernizei aquele maldito infiel.
O homem deu as costas a morte, ninguém jamais havia feito isso, ele era realmente fascinante. E passou a fitar a campina parada, o sol nascia no horizonte e o amanhecer nunca lhe pareceu tão belo... Após o período mais escuro, o sol nascia trazendo luz e afugentando a escuridão. Tudo estava congelado e ainda sim... Era maravilhoso.
- O que há depois da morte?
- Realmente não me temes?
- Eu já disse, temer o inevitável é burrice.
- Mas e a humana que desposou? Aquela que continua intocada e que está a tua espera... Não prometeu voltar por ela?
Os olhos verdes voltaram a fitar a morte.
- Eu prometi voltar... – sussurrou –
- Ela morrerá também. Humana tola, mas todos os humanos são.
- Ela não pode morrer, eu prometi protegê-la...
- Parece que enfim algo que lhe tira a tranqüilidade... Talvez eu esteja errado a seu respeito.
- O que queres de mim? Entediado me pegou para te divertir?
- Eu acho que é uma alma pronta pra algo além da vida humana e resolvi averiguar de perto... Já pensou em viver para sempre? Estar além dos anos, além das guerras, além de tudo...
- Primeiro me diz morte e depois oferece vida... Não é óbvia resposta?
- Eu não sei, diga-me e então verei se estava certo ou errado. Mas advirto, este jogo não é só meu, eu não sei as regras e tua desgraça pode ser certa, apenas aqueles que não me temem merecem ultrapassar a linha entre a vida e a morte.
- Viver para sempre, ver os impérios subirem e caírem, dominar o mundo... Ser o rei e jamais destronado. Estar em todos os campos de batalha... Vidas a perder de conta para tirar... Parece-me muito bom e ainda poderei voltar a minha dama.
- Realmente ama tanto está mulher ao ponto de perder sua alma? Quer mesmo existir apenas por ela e para ela? Não se importaria de perder a vida se não tivesse prometido voltar...
- Catherinne é minha vida, minha alma, minha perdição... Eu sou um pecador e ela ainda me ama, e mesmo sem uma alma, continuarei a amá-la.
- Realmente fascinante, então está feito. O ciclo da vida foi quebrado, está além da vida e da morte, carregará consigo o legado do pecador, apenas por uma alma vive e apenas por ela poderá ser destruído... Que se iniciem os jogos e que o sangue continue a jorrar.
E assim voltou para a batalha. Onde lutou, onde combateu, onde matou. E somente a si sobreviveu... Será mesmo que era verdade ou invenção? Qual o preço se fosse verdade? Qual vida o preço de uma vida? Qual o preço de sua alma?
Loucura ou invenção? O cheiro de sangue invadia seu olfato e atiçava sua fome... Mas não foi aquele o primeiro sangue que provou.
Olhou para cima, para a janela da torre onde ela sempre lhe esperava, mas não viu sua amada... Mas imediatamente pôde sentir um cheiro característico, cheiro de sangue, cheiro de morte.
Um corpo caído. O sangue que escorreu. A morte estampada na face do amor.
O primeiro dia da eternidade e... O coração que ainda batia, parou de bater, a respiração parou de acontecer. Algo muito importante foi destruído, quebrado, dilacerado pela imagem da morte... Ele mentira, temia sim a morte, mas não a sua.
Sua esposa... Ou melhor, noiva, já que o casamento nunca chegou a ser consumado, estava morta diante da torre imponente de Poenari... Nunca antes um corpo inerte causou-lhe horror. Um grito sem alma, um grito de amor, um grito que machucou os ouvidos de todos que o ouviram...
Desceu de seu cavalo, caminhou com a dor até o corpo inerte e sentindo que o último traço de humanidade de afogava nas águas turvas da dor. Molhou dois dedos com sangue, o sangue dela, o sangue pelo qual jurara viver e quando pela primeira vez provou o liquido da vida, a insanidade se instalou e expulsou de vez a razão.
Nasceu dali a maior monstruosidade que a existência humana já conheceu, a calamidade que caminhou pelos séculos... Aquele que negou Deus e o Demônio, aquele que superou todas as expectativas... As regras do jogo de nada valiam, pois ao provar do sangue de sua amada, as cordas das marionetes foram rompidas e sua existência tornou-se anônima...
... O Conde, No Life King, Alucard... O nome mudou, mas dor que movia permaneceu a mesma e quando uma espada finalmente lhe atravessou o coração e a cabeça foi cortada, a primeira vida foi utilizada dando inicio ao circulo vicioso.
O legado do pecador, a morte estava certa, nenhum humano deveria conhecer a eternidade... Pois humanos são apenas humanos, mas mesmo tão pequenos, são esses que dominam os monstros.
Uma história de amor e ironia, ou melhor, todas as histórias de amor são uma ironia....
Os grandes olhos carmesim abriram-se com a velocidade de um raio, e ainda era madrugada, o vampiro olhou ao seu redor e se deu conta de que estava em seu quarto na mansão Kostova. Sentado em uma poltrona que dava vista para a noite do lado de fora da veneziana o vampiro tinha adormecido. Não era comum isso acontecer em plena madrugada e fora de seu caixão, olhando para suas mãos viu algumas folhas soltas, sendo que uma ou outra jazia no chão.
Eram os documentos que pedira para Walter mandar da Sede da Hellsing. Eram laudos de psiquiatras que atenderam Mina Harker quando depois de subjugá-lo, Van Hellsing a levara de volta para Inglaterra. A mulher fizera sessões de Hipnose entre outros testes avançados para época e narrara muitas coisas estranhas que os médicos julgaram ser derivados do trauma.
Ela não se lembrava de sua vida enquanto ser da noite e muito menos de seu ‘raptor’, era como se tivesse estado em transe durante todo período em que esteve desaparecida. Mas as narrações de lembranças de uma época distante eram muito reais, e em muito lembravam os sonhos de Integra, sendo que o vampiro encontrou até alguns pontos de intersecção, definitivamente as memórias de uma vida anterior persistiam na vida próxima de alguma maneira, bastando um gatilho para desencadeá-las.
Isso parecia um tanto absurdo, mas quem era ele que bebia sangue, atravessava paredes e vivia a quase quinhentos anos para duvidar? Um sorriso de escárnio brotou nos lábios de Alucard, parecia que ainda estava preso aquele jogo. Mesmo que tendo frustrado todas as expectativas dos apostadores, ele ainda não passava de um pecador que negou a humanidade.
E não havia maio crime que um ser humano pudesse cometer...
Havia sido enganado, aquela criatura que se auto-denominou morte, queria apenas um idiota qualquer para se divertir e deveria tê-lo feito muito nesses últimos 500 anos, principalmente agora com Integra, a neta do homem que mais o odiou... Era quase um sacrilégio que uma criatura tão pura fosse sua tentação novamente.
E mesmo sendo um pecado, não se importava, se ela o quisesse, não havia morte, Deus ou Demônio que o faria desistir dela... Porque no final, já havia pecado tantas vezes e tão irreparáveis pecados, que fazê-lo novamente para poder tê-la ao seu lado, não seria algo que deixaria de fazer.
- Eu fui um humano tolo, mas todos o são, não é mesmo, morte?
E a gargalhada ecoou pela mansão naquela madrugada, enfim, o jogo não havia terminado...
Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galerinha, desculpe o cap pequenino, mas é que estoi sem tempo e se fosse fazeralgo maior demoraria muito para postar. u.u E eu imagino que vcs não queiram passar muito tempo sem atualização!!! hahahhahahhahha
Um super beijo para minha mokona e um tb para minha fukutaisho malvada que não manda coments!!!!
kiss kiss