Closer: perto Demais escrita por Anny Taisho


Capítulo 7
Noite




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Ato VII – Noite

(...)

I invite you to a world where there is no such thing as time

And every creature lens themselves to change your state of mind

And the girl that chase the rabbit drank the wine and took the pill

Has locked herself in limbo to see how it truly feels

To stand outside your virtue no one can ever hurt you, or so they say

(...)

Her name is Alice - Shinedown

Assim que o sol escondeu-se no horizonte a figura sombria do vampiro apareceu no quarto de Integra e encontrou-a ali terminando de se vestir para o jantar. A loura optara por uma calça de alfaiataria, novamente, sendo esta toda preta com oito botões frontais formando quatro pares e uma blusa de seda pérola sem mangas e de gola alta modelada sobre pregas. Os fios sempre soltos estavam presos em um coque simples deixando Integra com um ar extremamente elegante.

Ela o viu pelo reflexo no espelho e recolocou os óculos de aros finos se virando. Alucard usava os cabelos impecavelmente lisos bem soltos, suéter escuro com decote em “v”, calça social preta e sapatos escuros. Muito simples e casual, mas extremamente elegante. E o cheiro de sândalo que a Hellsing tão bem conhecia empestava o ar.

- Para todos os efeitos esteve com enxaqueca o dia todo, Alucard. – Integra acendeu um cigarro e foi até a janela abrindo-a –

- Está muito bonita, mestra... – ele sentou-se na poltrona cruzando as permas para olhar a silhueta feminina de costas para si – Apesar de preferi-la com os cabelos soltos.

- Falou com Celas? – ela ignorou o comentário veemente – Ela deve estar entediada.

- Que nada, a draculina está lendo As mil e uma noites, e está excitadíssima por descobrir que são mais de vinte livros. – o vampiro riu – Alguma ordem para ela?

Integra tragou o cigarro calmamente e soltou a fumaça branca com cheiro de ocre, a noite não estava perfeitamente escura, apesar de já serem sete da noite, mas pelo que os olhos humanos com lentes corretivas podiam ver, seria outra noite de céu esplendido.

- Preciso que ela entre no laboratório, pegue os diários sob o poder de Elizabeth, os scanneie, envie os dados para a mansão e devolva tudo sem deixar rastros.

- Eu mando uma mensagem para ela. Achou alguma coisa interessante?

- Meu avô era muito esperto, ele escreveu nos diários em romeno e latim, e tudo subentendido. Tanto que nossa anfitriã não conseguiu entender ainda o que ele procurava.

- Van Hellsing era com certeza um homem muito esperto, caso contrário não teria me vencido. – Alucard olha para sua mestra e suspira – Por que não me pergunta o que tanto quer saber, Integra? Não precisa estar aqui procurando respostas em cadernos velhos.

- Existem sempre três versões de uma história: A de uma das partes, a da outra e a verdade. Eu quero a sua, a do meu avô para então chegar a verdade.

- A verdade é muito simples, seu avô era um caçador de monstros, eu um monstro e nós dois colidimos num determinado momento. Isso e somente isso.

- Está com medo de que, Alucard? O que tanto te atormenta por estarmos aqui?

Os olhos azuis colidiram com os carmesim e um instante de silêncio se fez. Só podia ser uma brincadeira de mau gosto do destino, aqueles mesmos olhos azuis que por infinitas noites os atormentaram.

- Você não quer saber o motivo da fundação da Hellsing, eu sei disso, você sabe disso... O que está procurando, Integra? Não mexa demais no passado que está morto e enterrado, isso pode trazer muitos fantasmas.

- Eu faço o que quiser, Alucard, e a menos que me dê um excelente motivo para parar, vou até o fundo dessa cova desenterrar cada osso para satisfazer minha curiosidade.

- Você pode não gostar do que vai encontrar, mas se esse é seu desejo, apenas me curvo a sua vontade, my master. – O vampiro levantou-se e se curvou respeitosamente, mas sabia que Integra podia não gostar do que encontraria –

***

Desceram para o jantar e finalmente ocorreu o encontro entre os dois Condes e assim, frente a frente, a semelhança era ainda mais exacerbada. Os traços de Alucard mostravam alguns anos a mais, quem olhasse dizia que ele tinha pelo menos trinta anos, enquanto os traços de seu sósia ainda lembravam um pouco os de um bebê por assim comparar.

Ivan vestia uma camisa branca por fora da calça jeans, sapatos escuros, e os cabelos presos por um rabo de cavalo rente a nuca. Era um homem mais casual e um aperto de mão silencioso selou esse primeiro encontro.

- Parece que Liza não estava brincando, somos realmente muito parecidos. – Ivan sorriu mostrando os dentes impecavelmente brancos –

- Dizem que todos nós temos um sósia em algum lugar do mundo, parece que o meu está na Romênia. – Alucard sorriu –

- Eu seria capaz de dizer que são irmãos... – disse Elizabeth – Antes que eu me esqueça, melhorou, Jonathan-san?

- Oh sim, um pouco de descanso resolveu meu problema... Realmente não posso com luzes fortes. – o vampiro acertou as lentes amareladas –

- Eu nunca ouvi falar nada assim, é alguma doença rara?

- Hereditária. Desde criança minha retina começou a deteriorar... Mas não vamos falar de assuntos ruins, Integra-san comentou que começaram a trabalhar nos diários...

- Oh sim, foi muito interessante, estando de posse de continuidade dos três últimos diários eu posso tentar desvendar o mistério do que Abrahaan Van Hellsing fazia na Romênia.

- Vamos para sala de jantar, Avah já deve ter servido o jantar.

O vampiro caminhava a cerca de dois passos de Integra, formando uma espécie de aura protetora em relação a sua mestra. Não sabia muito bem o motivo, mas aquele homem lhe lembrava muito Victorios, seu ‘querido e invejoso’ irmão mais novo. Talvez tivesse essa impressão pela semelhança que sentia ao olhá-lo, ou talvez pelos olhos que de alguma maneira lembravam a maneira como seu irmão sempre olhou sua adorável condessa.

O vampiro resolveu parar de pensar nisso, certas lembranças deveriam ficar guardadas no fundo da memória, o que ultimamente estava ficando extremamente difícil eram tantas as coincidências e as sensações de Dejavú. O vampiro realmente não tinha bons pressentimentos sobre como as coisas se desenrolariam, tinha medo das reações de Integra, medo de que ela se perdesse pelo caminho.

O jantar seguiu calmamente com uma ou outra provocação por parte da anfitriã e seu velho amigo de colégio, Alurcard comia como um verdadeiro humano, como se gostasse daquilo e Integra apenas observava o mundo a sua volta, tudo parecia tão surreal. A jovem Hellsing não conseguia entender o que tanto lhe interessava no passado da organização, afinal de contas, o que valia era seu propósito atual: proteger a Grã-Bretanha e a rainha dos vampiros impuros e da loucura do vaticano.

Não importava os motivos que levaram um médico provinciano do final do século XIX estudar as artes obscuras, ele apenas o fez e hoje a Hellsing existia para o bem de todos. No entanto, isso não sanava a curiosidade de Integra, queria saber de tudo, mesmo que isso destruísse tudo o que sempre achou que sabia.

- Miss Integra... – a voz de Ivan retirou a loura de seus pensamentos – Está bem?

- Sim, desculpe, acho que me distraí pensando em amenidades, o que dizia?

- Disse-me que é formada em História por Oxford e fiquei curioso, imaginei que fosse formada em administração ou mesmo comércio internacional... Fiquei um pouco confuso.

- Sempre fui fascinada pelo passado, Conde, fiz por amor e não para seguir carreira.

- Mister Jonathan comentou que fala latim, francês, alemão e um pouco de italiano.

- A Hellsing atua em muitos países e não gosto da mediação de tradutores, excetuando o latim, as outras línguas são muito uteis durante negociações. Seu inglês é muito bom, se me permite dizer.

- Obrigado, fiz muitos anos de aulas e viajei algumas vezes pra Inglaterra e para os Estados Unidos.

- Yankes... – sussurrou a moça com certo desprezo arrancando uma risada mental de seu servo – Não conheço a América do Norte e não tenho curiosidade alguma.

- É um país interessante, se tiver a chance, recomendo.

- Quem sabe o dia de amanhã? Nunca pensei que um dia conheceria a Romênia... – Integra retirou um cigarro de uma cigarrilha de prata e acendeu-o – Alguém aceita?

- Não obrigado. – Ivan recusou –

- Eu tenho os meus. – Elizabeth acedeu e deu uma longa tragada sendo observada pelos olhos vermelhos de Alucard, ela realmente tinha desenvolvido uma espécie de atração platônica por si, viu as pupilas dela se dilatarem ao lhe dirigir o olhar – Não gostou da comida, Jonathan-san? Comeu tão pouco.

- Apenas sem fome e também não sou de comer muito.

- Uma pena, está tudo muito bom.

Integra não gostava de ver a maneira como sua anfitriã olhava para seu servo e por isso levantou-se e seguiu para a pequena sacada da sala de jantar para assim poder melhor apreciar seu cigarro, pelo menos isso foi o que disse para si mesma e ela não foi a única a sentir-se incomodada, Ivan também sentiu-se levemente incomodado pela maneira com a qual Elizabeth olhava seu sósia.

Não era algo que pudesse explicar ou entender, apenas não gostava do clima que ela queria formar, mas talvez fosse apenas nostalgia, nunca gostou mesmo de nenhum outro homem que tenha se aproximado da historiadora desde sempre, e uma curiosidade sempre lhe corroia por dentro quando parava e notava que ainda muito se importava com Elizabeth enquanto mulher: O que será que ela realmente sentia em questão do quase casamento dos dois? Já haviam conversado, mas ela nunca pareceu dizer o que realmente pensava sobre o acontecido.

E isso era muito incômodo, afinal de contas, não podia ler a mente dela e por isso podia chegar a jamais saber se tudo o que aconteceu a machucou tanto quanto ela queria demonstrar que não. Nunca quis magoá-la, as coisas é que tinham acontecido rápido demais e no fim terminado de maneira tempestuosa.

- Integra-san se incomodou com algo?

- Não, ela apenas gosta de aproveitar seu cigarro sozinha, é algo dela, não sintam-se ofendidos.

- Vamos para a copa então? Avah nos servirá de uma boa pálinka.

- Vamos...

***

A noite estava límpida e o céu craquelado de estrelas brilhantes que há muito tempo deveriam estar mortas. Era curioso como a morte poderia estar tão entranhada naquilo que achamos tão belo. A lua estava minguante e quase se perdia no meio de tantos pontos e constelações. A Hellsing podia notar algumas que não podia avistar no céu de sua boa e velha Inglaterra.

Integra estava debruçada sobre o parapeito da sacada com o olhar perdido, tanto que mal chegou a fumar seu cigarro, ele mais queimou sozinho que conheceu seus lábios. Não sabia muito bem o motivo, mas desde a infância tinha certa fascinação inexplicável pela escuridão, nunca tivera medo do escuro ou de dormir sozinha como a maioria das crianças, na verdade, muito gostava da total ausência de luz quando estava sozinha.

E a janela era sempre seu ponto de permanência, sempre olhava o horizonte como quem espera ver algo chegar, algo surgir da imensidão negra. Eram em noites como aquela e muitas outras que não conseguia parar de imaginar coisas que geralmente não faziam diferença. Como teria sido a vida com seu junto por mais tempo? Como teria sido a vida se Abrahaam jamais tivesse perseguido Alucard, como seria se jamais tivesse descido aquele porão naquela fatídica noite... Alguém teria salvado-a, não teria? Ou será que Alucard era sua única opção? Como teria sido crescer longe dos olhos daquele vampiro?

- Miss Hellsing.

Ivan apoiou-se sobre o parapeito ao lado da loura e fitou o céu noturno.

- Conde Konmenos.

- Bela noite, não? Mas prefiro o dia... Não sei o motivo, apenas acho que a noite esconde e oculta demais.

- Pois eu prefiro a noite, sempre fui fascinada pela mesma. Gosto da penumbra que envolve tudo, nos torna menos presos aos nossos olhos.

- Nos deixa sempre muito solitários, não gosto de solidão.

- Solidão é um estado da mente, pode estar no meio de centenas de pessoas em plena luz dia e sentir-se só. E da mesma maneira, pode estar sozinho em meio a escuridão e não sentir-se só.

- Sempre me senti mais sozinho na escuridão.

- Sempre me senti protegida pela escuridão...

Um par de olhos vermelhos apareceu na mente da Hellsing, os mesmo olhos que a vigiam dormir tantas noites a dentro.

***

Depois de alguns minutos observando a lua, o casal resolve voltar para dentro, onde achavam que encontrariam o outro casal conversando, mas não, e ao invés de vozes contidas, ouviram a sinfonia n°40, 1° movimento de Wolfgang Amadeus Mozart e o som de algumas risadas.

Ao adentrarem ao recinto, avistaram alguns móveis afastados, ouviram mais plenamente a música que era tocada por uma vitrola revitalizada no canto esquerdo do recinto, o casal rodopiava harmoniosamente no centro do salão. Estavam tão perdidos em seu próprio mundo que não notaram a presença das outras duas pessoas, ou melhor, Elizabeth não notou, Alucard sabia perfeitamente que haviam acabado de chegar.

Ficaram algum tempo observando até que Integra notou que o Conde ao seu lado lhe ofereceu a mão em um convite para também dançarem, pensou seriamente em negar veemente, no entanto... Bem, Integra apenas aceitou e se deixou embalar pelo som e pelos rodopios, contanto que o partner mantivesse as mãos onde deveria, não haveriam problemas.

Alucard viu sua mestra bailar e sentiu inveja por não ser aquele que a conduzia ao som da música, sentia o perfume dela correr o recinto por meio de lufadas e antes da última nota, viu o coque simples se desfazer numa casta áurea perfeita, os mesmos cabelos que sonhava ver espalhados sobre sua pele enquanto possuía aquela que era sua mestra.

A boca do vampiro salivou só de imaginar tal acontecimento...

E enquanto isso, a música terminou e a Valsa do imperador de Strauss começou a tocar. Os rodopios aumentaram conforme a música seguia e os movimentos saiam automáticos, Integra não acreditava que ainda sabia dançar sendo que fazia anos que tinha feito aquelas aulas na adolescência, bem... Talvez fosse Ivan que dançasse muito bem.

Os olhos azuis do conde eram como duas safiras lapidadas que a encaravam profundamente as suas, era como se ele pudesse entrar em sua alma enquanto dançavam. Por que ele não parava de encará-la? Por que aqueles olhos eram tão familiares? O mundo ao seu redor girava, rodopiava, seus pés se mexiam sem que precisasse pensar no que fazer, tudo tão perdido que em algum momento Integra se perdeu naquele mundo de quinhentos anos atrás onde não existia...

Olhos tão claros e radiantes que tanto lembravam pedras preciosas estavam completamente nebulosos enquanto encaravam a noite profunda fora da janela na torre mais alta do castelo. Há quanto tempo mesmo Vlad tinha se ausentado? Há quanto tempo sentia seu peito apertado como se tudo estivesse errado? Há quantas noites não dormia para olhar a escuridão da noite envolver o mundo a espera daquele que jamais voltava?

No entanto, não era como das outras vezes, ouvia os cochichos as suas costas. Algo havia mudado, sentia que dessa vez não veria a figura imponente do Príncipe da Wallachia surgir do nada com seu exército após mais uma batalha vencida. A solidão começava a querer lhe pregar peças, sozinha na escuridão, quantas vezes não jurou ter visto uma figura surgir do nada ou olhos que lhe pudessem proteger, estava enlouquecendo...

Se Vlad não retornasse o que seria de si mesma? Como poderia viver sabendo que seu senhor já não existia para que pudesse tê-lo perto? Não se importava por ser a rainha da Wallachia, não queria saber se a jogariam para fora do castelo, ao inferno todos aqueles que conspiravam contra si... O que queria mesmo era voltar a ver aquele par de olhos verdes sempre tão sinceros, mas dessa vez algo lhe dizia que não seria bem assim.

- O que fazes acordada aqui, minha senhora? – a voz de Victórios fez com que Catherinne olhasse para trás –

- Apenas olhando as estrelas, elas consolam meus medos... – respondeu e voltou a encarar a escuridão –

- Deveria estar dormindo, vagar a noite pelo castelo pode ser muito perigoso...

A jovem moça ouviu os passos da bota de couro se aproximarem perigosamente, tinha medo do irmão de seu senhor, Victorios tinha olhos dissimulados pela inveja daquilo que jamais poderia ter.

- O senhor também deveria estar dormindo. – continuou a olhar a paisagem fora da grande janela de pedra –

- Não é um privilégio só seu ter insônia, senhora... Até quando pretende passar as noites esperando? Isso não trará meu irmão mais rápido.

- Ele está demorando mais que o normal, ninguém está preocupado?

- A guerra não é algo com data cronológica definida, não sabes o que é um campo de batalha, Catherinne. E também, acho que deveria rezar mais pelas almas de nossos inimigos do que pela de meu querido irmão, ele sabe muito bem se cuidar.

- Não consigo sequer imaginar o terror de um campo de batalha, mas tenho certeza de que meu noivo faz apenas o que é necessário. Ou se mata, ou se morre.

- Tão inocente criança... – Victorios segura o queixo da jovem – Acredita mesmo nisso? Meu Deus... Nunca ouviu nenhum dos rumores que correm os quatro cantos da Wallachia?

- A inveja é um sentimento impuro, nenhum católico deveria carregar isso consigo, principalmente contra o próprio irmão.

A jovem futura rainha arrancou a mão que lhe segurava o queixo e se afastou da janela e consequentemente de seu cunhado. Como ele ousava levantar um falso contra o próprio irmão? É claro que não podia gostar de saber que vidas se perdiam em uma guerra, mas sabia que era necessário, não tinham culpa se os infiéis não conseguiam seguir sua fé sem perseguir a fé alheia.

Já o jovem príncipe sentiu seu sangue ferver, como ousava ser tão impertinente aquela pequena meretriz? Será que não tinha consciência de que sua situação era ruim? Não era casada, ou seja, nada além da boa vontade de seu noivo a mantinha ali, caso alguma coisa acontecesse a ele, não tinha quaisquer direitos e dependeria da boa vontade de algum nobre para não ser rechaçada.

- Deveria medir suas palavras, minha senhora, ou será que não nota que sua situação aqui dentro é muito delicada?

- O que está dizendo, senhor? Não compreendo o sentido de suas palavras.

- Vamos colocar as coisas assim... – o moreno caminha pelo cômodo - Só está aqui e é tão bem tratada porque o capricho do meu  irmão assim deseja, ou acha mesmo que alguém da corte está feliz com a possibilidade dos futuros herdeiros da coroa serem filhos de uma camponesa que nem se quer tem sangue romeno?

- Não pedi para estar aqui, senhor Victorios, fui escolhida e trazida, apenas aceito meu destino...

- Muito conveniente aceitar seu destino, sua família recebeu uma boa quantia de dinheiro, suficiente para casar suas irmãs e você veio parar dentro do castelo para ser tratada como uma rainha. Não me parece tão ruim assim... Mas me conte, não se sente uma mercadoria trocada por um punhado de ouro?

- O senhor só conhece a vida de um nobre e todos os privilégios que o direito de nascimento lhe concederam, não sabe como é a vida fora dos muros do castelo, se um punhado de ouro foi o preço para uma melhor vida para os meus pais e minha irmãs e mesmo para mim, aceito sem pensar.

- Então não ama meu irmão?

- O amor se constrói e eu estou construindo, sou muito bem tratada, respeitada, mimada... Não há motivos para não amá-lo.

- Nunca te passou pela cabeça que a mais de um ano está aqui e que até hoje não foi desposada?

- São tempos turbulentos, não adequados para festejos.

- E se meu irmão não casar com você? E se ele voltar de uma das batalhas casado com uma nobre de algum feudo próximo? E se ele não lhe amar? Acha mesmo que conseguirá um marido depois de ser a concubina do príncipe?

- Sou uma mulher, não posso ir contra a vontade de meu pai, faço o que sou ordenada e rezo para que tudo dê certo e faço minha parte.

- Faz o que é ordenada? Muito bom saber...

- Deveria respeitar a noiva de seu irmão que está travando guerras enquanto o senhor está aqui bem vivendo.

- Muito impertinente, senhora, não vê que toda vez que Vlad cruza os portões do castelo e a deixa aqui sua vida fica em minhas mão?. Se um dia ele não voltar, serei eu quem decidirá seu futuro... Deveria ser mais boazinha.

O jovem irmão mais novo tentou tocar os cabelos louros da moça, mas foi repelido, será que ela era burra ou algo do gênero? Será que não via as coisas que estavam a sua frente?

- Não encoste em mim, não tem esse direito.

- É claro, só meu querido irmão tem esse direito...Oh Deus, se soubesse metade das atrocidades que ele faz nos campos de batalha, os súditos não o respeitam, tem medo dele, assim como qualquer um de nós... Nunca viu os corpos empalados nos campos posteriores do castelo?

- Deveria ter vergonha de suas palavras... Uma hora se enforcará com elas.

- Está aqui apenas por um único motivo: Mantém-no sobre controle, ou acha que já não teria me livrado de ti na primeira vez que foi deixada sozinha? Envenenamento, um tombo, poderia desaparecer durante um de seus passeios... Tantas coisas ruins podem acontecer a uma jovem moça.

- Eu não preciso ficar aqui ouvindo essas coisas...

Catherinne tentou levantar-se para sair do como cômodo, mas Victorios segurou em seu braço e a jogou de volta na cadeira de madeira de lei. Estava perdendo a paciência com aquela garota, não sabia o que sentia... Uma hora queria esganá-la, em outra queria protegê-la e logo depois matá-la.

Essa mulher estava levando a insanidade, não era por pouca coisa que o pecado original pertencia a figura feminina. Os olhos azuis estavam arregalados pelo medo de sua figura só o deixava mais satisfeito, era doentio...

- Meu irmão é um monstro, no meio da batalha não distingue mais os aliados dos inimigos, apenas deseja ver o sangue jorrar e as vidas se esvaírem. Sente prazer na guerra, nunca tira vidas o suficiente e não se importa se são crianças, mulheres, velhos ou um homem desarmado, a lâmina de sua espada apenas atravessa os corpos quando ele está em um bom dia, pois em seus dias de cólera a tortura é o que o deixa satisfeito.

- Pare com isso, Victorios! Pare com essas injúrias! – a adorável condessa se debatia –

- Eu vi o inferno da guerra, ao contrário do que pensas, eu conheço o mundo das batalhas... Mas o que vi junto dele foi pior do que qualquer coisa, pior do que ter visto as portas do inferno abertas com o próprio demônio comandando a carnificina. Vlad perdeu-se quando provou o gosto de sangue e garanto-te que mais dia, menos dia será com o teu sangue que ele vai se deliciar.

A futura rainha debatia-se enquanto era segurada para ouvir aquelas palavras terríveis, não conseguia acreditar no que ouvia. O homem que tão bem lhe tratava e parecia ser tão justo não podia ser esse ser terrível... Não, não podia. Um homem capaz de esperar o tempo certo para saciar seu desejo profano com uma mulher que por tudo já lhe pertencia não podia ser nada disso.

Eram palavras mentirosas, palavras de um homem invejoso, nada que devesse acreditar...

- Teu sangue vai levá-lo ao êxtase e você perdendo os sentidos pouco a pouco será a cena mais esperada, tua morte será o ponto alto desse drama. E quando Vlad macular essa linha tênue entre a pouca sanidade que lhe resta e a loucura, ninguém sabe o que acontecerá ou no ele se transformará...

Integra voltou a realidade de uma só vez e com seu coração apertado, não sabia muito bem o que tinha acontecido só estava atordoada. E a visão daqueles mesmos olhos azuis que a fitavam não ajudou em nada sua mente confusa.

Tudo aconteceu muito rápido...

Num segundo valsavam e o no outra Integra Hellsing empurrava-lhe e saia correndo. Ivan não entendeu muito bem, apenas não pôde deixar de ver o quão desesperada ela estava antes de correr para fora daquela sala, era como se tivesse visto um monstro.

Continua...

Yoooooo, gente, desculpe a demora.... Mas é que a ida anda meio atribulada. Espero que gostem do cap e comentem bastante para fazer essa autora feliz. Pois reviews fazem os ficwriters ficarem mais produtivos. Hehheheh

O Alu está escondendo algum segredinho da nossa Dama de aço, o que será que está por trás de toda essa história? O que ele não quer que a Integra saiba? O que está acontecendo com sua jovem mestra?

Esperem pelos próximos capítulos.

Kiss Kiss


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