Herois do Olimpo - a Profecia. escrita por whitesparrow, Equipe Os Imortais


Capítulo 4
IV - O Oraculo dos Delfos - parte01.


Notas iniciais do capítulo

Hey semideuses! Como vocês estão?
Quero agradecer a Mandy pela linda recomendação (:
Indico esse capitulo para todas as pessoas que são fãs da Réia. Sei que ela está mal, mas isto é só uma questão de tempo.



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DOIS MESES DEPOIS...

Manuela.

      Mesmo com dois meses de morada fixa aqui, as pessoas ainda nos olhavam como se fossemos coisas novas, ou algum tipo de alien – o que eu não duvidava muito.

      O refeitório estava lotado como sempre. Acenei para alguns campistas que conheci nos primeiros meses. Alguns conheciam meus pais, e alguns deles eram filhos de professores do Acampamento.

      — Vejo vocês depois? – perguntou Isabela, enrubescendo enquanto passávamos pelo mesa de Apollo. Dei uma olhada para Alexander que piscou.

      — Claro que sim. Nos vemos na arena. – disse, colocando minha mão na cabeça. Uma dor começara na região da testa. Isabela sorriu e foi para sua mesa.

      — Está tudo bem? – Lendon quis saber.

      — Dor de cabeça, apenas.

      — Vou para a mesa de Athena hoje. Pelo menos alguns me querem por lá. – Gabriella disse, sorrindo sem graça. Observei ela correr até lá. Uma garotinha loira de olhos claros deu espaço para que ela se sentasse.

      — É nisso que se resulta ser filho único. – reclamei.

      Senti-me um pouco irritada ao perceber que estava andando entre Alexander e Lendon. Aquilo me fazia parecer incrivelmente pequena.

      — Não me importaria de ter mais irmãos. Eu até pensaria em dividir o videogame com eles. – Lendon disse, parecendo surpreso com o que acabara de dizer.

      Revirei os olhos.

      — Ouviu isso Manuella?! Ele pensaria em dividir. É tão a cara dele. – Alexander disse fingindo estar surpreso.

      Lendon revirou os olhos e bocejou alto. Eu não havia percebido, mas já estávamos parados na mesa de Luke e Storm havia algum tempo. Logo em seguida vinha a de Annamar e Nico, seguida pela de Perseu e Annabeth, e por ultimo, a mesa de Hecate. Algumas filhas de Hecate sorriam e mandavam piscadelas para os garotos. Mandei meu melhor olhar do mal.

      — Passou a noite jogando, não é? – perguntou Alexander, tentando ignorar os olhares das garotas.

      — Mas que pergunta Alexander.  É tão a cara dele. – eu disse rindo. Lendon revirou os olhos, mas sorriu.

      Alexander deixou-me em minha mesa, e foi para a sua. Não demorou muito e as ninfas apareceram com o café da manhã.

      — CAMPISTAS, PEÇO A ATENÇÃO DE VOCÊS! – gritou Quíron, juntamente batendo o casco no chão.       O refeitório silenciou-se rapidamente.

      — Os deuses crêem que algo errado está acontecendo! Não acredito que seja necessário dizer, mas novamente peço que tomem cuidado com os lugares que vão. Já é bastante desanimador que tenhamos perdido os heróis da ultima profecia. Não queremos que nada nos atrapalhe novamente. Voltemos para o café da manhã.

      Obviamente permanecemos em silencio por mais algum tempo. Notei pela primeira vez que Senhor D não estava presente. Não demorou muito para que Quíron saísse do refeitório e fosse para a Casa Grande.

      Servi-me de ovos, bacon, torradas, maça e um copo de suco de laranja. Levantei-me e atirei parte da minha refeição na fogueira, pedindo ajuda e instruções aos pais sobre o que o futuro nos reservava. Inalei o cheiro da fumaça que saia da minha comida. Voltei à mesa. Mordi um pedaço do meu bacon e mastiguei pacientemente. Minha cabeça começo há doer um pouco mais, ate que praticamente ela por inteiro latejava. A dor se tornará insuportável. Sabia que aconteceria alguma coisa. Isso acontecia sempre que alguma coisa estava fora do lugar. Levantei-me da mesa e caminhei tentei atravessar o refeitório discretamente, sem muito sucesso.

      — Manuela? O que houve? – Gabriella perguntou assim que passei pela mesa de Athena. Ignorei-a e apressei-me para fora de lá. Corri rapidamente pelo pátio, sabendo que a qualquer momento eu desmaiaria num sono profundo. Seria bastante ridícula uma filha de Annamar e Nico jogada na grama verde do Acampamento.

      Assim que alcancei o chalé, entrei e bati a porta com agressividade. Minha visão tornava-se turva aos poucos, sabendo que logo mais eu cairia.  Tive que me escorar na parede e caminhar com dificuldade até a cama.

      Enquanto sentia minhas pálpebras pesarem, pude ouvir vozes e gritos do lado de fora do chalé:

      — MANUELA! – ouvi a voz fina e doce de Isabela. Alguém batia na com ferocidade na porta. Temi por destruírem o chalé de meus pais, mas sabia que era praticamente impossível esperar isso de uma obra de Annabeth.

      Por fim, apenas ouvi um grito de dor irreconhecível.


      “Eu não sabia exatamente onde estava. Parecia algum lugar sombrio de Nova York. Um beco sujo. A minha frente havia um bar azul escuro. Parecia um lugar pouco convidativo, ainda mais por ser escuro e vazio. O vento estava forte. Um vestígio de que logo mais a tempestade cairia.

      Caminhei para dentro do bar.

      Pode parecer estranho, mas algo me puxava para lá. Como se todas as respostas do meu futuro estivessem lá. O vento bateu contra a porta do peculiar abrigo, fazendo com que eu passasse sem ser notada. Um som lento e calmo preenchia o lugar vazio. Era uma musica melancólica, com um misto de tristeza, mas com um grosseiro ruído de uma vingança eminente.

      Uma mulher de cabelos vermelhos estava sentada em uma das mesas do bar.

      O lugar era úmido e limpo. Do lado de dentro, a cor era um marrom cobre sem brilho e meio descascado. Luzes fracas iluminavam diferentes pontos do bar.

      Um homem que parecia ser o dono do bar alcançou duas taças de vinho tinto de cima do balcão e caminhou até a moça. Era um homem alto, de cabelos negros mesclados com grisalho e cortados adequadamente. Usava um terno de linha branco, que me parecia ser italiano. Sentou-se a frente da moça. A luz acima deles parecia ganhar brilho próprio, como se minha atenção devesse manter-se apenas no casal. Apenas percebi que estava ofegante, quando comecei a caminhar até eles.

      Um trovão fez o lugar estremecer. Um raio iluminou o céu, e caiu a menos de 1 km do bar. Fiquei próxima a mesa; 2 metros nos separavam.

      O que vai fazer? – o homem perguntou para a mulher, alisando a barba curta e bem aparada.

      A moça usava um lindo e longo vestido de veludo azul, e aparentava ter no máximo 22 anos. Ela alisou a boca da taça. As unhas brilhavam num vermelho sangue arrepiante. Tocou os cabelos curtos e enrolados, esticando a ponta de uma mecha por alguns instantes.

      Um anel brilhava na sua mão direita. Era dourado com uma pedra imensa. Casada, pensei comigo mesma.

      Ela pegou a taça com delicadeza e a levou até a boca incrivelmente vermelha. Pousou a taça graciosamente na mesa, ao lado de um objeto de ouro, oval e fino. Não me preocupei demais, pois a mesma suspirou pesadamente e colocou uma mecha do cabelo vermelho atrás da orelha.

      Depende das informações que você conseguiu meu querido. – a moça disse enquanto estendia a mão delicada e magra em direção ao homem. Ele riu silenciosamente e tirou de dentro do terno uma folha com algumas coisas escritas. Ela tomou a folha de sua mão com brutalidade. Parecia quase que desesperada. Ela analisou tudo agilmente.

      Acampamento Meio-Sangue? – ela sorriu medonhamente. Um frio percorreu minha espinha quando ela pronunciou o nome acampamento. Vacilei para trás e sem querer esbarrei em uma das mesas. Um pequeno jarro com uma rosa dentro espatifou-se de encontro ao chão de madeira polido.

      Eles silenciaram.

      O homem tornou-se alerta. Levantou-se e observando ao redor.  Ele separou os lábios minimamente e sugou o ar. Rapidamente uniu os lábios novamente e engoliu em seco. Ergueu um pouco o queixo e farejou o ar como um lobo. Novamente seus olhos se estreitaram, e ele olhou desfocadamente em minha direção. Quando abaixou um pouco mais o queixo, seus olhos se encontraram os meus. A moça atrás dele levantou-se também e ameaçando dar um passo a frente. Porem, rápido demais para que eu pudesse captar todos os movimentos, ele agarrou o pulso dela firmemente. Novamente seus olhos se estreitaram e ele olhou ao redor.

      O que há de errado com você? – a mulher disse enojada, enquanto puxava agressivamente seu pulso da mão do homem. Ele a largou sem insistir.

      Sua bisneta está aqui! – o homem disse friamente. Por um momento congelei no lugar e pensei sobre ele ter me chamado de bisneta. Afinal de contas, quem era essa mulher?

       A moça ergueu uma sobrancelha, estreitando os olhos e deixando nos lábios um sorriso assustador.

      Qual delas, meu caro?

      Manuella Grace Di Ângelo. – ele disse friamente.

      — Oh, bem! – ela alisou o vestido.

      Deu alguns passos a frente, ignorando as restrições do homem. Ele a acompanhou, lado a lado.       Desvacilei para trás. Como está minha pequena?

      Notei que seus braços estavam para trás, e suas mãos agora estavam dentro do terno do homem. Ela tirou de lá algo longo e brilhante. O brilho atingiu meus olhos rapidamente. Mas então seus braços caíram para frente e pude ver a longa faca de prata afiada. Ela não parecia mais querer esconder a faca.

      Não ouse tocar em minha filha. – levei questão de segundos para reconhecer a voz de minha mãe. E sem que eu percebesse, ela estava ao meu lado, usando um vestido branco longo e esvoaçante. Ela estava descalço e parecia bastante à vontade, porem seus olhos estavam frios e duros. Sua mão pousou em minha cabeça ternamente.

      Olá minha neta. Como está? – a mulher tinha uma falsa preocupação na voz. Minha mãe apertou os olhos e colocou sua boca próxima a minha orelha.

      Hora de ir para seu chalé. – ela soou séria e cansada, mas sua voz era cheia de amor. Minha visão escureceu, deixando-me num sono sem sonhos.”

      Acordei sentindo minha cabeça girar. Não conseguia me concentrar em um só ponto do quarto, pois minha cabeça sempre voltava para o travesseiro. Percebi que estava escuro. Fiquei feliz ao saber que me dava tão bem com as sombras e a escuridão. Era reconfortante. Estava me preparando para dormir novamente, quando comecei a prestar atenção nos pequenos ruídos. Espantei-me ao escutar batidas baixas vindas da porta. Alcancei o despertador e verifiquei o horário. Era se passava da hora de recolher. Era 23h57min. Eu até mesmo poderia dizer que escutava as harpias andando pelo pátio. Logo chegariam aqui. Só então me dei conta, de que dormirá quase o dia inteiro.

      Joguei a coberta para o lado e sentei-me na cama. Eu ainda estava com a roupa de hoje cedo. Apenas ajeitei o short e agarrei uma blusa de frio roxa no guarda roupa. Caminhei nas pontas dos pés até a porta. Abri-a lentamente.

      Alexander estava encostado na porta, batendo as costas preocupadamente. Seus olhos ergueram-se até encontrarem os meus. Mordi o lábio, sentindo-me culpada ao perceber o quanto eles estavam vermelhos. O verde mar misturado ao cinza chamará ainda mais atenção. Levantou-se com dificuldade, mas sem tirar seus olhos dos meus. Reprimi a vontade de ajudá-lo.

      — O que houve com você? – ele quis saber.

      — Eu não sei! – fiquei envergonhada por sentir arrepios perto dele, ou por não ter a simples coragem de dizer a ele o que ocorreu. Mesmo assim, me senti confusa.

      Ele suspirou pesadamente. Abaixei a cabeça.

      — Você mente muito mal sabia?

      — É, com você atacando isso na minha cara todo dia, não tem como não saber.

      Ele arregalou os olhos e colocou as mãos sobre o peito fingindo estar ofendido.

      — Nossa! Obrigado pelo coice.

      — Não tem de quê. – dei de ombros.

      Ele rolou os olhos e prendeu a atenção em meu chalé. Arqueou uma sobrancelha e deu pequenos passos em direção a porta. Dei passagem.

      — Uau! Seu chalé ficou incrivel.- ele entrou no chalé, e eu o segui.

      — Eu também achei. Sua mãe é uma excelente arquiteta.

      Ele não pareceu captar o que eu havia dito, mas acenou num sinal de positivo e sentou-se na minha cama.

      — É. É o que ela faz no mundo mortal. Do mesmo modo que meu pai é Biólogo Marinho.  Faz algum sentido? – ele perguntou. Suspirei por alguns segundos e fitei o teto do meu quarto.

      — Faz sim. Tem haver com a personalidade. Minha mãe é empresária. Uma das características de Zeus: ser o poderoso chefão. – disse fazendo uma carranca.

      Alexander não disse nada. Apenas apertou os lábios e pareceu bastante pensativo.  Logo seus olhos ganharam aquele brilho de contentamento. Como quando aprendeu tudo sobre a Teoria das Cordas.

      Não demorou muito e ele agarrou um travesseiro da minha cama junto com o controle remoto. Foi passando os canais até chegar ao Animal Planet. Revirei os olhos a sua “nerdez”. Deitou-se no chão sem parecer preocupado com o fato de que aquilo era definitivamente proibido. Quero dizer, dois campistas de chalés diferentes juntos... Sozinhos... Em um chalé. Isso me fez pensar em meu pai e minha mãe.

      Algo cutucou meu calcanhar. Alexander.

      — Vai ficar ai em pé a noite inteira?

      — Na verdade, estou esperando você dar o fora do meu chalé.

      Ele estreitou os olhos.

      — Quando vai parar de me dar coices?

      — Quando você der o fora do meu chalé.

      — Dá pra parar de me dar coice? Isso já está me irritando. – ele disse apertando a cabeça com força contra o travesseiro.

      Apertei os olhos e bati o pé com força contra o piso do chalé. Andei com passos duros até minha cama e joguei-me nela, completamente irritada.

      Fiquei deitada um bom tempo assistindo aos leões brigando pelo antílope morto. Alexander nem mesmo piscava diante da cena. Os animais brigavam com tamanha força e ferocidade, que era impressionante ver que ambos ainda sim sairiam – talvez – vivos daquela luta por um único pedaço de animal.

      Em algum momento da briga dos leões, quando o menor dos dois deu o golpe final no pescoço do maior, eu dormi. A imagem da briga e do menor tendo a vitoria, ficou em minha mente durante o sonho que se alongou naquela madrugada. Por mais que fosse uma briga pela posse de algo tão útil e inútil ao mesmo tempo, algo me dizia que era apenas questão de tempo até aquilo me acontecer.


      Acordei tranquila. Tranquila até o momento em que vi Alexander deitado em minha cama e eu em cima dele.

      — Oh. Meus. Deuses! – disse silenciosamente. Tentei sair de cima dele sem acordá-lo. Ele sofrerá até demais ontem por minha causa. Ótimo, espero que papai não tenha visto isso, pensei raivosa.  Mas para negar meu pensamento, um trovão estalou no céu.     

      Agarrei uma roupa em meu guarda roupa e fui para o banheiro. Pela primeira vez, tive necessidade de trancar a porta. Tomei um banho rápido e vesti a blusa do acampamento, um short jeans curto e calcei meu tênis. Sequei meu cabelo rapidamente enquanto saia do banheiro. Observei Alexander dormir por alguns instantes, e percebi o quanto ele era bonito. Eu não havia reparado nele. Em como seu cabelo loiro liso nunca ficava penteado do modo certo. Como seus lábios rosados soltavam o ar tranquilamente. Nem como suas camisas ficavam colocadas ao corpo marcando seus músculos definidos – seus ombros largos, seus braços musculosos e sua barriga definida. Lembrei que Lendon possuía o mesmo tipo físico de Alexander. Fiquei incrivelmente vermelha ao perceber que o encarava e o analisava havia um bom tempo.

      Peguei meu pente no banheiro e passei pelos cabelos ondulados e negros. Percebi então que a grande maioria dos filhos dos três grandes tinham cabelos negros assim como os deus progenitores. Fiquei mais um tempo pensando nisso – nas semelhanças entre meus pais, Perseu, Thalia, Storm e Bianca, que descobrimos há pouco tempo ser minha tia e de Lendon. Terminei minha filosofia e criei coragem de acordar Alexander. Seria muito estranho Quíron nos ver ali. Punição, talvez.

      Olhei para o despertador e já era quase hora do almoço. Olhei novamente para Alex, e ele já estava enrolado em meu cobertor preto. Cutuquei suas costelas delicadamente. Ele sorriu sonhadoramente e se remexeu. Eu ri por baixo da respiração. Cutucava cada vez mais forte até ele acordar.

      Nos encaramos por um longo tempo. Não sabia quem estava mais corado. Ele encarou meu quarto todo, tentando lembrar como havia parado em minha cama.

      — Espero que seu pai não saiba disso. – ele disse descontraidamente. Um sorriso nos lábios.

     — Ele já sabe. – ri um pouco mais alto. — Ele é um deus, Alexander.

      Ele bateu na própria testa, rindo junto comigo.

     — Essa não! Estou morto.


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Notas finais do capítulo

Dedicado a Mandy e a minha amiga Sarah. Para quem ama Alexander e Manuela... Esse capitulo foi descente.
Beijos.