Alterego escrita por Gavrilo, Drablaze


Capítulo 17
Capítulo 17




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Enfim chegaram ao local esperado. Era um pequeno vilarejo localizado no topo de uma montanha, perfeita para esconder segredos. Aliás, não por acaso os viajantes buscavam tomar estradas que levassem a pequenas vilas, vilarejos e cidades, uma vez que ninguém se importava com o que acontecia ali e isso abria brechas a diversas possibilidades. Mas Daisuke não estava pensando em nada disso.

Refletia sobre os eventos que aconteceram há poucos dias, mas era como se tivessem ocorrido no dia anterior. Já sabia que havia várias coisas fora de seu controle, claro, mas algo nas palavras de Evige trouxe à tona sua insignificância perante o mundo. Elas despertaram pressentimentos sombrios que sempre buscara deixar ocultos.

A batalha contra Fremme foi outro sinal alarmante. Estava tão absorto em sua própria capacidade que acabou inconscientemente criando a ilusão de poder fazer qualquer coisa, quando havia tantas pessoas perigosas espreitando nas sombras. E quando chegasse a hora de enfrentá-los, não poderia se safar tão "facilmente" como fez contra Fremme; pelo menos não sem o pior caso ocorrer.

Nunca havia se preocupado muito com isso, convencendo-se de que saberia fazer o que devia ser feito. "Não há nada de anormal em alguém precisar morrer para outras pessoas viverem", Daisuke meditava, mas suas ações não correspondiam a essa filosofia. Na prática era exatamente como Evige descreveu: hesitava em ferir mortalmente seus oponentes.

Havia cometido o mais fundamental dos erros e todos perceberam, menos ele próprio, não até que fosse tarde demais. Um herói idealista ao extremo não comete atos de bondade ingênua nem por altruísmo nem por gostar, mas por simples egoísmo. Focado demais em si mesmo, esse pretensioso protetor da justiça agarra-se a milagres para sustentar seu estilo de vida incoerente, apenas para poder se gabar como um grande super-herói — quer alguém reconheça ou não.

"Francamente, essa mentalidade é mais perigosa do que a de um vilão que quer dominar o mundo", pensava Daisuke. É de se imaginar que Daisuke estivesse mais do que disposto a descarregar sua fúria sobre qualquer um em seu caminho, mas a realidade era o contrário. Sim, era exatamente a vingança — a fonte do egoísmo — responsável pelo seu desajuste.

O garoto convenceu a si mesmo que poderia destruir a Aliança sozinho e seu poder seria suficiente para tal, sem precisar eliminar ninguém mais. No momento as únicas pessoas cujas existências constituíam uma ameaça ao seu mundo ideal eram os líderes da farsa conhecida como Aliança, Evige e os cientistas caçadores da imortalidade. Para sua vingança ser completa, não poderia igualar-se a seus inimigos e sacrificar outras pessoas. Mas qual é a justiça em eliminar inimigos por ressentimento?

O problema talvez fossem os objetivos. Desde o início não escondia que buscava apenas vingança e nada mais, sendo o resto apenas consequência. Se fazia um favor ao mundo destruindo a Aliança, que fosse, senão aguentaria as punições posteriores. Mas iludia-se. Daisuke estava em conflito com dois núcleos irreconciliáveis dentro de si.

Por um lado armazenava uma corrente de ódio implacável que desejava se libertar e amaldiçoar o mundo; por outro, guardava em seu coração os ideais tolos de garantir a paz sendo o herói perfeito. O que os desejos tinham em comum? Para serem cumpridos, ambos exigiam que Daisuke fosse um forte guerreiro. Daisuke treinou e enfrentou obstáculos com o fim de ser um guerreiro, mas não conseguia decidir se lutava pela paz ou pela vingança.

Aí entra o assassinato. Não era nem a ação nem suas consequências morais ou legais que amedrontavam Daisuke, pois de fato estava preparado para fazer o que fosse preciso. O que Daisuke fazia era postergar sua decisão, pois no momento em que cometesse o ato, nada poderia voltar atrás. Se matasse alguém fora os alvos, fracassaria em sua vingança; entretanto, ao executar os alvos estaria pondo a vingança sobre os ideais.

— Ei Daisuke, está aí? — indagou Natt, quebrando o transe do garoto — Já chegamos, se você ainda não percebeu. O que faremos agora?

Certo, aquilo tinha absoluta prioridade. O vilarejo transmitia uma sensação de proximidade e aconchego muito rara de ser sentida naqueles dias, principalmente em um local tão desolado. Não, talvez justamente por ser um local desolado é que um forasteiro se sentia tão em paz. Terminaram rapidamente de realizar uma ronda e entrevistar os moradores, sem resultados conclusivos.

Ouviram rumores que possivelmente indicavam prováveis ações de um grupo que parecia ter os mesmos objetivos dos cientistas. É, talvez fosse uma informação útil... ou não. De qualquer forma, de acordo com as informações dadas por Evige, o grupo no momento precisava de bons candidatos a hospedeiros e um local com "espiritualidade" o suficiente. O que isso significava ninguém sabia ao certo.

O vilarejo tinha fracos resquícios de campo AE, o que indicava a pouca prevalência de alterego por ali. Isso facilitava a transferência de espírito, uma vez descartada a interferência do alterego. Além disso, sua única defesa era a localização geográfica, então não havia desculpas para não atacá-la. Frustrados, Daisuke e Natt decidiram fazer uma pausa em um pequeno restaurante.

— Acho que já disse isso antes — disse Natt, sarcasticamente, pondo de lado seu copo vazio — mas o que faremos agora?

Daisuke lentamente limpou seus beiços após uma rápida refeição e respondeu, enquanto chamava o garçom para pagar a conta:

— Bem, não tem problema. Estávamos investigando agora com a esperança de detê-los antes que fizessem alguma coisa, mas só precisamos esperar até a noite. Afinal, este lugar é perfeito para... Cuidado, Natt!

No momento em que disse isso, levantou-se da cadeira e segurou o braço direito do garçom, que segurava uma faca direcionada a Natt. Lutou por uns instantes e conseguiu desarmar o agressor, mas este sacou uma nova lâmina e se preparou para lutar. Irritada, Natt dirigiu-se ao jovem armado:

— E quem exatamente você pensa que é, com uma tática tão infantil? É um insulto a qualquer assassino no mundo!

— Natt, eu não acho que esse seja o problema aqui. De qualquer forma, este cara está obviamente fora de si, então vamos apenas nocauteá-lo por enquanto.

Daisuke acompanhou os movimentos do garçom e avançou rapidamente para frente, segurando-o. Natt seguiu o exemplo e o deixou inconsciente com um soco no estômago. Não demorou muito para várias pessoas reunirem-se no local, incluindo a dona do restaurante, que prontamente anunciou:

— Esses bárbaros atacaram meu filho sem motivo, peguem eles!

"É, sem motivo nenhum", reclamou mentalmente Natt, sabendo que fugir era a única coisa que podiam fazer no momento. Correram em direção à saída, mas foram detidos por sujeitos musculosos com expressões não muito agradáveis. Se por um lado tinham poucas complicações por se tratar de um vilarejo pequeno, qualquer um ficaria facilmente preso dentro dele caso fosse o desejo dos habitantes.

O único jeito de sair daquela situação seria deter o responsável pelo ataque anterior o mais brevemente possível. "Para início de conversa, como eu não percebi a presença de um inimigo antes?", lamentou-se Daisuke. É verdade que muitos desenvolviam seus campos AE para serem invisíveis a olho nu e permitirem a ultrapassagem de forasteiros dentro deles, mas isso não era problema para o garoto.

O problema eram aqueles malditos pensamentos inúteis. De qualquer forma, precisavam descobrir a extensão das habilidades do oponente e sua localização. Provavelmente era algo nas linhas de controle à distância, mas ele devia estar por perto. Daisuke pediu à companheira que o acompanhasse até uma residência que parecia estar vazia, escondendo-se em um cômodo em seu interior.

— Por que não fugimos? — questionou Natt.

— O que os cientistas mais querem é ter este vilarejo sem intrusos para poderem fazer o que quiserem, então se fugirmos estaremos admitindo derrota. Além disso, tive uma ideia. Por favor, manifeste seu campo AE com todas as suas forças.

Confusa, a garota decidiu obedecer e fechou seus olhos por alguns instantes, concentrando-se. Logo estabeleceu-se um campo amarelado ao redor de si, bem como de Daisuke; este aproximou-se lentamente e fez com que os campos encostassem um no outro e produzissem faíscas devido ao poderoso atrito. O ruído ecoava na espaçosa sala, que apesar de tudo permanecia silenciosa.

Os sons eram causados por um conflito entre campos AE, cada um tentando mostrar seu domínio sobre o outro. Era algo imperceptível para pessoas comuns, mas extremamente notável a quem estava acostumado a batalhas entre alteregos, então Daisuke poderia fazer suas conclusões a partir de quem os notaria — o que não levou muito tempo.

Dois homens arrombaram a porta e localizaram os dois fugitivos. Não parecia haver nada de errado à primeira vista, mas Daisuke percebeu resquícios de alterego vindos de um deles e deduziu que era o controlado.

— Natt, pegue o da esquerda! — ordenou Daisuke, avançando em direção ao homem da direita.

Enquanto Natt facilmente imobilizava e tirava a consciência do homem, Daisuke segurava firmemente a cabeça do outro e expandia seu campo AE. O homem se debatia em resistência, mas isso durou pouco e ele logo tornou-se pálido e imóvel enquanto Daisuke vasculhava em sua mente. Não, não era sua mente. Era uma existência alheia, espiã, cuja revelação a faria retornar ao seu dono.

Uma linha espessa presa à nuca do sujeito tornou-se visível e começou a se retrair, voltando ao lugar de onde veio. Daisuke e Natt seguiram-na pelo vilarejo, sem se importar com os impedimentos dos moradores, até encontrarem uma moradia humilde. No interior estava um homem com uniforme recolhendo sua "linha" e ao seu lado um ancião desmaiado.

Sem tempo para formalidades, Daisuke e Natt armaram-se e confrontaram o oponente, que agitou compulsivamente seus braços e formou correntes de ar que impediram os garotos de avançar. Satisfeito, o inimigo provocou:

— Então é só isso? Puxa, se eu soubesse que eram tão fracos não teria me dado ao trabalho de usar meu alterego.

Daisuke balançou sua espada e neutralizou os ventos, correndo em direção ao rival; este desviou-se com facilidade ao agachar e revidou com um soco vertical no queixo, desnorteando o jovem. Natt estava pronta para puxar o gatilho de sua pistola, mas o alvo se adiantou e empurrou a garota, que se chocou na parede. Enquanto Natt tossia tentando obter oxigênio, o homem carregava o ancião e saltava pela janela.

Quando ambos estavam recuperados, já era tarde demais. Para piorar a situação, a casa foi invadida pelo resto dos moradores. Um deles se pronunciou, para a surpresa dos viajantes:

— Mil perdões, caros forasteiros. Parece que essa é mais uma tentativa da Aliança de nos subjugar, então vamos lutar como sempre fizemos. Por favor, saiam enquanto podem.

Daisuke explicou que não se tratava de um empreendimento da Aliança e fez um breve resumo da situação, apenas o suficiente para saberem com o que estavam lidando. Quando sugeriu que todos abandonassem o vilarejo, recebeu uma resposta negativa e percebeu o espírito de resistência dos moradores. Eram tolos, mas quem podia culpá-los? Com certeza não Daisuke.

De toda forma, aquele cara teria que voltar mais cedo ou mais tarde para terminar o serviço. Daisuke e Natt se separaram e ficaram patrulhando os arredores enquanto o sol se recolhia e o vilarejo ficava mais vulnerável, sempre mantendo a atmosfera de serenidade apesar da tensão causada pelos eventos anteriores. Daisuke repentinamente interrompeu o passo, parando para admirar a lua. E então eles chegaram.

Natt foi a primeira a perceber os invasores por estar fora do vilarejo, mas não conseguiu impedir a todos. O oponente de antes avançou com parte dos subordinados em direção a Daisuke, que aguardava com sua espada em mãos. Entre eles estava o senhor de antes, obviamente à mercê do líder rival. Daisuke já tinha um plano em mente, mas também considerava as complicações.

Antes de tudo precisaria remover o controle sobre o senhor, não apenas porque ele poderia ser ferido como por ter uma chance de atacar o alterego do principal inimigo diretamente. O problema seria arranjar tempo o suficiente para repetir o mesmo procedimento de antes, principalmente com oponentes que claramente estavam pelo menos um nível acima dos soldados comuns.

Focando-se no líder e no ancião, Daisuke tentou forçar seu caminho pela barreira de oponentes com golpes sucessivos de espada, mas não conseguia obter controle sobre a situação como fizera até então. Cada um dos homens tinha sua própria característica e potencial perigo, mas Daisuke não podia lutar isoladamente para descobrir como vencê-los um por um.

Quando foi jogado para trás por um impacto invisível, o jovem guerreiro materializou suas adagas e pensou que teria vantagem com uma arma de rank S. Mas por mais forte que seja uma arma, uma batalha de alteregos só pode ser decidida pelos alteregos. Por isso, ao fincar as adagas no solo e invocar grandes paredes de gelo para congelar os inimigos, Daisuke só conseguiu pará-los por poucos segundos.

Para piorar a situação, um dos subordinados estava agachado no chão concentrado em alguma coisa, expandindo seu campo AE progressivamente, e o ataque de antes lhe dera mais tempo para preparar seja lá o que estivesse fazendo. Quando Daisuke percebeu, era tarde demais, e o garoto foi atingido por uma luz cegante que aniquilou tudo em seu caminho, reduzindo toda matéria a pó.

Todos olharam ao redor e não viram sinais do jovem; ele não era grande coisa afinal! Só faltava então acabar com a outra complicação e... O que estava acontecendo? Viram-se alvos de uma chuva de raios e acima de suas cabeças estava Daisuke, caindo em grande velocidade e liberando correntes elétricas de sua lança. Provavelmente não os mataria, mas definitivamente não conseguiriam se mover por um tempo.

Entretanto, Daisuke não fora o único a aproveitar o clarão para armar uma surpresa. Tanto o líder do grupo quanto o ancião não mais se encontravam na formação. O senhor estava jogado no chão ao lado de Daisuke, mas onde estava o outro homem? As reflexões foram logo cortadas pelo som de resistência a sua frente. "Impossível", pensou Daisuke, "Como eles ainda conseguem se mover?".

Os inimigos, ao invés de paralisados, estavam mais dispostos do que nunca e partiram com violência para cima de Daisuke. Os ataques ocorriam simultaneamente, uma foice contra várias lâminas, uma defesa contra múltiplos ataques certeiros, uma mente hesitante contra inúmeras intenções de matar. Ah, e lá estava ele outra vez, esse verbo irritante. Matar.

A intuição de Daisuke dizia que um dos homens estava sendo controlado, mas qual? Não poderia tomar seu tempo para analisar cada um, tampouco realizar o mesmo processo de expulsão do alterego. Fora isso, a única maneira de liberar uma pessoa do controle mental naquelas circunstâncias seria simplesmente inutilizar a mente. Em outras palavras, matá-la.

Oprimido pela enxurrada de ataques e os sentimentos de indecisão, o garoto encolhia-se e tentava ao menos proteger os pontos vitais, mas as armas não eram o principal problema. O homem de antes novamente estava juntando energia para liberar o raio de luz, ao passo que mãos invisíveis golpeavam sem piedade o estômago e pernas de Daisuke, obrigando-o a agachar.

"Falta só 1 ano agora". Parem. "As mãos do escolhido derramarão muito sangue inocente a mando de um opressor, mas seu coração nunca poderá ser comandado". Parem."Mas não sou só eu quem vai matá-lo, Daisuke, é você mesmo". Parem. "Continuará repetindo os mesmos erros, de novo e de novo, até sofrer uma morte sem honra". Parem, parem com isso, droga!

Já chega. Os golpes ecoavam em seu interior como pensamentos e os pensamentos o castigavam como ferroadas; nesse turbilhão de sensações, algo foi disparado — ou melhor, quebrado — dentro de Daisuke, sem que este percebesse. Só muito tempo depois ele próprio se daria conta, e seria o último a notar tal fato. Mas quando isso acontecesse, seria tarde demais.

A foice transformou-se em uma pequena esfera metálica e foi arremessada para cima, deixando Daisuke sem defesa. Antes que os homens pudessem dar o golpe de misericórdia, a bomba liberou enorme quantidade de energia de uma vez só, arremessando minúsculos estilhaços a velocidades incríveis e emitindo um impactante clarão.

Enquanto alguns se levantavam, tentando ver sentido no que acabara de acontecer, Daisuke estava em pleno ar, preparado para terminar a batalha. Materializou sua espada, mas o que recebeu em seu lugar foi uma enorme marreta. O garoto arremessou a marreta em chamas contra os oponentes, sem deixar nenhum espaço para dúvidas.

O único oponente restante avançou suas "mãos invisíveis" para finalizar o jovem, mas foi misteriosamente nocauteado antes de fazer qualquer coisa enquanto seu alvo permanecia imóvel, com adagas em mãos. Não, não foi super velocidade. Nem Daisuke soube ao certo como fizera, mas derrotara o oponente sem se mover.

— Uma coisa é certa — murmurou o líder, escondido atrás de uma casa —: a chance é esta!

Aproveitando a instabilidade no alterego oponente, o homem estendeu sua "linha" e furtivamente tomou controle de Daisuke.

— Bem, talvez aqueles cientistas malucos não fiquem muito satisfeitos com o trabalho, mas com isso ganharei um bônus extra de Evige. Um homem tem o direito de viver bem, afinal.

Pouco tempo depois, Natt também obtivera êxito em sua batalha, mas não estava muito feliz. Havia percebido que ficara com o grupo mais fraco, apesar de não terem sido alvos fáceis. Sobretudo, estava preocupada com seu companheiro de viagem. Ele saberia tomar a decisão correta se precisasse? Espantando previsões ruins, a garota correu sem olhar para atrás até o vilarejo e se deparou com uma cena que lhe inspirou profunda aversão, como se tivesse aberto a caixa de Pandora.

Casas destruídas, corpos estraçalhados, horror à toda vista. Toda a atmosfera do vilarejo morreu junto com ele, e em seu lugar passou a reinar um silêncio mórbido atenuado pelo mistério sinistro: o que aconteceu? Não, não estava tudo acabado ainda. Natt ouviu um grito agonizado ao longe e apressou-se até lá, apenas para testemunhar um brutal assassinato.

Uma mulher corria desesperadamente de alguém ou alguma coisa, mesmo sem saber ao certo do quê. Corria, acompanhada pacientemente por seu algoz. Perdendo qualquer vestígio de sanidade, a fugitiva tropeçou em uma rocha e começou a se arrastar como um animal selvagem, sem se dar ao trabalho — não, ao luxo — de se levantar.

Seu erro foi se virar e olhar para trás. Antes que pudesse ver aquilo que a perseguia, sua cabeça voava pelos céus, deixando para trás uma fonte de sangue esguichando da base do pescoço. Observando a cena estava a atônita Natt e o assassino, não menos transtornado, Daisuke. Não era um puro controle mental. Apesar de ter mostrado uma brecha, Daisuke resistiu o suficiente para manter a consciência e o controle sobre os músculos da face. Mas não era hora de resistir.

— Não... não. Saia daí, Natt! — berrou Daisuke.

Mas era tarde, o corpo foi mais rápido que o som e em instantes Daisuke estava em cima da garota, com as adagas em mãos. Impiedosamente, ergueu o braço esquerdo e logo em seguida liberou com toda a força a adaga para perfurar o pescoço de Natt. Sangue. Muito sangue. Em um instante o local foi totalmente violado pelo líquido rubro maldito sob a melancólica luz do luar.


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