Vampire Heart escrita por X-RYU, yuukiie


Capítulo 2
Um pesadelo




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Senti minhas bochechas começarem a perder o tom escarlate. Meu coração ainda batia forte contra minhas costelas e... Bom, eu me sentia como uma perfeita idiota. E daí que o cara mais estranho do colégio havia me carregado no colo? Claro, se você levar em conta que o cara tem a maior má reputação que qualquer um pode ter e o corpo mais sexy que eu já vira, eu deixaria passar normalmente. Não que caras com corpo de Adônis me pegassem no colo todos os dias - longe disso, pelo amor de deus - é que bom, o cara era realmente uma coisa.

Quando eu entrara na sala de aula um pouco antes do professor declarar que ninguém mais podia entrar, alguns mais atenciosos viram minha face rubra. Ótimo, o que as fofoqueiras de plantão agora iriam inventar da toda certinha Summer Burnett? Como se já não falassem do jeito que eu sou, agora teriam o pretexto de dizer que eu talvez esteja enfiando minha língua em bocas alheias, ou pior, que eu ando levantando a saia. Claro, não que eu ligue para o que falam de mim, mas meu mentor é o vice-diretor, não posso deixar que o velho escute que sua protegida é uma depravada.

Só que a droga do tombo ainda ficava martelando em meu cérebro como um barulhinho irritante e constrangedor, ao mesmo tempo.

Eu também me lembrava daquele pingente estranho que ele possuía, digo, aquele crucifixo estranho. Não sei por que, mas eu já o havia visto - não que eu fosse uma tapada sem memória, mas nesse caso era como uma lembrança perdida... Talvez um sonho. Ou eu já havia esbarrado naquele cara, digo, Abel antes?

Procurei meu material perdido em minha mochila... Então me dei conta de que algo estava faltando. Ah não! Não, não! Eu havia deixado minha bolsa cair no chão no tombo e na pressa acabei por esquecer a droga. Ai meu Jesus cristo, o que eu faria? Se pedisse pro professor me deixar sair pra buscar a mochila alguém suspeitaria e eu não teria álibi. Porém, se eu não fosse buscar ficaria sem anotações da aula de Biologia - que nunca fora meu ponto mais forte.

Talvez Anddie me emprestasse suas anotações, mas que desculpa eu daria? Que dormi na aula? Não, muito clichê. Que eu não prestei atenção na aula? Ele talvez ache que eu esteja apaixonada e por isso fiquei pensando no cara e nem peguei o que o professor disse - e vamos encarar os fatos, Anddie vem me chamando pra sair há séculos.

Talvez fingir que estou doente? Perfeito.

Olhei pra lousa verde-musgo com vários rabiscos brancos em que eu nem tentei decifrar. Pensei em algo realmente nojento pra embrulhar meu estomago, então me levantei e fingi cambalear. Dimitri Moscovitch me segurou a tempo antes que eu caísse - não que eu realmente cairia, claro. Então o professor-chato com calvície veio conferir o meu quase desmaio e o motivo.

-x-

- Talvez eu tenha comido algo estragado. - sussurrei pra enfermeira enquanto ela enfiava um termômetro na minha boca. - Aquele risoto com frutos do mar não estava com cara muito boa. - tentei falar, mas minha voz saiu meio estrangulada devido ao treco roçando em minha goela.

- Não creio que seja algo muito grave. Pode tirar o dia de folga, evitando comer coisas muito pesadas. - me diagnosticou. Com certeza eu reclamaria ao meu mentor depois dessa, como ela nem percebera meu fingimento? - Se sentir tonturas ou enjoar novamente peça para alguém trazê-la de volta, e nada de remédios caseiros.

Absorvi todas as informações e levantei-me rapidamente da maca com lençóis brancos como algodão e a neve que ainda insistia em cair do lado de fora. Acabei por me mexer rápido demais, ficando um pouco tonta com o movimento. Um par de mãos morenas me segurou e me firmou em pé. Olhei para o alto e reconheci o olhar de Dimitri Moscovitch, o zagueiro garanhão do time escolar que me salvara do meu desmaio fingido. Ótimo, em um dia só dois deuses gregos me seguraram. O que mais você pode pedir a deus, Summer?

A não ser aquilo. Claro.

Sorri timidamente, rindo internamente do meu jeito maligno de ser. Cambaleei mais um pouco querendo sentir as mãos quentes de Dimitri tocarem minha pele fria e azeitonada.

- Vai com calma, Burnett. Você ainda tem um jogo do time de futebol americano nesse fim de semana para assistir, um zagueiro ficaria muito triste de não te ver lá. - falou ele com aquela voz linda e forte (não tanto quanto a do Abel, que vamos encarar, era como escutar um narrador de filme de terror dizer às palavras que iriam decidir o fim da mocinha do filme, mesmo que eu gostei de saber que ele apenas queria me ajudar. Mas de ajuda e boas intenções o inferno está cheio.)

- E o que faz esse zagueiro poderoso pensar que essa humilde plebéia estaria em um grande evento como esse? - perguntei ingenuamente. Um jeito falso, confesso.

Ele riu da minha falsidade, me ajudando a guiar-me até meu dormitório. Dimitri Moscovitch não era meu príncipe encantado que eu sempre sonhara em ter, mas dava para me divertir por algumas semanas, mesmo que eu não fosse tão sem reputação assim – não tanto quanto Abel Dragonheart.

Passei o resto do dia trancafiada em meu quarto, vendo TV e lendo algumas revistas de fofocas novas que não havia tido tempo para ler. Acabei por dormir sem querer, mesmo sem muito sono.

-x-

Tudo estava escuro e sombrio. Eu corria por corredores, mas minhas pernas eram ainda meio desordenadas e menores que as que eu estava acostumada. Eu respirava fundo, sentindo o ar passar pelas minhas narinas e doer quando inflava em meus pulmões que comprimiam minhas costelas. Havia algum tempo que eu estava fugindo por causa das crescentes dores insuportáveis, mas algo não me permitia parar. Talvez o medo.

Virei em um corredor, achando pela primeira vez uma janela aberta. Espiei por ela; ainda era de noite. Procurei algum lugar para me esconder já que por aqui possuía um alçapão... Mas onde? Curvei-me, puxando o tapete do chão em minha direção. Com um sibilinho de felicidade, eu puxei a alça de abrir a passagem secreta.

Eu estava salva.

Pulei sem fazer barulho algum dentro do buraco, tendo o cuidado de fechar a portinhola e tentar colocar no lugar o tapete. Comecei a correr novamente em direção a não sei que lado. Mais uma vez senti as dores contra minhas costelas. Foi então que eu o vi...

-x-

Acordei gritando em meio a noite. Estava escuro como em meu sonho - ou melhor, pesadelo, mas eu me sentia mais acalmada em saber que em meu quarto eu estava segura. Mas por que eu acordara? Eu não me lembrava do motivo, apenas que um par de olhos vermelhos como sangue tentara se aproximar de mim como alguma espécie de demônio das sombras.

Respirei fundo e voltei a dormir.

 


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Notas finais do capítulo

É isso aí. Eu e o Aniki vamos continuar a escrever. Aguardem o próximo capítulo.



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