As Fantasticas Fantasias Fantasiosas escrita por julian watsuk, x-gilbert


Capítulo 4
Capítulo 3 - O que eles encontraram: “O portão inacessível.”


Notas iniciais do capítulo

Em que a aventura começa.



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_Capítulo Três_

O que eles encontraram.

“O portão inacessível.”

     - Tim! Acorde, acorde Tim! – Exclamou Luner dando sopapos no garoto. Tim sacudiu a cabeça de um lado para o outro resmungando algo como: “Me deixe dormir mais um pouquinho”.

     - Tim uma aranha gigante!  - Gritou a menina.

     No mesmo instante, Tim levantou-se assustado, ainda com os olhos fechados. Foi quando bateu sua cabeça num galho. – “Ai”. – Exclamou.

     - Cuidado para não cair! – Berrou a menina agarrando pelas costas o garoto. Quando Tim abriu os olhos percebeu que estava a um passo de cair de cima de uma árvore.

     Certamente esta era a melhor forma de acordar Tim. A garota sempre soube do medo irracional que Tim tinha de aranhas. O garoto nunca suportou a idéia de encontrar uma amiga de oito patas. Sempre, desde pequeno sentia-se inseguro graças a esta fobia.

     - Não gostei da brincadeira! – Resmungou Tim esfregando os olhos.

     - Isso não importa agora! Olhe a sua volta!

     Tim então olhou atento, imaginando que talvez tudo aquilo não passasse de um sonho.

     - Onde estamos?! A sala desapareceu. Cadê aquele Coelho maluco?

     - Estamos no início de uma floresta, olha só, ao longe, não parece à casa da nona? – Indicou a menina logo acima, quase onde os olhos não podiam alcançar uma pequena casa que realmente parecia com a velha moradia da nona. – Quando acordei já estávamos aqui em cima desta árvore, olhe atrás de nós.

     Tim subitamente desviou o olhar para trás, notou um enorme e infindável abismo bem atrás da arvore que se encontravam. Desculpas, respostas, justificativas e fantasias, preenchiam uma a uma a cabeça de Tim, cada uma mais sem lógica do que anterior. A única certeza era que agora estavam em uma grande encrenca, na qual não livrar-se-iam tão facilmente. Eles estavam confusos, não tinha justificativa para tal situação, não havia nenhuma razão lógica. Só havia uma coisa a fazer e Tim logo a fez.

     - Onde está o livro e os dados? – Perguntou ávido o garoto com os olhos faiscantes.

     - Estão bem aqui. – Disse a menina retirando o livro da bolsa cheia de guloseimas.

     Tim abriu o livro e, logo na primeira página  havia os dizeres:

“Pactantes escrevam seus nomes”

      Tim folheou o resto, mas não havia nada escrito, então voltara à página onde havia os dizeres, foi assim que pequenos pensamentos iniciaram-se a fundir em sua cabeça. Luner olhou para Tim e, logo entendeu.

      - Você tem algo que escreva? – Perguntou o garoto.

      - Receio que não!

     - Venha vamos descer daqui.

     O garoto apoiou seus braços sobre o tronco segurando fortemente o livro contra o peito enquanto descia. Tim não percebera, mas assim como Luner ganharam grandes arranhões por todo corpo. Isso porque a árvore da qual desceram era  cascuda e ainda muito espinhosa. Luner sentou-se em uma pedra negra imaginando se aquilo tudo poderia ser um sonho, mas para sua tristeza era tudo real. Tim novamente folheou o livro, mas não havia nada alem da pequena frase em letra garranchosa:

Pactantes escrevam seus nomes

      - Tim olha o que você fez! - bradou a garota indicando o livro todo machado sangue.

       Então Tim percebeu que ambos estavam um pouco arranhados devido à descida desastrosa. Mas para seu espanto algo surpreendente aconteceu, as folhas agora manchadas de pequenas gotas de sangue começaram a desenhar estranhos rabiscos, o que eram rabiscos logo se tornou letras que logo deram forma a desenhos uniformemente planejados, então Luner se pos de pé em um salto quando viu formar:

Timas River Sell Junior

Luner Orrara River Sell

     - Uau! - Exclamou Tim entusiasmado quando surgiram seus nomes e logo mais embaixo:

“Jogue os Dados”

      - Hei, espere Tim! E se tudo isso for uma emboscada, e se Walter nunca mais voltar a ser o mesmo? – Disse a garota se lembrando do que ocorrera com amigo. - E se nunca mais pudermos voltar, o que faremos?

       - Esta é a única saída. – Disse o garoto parecendo cair em mais um de seus devaneios.

        - Timas acorde! Isto não e um conto de fadas, pelo menos uma vez na vida caia na real, vê a situação em que nós nos encontramos! – disse Luner deixando escaparem pequenas lagrimas pelo canto dos olhos.

         Tim segurou o livro entre os braços com um sentimento de medo misturado com entusiasmo, seus olhos se tornaram rígidos e sua feição mudara, um sentimento de maioridade preencheu seu coração quando o garoto estendeu a mão para enxugar as lágrimas de sua irmã.

         - Estou com um pouco de medo também, mas tudo bem, acho que vai dar tudo certo. – Confessou o garoto. - Talvez esta seja nossa única saída. – Disse Tim pegando os dados e colocando-os sobre os Cartões de Visita.

         A garota sentiu certa confiança nas palavras de seu irmão e logo o mesmo sentimento de coragem preencheu seu coração, mas Tim, que até então não se intimidara com nada, exceto com aranhas, sentiu um temor, mas sua vontade de viver uma aventura era maior que o medo. O úmido e gélido ar do local fazia com que eles lembrassem o momento em que encontraram o livro, e que agora nunca desejaram ter o feito.

          - Só jogo os dados se você segurar em minhas mãos. – Disse Luner com um leve sorriso demonstrando confiança na coragem de seu irmão.

           - Está certo! – garantiu o menino.

           Luner pegou os dados de madeira com um leve receio de si mesma. Tim segurou em suas mãos quando uma garoa fina e sem graça começou a cair unida ao ar gélido do local, então um timbre temeroso cortou o silêncio, era um grito. A garota soltou os dados sem perceber, mais do que depressa os cartões de visita que eram dois se tornaram um só, transformando-se em um grande mapa de onde começaram a surgir pequenos desenhos seguidos de uma frase. Os meninos se colocaram de pé em um salto ouvindo ainda o eco do que parecia ser uma voz humana, neste instante ouviu-se o ruído por mais uma vez, mas agora seguido de um grande sentimento de dor.

              - Parece ser uma pessoa. - Afirmou o garoto.

          Tim por um instante achou ter visto dois vultos que passaram velozes por entre dois arbustos a sua frente.

             - Eu acho que vem de dentro da floresta. - Lamentou Luner parecendo preocupada. – É melhor irmos embora daqui, antes que mais alguma coisa de ruim nos aconteça.

          O garoto logo esqueceu o que achara que vira, dizendo exasperado em seguida.

          - Espere Luner, acho que agora começou! – disse Tim indicando os estranhos desenhos no velho mapa e ainda uma letra rebuscada no livro:

Capitulo Um:

O que eles encontraram:

            - O que significa isto?

         - Acho que era isto o que queria dizer as frases no livro, quando você jogou os dados por engano fez tudo começar, olhe isto. – Mostrou mais uma vez o garoto um pequeno desenho que aparecera na cabeceira do mapa.

          Bem diante de seus olhos, um pequeno desenho indicando duas pessoas, muito parecidos com suas silhuetas moviam-se rapidamente de um ponto x em direção da floresta atravessando por um rústico portão no estranhíssimo mapa, seguido de alguns dizeres:

“Talvez para uma outra dimensão devam entrar, esperando que as respostas para suas questões sejam de modo resolvidas”.

            Luner levou as mãos à cabeça tentando entender o significado das palavras, Tim não demorou muito a compreender.

                - Lógico, e isto! – Confirmou o menino com um imenso suspiro.

                - Então me explica Tim, pois não estou entendendo nada.

                - Está na cara Luner, o livro a partir de agora começará a registrar todos os nossos passos, faz parte deste jogo maluco, a partir do momento que você jogou os dados tudo começou.

                - Tudo o quê? - Perguntou a garota incrédula.

                - O jogo horas! Esta é a nossa primeira missão, atravessar os portões em rumo a floresta, á também a condição para salvar Walter e sairmos daqui.

            A garota ficou pasma no mesmo instante, nunca em seus livros de variadas ciências vira algum relato de algo igual ou parecido acontecer em todo mundo, se aquilo realmente estava acontecendo, Luner certamente a partir de agora acreditaria.

                - Bem, se esta é a condição então vamos lá.

            Tim realmente ficou mais pasmo do que sua irmã, este era um fato inédito, nunca que em sã consciência Luner, “A GAROTA DA VERDADE INEFÁVEL” acreditaria em magia ou qualquer espécie de ato que fugisse dos princípios da Física.

            Luner recolheu o mapa segurando cuidadosamente os dados seguindo às cegas a direção indicada. Tim logo se pôs a seguir o exemplo da garota levando consigo o livro. Um minuto se passou quando eles atravessaram por duas árvores frondosas que revelaram um enorme portão reluzente. Tim percebeu uma estranha presença, estranhos olhares os observavam de longe mantendo uma inquietante cautela. As crianças estavam paradas na frente do enorme portão que dava acesso a floresta, um pátio de pedra se estendia ate o seu sopé de entrada e bem a frente havia uma placa escrita: Floresta Azul. Este era o único indicio de civilização que encontraram. A fachada do portão estava coberta de poeira seguida de longas teias de aranha, mas apesar de indicar que há anos não era aberto reluzia incessantemente. Cartazes desbotados anunciavam o que estava à venda, Luner nem fez questão de tentar entender, sob a luminosidade fantasmagórica da meia-lua os irmãos conseguiram ver que este era o portão indicado para travessia. Porém não havia, em nenhum lugar do portal, um cartaz que anunciasse por onde abrí-lo, visto que era disto que realmente precisavam.

               - Acha que deveríamos realmente entrar? - disse Luner, tirando uma fita do bolso para amarrar o terrível rabo de cavalo.

               - Talvez haja alguém lá dentro que possa nos ajudar de alguma forma.

               - Ou talvez haja alguém morto, se julgar pelo estrondoso grito. – retrucou a garota parecendo exasperada. – Ou o improvável, pessoas normais que acreditem em todas aquelas coisas horríveis que aconteceram conosco e que possam nos ajudar.

              - Bem, não podemos continuar andando para sempre, este e caminho que devemos seguir. - Disse o garoto balançando a cabeça e concordando com situação.

             - Drigory, é você?

          Disse uma voz calma e tristonha, mas as crianças não puderam ver a quem ela pertencia. O pátio do portão da Floresta Azul era tão escuro e tão abarrotado quanto o interior de um armazém. Cada centímetro do lugar estava atulhado de plantas, estátuas, trepadeiras, vasos e troncos de arvores que outrora enfeitavam o jardim principal. Havia um imenso chafariz de mármore com duas estátuas, a primeira de um imponente centauro e a outra de uma linda fada. Ao lado dos vasos, imensas orquídeas despunham-se sobre os pés de compridas colunas de um propósito que Tim não as entendeu seu significado. O portão era todo trabalhado em pedras preciosas, pelo menos assim acharam as crianças ao vê-lo, colunas brancas e penas de pavão o sustentavam, reluzindo os grandes desenhos em ouro maciço.

             - Você encontrou a tiara? - Perguntou a voz.

          "Não", respondeu Luner esperando o resultado desejado e ainda tentando abrir caminho até a pessoa que estava falando. Com dificuldade, passaram por cima de uma estátua quebrada de um gato negro sobre o chão, só para encontrar fileiras e mais fileiras de troncos que bloqueavam o caminho.

          "Não estou nem um pouco surpresa, Garoto, há tempos que a procura", continuou a voz enquanto os irmãos voltavam atrás depois de descobrirem que aquele não era um ótimo caminho, "Talvez não te dê o que foi prometido”.

           "Não, nós não somos Drigory", gritou Luner olhando intrigada para Tim que estranhamente permanecera quieto. "Somos duas crianças, e eu não sou menino se é que o Drigory em questão seja um. Precisamos apenas atravessar o portão”.

           "Atravessar o portão?", gritou a voz. E quando as crianças contornaram uma outra estátua quase colidiram diretamente com a moça que estava falando com elas. Era muito alta, mais alta do que o Coelho e parecia estar sem dormir e sem descansar havia um bom tempo. Estava usando um grande manto negro que encobria seus lindos e sedosos cabelos dourados, vários colares de pérolas decaíam cumpridos por todo manto revelando uma beleza desconhecida e misteriosa, dois anéis de pedras preciosas celavam seus longos e finos dedos alvos. Estava tão coberta de panos que quase parecia parte da imensa escuridão, a não ser pelo sorriso amistoso e pelas unhas rosadas destacadas por entre o véu que lhe encobria o rosto. "Vocês com certeza não são Drigory e Susan", disse ela. "Eles são sim como vocês duas lindas crianças. O que fazem por aqui tão cedo? É perigoso, vocês sabem. Ouvi dizer que os pombos e as corujas do Diário desta manhã trouxeram uma matéria sobre três assassinos que estão à espreita bem nestas vizinhanças, mas ainda não li."

              - As matérias dos jornais nem sempre são acuradas. - Disse Tim nervosamente.

           A moça fez um leve movimento com a cabeça, o que fez Tim saber que não concordara com sua opinião. "Mas que chatice", disse ela. "Os editores do Diário de seu mundo não publicaria coisas que não são verdadeiras. Se o jornal diz que alguém é um assassino, então é um assassino e ponto final. Mas, bem, vocês disseram que queriam atravessar o portão?" Completou a moça mostrando um ar de curiosidade misturada a mistério.

          - Como assim no nosso mundo? - Disse Luner. – E quem é você?

          A moça olhou para eles por entre o véu um momento depois encolheu os ombros levando as mãos longas e finas a cabeça.

          - Impressionante! – Disse ela retirando o véu e mostrando pela primeira vez o rosto escondido. - Deixe me dizer a vocês quem eu sou!

Continua...



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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Dito e não Dito. “A Psicomante.”