“And when I see you then I know it will be next to me, and when I need you then I know you will be there with me, I'll never leave you. Just need to get closer, closer, lean on me now.”

Rachel PDV

Como se rouba um coração?

Como alguém pode te fazer cair de paixões por ele? Como alguém pode tirar o seu fôlego, fazer seu coração acelerar, e tudo de repente girar em torno dessa pessoa?

Como Justin roubou o meu coração?

Digo, como ele fez que minha vida, de uma hora pra outra, virasse uma sombra da vida dele, como de uma hora para outra, era como se sem ele eu não existisse, como se ele fosse o oxigênio do meu corpo, e sem ele nada pudesse mais acontecer.

E não de um modo clichê.

Era como se sem ele eu realmente não existisse, como se eu fosse invisível.

Completamente invisível.

Por muito tempo gostei de ser apenas isso, minha vida havia se tornado apenas isso, uma sombra de Justin. Nunca fora a mais bonita, inteligente e popular na escola, eu nunca tive muitos amigos, eu nunca tive alguém que acompanhasse meus passos, alguém fora da família que se importasse comigo.

Enquanto isso Justin tinha o mundo inteiro no seu bolso.

Sempre diferentes, sempre iguais.

Ele é e sempre será meu melhor amigo, e eu sempre o amei demais, eu sempre fui capaz de qualquer coisa pelo garoto de olhos cor mel que roubou meu coração com apenas um sorriso.

O sorriso mais lindo do mundo.

Porém a questão é, eu fiz o certo? Digo, o tempo que perdi da minha própria vida, para dar para ele, valeu a pena?

Não estou reclamando, é só que não é fácil encarar que na realidade seu melhor amigo é um pop star mundial, que seu nome é Justin Bieber, e ele é amado pelo mundo inteiro.

E que na real, ele não precisa de você. Quantas garotas não existem no mundo? Quantas garotas não o amam incondicionalmente, e muitas vezes obsessivamente?

Quantas garotas não fariam exatamente TUDO por ele? Quantas não poderiam ser uma amiga bem melhor do que eu?

Sim, várias. E aí está a questão.

Get a load of me

Get a load of you

Walking down the street

And I hardly know you

It's just like we were meant to be

Justin era insubstituível para mim, mas eu era insubstituível pra ele?

Afinal, ele poderia arranjar milhões de outras melhores amigas bem melhores do que eu, e isso era mais fácil do que beber água para ele.

Justin não precisava de mim como eu precisava dele, e isso era um fato.

Suspirei colocando as mãos no rosto, tentando organizar meus pensamentos de uma maneira coerente, sentindo a brisa gelada bater no meu rosto, estava quase amanhecendo e eu ainda estava aqui, parada em pé no terraço do hotel, encarando a cidade acordar, enquanto atrás de mim, escorado em um murinho Justin ainda dormia tranquilo, alheio a todo o resto à sua volta, com a boca entre aberta, alguns botões da camiseta desabotoados e o cabelo desarrumado, sorri comigo mesma, perdendo o fôlego.

Ele era lindo, em todos os sentidos, lindo. Um anjo divino.

Holding hands with you

When we're out at night

Got a girlfriend

You say it isn't right

And I've got someone waiting too

E por um segundo não me culpei mais uma vez pela noite de ontem, eu sabia que estava cedendo demais, que estava indo contra tudo aquilo que havia dito antes para ele, sim eu sabia, mas simplesmente não podia me conter mais, quando estava com ele minha parte racional desaparecia por completo.

Talvez ele estivesse apenas me usando, isso nunca vou saber realmente, mas estar com ele pra mim já era o bastante e valia a pena qualquer coisa.

Foi aí que aquele rótulo nada agradável veio à minha cabeça, confundindo tudo mais ainda:

Amigos com benefícios.

Apesar de tudo, essa palavra ficava martelando na minha mente, como se fosse realmente a melhor definição para tudo.

Mas eu não queria isso, ele tinha namorada, eu era sua melhor amiga, isso não era certo e iria ferir alguém. E eu sabia que esse alguém seria eu, pois no final do dia ele até poderia não querer, mas teria que escolher ela.

- Rach? – Justin perguntou com a voz fraca, sorri me virando pra ele, que agora me encarava com os olhos espremidos e bocejando, ri balançando a cabeça e indo sentar ao seu lado.

The problem is, this is just the beginning

We're already wet and we're gonna go swimming

- O que houve? – Perguntou ainda meio grogue.

- Festa de aniversário do Scooter, nós bebemos demais e viemos parar aqui em cima, e bom, acho que a gente fez algumas coisas indevidas, mas tudo bem.

Disse rindo, Justin riu junto me abraçando forte, e me fazendo deitar a cabeça no seu peito, sentindo o perfume dele se misturar com o cheiro de grama molhada.

- Em que você estava pensando? – Justin perguntou apertando mais ainda seus braços em volta de mim assim que me arrepiei pelo vento frio, sorri fraco.

- Coisas aleatórias, sabe, nada demais. – Disse dando de ombros, ainda encarando o céu, que agora estava em um tom de rosa e azul, formando um leve arroxeado, sorri comigo mesma, fechando os olhos.

- Hum. – Justin respondeu me dando um beijo no pescoço, respirei forte mais uma vez o seu perfume.

Why can't I breathe whenever I think about you

Why can't I speak whenever I talk about you

Its inevitable, it's a fact that we're gonna get down to it

So tell me

Why can't I breathe whenever I think about you

- Hey Biebs, posso te perguntar algo?

- Claro.

- Por que você é meu amigo? Digo, há tantas garotas que seriam bem mais legais com você, e bem melhores do que eu, mais bonitas e inteligentes. Elas fariam tudo por você. – Completei suspirando derrotada, me sentia uma idiota por perguntar essas coisas, porém era o único jeito de tentar entender a mim mesma.

- Olha Rachel...- Justin começou virando meu rosto em sua direção com seus dedos gelados, me fazendo o encarar, me perdendo naqueles olhos profundos. – Eu podia te dizer tantas coisas, mas acho que isso é o bastante: Você é minha melhor amiga e não elas, pelo simples fato de você ser Rachel Stewart, a garota da minha vida, a garota que eu amo e sempre vou amar, isso não é o bastante pra você?

Senti meus olhos marejarem quase que instantaneamente, e antes que chorasse respirei fundo.

- Sim, basta para sempre. Eu te amo. – Disse sorrindo e dando um leve beijo em seus lábios, Justin afagou meus cabelos e eu desejei que aquele momento não acabasse nunca.

O silêncio reinou sobre nós mais uma vez, apesar de constrangedor, ele era calmo e tranqüilizante, era como se ali nada pudesse atingir o nosso pedaço de perfeição.

Isn't this the best part of breaking up

Finding someone else you can't get enough of

Someone who wants to be with you too

Its an itch we know we are gonna scratch

Gonna take a while for this egg to hatch

But wouldn't it be beautiful?

- Você está arrependida? – Justin sussurrou me virando outra vez em sua direção, para que nos encarássemos, sorri sem jeito, sentindo minhas bochechas corarem ao me lembrar das coisas que tínhamos feito noite passada.

- Sim...quer dizer, não, mas você sabe que às coisas não são assim, você não pode simplesmente me usar, como se eu fosse seu brinquedinho Justin, eu tenho sentimentos, e parece que você quer acabar com eles...

Here we go we are at the beginning

We haven't fucked yet, but my head's spinning

- Ei, ei, ei! Eu nunca faria isso, Rachel...eu te amo, mais que tudo no mundo, e eu sinto muito de verdade por ser um idiota, por simplesmente não fazer nada. Mas não é questão de querer, e sim poder fazer, você vai ver, a gente vai ficar junto sim, logo.

- Eu espero realmente que você esteja certo. Faça alguma coisa Justin, por que eu não posso ficar esperando por você, "para sempre" é muito tempo. – Respondi me levantando, o encarei mais uma vez e saí dali em passos largos.

Ele tinha que fazer algo logo, por nós.

Why can't I breathe whenever I think about you

Why can't I speak whenever I talk about you

It's inevitable, it's a fact that we're gonna get down to it

So tell me

Why can't I breathe whenever I think about you

[...]

- RACHEL VEM AQUI CRIATURA! – Scooter berrou de cima do grande palco, ainda sendo montado, onde Justin e os seus dançarinos, lindos, diga-se de passagem, ensaiavam. Rosnei largando meu livro de lado e correndo até ele e Justin.

- O que é? – Perguntei com meu mal-humor matinal explícito, que estava até mesmo piorando essas semanas, Justin e Scooter me encararam de cima a baixo, assim como os garotos dançarinos, acabei encarando minha roupa também.

- Que roupas são essas Rachel Stewart!? – Justin perguntou indignado se colocando na minha frente tentando tapar a visão dos garotos que agora até piscavam pra mim, levantei uma sobrancelha sentindo meu rosto ficar vermelho.

- Enfim, Rach preciso que você arrume as roupas dos dançarinos pra mim, já que o Ryan sumiu, pode fazer isso?

- Uhum, pode deixar comigo Scooter.

- Tudo bem, então acho que é isso, todo mundo dispensado! Vamos, vamos, vamos! – Scooter gritou despachando todo mundo, ri comigo mesma me virando para sair, mas Justin me puxou com ele me carregando para trás das enormes caixas de som.

- Hey, que roupas são essas? Eu posso ver seu sutiã! – Justin disse irritado, nos encaramos por um segundo e não me agüentei, caindo na gargalhada.

- Justin essa é a intenção, dã!

- COMO É QUE É? TA MALUCA, NO CRACK, LOUCA, DROGADA OU O QUE!?

- Calma aí garoto! Nossa, sério mesmo que você ta com ciúmes? – Falei tirando meu boné do Batman e colocando nele, me divertindo com aquilo tudo.

- O QUE!? – Perguntou perplexo, eu apenas balancei a cabeça rindo. – Não estou com ciúmes! Só cuido do que é meu!

- Ah ta, senta lá Justin! TA COM CIÚMES! CIUMINHO! – Gritei apertando às bochechas dele, Justin resmungou fazendo cara feia.

- Que seja, estou com ciúmes mesmo! Você é minha e de mais ninguém! – Disse me puxando para um beijo de tirar o fôlego, envolvi meus braços no seu pescoço e Justin me prensou na parede, fazendo o beijo ficar mais desesperado a cada segundo.

- Eu...te...amo. – Disse distribuindo beijos pelo meu rosto, gargalhei dando beijinhos nele.

Era como se tudo estivesse finalmente se encaixando, todas as peças do meu quebra cabeças complexo estavam ali.

- Eu também, mas agora tenho que ir.

- Onde? – Perguntou todo curioso segurando minha mão enquanto caminhávamos até o camarim.

- E te interessa pirralho?

- Nossa né, falou a velha! – Disse me fazendo cócegas e me jogando nas suas costas, ri dando tapinhas nele.

- Sou mais velha que você, então exijo respeito! Mas se quer saber mesmo, vou sair com o Scooter. – Disse pulando das costas dele e dando um beijo em sua bochecha.

- E aonde vocês vão?

- Bom, aí você quer saber demais, tchau, até mais chuchu! – Gritei saindo correndo pelo corredor, ouvi a risada de Justin.

- Até, amora! – Ele gritou me mando um beijo, eu ri fazendo um coração no ar e continuando a correr, parecia uma boba apaixonada.

Mas adorava isso, ele era meu sonho adolescente.

[...]

- Eu realmente não acredito que estou fazendo isso. – Scooter resmungou ao meu lado, folheando violentamente qualquer revista de fofocas ali, revirei os olhos rindo, balançando meu pé frenéticamente.

- Acredite, você foi minha última opção. Tentei Pattie, Carin, Ryan e Kenny, ninguém podia, então meio que só me sobrou você.

- Nossa Rachel, muito obrigado pelo amor e consideração! – Disse irônico me olhando bravo, sorri amarelo apertando as bochechas dele. - E por que não chamou o Justin? Ele é seu melhor amigo!

- Por que é justamente dele que estávamos falando, ele não pode saber nada! Shiu Scooter, fica quieto e apenas me acompanha. - Disse já nervosa, Scooter não estava me ajudando em nada, estávamos agora sentados em um consultório médico esperando minha vez, bom, eu estava sentada, Scooter estava em pé balançando a perna frenéticamente, como se quisesse ir ao banheiro, ele estava tão nervoso quanto eu, e nem ao menos tinha motivo para isso. Balancei a cabeça, apenas queria realmente ver o que estava acontecendo comigo.

Vômitos, enjôos, mal estares e dores de cabeça.

Eu temia que estivesse...grávida, apesar das chances serem de uma em um milhão, afinal eu e Justin havíamos usado camisinha, mas ainda assim era possível ter furado ou algo do gênero.

E eu rezava mentalmente que essa opção estivesse falsa, pois se não minha vida, e a vida de Justin, estariam arruinadas de vez.

Ter um filho com 18 anos definitivamente nunca esteve em meus planos.

Senti meu estômago revirar outra vez e fechei os olhos fortemente esperando a vertigem passar.

Não podia ser, e não iria ser.

- Rachel Stewart?

- AI MEU PAI! EU! – Gritei me levantando com tudo, prendendo minha bolsa no sofá e dando uma cabeçada no Scooter, que caiu no sofá gemendo de dor.

- Meu Deus! Desculpa Scooter, eu não queria...

- Calma Rachel, estou bem, agora vamos! – Disse com uma mão na testa me puxando para dentro do consultório da doutora.

Meu pai, seja o que Deus quiser!

Depois de ela perguntar até a cor da calcinha que eu estava usando, e me examinar de cima a baixo, enquanto Scooter jogava Angry Birds no Iphone dele, finalmente me sentei em frente a ela, pra saber a verdade.

- Rachel, querida, já sei o que você tem. – A médica disse séria abaixando os óculos, engoli em seco cravando minhas unhas na mão de Scooter, que soltou um gemido de dor, fazendo uma careta.

- Desculpe. – Sussurrei tentando soltar sua mão, mas estava nervosa demais para isso, a médica sorriu pra mim.

- Não precisa ficar nervosa querida, você está apenas com uma gripe forte, pegou algum frio ou chuva?

- Ai meu Deus eu sabia, como vou contar ao Justin, estou ferrada! – Falei desesperada, me levantando e colocando as mãos no rosto. – Papai vai me matar e...espera, o que? – Perguntei os encarando, ambos me olhavam estranhos, como se fosse louca.

- Você está com gripe! Precisa de antibióticos e repouso, e logo ficará boa, aqui está! – Me entregou a receita e logo nos despedimos indo para o hotel.

[...]

- Então era isso e você não me contou né sua chata, agora fica quietinha aqui enquanto eu te dou sopa. – Justin disse todo carinhoso arrumando minhas cobertas, se sentou ao meu lado, de pijama e com os cabelos ainda molhados do banho, segurando um prato de sopa, me encarando com um sorriso sapeca.

- Olha o aviãozinho! - Disse fazendo aqueles barulhos estranhos enquanto levava a colher a minha boca.

- Sério Justin, não precisa de nada disso, estou doente, não quebrei os braços! – Disse rindo enquanto ele melecava meu nariz.

- Mesmo assim, vou cuidar de você até melhorar, não vai se livrar de mim tão cedo dona Rachel.

- Fico feliz de ouvir isso. – Disse mordendo a bochecha dele, Justin sorriu me dando um beijinho.

- Rach? – Perguntou chamando minha atenção, que estava na sopa da tia Pattie, que parecia totalmente deliciosa, e morta de fome como eu era, ia comer aquilo em um segundo.

- O que foi?

- Eu terminei com ela. – Justin disse sorrindo abertamente, senti meu coração acelerar e minha boca abrir em um “O” enorme.

Eu tinha escutado bem? Ele estava falando sério mesmo?