JACOB BLACK

Ali, olhando nos olhos brilhantes dela, eu descobri que não deveria contar nada. Ela não estava pronta.

Ah, o medo. Medo da rejeição, medo de ela se assustar, medo até de os sentimentos dela serem recíprocos. Para falar a verdade, eu é que não estava pronto para a sua reação. Eu era o fraco.

Mas, por Deus! Ela havia mudado tanto, e estava tão bonita! Os cabelos cor de bronze não eram mais cacheados: caiam em ondas suaves até o quadril, e a cor estava mais vívida. Quando ela era criança, o bronze suave poderia ser confundido com um tom metálico de castanho. Agora a cor chegava perto de ferrugem brilhante. Os olhos… Ah, os olhos! Minha parte preferida. Eles continuavam castanhos, mas agora com feixes verdes, e dourados, quando ela bebia sangue de animais. A pele era pálida, com as bochechas levemente coradas, com algumas sardas pela região. Havia se tornado alta, magra e seu corpo tinha tantas curvas como o de Rosalie. Não que eu reparasse muito nisso…

- Fale logo, Jake! - ela disse, interrompendo meus devaneios.

- Acho que lhe devo algumas explicações - eu disse.

- Começando com o motivo pelo qual você fugiu.

Eu não poderia falar. Ou poderia? Meu Deus!

Conte logo, Jake! Eu quero dormir!, ouvi a voz de Seth dentro de minha cabeça.

Não é tão fácil!, vociferei mentalmente. E se…

Largue de “e se...” cara! Você quer contar, conte. Simples assim!, ele respondeu com impaciência.

Seguir os impulsos de Seth nunca dava certo. Mas ele estava sempre tão… confiante. E se as coisas realmente fossem simples?

Olhei novamente para Ness. Seus olhos me fitavam com uma impaciência típica.

- Ok - eu respirei fundo.

Olhei dentro de seus olhos castanhos, respirei fundo mais uma vez, e lhe contei tudo o que eu sabia. Desde o imprintg, até o acordo com o pai dela, de lhe contar a verdade apenas quando ela estivesse com 18 anos, e os pais dela estarem planejando a afastar de mim.

Eu observava seus olhos assustados. Ok, contar tinha sido uma péssima idéia.

As pessoas seguem conselhos porque querem, Seth murmurou irônico. Ah, eu matava!

Ela, num movimento abrupto, se levantou, me dando as costas e se dirigindo para o caminho de volta.

- Ness, espere! - eu gritei me levantando.

- Me deixe sozinha, Jake! - ela gritou, agora correndo em direção à sua casa, me deixando ali.

Observei-a partir, meu coração sendo esmigalhado toda vez que seus pés tocavam delicadamente o chão.